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Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 1,32% em novembro de 2014
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação de preços
recebidos pelos produtores paulistas) registrou
alta de 1,32% no mês de novembro/2014, em comparação com outubro de 2014. Na
decomposição dos grupos de produtos, verifica-se que tanto o IqPR-V (produtos
de origem vegetal) como o IqPR-A (produtos de origem animal) valorizaram, 0,93%
e 2,49%, respectivamente (Tabela 1). Na tabela 1 é apresentado o
comportamento das variações nas quatro quadrissemanas de novembro/2014 e do
acumulado nos últimos 12 meses. Pode-se notar que todos os índices são
positivos. O IqPR e IqPR-V (vegetais) apresentam índices decrescentes nas três
primeiras quadrissemanas de novembro/2014 e leve recuperação de preços na ultima
quadrissemana (final do mês). Já o IqPR-A (animais), apesar de positivo,
encerra a quarta quadrissemana com recuo em comparação com as quadrissemanas
anteriores. Contudo, ainda tem variação maior que o IqPR geral e dos produtos
de origem vegetal. Quando a cana-de-açúcar (que em novembro teve
retração de 0,47%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos,
o IqPR (geral) fecha o mês de novembro/2014 com alta de 3,27%, ou seja, 1,95
ponto percentual maior em relação ao IqPR com cana. Disso, o IqPR-V sem cana
(vegetais) apresentou a variação maior, passando de 0,93% para 4,11%, aumento
de 3,18 pontos percentuais quando comparado com a cana (Tabela 1). Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas
cotações do mês de novembro/2014 em relação a outubro/2014 foram, pela ordem:
batata (80,25%), feijão (13,53%), milho (9,65%), carne bovina (7,35%), soja
(6,41%), amendoim (5,79%), carne suína (5,49%), trigo (5,14%), laranjas para mesa
e para indústria (5,11% e 2,11%), arroz (0,49%) e ovos (023%) (Tabela 2). Para a batata (produto perecível), a alta de preços
é devido ao adiamento do cultivo ocasionado pela estiagem, além do fato de que
a dificuldade no desenvolvimento do tubérculo, com as altas temperaturas
vigentes na primavera, reduziu a oferta do produto. No caso do feijão, a não efetividade das políticas
de preços mínimos (R$95,00 a saca de 60 kg) levou muitos produtores a não
consumarem seus cultivos nas últimas safras do Centro-Sul do país. Aliada à
estiagem no decorrer de 2014, ela ainda reduziu a oferta do produto e elevou os
seus preços. No que se refere ao milho, o atraso no cultivo de
verão ocasionado pela falta de chuva mantém incertas as definições do montante
a ser colhido na próxima safra. A valorização recente do dólar é outro motivo para
que a precificação em reais da commoditie
no último período tenha subido. Para a carne bovina, a demanda externa aquecida,
aliada à baixa oferta de boi gordo pronto para o abate, justifica a
continuidade das elevações do preço recebido pela arroba do produto no mercado
pecuário. Já os produtos que apresentaram as
maiores quedas de preços foram: banana nanica (26,45%), tomate para mesa
(13,24%), leite cru resfriado (5,67%), café (4,46%), carne de frango (2,38%),
algodão (0,57%) e cana-de-açúcar (0,47%) (Tabela 2). No caso da banana, o gradativo aumento da
temperatura e das chuvas acelera a formação dos cachos, aumentando a oferta da
fruta ao mesmo tempo em que a disposição no mercado de outras frutas de verão
diminui a propensão de seu consumo, reduzindo os seus preços. Para o tomate, o aumento da produção com o fim da estiagem levou a uma
oferta conjuntural excedente desse produto perecível, reduzindo seus preços. A melhoria das pastagens com a
regularização pluviométrica tem elevado a produtividade do rebanho leiteiro e,
consequentemente, colocado uma quantidade excedente de leite à venda aos
laticínios, reduzindo o preço recebido pelos seus produtores. Em resumo, no mês de novembro, 12
produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal e 3 de origem animal)
e 7 apresentaram queda (5 vegetais e 2 de origem animal). Acumulado nos últimos 12 meses No acumulado dos últimos 12 meses
(novembro/2013 a novembro/2014), o IqPR registrou variação positiva de 12,77%,
incentivado pelos reajustes do IqPR-V (produtos vegetais) (11,14%) e do IqPR-A
(animal) (17,35%). Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve
variação positiva de 4,08% na comparação de novembro/2014 com novembro/2013),
os índices acumulados tiveram maior valorização: o IqPR sobe para 22,01% e o
IqPR-V (vegetais) apresenta 25,66% de aumento. Contribuíram para esse elevado
índice nas variações positivas dos preços dos produtos vegetais o café e as
laranjas (Tabela 2). Na figura 1, observa-se o comportamento
das variações dos índices. O IqPR (linha azul contínua) mantém a tendência de
crescimento, influenciado pela variação mensal positiva do ATR da cana até maio,
associadas às quebras de produção ocasionadas pelo clima (seco e quente). A
partir de junho e julho, inverte-se o direcionamento com variações negativas
para a maioria dos produtos de origem animal e vegetal e a desvalorização do
ATR, sendo que, a partir de agosto, tem-se nova reversão para todos os índices,
agora com aceleração crescentes até o mês de novembro/2014, puxadas pelas altas
do café e das carnes, principalmente a bovina. Já o IqPR sem a cana (linha azul
tracejada) segue o mesmo comportamento do IqPR com cana, porém, com maiores
oscilações, tanto para as baixas como para as altas. Contudo, nota-se que o
índice sem a cana (IqPR-sem cana) está valorizado em 9,24 pontos percentuais em
relação ao IqPR (com cana). Essa diferença demonstra como os índices
agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da cana-de--açúcar,
pelo peso desse produto na composição do grupo. Na comparação de novembro/2014 com
novembro/2013, dez produtos apresentaram variações positivas, enquanto nove
tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em
patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medidos
pelo IPCA-IBGE em 6,56%, são os
seguintes: café (94,36%), carne bovina (31,30%), carne suína (27,87%), laranja
para mesa (12,41%), arroz (10,72%), laranja para indústria (9,58%) e carne de
frango (7,47%). Já os valores do ATR de cana-de-açúcar (4,46%), milho (4,00%) e
tomate para mesa (0,31%) tiveram variação positiva abaixo da inflação acumulada
nos últimos 12 meses (Tabela 2). Os produtos que apresentaram reduções de
preços nos últimos 12 meses foram: trigo (34,12%), algodão (21,24%), batata
(19,88%), banana nanica (18,47%), feijão (14,96%), soja (10,77%), leite cru
resfriado (6,06%), ovos (2,40%) e amendoim (0,13%) (Tabela 2). ______________________________________________ 1A fórmula de
cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da
produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/11/2014
a 30/11/2014 e base = 01/10/2014 a 31/10/2014. 2Artigo completo
com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de Palavras-chave: IqPR, índice
agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.
Data de Publicação: 16/12/2014
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor