O número total de produtos⁴ considerados foi 72, sendo 63 de origem vegetal e 9 de origem animal. Entre os produtos vegetais, foram considerados 31 oriundos de lavouras temporárias e 32 de lavouras permanentes.

Os 72 produtos considerados no trabalho foram classificados em quatro grupos: a) frutas (23) - abacate, abacaxi, banana, caqui, castanha-de-caju, coco-da-baía, figo, goiaba, guaraná, laranja, limão, maçã, mamão, manga, maracujá, marmelo, melancia, melão, noz, pera, pêssego, tangerina e uva; b) grãos (16) - algodão, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, ervilha, fava, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale; c) produtos animais (9) - carne bovina, carne de frango, carne suína, casulo do bicho-da-seda, lã, leite, mel de abelha, ovos de codorna e ovos de galinha; e d) outros produtos (24) - alho, azeitona, batata-inglesa, batata doce, borracha, cacau, café, cana-
-de-açúcar, cebola, chá-da-índia, dendê, erva-mate, fumo, juta, linho, malva, mandioca, palmito, pimenta-do-reino, rami, sisal ou agave, tomate, tungue e urucum.           

Excetuando-se os casos das carnes bovina, de frango e suína, os dados sobre o valor da produção dos demais produtos foram utilizados na sua forma original, calculados e publicados pela fonte primária dos dados⁵. No caso das três carnes acima referidas, dada a indisponibilidade de dados oficiais sobre a produção brasileira, utilizou-se a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)⁶, que, por sua vez, baseou-se em informações das entidades de classe, como a Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte (APINCO) e Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS). Foram utilizados os preços médios correntes de 2012, para o Brasil, da base de dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV)⁷.

Para o cálculo do valor da produção das carnes das UFs, distribuíram-se os totais brasileiros, acima referidos, pelas participações percentuais dos efetivos dos rebanhos, no caso dos bovinos, e dos abates, no caso dos frangos e suínos, dessas unidades federativas, de acordo com dados do IBGE⁸. Foram utilizados os tamanhos de rebanhos, em vez de número de abates, no primeiro caso, por representarem dados em nível de produtor (criador), enquanto o segundo indicador pode superestimar os resultados de abates com produtos (animais) oriundos de outras UFs.

Os dados utilizados para o cálculo do valor da produção de bovinos de corte (carne bovina) do Brasil (R$53.612,9 milhões) foram: produção de 8.751,7 mil toneladas (em equivalente carcaça) e preço médio de R$91,89 por arroba (15 kg). Para o cálculo do valor da produção da avicultura de corte (carne de frango, R$39.832,1 milhões), empregou-se produção de 12.645,1 mil toneladas (em equivalente carcaça) e preço médio nacional de R$3,15 por quilograma. No caso de suínos (carne suína), o valor (R$9.975,3 milhões) resultou da utilização de produção de 3.483,0 mil toneladas (em equivalente carcaça) e preço médio brasileiro de R$42,96 por arroba (15 kg).

O valor da produção agropecuária (VPA) do Brasil em 2012, composta por 72 produtos, totalizou R$342,2 bilhões, em moeda corrente daquele ano (Tabela 1).

O Estado de São Paulo foi a UF maior produtora agropecuária do Brasil em 2012, com o VPA de R$48,3 bilhões, correspondente a 14,1% do total brasileiro. Os Estados de Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso aparecem na segunda, terceira e quarta posições no ranking brasileiro, com participações respectivas de 13,0%, 12,9% e 10,7%. Os quatro estados responderam por 50,6% do VPA total do país em 2012.

O principal produto de São Paulo (cana-de-açúcar), de acordo com os dados do IBGE, participou com 46,4% do VPA total estadual em 2012, aumentando sua participação em relação a 2008 (36,9%). Destaque-se que o valor da produção de somente um produto (cana-de-açúcar, com R$22,4 bilhões) de São Paulo foi maior que o valor da produção agropecuária total de cada uma das UFs que aparecem da sétima posição para baixo no ranking de 2012.

Desde 2008, quando ocupava a terceira posição da lista do VPA por UF, o Estado de Minas Gerais tem o café como o principal produto. Em 2007, o principal produto mineiro foi o leite. A participação do café no VPA de Minas subiu de 19,9% em 2008 para 22,4% em 2012. O Paraná tem como principal produto a carne de frango, com 25,5% do VPA estadual, superando a soja, que liderou o ranking estadual em 2011. O Estado do 

Mato Grosso superou o do Rio Grande do Sul e se posicionou na quarta colocação, tendo como principal produto a soja, com 40,9% do valor da produção estadual. O Rio Grande do Sul teve a carne de frango como o produto de maior valor, contribuindo com 17,3% do valor da produção do Estado.

A carne bovina foi o principal produto na composição do valor da produção de dez UFs em 2012. A cana-de-açúcar prosseguiu liderando o ranking estadual do VPA em cinco UFs (São Paulo, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte). Em seguida, aparece a soja em três UFs (Mato Grosso, Goiás e Piauí). A carne de frango liderou em três estados (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). O café liderou em duas UFs (Minas Gerais e Espírito Santo). O algodão foi o principal produto da Bahia, o milho, do Distrito Federal e a mandioca, do Amapá. Os produtos com maior participação no VPA da UF em 2012 foram a cana-de-açúcar em Alagoas (63,1%), a carne bovina no Acre (56,1%), em Rondônia (55,8%) e em Tocantins (50,5%) e o café no Espírito Santo (51,6%).

Na lista dos produtos que compuseram o valor da produção agropecuária do Brasil consta, a partir de 2011, a azeitona, que passa a ter produção computada nos levantamentos do IBGE.

A exemplo da lista do VPA por UF, a composição por produto é altamente concentrada, com os quatro primeiros (carne bovina, soja, cana-de-açúcar e carne de frango) detendo 54,5% do valor total do Brasil em 2011. Os dez produtos de maior valor corresponderam a 81,3% do valor total e os 20 maiores, a 94,8% (Tabela 2). A carne bovina liderou o ranking do VPA em 2012, com participação de 16,2% do valor total, seguida de soja, com 15,7%, cana-de-açúcar, com 12,2%, e a carne de frango, com 10,3%.

Deve-se esclarecer que a lista apresentada é de valor da produção e não simplesmente de produção. Portanto, a UF destacada como a maior produtora é a de maior valor, que é o resultado da multiplicação da produção pelo preço médio recebido pelo produtor em 2012. Assim, por exemplo e tal como em 2008, o tomate tem como a UF de maior valor o Estado de São Paulo, embora Goiás tenha sido a maior produtora. O mesmo raciocínio vale para o feijão, que teve Minas Gerais como a UF de maior valor e o Paraná como a maior produtora; a melancia e o palmito tiveram Goiás como a UF de maiores valores de produção, embora as maiores produtoras tenham sido Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente. Nas UFs listadas com os maiores valores, o preço do produto é o fator que explica a diferença de posicionamento no ranking brasileiro do VPA em relação ao ranking de produção.  

Entre as UFs com os maiores valores de cada produto, destacam-se os Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo, que lideram, cada um, na produção de 16 itens, seguidos por Bahia, com 8 itens, Paraná, com 7 itens e Minas Gerais, com 6 itens.

Entre os 72 produtos, pode-se destacar vários deles pela elevada concentração da sua produção numa determinada UF. Alguns produtos são exclusivos de um único estado, como rami no Paraná, e linho e tungue no Rio Grande do Sul. Além destes, os itens de produção mais concentrada em 2012 foram: juta no Amazonas (97,0% do VP brasileiro), lã no Rio Grande do Sul (95,5%), casulos do bicho-da-seda no Paraná (89,9%), sisal na Bahia (89,7%), dendê no Pará (84,7%), amendoim em São Paulo (84,5%) e malva no Amazonas (80,6%)

Outros itens, em menor número, destacam-se por sua produção desconcentrada. Assim, por exemplo, a carne bovina teve como UF maior produtora em 2012 o Estado de Minas Gerais, que participou com apenas 13,6% do VP total do produto no Brasil;  melancia em Goiás (13,6%), mandioca no Pará (15,1%), abacaxi na Paraíba (18,6%), tomate em São Paulo (19,1%), carne suína em Santa Catarina (19,3%), banana em São Paulo (19,4%) e mel de abelha no Rio Grande do Sul (19,6%).     

Conforme constataram Tsunechiro, Coelho e Miura (2010)⁹, os valores dos grupos de produtos, elaborados para verificar diferenças regionais na composição do VPA, revelam aptidões edafoclimáticas ou fatores de outra natureza que conferem vantagens comparativas para as UFs maiores produtoras.

No âmbito nacional, o grupo de produtos animais foi o mais importante, com participação de 40,4% do VPA total em 2012. O grupo de grãos (que inclui algodão) contri­buiu com 29,7%, seguido do grupo de outros produtos (cuja lista foi apresentada no início deste trabalho), com 23,7%, e do grupo de frutas, com 6,2% (Tabela 3).

No grupo das frutas, os Estados de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais (nessa ordem) apresentaram os maiores valores da produção. Em termos relativos, entretanto, as UFs em que o grupo teve as maiores participações nos respectivos VPAs foram: Rio Grande do Norte (com 36,6%), Paraíba (29,4%), Ceará (26,4%), Amazonas (24,1%) e Pernambuco (23,5%). 

No grupo dos grãos, os Estados do Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás apresentaram os maiores VPs. Mato Grosso se destaca não apenas pelo valor, mas pela participação desse grupo no VPA estadual (66,6%). Outra UF que se destaca é o Distrito Federal, com contribuição de 63,4% do grupo de grãos no respectivo VPA.

O grupo de produtos animais é o que concentra o maior número de unidades federativas com grande produção. As quatro UFs maiores produtoras do grupo foram Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As UFs que mais se destacaram no valor do grupo em termos relativos no VPA estadual foram: Santa Catarina (com 67,1%), Rondônia (65,8%), Acre (63,7%) e Pará (59,8%).

No grupo de outros produtos, destacou-se o valor do Estado de São Paulo, como em 2008, não somente pela participação no VPA estadual (54,6%), mas principalmente pela magnitude do valor (R$26,4 bilhões), em cuja composição participou a cana-de-
-açúcar, como se pode constatar na Tabela 1. A mesma situação foi verificada em Ala­goas, onde o produto líder (cana-de-açúcar) teve ampla participação nesse grupo.   

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¹Parte da pesquisa cadastrada no SIGA, NRP 4469. 

²INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção agrícola municipal 2012: culturas temporárias e permanentes. Rio de Janeiro: IBGE, v. 39, 2013. 

³ ______. Pesquisa da pecuária municipal 2012. Rio de Janeiro: IBGE, v. 40, 2013. 

⁴O termo “produto” é empregado como sinônimo de “cultura”, “criação” ou “atividade produtiva”. No caso do algodão, os dados de algodão arbóreo (cultura permanente) foram somados aos do algodão herbáceo (cultura temporária). 

⁵Op. cit. notas 2 e 3. 

⁶COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Indicadores da agropecuária. Brasília: CONAB, v. 22, n. 3, p. 61, fev. 2014. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/14_03_17_16_ 39_49_fevereiro_2014.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2014. 

⁷FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV. Banco de dados. Rio de Janeiro: FGV. Disponível em: <http://www. antigofgvdados.fgv.br/bf/dsp_consulta.asp>. Acesso em: 11 mar. 2014.

⁸INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa trimestral de abate de animais 2012. Rio de Janeiro: IBGE, v. 39, 2013. 

⁹TSUNECHIRO, A.; COELHO, P. J.; MIURA, A. Valor da produção agropecuária do Brasil por unidade da federação, em 2008. Informações Econômicas, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 62-79, mar. 2010. 

Palavras-chave: agricultura, agronegócio, Brasil, pecuária, renda agrícola, valor da produção.