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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Intenção de Plantio do Ano Agrícola 2014/15, e Levantamento Final, Ano Agrícola 2013/14, Setembro de 2014
1 - Introdução O primeiro levantamento para a safra
agrícola 2014/15, que indica a provável área a ser plantada, em hectare, pelos
agricultores, foi realizado de 01 a 19 de setembro pelo Instituto de Economia
Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Os
dados foram obtidos pelo método subjetivo2, que consolida e
sistematiza as informações fornecidas pelos técnicos das Casas de Agricultura
em cada um dos 645 municípios paulistas. Ainda
neste levantamento, foram também obtidos números finais da safra agrícola
2013/14 (para as culturas de inverno, café e banana) e o penúltimo levantamento
que antecede a previsão final, para as culturas de cana-de-açúcar e laranja. 2-
Intenção de Plantio Safra 2014/15 Para o total da área ocupada com os
sete principais produtos no plantio das águas, o levantamento
indica elevação pouco significativa de 0,5% comparativamente ao ano agrícola
2013/14, totalizando 1,38 milhão de hectares (Tabela 1). Desse total a ser plantado,
a principal cultura em área é a soja, que participa com 52,9%, seguida de milho
com 34,6%, e, na sequência, aparecem amendoim (7,0%), feijão das águas (3,3%),
batata das águas (0,7%) e arroz (1,0%). A expectativa é de redução de 38,2%
para a área de algodão, atingindo 7,2 mil hectares plantados, o que demonstra
que persiste a tendência de perda gradativa da importância desta atividade em
termos de área ocupada no estado, cedendo espaço para outras culturas como soja
e milho. O cultivo do algodão está distribuído em apenas 12 das 40 regionais
paulistas (EDRs); destaque para o EDR de Avaré, com participação estadual de
32,0% na área, apesar de uma ocupação menor, ao redor de 48%, no EDR, comparativamente
à safra passada. As perspectivas para a safra 2014/15
de amendoim das águas no Estado de São Paulo apontam elevação de 1,4% na área
plantada, em relação à safra passada. Ressalte-se que a falta de chuva na época
de plantio pode ter provocado atrasos, o que possibilita estabelecer retração
em algumas áreas de renovação de canaviais. Soma-se a isso o fato de que o
segmento sucroalcooleiro vem passando por dificuldades econômicas, acarretando
desestímulos à produção. Assim, esses números poderão ser corroborados apenas
no próximo levantamento, a ser realizado em novembro de 2014. Para a cultura do arroz - de sequeiro
e várzea e irrigado - a área plantada apresenta perspectiva de redução de 2,8%
na intenção de plantio, sendo esperados 13,6 mil hectares. A região do Vale do
Paraíba (formada pelos EDRs de Guaratinguetá e Pindamonhangaba) é a principal
região produtora do Estado de São Paulo, com 66,8% da área cultivada,
predominantemente de arroz irrigado. Para o plantio de feijão, safra das
águas, a expectativa de retração de 22,2%, ante o ano agrícola anterior, pode
ser explicada, principalmente, pela fraca cotação da saca do feijão nos últimos
meses com o aumento da oferta, bem como pelas condições climáticas
desfavoráveis para o seu plantio nas principais regiões produtoras do estado. A intenção de plantio da área de milho
primeira safra 2014/15 (safra verão) apresenta leve declínio de 0,8% quando
comparada à safra 2013/14, com 478,0 mil hectares de área a ser plantada, dos
quais 91,3% são em áreas sem irrigação, tendo como principais regiões (EDRs)
Itapetininga, São João da Boa Vista, Itapeva e Avaré, que juntas somam
aproximadamente 35,0% da área a ser cultivada no Estado de São Paulo. A cultura
irrigada apresenta percentuais negativos da área a ser plantada (13,6%) em
comparação ao final da safra passada, ocupando 41,5 mil hectares no estado.
Apesar do recuo dos preços recebidos pelos produtores ao longo do ano de 2014,
as boas opções de venda (liquidez) colaboram na tomada de decisão do produtor
para se manter na atividade. A área a ser plantada
com soja (safra verão 2014/15) está prevista em 732,3 mil hectares, com
crescimento de 3,7% em relação à safra anterior. O cultivo da oleaginosa tem
crescido no estado em função das condições de mercado desse grão e de seus derivados.
A conversão de proteína vegetal em animal, por meio da produção de carnes, e a
demanda por óleo para alimentação, além da destinação de parcela para a
produção de biodiesel, são fatores favoráveis para o aumento na área com a
oleaginosa. Para
a batata das águas, a estimativa inicial apresenta uma área estadual de 9,2 mil
hectares, 17,4% maior que a registrada na safra anterior, o que pode não se
concretizar devido aos preços
baixos recebidos pelos produtores na época do levantamento, como também por não
ter se iniciado ainda a estação das chuvas. O
levantamento a ser realizado no campo em novembro, referente ao ano agrícola
2014/15, deverá caracterizar melhor o quadro da agricultura paulista, com as
primeiras informações de produção e produtividade para essas culturas e com a
expectativa de melhora das condições climáticas. As informações sobre a intenção de
plantio estão disponibilizadas por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na
tabela 4 e por Região Administrativa (RA) na tabela 7. 3 - Previsões da
Safra Agrícola para Cana-de-açúcar, Cebola e Laranja, que antecede o Final da
Safra em Novembro de 2014 O
quarto levantamento da safra da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo
aponta que a área explorada permanece estável, diferentemente das safras anteriores,
quando a área plantada vinha apresentando expansão. Justifica-se esse resultado
pelas condições econômicas adversas que atravessa o setor nos últimos anos. Já
em relação à produção de 402,6 milhões de toneladas, constata-se queda de 9,4%
em termos estaduais, influenciada pela produtividade 10,2% menor, devido à
anomalia climática desfavorável que atingiu a lavoura no período de
desenvolvimento da planta (Tabela 2). A cebola de muda,
cultivada na safra agrícola 2013/14 em 2,48 mil hectares, indica queda de
24,8%, contribuindo para produção 8,9% menor quando comparada à safra passada,
embora o rendimento seja 21,1% superior. A cebola em plantio direto, que envolve maior
tecnologia, teve elevações na área (2,0%) e na produção
(18,5%), visto a contribuição maior do rendimento em 16,1%. A
safra de laranja prevista para 2013/14 aponta para um volume total a ser produzido
de 292,9 milhões de caixas de 40,8 kg (aproximadamente 12.000 mil toneladas),
ou seja, 2,3% acima do obtido na safra passada, que foi de 286,3 milhões de
caixas de 40,8 kg (equivalente a 11.683 mil toneladas), visto que a florada foi abundante no final de 2013. Esses números
incluem tanto as frutas comerciais como os frutos provenientes de
pomares não expressivos economicamente, bem como as perdas relativas ao
processo produtivo e as de colheita. Espera-se uma produtividade agrícola de
26.475 kg/ha, superior àquela obtida na estimativa final da safra 2012/13 em
5,2% (equivalente a 1,8 cx./pé ou 649 cx./ha). Porém, em algumas regiões sem
irrigação, a produtividade está prevista em 1,5 cx./pé. Nos levantamentos
realizados em campo, em fevereiro, abril, junho e setembro, foram obtidos
menores números, tanto para as plantas ainda não produtivas quanto para as
árvores produtivas, em relação à safra anterior, resultado da existência de
pomares doentes, infestados pelo HLB (greening) e pelo cancro cítrico, por
vezes mal conduzidos e carentes de tratos culturais. No levantamento atual, a
área total plantada aponta redução de 3,6%, atingindo a marca de 485,58 mil
hectares para a safra 2013/14. Os números do levantamento de setembro
de 2014 estão disponibilizados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na
tabela 5 e por Região Administrativa (RA) na tabela 8. 4
- Estimativas Finais Safra 2013/14 Na pesquisa efetuada
em setembro foram também obtidos alguns números finais para a safra agrícola
2013/14 (Tabela 3). Para
o total do estado, os dados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) estão
na tabela 6 e na tabela 9 por Região Administrativa (RA). Os
dados da estimativa de feijão de
inverno (incluindo o irrigado) registraram queda de 8,5% na área plantada
e de 20,7% na produção obtida, como resultado de perdas de 13,3% na
produtividade, comparativamente à safra passada. A estimativa final da batata de
inverno teve redução de área (10,5%), de produção (11,7%) e de rendimento
(1,4%), valores praticamente inalterados em relação ao levantamento anterior. Os
números finais para a cultura do milho
safrinha apresentaram redução de área plantada em 2,5%. Destaca-se, porém, o
volume produzido de 1,475 milhão de tonelada, 3,6% superior ao de
2012/13, por conta dos ganhos em produtividade (6,2%), devido à ocorrência de
chuvas no final de junho e início de julho, que foram suficientes para garantir
esse bom rendimento. O volume produzido de soja safrinha
foi 23,5% maior que o produzido em 2012/13, decorrente da elevação da
produtividade de 23,6%, visto que a área plantada manteve-se praticamente
inalterada em 3,6 mil hectares. A produção de trigo de 240,3 mil
toneladas, na atual safra, esteve acima da anterior em 72,7%, registrando
ganhos de produtividade de 30,0%, igualmente ocorrendo com a área cultivada, em
35,7%. Esse quadro é decorrente, principalmente, dos preços mais compensadores
aos triticultores na época do plantio. A cultura do triticale finaliza a safra
com área 29,6% maior, produzindo 34,7 mil toneladas, com rendimento na ordem de
3.143 kg/ha, 15,6% superior à safra passada. Na bananicultura foram observadas perdas de 1,7% na área plantada, de
2,5% na produção e de 2,1% no rendimento, em relação a 2012/13. Para a cultura do café, a anomalia
climática incidente no primeiro trimestre do ano impôs prejuízos à formação e
enchimento dos frutos, ocasionando diminuição da peneira, má formação e
chochamento das sementes. A estimativa final de safra registra produção de
275,65 mil toneladas equivalente a colheita de 4.594.135 sacas de café beneficiado
(incremento de 3,81% acima da contabilizada em junho), quando em anos de safra
cheia, no Estado de São Paulo, espera-se quantidade colhida acima das 5 milhões
de sacas. As perdas somente não foram maiores nos cinturões produtivos de
Franca e Ourinhos por terem sido beneficiados por chuvas irregulares no
primeiro trimestre, enquanto aqueles situados em condição de montanha (São João
da Boa Vista, Bragança e Campinas) foram menos afetados pela anomalia, em razão
das condições edafoclimáticas neles prevalecente. No cinturão de Garça/Marília,
a adoção da tecnologia da irrigação nos cafezais foi capaz de mitigar as
perdas. 1Os autores agradecem aos técnicos das
Casas de Agricultura o desempenho no levantamento. Também agradecem os
comentários dos colegas pesquisadores do IEA e dos técnicos de apoio à pesquisa
Getúlio Benjamin da Silva e Talita Tavares Ferreira, do CPDIEA, Irene Francisca
Lucatto, do Departamento Administrativo, e à equipe do Núcleo de Informática do
IEA. 2Entende-se por
método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos
da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta
de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de
produção. Palavras-chave:
previsão
de safras, estimativas, intenção de plantio, safra 2013/14, safra 2014/15, área,
produção.
Data de Publicação: 10/11/2014
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Mario Pires De Almeida Olivette (olivette@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor