Artigos
Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 0,47% em dezembro e 12,34% no ano de 2014
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária
Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos
produtores paulistas) registrou alta
de 0,47% no mês de dezembro de 2014 na comparação com o mês anterior. Na
decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal)
variou positivamente em 1,49%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal)
encerrou o mês em queda de -2,60% (Tabela 1).
Na tabela 1, também são
apresentados os comportamentos das variações nas quatro quadrissemanas de
dezembro/2014 e do acumulado do ano (últimos 12 meses). O IqPR e o IqPR-V
(vegetais) apresentaram índices positivos em todas as quadrissemanas do mês. Porém,
na última quadrissemana (4ª), houve desaceleração desses índices. Já o IqPR-A
(animais), após variação altista na primeira quadrissemana do mês, passou a ter
índices negativos nas demais quadrissemanas de dezembro/2014. Quando a cana-de-açúcar (que em dezembro teve alta
de 0,30%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR
(geral) fecha o mês de dezembro/2014 com alta de 0,64%, ou seja, 0,17 ponto
percentual maior em relação ao IqPR com cana. No caso do IqPR-V sem cana
(vegetais), apresentou-se variação maior, passando de 1,49% para 4,13%, aumento
de 2,64 pontos percentuais quando comparado com a cana (Tabela 1). Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas
cotações do mês de dezembro/2014 em relação a novembro/2014 foram, pela ordem:
feijão (54,60%), batata (14,76%), amendoim (9,15%), milho (8,52%) e laranja
para indústria (3,56%) (Tabela 2). No caso específico do feijão, destaca-se essa forte
elevação nos preços recebidos pelos produtores ocasionada pela não efetividade
das políticas de preços mínimos (R$95,00 a saca de 60 Kg), o que, devido ao
grande volume produzido na safra de inverno, levou muitos produtores reduzirem
seus cultivos para a primeira safra das águas 2014/2015, atingindo um patamar
que a coloca como a de menor volume histórico para essa época do ano. Já os produtos que apresentaram as
maiores quedas de preços no mês de dezembro foram: tomate para mesa (29,11%),
carne suína (11,50%), carne de frango (11,22%) e leite cru resfriado (5,67%)
(Tabela 2). No que se refere ao tomate, a alta na produção com a
entrada da safra abasteceu o mercado com uma oferta conjuntural excedente, o
que reduziu os preços desse produto perecível. Para a carne suína, mesmo com o
aquecimento do mercado interno ocasionado pelas festas de final de ano, a
redução da demanda do mercado russo apresentou-se como o principal fator da
desvalorização dos preços recebidos pelos suinocultores. No caso da carne de frango, mesmo
com os reajustes nas procuras dos mercados nacional e internacional, o alto
volume do produto disponibilizado pelo setor no final de 2014 pressionou as
cotações ofertadas aos granjeiros nesse mês de dezembro. Fator característico para essa
época do ano, a melhoria das pastagens com a regularização pluviométrica tem
elevado a produtividade do rebanho leiteiro e, consequentemente, colocado uma
quantidade maior de leite à venda aos laticínios, reduzindo o preço recebido
pelos seus produtores. Em resumo, no mês de novembro, 11
produtos apresentaram alta de preços (10 de origem vegetal e 1 de origem
animal) e 8 apresentaram queda (4 vegetais e 4 de origem animal). ACUMULADO NO ANO DE 2014 No acumulado do ano de 2014, o IqPR
registrou variação positiva de 12,34%, com o IqPR-V (produtos vegetais) e o
IqPR-A (animal) fechando reajustados, respectivamente, em 11,77% e 13,55%. Sem
o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve variação positiva de 3,77% na
comparação de dezembro/2014 com dezembro/2013), os índices acumulados tiveram
valorizações bem maiores: o IqPR subiu 21,44% e o IqPR-V (vegetais) saltou
28,83%. Na figura 1 observa-se o comportamento
das variações dos índices. O IqPR (linha azul contínua) mantém a tendência de
crescimento, influenciado pela variação mensal positiva do ATR da cana de
fevereiro a maio associadas às quebras de produção ocasionadas pelo clima (seco
e quente). A partir de junho e julho, inverte-se o direcionamento com variações
negativas para a maioria dos produtos de origem animal e vegetal. A partir de
agosto, tem-se nova reversão, com todos os índices positivos e crescentes até o
final de 2014, com exceção dos produtos de origem animal (IqPR-A) que recuaram
no mês de dezembro/2014. Já o IqPR sem cana (linha azul
tracejada) segue o mesmo comportamento do IqPR geral, porém, com maiores
oscilações (entre baixas e altas). Contudo, nota-se que o índice sem a cana
(IqPR sem cana) está valorizado em 9,1 pontos percentuais em relação ao IqPR
(com cana).
Essa diferença demonstra como os índices
agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da cana-de-açúcar na
composição desse grupo de produtos. Na comparação de dezembro/2014 com
dezembro/2013, 11 produtos apresentaram variações positivas, enquanto 8 tiveram
variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em
patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medidos
pelo IPCA-IBGE em 6,41%, são os
seguintes: café (87,11%), feijão (60,07%), carne bovina (29,95%), carne suína
(13,29%), laranja para indústria (12,32%), milho (9,54%), amendoim (9,07%) e
arroz (8,81%). Já os valores da batata (4,24%), do ATR da cana-de-açúcar
(3,77%) e dos ovos (1,33%) tiveram variações positivas abaixo da inflação
acumulada nos últimos 12 meses (Tabela 2). Os produtos que apresentaram reduções de
preços nos últimos 12 meses foram trigo (29,37%), tomate para mesa (26,64%),
algodão (21,12%), banana nanica (14,27%), soja (10,37%), leite cru resfriado
(7,61%), laranja para mesa (9,23%) e carne de frango (4,59%) (Tabela 2). Nas figuras 2 e 3 são apresentados os
valores (nominais) médios mensais recebidos pelos produtores paulistas do café
beneficiado e da carne bovina, que no ano de 2014 tiveram fortes valorizações. O mercado de café
arábica em 2014 apresentou trajetória de elevação de preços, revertendo as
perdas observadas no ano anterior (Figura 2). A anomalia climática represen- sentada por conjunto de fatores meteorológicos (altas
temperaturas, falta de chuvas e excessiva radiação solar) prejudicaram o
desenvolvimento dos frutos da safra 2013/14, afetando as lavouras inclusive no
período das floradas, o que pode reduzir a produção da corrente safra. A
previsão de produção menor no Brasil (maior produtor mundial), associada tanto à
diminuição dos estoques mundiais quanto ao incremento do consumo em mercados
tradicionais para a bebida, alavancou as cotações do produto negociadas nas
bolsas de valores. No mercado interno, os preços médios recebidos pelos
cafeicultores paulistas em dezembro/2014 ficaram 87% maior em relação ao de
dezembro/2013. Antecipando-se à provável escassez do
produto nos próximos anos, os importadores internacionais adiantaram suas
compras. Assim, as exportações brasileiras de café verde (principal item do
grupo), em 2014, registraram aumento de quase 17% no volume exportado (32,83
milhões de sacas) e de mais 30% em valor (US$6,04 bilhões), quando comparados
com o ano de 20133. Para a carne bovina, os preços médios mensais da
arroba do boi gordo recebidos pelos produtores apresentaram o mesmo
comportamento para os anos de 2013 e 2014 mantendo a mesma linha de tendência
(Figura 3). Os preços começaram a subir a partir de setembro/2013, permanecendo
firmes até o final de 2014. Assim, os valores mensais de 2014 ficaram bem acima
do ano anterior, em consequência de alguns fatores que afetaram o mercado, como
o clima quente e seco que atingiu severamente as pastagens, restringindo a
oferta de animais para o abate, com a demanda interna praticamente estável,
além de gastos maiores com suplementos alimentares adicionais com elevação de
custos. No mercado externo, o ano de 2014 registrou leve aumento nas
exportações comparada ao ano anterior, com o volume exportado da carne bovina in natura crescendo 3,68% (1,228 milhão
de toneladas), já em valores o aumento chegou a 8,13%, somando US$5,794 bilhões4.
__________________________________________________ 1A fórmula de
cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da
produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência =
01/12/2014 a 31/12/2014 e base = 01/11/2014 a 30/11/2014. 2PINATTI, E. et
al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR)
e seu comportamento em 2007. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em:
jan. 2015. 3As informações de exportações foram elaboradas pelo IEA a
partir de dados básicos no site Agrostat/MAPA. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA -
MAPA. Banco de dados. Brasília:
MAPA. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/servicos-e-sistemas/sistemas/agrostat>.
Acesso em: jan. 2015. 4Op.
cit. nota 3. Palavras-chave: IqPR, índice
agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.
Data de Publicação: 16/01/2015
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor