Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo, Prévia de 2014

Apresentam-se a estimativa preliminar do Valor da Produção Agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo em 2014 (safra 2013/14) e as análises dos valores totais dos 53 produtos agropecuários, destacando-se aqueles de maior participação na renda bruta total da agropecuária paulista1.

Os dados da produção vegetal e animal foram obtidos dos Levantamentos por Município de Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2013/14, realizados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo2, 3, 4.

Os preços dos produtos agropecuários foram obtidos de duas fontes: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP)5, para produtos olerícolas (exceto batata, cebola, mandioca e tomate) e frutas (exceto banana, laranja, limão e tangerina), ponderando-se por variedade para cada espécie e por decomposição dos preços de venda no atacado; e Banco de Dados do IEA6  para os demais produtos. Os preços dos produtos florestais foram obtidos em Mercados Florestais do IEA7 e os de produção tiveram como fontes primárias as entidades de classe do setor8.

Os preços recebidos pelos produtores são valores médios correntes de janeiro a dezembro de 2013 (para o cálculo do valor do ano de 2013) e de janeiro a agosto de 2014 (para a prévia de 2014). Para a atualização monetária dos valores obtidos para 2014, utilizou-se a projeção da inflação anual do Banco Central do Brasil9, de 6,23% em 2014, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso da cana-de-açúcar, o preço médio recebido pelos produtores, pago pelas usinas produtoras de açúcar e de álcool do Estado de São Paulo, é o fornecido pelo Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (CONSECANA-SP), que tem como fonte de dados os preços fornecidos pela Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (ORPLANA).

As variações do Valor da Produção de 2014 em relação a 2013 foram calculadas com base em índices de preços e de quantidade, elaborados pela fórmula de Fisher (base 2013=100) para os grupos de produtos considerados10.

Para efeito da abordagem classificam-se os produtos analisados em seis grupos: Produtos para Indústria; Produtos Animais; Frutas Frescas; Grãos e Fibras; Olerícolas e Produtos Florestais.

A anomalia climática que vem ocorrendo na região Sudeste e mais especificamente no Estado de São Paulo faz de 2014 um ano bastante atípico. Falta de chuvas, altas temperaturas e radiação solar afetam o desenvolvimento das lavouras e das pastagens e também dos animais com consequentes perdas econômicas, seja por redução de produtividade, seja por decisão de agricultores de não plantar ou reduzir área em função da condição de aumento de riscos 11,12.

 A maior parte dos produtos analisados apresentou queda de produção, com destaque para abacaxi, tomate para indústria, milho, sorgo, goiaba para indústria, leite, beterraba, amendoim em casca, soja, repolho, tangerina e goiaba para mesa, com reduções superiores a 10%. Com exceção do segmento de frutas frescas, que participa no total do valor da produção estadual com 7,32%, e cuja produção apresentou aumento de 0,54% relativamente a 2013, todos os outros acusaram decréscimos, sendo o mais expressivo o de grãos e fibras (17,54%). Neste grupo, as reduções mais expressivas nos volumes produzidos ocorreram para as seguintes culturas: milho (26,59%), sorgo granífero (26,23%), amendoim em casca (16,99%), soja (16,15%), feijão (8,69%) e arroz em casca (6,60%); que camuflaram os expressivos aumentos de produção do triticale (42,51%) e do trigo (56,82%). Quanto aos preços, também decrescentes, refletem, em parte, o fato de na maioria dos casos o Estado de São Paulo ser importador líquido.

O grupo das olerícolas, que representa 5,33% do valor da produção esta­dual, diminuiu, em aproximadamente 11,0% do valor de 2013. As principais quedas de produção ocorreram para beterraba (17,19%), repolho (14,37%), cebola (8,02%), cenoura (6,95%), tomate de mesa (6,46%), abobrinha (6,00%), mandioca de mesa (3,07%) e batata (1,04%). De doze produtos que compõem esse grupo, apenas três tiveram seus preços majorados em níveis superiores a 15%. Destacam-se: alface, que a despeito de apresentar elevação de 30,54% na produção, seu preço teve ascensão de 30,27% e a batata-doce em 28,35% e em 17,70%, respectivamente.

O grupo de produtos para indústria, que representa 49,50% do valor da produção estadual, tem a cultura da cana-de-açúcar como seu principal componente. Nos resultados preliminares para 2014, esta cultura continua ocupando a 1ª posição no ranking do valor da produção do estado e acusou queda de produção de 7,97% e aumento de 1,24% nos preços médios recebidos pelos produtores, pagos pelas usinas produtoras de açúcar e de álcool do Estado de São Paulo. A laranja para indústria, com queda de produção de 6,87%, teve seus preços majorados em 31,63%. Tomate para indústria e goiaba para indústria apresentaram quedas acentuadas de produção, respectivamente, de 30,30% e 24,60%.

No grupo de frutas frescas, laranja de mesa, mesmo com um aumento de produção de 51,56%, apresentou elevação de preços de 29,81%. Banana, com  queda de produção de 7,45%, acusou majoração de preço acentuada de 64,41%. Morango teve seus preços elevados em 29,14% e queda de produção de 9,35%.

Entre os produtos florestais, a resina de pinus apresentou elevação de 61,32% nos preços recebidos, frente à queda de produção de 8,01%. A madeira de eucalipto, principal produto do grupo, apresentou queda de 6,84% na produção.

A carne bovina se destaca no grupo animais, com crescimento de 4,34% na produção e de 19,09% nos preços. A produção de leite apresentou queda de 21,81% na produção e aumento de 10,53% nos preços.

O Valor da Produção Agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo em 2014, estimado em R$59,6 bilhões em moeda corrente, apresentou redução de 1,52% comparativamente ao ano anterior (Tabela 1). Deflacionando-se pelo IPCA/IBGE, o VPA de 2014 apresenta queda real de 7,3%, em relação a 2013.

Os dez primeiros produtos no ranking dos 53 considerados no estudo respondem por 82,90% do VPA total do estado, sendo que entre eles merece ser destacada a redução verificada nos VPAs de milho (24,31%), soja (14,19%) e leite (13,58%), que alteraram suas posições no ranking, perdendo uma posição. Por outro  lado,  destacam-se, por apresentarem variações positivas e expressivas, os

VPAs de café beneficiado (47,42%), carne bovina (24,26%) e laranja para indústria (22,58%). Os resultados mostram também que o VPA da laranja para indústria que ocupou a nona posição no ranking em 2013 passou para a quinta em 2014. O café beneficiado também galgou duas posições. Merece destaque o movimento do VPA da laranja de mesa13 que evoluiu da 15ª para 11ª posição, sendo o produto que apresentou a maior variação percentual, de 96,74%, seguido do VPA da alface com 70,06%. O VPA do trigo, embora com participação menos expressiva no VPA total do estado, de 0,26%, também apresentou desempenho satisfatório evoluindo da 36ª para a 32ª posição, basicamente refletindo os 56,82% de aumento na produção, compensando a queda de 4,82% no preço médio recebido.

Quando  se  calcula o VPA total do estado sem a cultura da cana-de-açúcar, há um crescimento em termos correntes de 2,4%, mas uma queda em termos reais de 3,3%.

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1Posteriormente em outro artigo será apresentada a estimativa do valor da produção agropecuária por re­giões do Estado.

 

2ÂNGELO, J. A. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2013/14, fevereiro de 2014. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 5, maio 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13408>. Acesso em: 3 nov. 2014.

 

3______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2013/14, abril de 2014. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 6, jun. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13437>. Acesso em: 3 nov. 2014.

 

4______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2013/14, junho de 2014. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 8, ago. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13468>. Acesso em: 3 nov. 2014.

 

5COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO - CEAGESP. Banco de dados. São Paulo: CEAGESP. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br>. Acesso em: 3 mar. 2014.

 

6INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri. iea.sp.gov.br/bancoiea/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma=1>. Acesso em: out. 2014.

7______. Mercados florestais. São Paulo: IEA, 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/florestas.php>. Acesso em: 3 nov. 2014.

8Associação Brasileira dos Produtores de Celulose e Papel (BRACELPA), Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA), Associação dos Resinadores do Brasil (ARESB) e Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira (ABPM).

9BANCO CENTRAL DO BRASIL - BCB. Focus relatório de mercado. Brasília: BCB, ago. 2014. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 29 ago. 2014.

 

10HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991. 42 p.

11BUENO, C. R. F. et al. Anomalia climática e seus efeitos sobre as lavouras paulistas. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 2, fev. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto. php?codTexto=12880>. Acesso em: 3 nov. 2014.

 

12VEGRO, C. L. R. et al. Anomalia climática e seus impactos sobre as culturas temporárias e perenes do Estado de São Paulo. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 10, out. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13506>. Acesso em: 3 nov. 2014.

 

13A produção de laranja com destino para mesa é obtida a partir de um fator aplicado à produção de laranja, que é variável a cada safra. Para 2013 foram aplicados os seguintes fatores: 83% da produção de laranja foram destinadas à indústria e 17% para mesa. Já em 2014, em função de informações de mercado que têm indicado laranja que normalmente iria para processamento ir para mercado in natura por causa de preço, principalmente, e estoques, estes percentuais passaram a 75% e 25%, respectivamente. Por conta dos fatores de conversão o expressivo aumento do valor da produção da atividade precisa ser analisado com cautela, em especial quanto aos ganhos de produção.

 

Palavras-chave: agricultura, pecuária, produção, preços, renda bruta.

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Data de Publicação: 19/11/2014

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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