Valor da Produção Agropecuária por Região, Estado de São Paulo, 2014: estimativa preliminar

O cálculo preliminar da estimativa de valor da produção agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo para o ano de 2014 revelou que o mesmo ficou situado em R$59,6 bilhões, o que em valores correntes implica uma queda de 1,52%, relativamente aos R$60,5 bilhões calculados para o ano de 2013, e de menos 7,3% quando os valores foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), projetado em agosto em 6,23%1. Neste trabalho é calculado o VPA de 2014 por região, também em caráter preliminar, visando analisar o grau de concentração das fontes primárias de renda das atividades produtivas. Para tanto, foi considerada a regionalização da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), que agrupa os 645 municípios paulistas nas 40 regiões agrícolas, administradas por Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs).

Os produtos florestais não foram considerados nesse estudo por não estarem disponíveis os preços por região. Assim, o estudo considerou 50 produtos, 44 de origem vegetal e 6 de origem animal. Foram selecionados os 5 produtos de maior valor de cada região, tendo em vista a análise do grau de concentração das fontes primárias de renda das atividades produtivas.

A escolha dos produtos e o método para o cálculo são os mesmos utilizados para trabalho similar que focou o estado como um todo2

A estimativa do VPA do Estado de São Paulo em 2014, calculado sem considerar os produtos florestais, em valores correntes, foi de R$56,9 bilhões, o que representa um decréscimo de 1,39% comparativamente ao do ano anterior. Em termos reais, quando deflacionam-se os preços, utilizando a inflação anual de 6,23%, projetada pelo Banco Central em agosto com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a queda é de 7,2%,

Os EDRs que apresentaram os cinco maiores VPAs foram, em ordem decrescente, os de Barretos, São João da Boa Vista, Orlândia, Presidente Prudente e Itapeva. Dos 40 EDRs, em 19 deles a soma dos VPAs dos cinco primeiros produtos do ranking representou 90% ou mais do VPA regional, em 5 EDRs, o VPA dos cinco primeiros representou 95% ou mais do VPA da região, o que mostra baixa diversificação de produtos ou, em outras palavras, que ocorre expressiva especialização regional (Tabela 1).

 


A posição relativa dos EDRs no ranking pelo VPA não variou muito entre 2013 e 2014, com algumas exceções, como Franca, que saiu da 19ª colocação em 2013 e foi para a 11ª, e Andradina, que ocupava a 11ª colocação e subiu para a 8ª.

O VPA do EDR de Presidente Prudente figurava em sexto lugar com uma participação de 3,9% do VPA total do estado em 2013, passando para a quarta colocação em 2014, com 4,1% do total do VPA estadual.

No EDR de Presidente Prudente, o VPA da cana-de-açúcar e o da carne bovina juntos respondem por 77% do VPA regional, a cana-de-açúcar com 49,3% e a carne bovina com 28,1%.

O EDR de Presidente Prudente é o que apresenta o maior VPA regional da carne bovina do Estado de São Paulo (Tabela 2). O VPA da carne bovina ocupa a primeira colocação nos EDRs de Marília, Jales, Guaratinguetá e Pindamonhangaba e só não figura entre os cinco primeiros nos EDRs de Mogi das Cruzes e de São Paulo. Mogi das Cruzes por ser predominantemente produtor de olerícolas e frutas, e o EDR de São Paulo por ser com­posto, principalmente, por municípios da Região Metropolitana e da Baixada Santista, onde a atividade agropecuária é minoritária.

O EDR de São Paulo e o de Registro são os únicos em que o VPA da banana aparece em primeiro lugar. Considerando os rankings regionais, o EDR de Registro por ser composto pelos municípios do Vale do Ribeira, onde o VPA da banana representa 82,2% do total re­gional, seguido pelo da carne bovina, sendo que os dois produtos representam 92,8% do VPA desse EDR. No EDR de São Paulo, destacam-se na produção de banana os municípios de Itanhaém e Peruíbe, que por sua localização na Serra do Mar, vizinhança com municípios do Vale do Ribeira, têm a banana como produto importante de suas economias.

A cana-de-açúcar é a primeira colocada do ranking de VPAs regionais em 67% dos casos e está entre os cinco primeiros em 34 deles. Os seis EDRs onde a cana-de-açúcar não se sobressai são os que não apresentam características mínimas que favoreçam seu cultivo ou apresentam características organizacionais produtivas mais competitivas para outras atividades. No EDR de São Paulo, na produção agropecuária predominam o cultivo da banana e a exploração leiteira, que se concentra no município de Peruíbe, notadamente na Serra do Mar e, como registrado acima, é o EDR de menor VPA. O EDR de Mogi das Cruzes, que apresenta o segundo menor VPA, também é uma região serrana e desenvolve predominantemente atividades de produção de frutas e hortaliças, ocupando lugar de destaque no cinturão verde da cidade de São Paulo. No EDR de Guaratinguetá, a cana-de-açúcar também não figura entre os cinco principais, reflexo da topografia, de estar inserida em importante bacia leiteira e de ser um dos dois EDRs onde a cultura do arroz aparece entre os cinco primeiros VPAs. A produção de arroz irrigado no Vale do Paraíba é muito antiga e, portanto, a Região tem instalada importante infraestrutura para essa atividade, inclusive agroindustrial. O EDR de Registro também não apresenta condições favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.


Desses EDRs onde o VPA da cana-de-açúcar não figura entre os cinco primeiros, o de Itapeva é o único que se encontra entre os cinco de maior VPA regional, ocupando a quinta posição no estado, seguido do EDR de Ribeirão Preto. O EDR de Itapeva, onde a produção de grãos se destaca, é o único em que o VPA do tomate de mesa ocupa o primeiro lugar do ranking regional, não aparecendo em nenhum outro EDR entre os cinco primeiros do ranking, seguido pelo da soja. O VPA dos dois representa 46,1% do total  do EDR de Itapeva.

É interessante ressaltar que o VPA da mandioca de mesa, cultivo importante na agricultura familiar, aparece entre os cinco maiores VPAs apenas no EDR de São Paulo, o de menor VPA regional entre os 40. Nesse produto, também se destacam os municípios de Peruíbe, Itanhaém e Mairiporã. A mandioca para indústria só aparece entre os cinco maiores VPAs no EDR de Presidente Venceslau.

O VPA de ovos aparece entre os cinco primeiros em apenas oito EDRs, sendo encontrado no EDR de Tupã o maior VPA desse produto, onde ocupa a primeira colocação e cujo VPA supera largamente a soma dos VPAs de todos os EDRs onde o do ovo aparece entre os cinco maiores. No EDR de Mogi das Cruzes, o VPA do ovo encontra-se na segunda posição. O VPA da carne de frango aparece entre os cinco maiores em 15 EDRs, sendo os maiores VPAs de frango encontrados, pela ordem, nos EDRs de Bragança Paulista, Piracicaba e Itapetininga, ocupando a primeira posição no primeiro e no segundo. No EDR de Mogi das Cruzes, o VPA do ovo está em segundo lugar, precedido pelo VPA do Caqui. Os EDRs de Mogi das Cruzes, de Registro e de São Paulo são os únicos cujos maiores VPAs são compostos de frutas.

Os cinco menores VPAs do estado foram os dos EDRs de Fernandópolis, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Mogi das Cruzes e São Paulo, sendo que, desses, a cana-de-
-açúcar só aparece no de Fernandópolis, em primeiro lugar, mas este é o EDR em que o VPA da cana-de-açúcar adquire o menor valor. Produtos olerícolas só aparecem entre os cinco maiores VPAs nos EDRs de menor VPA, o de São Paulo e o de Mogi das Cruzes. No de São Paulo destacam-se alface, repolho e mandioca para mesa, no de Mogi das Cruzes destacam-se alface, cenoura e beterraba, produtos típicos do chamado cinturão verde. O EDR de Sorocaba, que se encontra na 17ª posição, considerando o ranking dos 40 EDRs em termos de VPA, é o único dos de maior VPA em que aparecem produtos olerícolas entre os cinco maiores VPAs, no caso, alface em primeiro lugar, beterraba em segundo e cenoura em quinto. Constata-se a incorporação desse EDR ao cinturão verde.

O leite encontra-se entre os cinco maiores VPAs em 45% dos 40 EDRs do estado. Entre os cinco menores, ocupa participação significativa em Guaratinguetá e Pindamonhangaba, situados na bacia leiteira do Vale do Paraíba, ocupando o segundo lugar em ambos, precedidos pelo VPÀ da carne bovina, como é de se esperar em criação de gado misto.

Os decréscimos de VPA mais significativos foram registrados nos EDRs de Itapeva (-23,1%), Lins (-11,9%), Jaboticabal (-11,8%), Mogi das Cruzes (-10,5%) e Catanduva (-9,4%). 

Os EDRs que apresentaram os maiores acréscimos do VPA foram os de Registro, por conta da elevação do VPA da banana, de Bauru, por causa da elevação dos VPAs de todos os seus principais produtos (cana-de-açúcar, carne bovina, laranja para indústria, laranja para mesa e carne de frango), e de Franca, puxado pelo aumento desses mesmos produtos e mais o aumento do VPA do café beneficiado, que ocupa lugar de destaque nesse EDR e cujos preços tiveram expressiva elevação no período.

A severa e atípica estiagem que vem ocorrendo na Região Sudeste do país durante todo o ano de 2014, em curso, pode ser responsabilizada por esse comportamento errático do VPA dos diversos produtos e regiões do estado, seja por elevações expressivas no preço de alguns produtos, seja por queda ou elevação da produção.

 

1SILVA, J. R. da  et al.  Valor da produção agropecuária do Estado de São Paulo, prévia de 2014. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 11, nov. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ out/verTexto.php?codTexto=13541>. Acesso em: 24 nov. 2014.

2Op. cit. nota 1.

 

Palavras-chave: valor da produção por região, agropecuária, produção, preços, renda bruta.

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Data de Publicação: 10/12/2014

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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