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Estoques de Algodão Elevados¹
A produção mundial de
algodão em 2014/15, prevista pelo International Cotton Advisory Committee
(ICAC)2, deve ser de 26,3 milhões de toneladas, praticamente a mesma
registrada na temporada passada. A par dessa estabilidade, a oferta deve
crescer 6,3% e alcançar 46,1 milhões de toneladas em virtude do aumento de
15,6% no estoque inicial. Do lado da demanda é previsto que o consumo alcance
24,5 milhões de toneladas, 4,2% maior, com variação bem inferior, portanto, à
do estoque (Tabela 1). O crescimento na quantidade estocada, que tem caracterizado
o mercado de algodão, deve se manter no transcorrer desta temporada, posto que
ao seu final deve totalizar 21,6 milhões de toneladas, 9,6% a mais que a
anterior. Nesse quadro de estoques elevados, a comercialização será refreada
tendo em vista a diminuição em 11,3% nas exportações, as quais devem ser de
apenas 7,9 milhões de toneladas, o menor volume dos últimos anos. O panorama internacional da fibra reflete as condições do
principal mercado: a China. O país responde por um terço de todo algodão
consumido no mundo e tem apresentado crescimento no estoque. Neste início de
temporada a quantidade disponível no mercado chinês é de 12,1 milhões de
toneladas, o equivalente a 60% acima do consumo, contra apenas 16% em 2012/13.
A título de comparação, a relação estoque/consumo no âmbito mundial foi
deficitária em cerca de 50% durante os três últimos anos. Nessas circunstâncias
as importações devem ser de apenas 1,9 milhão de toneladas, 35,6% menor e
metade das aquisições externas realizadas pelo país asiático em 2012/132.
Nessas condições é configurado cenário de excesso de oferta
no mercado mundial no qual prevalece a tendência de queda no nível das cotações
da fibra. No transcorrer desta temporada 2014/15 o Índice A de Cotlook deverá
se situar em US$75 cents/lb-peso contra US$88-100 cents/lb-peso vigente nos
últimos anos (Figura 1). No Brasil as perspectivas não diferem das relativas ao
mercado internacional. A produção prevista de 1,6 milhão de toneladas em
2014/15 deve ser 7,3% inferior, mas essa redução não impede a elevação de 519,6
mil toneladas para 594,7 mil toneladas no estoque no transcorrer da temporada.
Acrescenta-se, ainda, que esses níveis são os mais altos dos últimos anos,
conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)3. Para o consumo a previsão da CONAB é de que não ultrapasse
as 850 mil toneladas, mesma quantidade do ano passado, que aliada às menores
possibilidades de escoamento pelas exportações contribui para a configuração do
quadro de excedente de oferta que deve prevalecer na comercialização da safra
brasileira. _________________________________________________________________ 1Projeto cadastrado no SIGA NRP-4836.
2INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE - ICAC. Cotton this month. Washington: ICAC,
nov. 2014. Disponível
em: <http://www.icac.org>. Acesso em:
21 nov. 2014. 3COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento
da safra brasileira, grãos: segundo levantamento novembro/2014. Brasília:
CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acesso em:
21 nov. 2014. Palavras-chave: algodão,
estoques, preços.
Data de Publicação: 02/12/2014
Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor