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Anomalia Climática e seus Impactos sobre as Culturas Temporárias e Perenes do Estado de São Paulo
1 – INTRODUÇÃO O risco e a incerteza incidente nos negócios
agropecuários estão intrinsecamente vinculados à variável clima. Divulgou-se
amplamente que, no primeiro trimestre de 2014, incidiu sobre as lavouras e
pastagens a denominada anomalia climática1, caracterizada por
escassez de precipitações, elevada temperatura média (dia e noite) e alta
radiação solar. Em seu conjunto, esses fatores climáticos trouxeram importantes
perdas econômicas para os cultivos em plena fase de desenvolvimento e
frutificação. Iniciada a temporada de plantio da safra de verão
e retomado o manejo agronômico das culturas perenes (café, laranja, cana e
pastagens), os tomadores de decisão da agropecuária paulista se deparam com
novo distúrbio climático, caracterizado pelo atraso no retorno das
precipitações ou de sua incidência, porém, de forma irregular e em baixos
volumes, incapazes ainda de destravar o início do plantio. As previsões para a evolução das variáveis
climáticas ao longo da primavera no Centro-Sul, especificamente no território
paulista, formuladas pelas principais agências de previsões meteorológicas, não
exibem consenso quanto ao padrão climático que prevalecerá nos próximos meses. Por
um lado, a retomada das precipitações com alguma irregularidade e variação nos
volumes é mais provável para outubro, devendo se elevar em termos de frequência
e quantidade (precipitações) nos meses de novembro e dezembro. Por outro, há
relativa unanimidade de que as médias de temperatura se situarão acima dos patamares
históricos para o período. O retorno das precipitações por si só traz consigo
dias nublados que, por sua vez, diminuem o impacto da radiação solar. Estudos recentes estão revalorizando a oscilação
da temperatura média do Atlântico2 na explicação dos ciclos de
precipitações no Centro-Sul e/ou da seca no Nordeste. Assim, além do já
conhecido efeito “El Niño” – incremento das chuvas no Sul, neutralidade/bloqueio
de precipitações no Sudeste e eventual estiagem no Norte e Nordeste -, há
também o efeito do ligeiro aquecimento das águas do Atlântico Sul (entre 0,5°C
e 1,5°C),
registrado na média da segunda quinzena de setembro de 20143, que
propicia mais precipitações no Sudeste e Centro-Oeste. Não se descarta a
ocorrência de chuvas de granizo ao longo da temporada de plantio e
desenvolvimento inicial das plantas. Portanto, o risco climático para o plantio das
lavouras permanece. O deficit hídrico
acumulado até setembro de 2014 não foi zerado pelo irregular regime de precipitações
que se iniciou com a chegada da primavera (excetuando-se a sub-região do Vale
do Ribeira), não se prevendo que ocorram volumes significativos de
precipitações ao longo da primeira quinzena de outubro (massa de ar seco
bloqueando a subida das frentes frias). A baixa umidade do solo associada à
exigência de substanciais volumes para recuperar a capacidade de campo constituem
obstáculos imediatos para o êxito de decisões de plantios mais precoces. 2 – PREVISÕES 2.1 – Cultivos Anuais 2.1.1 - Algodão A produção de algodão em caroço no Estado de São
Paulo alcançou 38,6 mil toneladas na safra 2013/14, como resultado da expansão
no plantio da ordem de 4,7%, atingindo a área de 11,65 mil hectares. A produtividade apresentou ligeira redução, de
0,6%, em virtude da estiagem durante o desenvolvimento das lavouras. Ainda
assim, a produção paulista mostra recuperação frente à safra precedente (37,1
mil toneladas), considerando o quadro de desestímulo decorrente das baixas
cotações vigente nos últimos anos. O mercado de algodão, no transcorrer da
comercialização da safra (março-maio), não apresentou mudanças expressivas,
registrando preços da pluma ao nível do produtor, de R$68,19/@, frente aos
R$67,54/@ praticados no ano passado. Com base nesse aspecto, é esperada
estabilidade para o plantio de algodão no Estado de São Paulo na safra 2014/15.
As perspectivas do mercado doméstico e
internacional apontam para excesso de oferta. No âmbito interno, o estoque soma
539,1 mil toneladas, bastante elevado para os padrões brasileiros, segundo a Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB)4. No mercado internacional, a
previsão do Comitê Internacional do Algodão (ICAC)5 é de que na
temporada 2014/15 devem ser registrados os estoques mais altos dos últimos
anos, de 22,25 milhões de toneladas, o que deverá rebaixar o nível das cotações
da fibra. 2.1.2 - Feijão O levantamento de previsões e estimativas de safra
conduzido pelo Instituto de Economia Agrícola/Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (IEA/CATI)6, de fevereiro de 2014, mostra que a
produção paulista de feijão das águas aumentou 2,8% relativamente ao volume
obtido na safra das águas do ano anterior, resultado da expansão de 7,7% na
área cultivada, compensando a queda de 3,0% na produtividade. O feijão da seca da safra 2013/14 apresentou queda
de 6,0% na produção, comparativamente ao resultado do mesmo período do ano
anterior, refletindo quedas tanto na área cultivada quanto na produtividade (de
3,0% para ambas). Em muitas regiões, a queda de produtividade está associada a
danos provocados pelo ataque da mosca branca (principal praga do feijoeiro),
principalmente na safra da seca, de maiores proporções se a região também
cultiva soja. A produção de feijão de inverno em 2013/14
registrou queda de 41% relativamente à mesma safra do ano anterior, em função
de redução de 30% na área cultivada e de 17% na produtividade. A produção de
feijão de inverno irrigado também foi menor, acusando queda de 28%, basicamente em função de área cultivada 29% menor
e aumento de 2,0% na produtividade. Este resultado, do levantamento de junho,
ainda poderá ser alterado, visto que o feijão de inverno tem seu fechamento no
levantamento de setembro, ainda não encerrado. Com a estiagem, muitos
produtores não arriscam a semeadura. Portanto, pode-se atribuir essas reduções
expressivas de área e de produtividade ao clima seco, mas também em função de
ataque da mosca branca. Somando-se as estimativas das três safras, a
produção paulista de feijão, safra 2013/14, está estimada em 3,5 milhões de
sacas de 60 kg, equivalente a 210 mil toneladas,
redução de 17,6% comparativamente à produção média dos cinco anos anteriores, de
255,0 mil toneladas, e 9,5% menor que a de 2012/13. Mesmo com essa redução, os preços médios recebidos
pelos produtores paulistas apresentaram forte declínio a partir do segundo
trimestre de 2013 (Figura 1). O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de
agosto de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)7,
estima a produção brasileira de feijão em 3,4 milhões de toneladas em 2014, 15,8%
superior à do ano anterior, o que, em alguma medida, explica a queda dos preços
recebidos em São Paulo, já que o Estado é abastecido por produto de outras
unidades da federação, além da produção local. Ressalta-se que o mesmo relatório aponta crescimento da produção nos
três Estados que são os maiores produtores do ranking nacional, Paraná, Minas Gerais e Bahia, de 20%, 5% e 28%,
respectivamente. Segundo os resultados do levantamento do IBGE, só houve
redução na terceira safra, também chamada de safra de inverno, de 11,0%. Lembrando
que a safra de inverno é a menor das três, não atingindo um terço dos volumes
obtidos em cada uma das safras das águas e da seca. 2.1.3 - Milho Na safra 2013/14, a área em produção de milho na
primeira safra (verão) alcançou 427,3 mil hectares (25,5% menor que o ano
anterior), produzindo 2,4 milhões de toneladas, o que representa variação de
-31,4% frente à anterior. Na segunda safra (safrinha), a área produtiva
contabilizou 326,5 mil hectares (-1,3% em relação à anterior) e produção de 1,2
milhão de toneladas (variação de -11,8%)8. A produção total de milho no estado atingiu 3,6
milhões de toneladas, variação 25,8% menor que a do ano anterior, com área
plantada de 753,8 mil hectares (-16,7%). Os fatores dessa expressiva quebra
relacionam-se com a anomalia climática do início do ano, associada às melhores
perspectivas de mercado para o plantio de soja, na época da tomada de decisão
do produtor rural (plantio). Na safra 2014/15, o milho exibe contexto de
estoques elevados e baixas cotações, cenário desfavorável à tomada de decisão
do produtor quanto ao plantio do cereal. Os outros grãos, em melhores condições
de mercado (soja, por exemplo), atrairão mais o interesse dos agricultores,
desfavorecendo a opção pelo milho. As condições climáticas prevalecentes até o final de
setembro e início de outubro não favoreceram a semeadura do milho nos
principais cinturões de cultivo do cereal, repercutindo numa possível
diminuição na área plantada da safra 2015/16. Ademais, prevê-se redução no
emprego de tecnologia em razão de possível queda nas cotações do produto, face
às expectativas de elevada produção nos cinturões estadunidenses. O Brasil, terceiro maior produtor mundial de milho,
finalizou essa safra com colheita de aproximadamente 80 milhões de toneladas e
com consumo interno de pouco menos de 55 milhões de toneladas9. O
aumento contínuo do uso de tecnologia agronômica propiciou ganhos de produtividade
recordes, alçando o país à condição de liderança na produção e exportação. Como
parâmetro, a área cultivada expandiu-se em 11,7% nos últimos 20 anos,
acompanhada por incremento da produção de 140,9%. O ganho de produtividade foi
de 115,7%. 2.1.4 - Soja A produção paulista de soja em 2013/14 foi de 1,49
milhão de toneladas, com redução de 17% em relação à anterior. Essa diminuição
decorreu da perda de 28,1% na produtividade em virtude dos fenômenos climáticos
que prejudicaram a lavoura, uma vez que a área cresceu 15,4%, alcançando 670,03
mil hectares. Essa perda na quantidade produzida não deverá
interferir na disponibilidade do produto, dado o recebimento de soja de outros
estados para processamento em São Paulo, prática tradicional do setor. Para 2015, a Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais (ABIOVE)10 prevê que serão processadas 38,3
milhões de toneladas de grão, 4% a mais. O consumo de farelo deve se manter relativamente
estável, em 14,6 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem crescer
8,2%, alcançando 14,5 milhões de toneladas. No caso do óleo, é esperado aumento
de 7,4% no consumo, que deve ser de 6,5 milhões de toneladas, com recuo de
14,3% nas exportações. As reduções nas exportações de óleo de soja estão relacionadas
ao maior consumo interno para biodiesel. O Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA)11 estima a produção mundial de soja em
grão na safra 2014/15 em 311,1 milhões de toneladas, 2% maior que a anterior, o
que deverá contribuir para o crescimento de 5,3% nos estoques finais,
totalizando 90,2 milhões de toneladas. Por sua vez, as importações da China,
principal destino das exportações brasileiras, deverão crescer 7% e alcançar
73,5 milhões de toneladas. 2.2 – Cultivos Perenes No caso das culturas perenes,
os danos causados pela anomalia climática no primeiro trimestre tornam-se
evidentes no atual estágio de desenvolvimento das plantas. Internódios curtos,
prejuízo para o desenvolvimento radicular, diferenciação floral afetada,
pegamento e tamanho de frutos comprometidos são consequências relatadas e
mensuradas pelo desempenho das colheitas (ou corte, no caso da cana-de-açúcar). Evidente que tais
efeitos foram transmitidos para a safra futura que, aparentemente, não deve
exibir volumes recordes em termos de quantidade, tampouco de elevada qualidade. 2.2.1 - Cafeicultura A anomalia climática,
incidente no primeiro trimestre de 2014 em alguns dos principais cinturões
cafeeiros do país, promoveu substanciais mudanças na fisiologia reprodutiva e
vegetativa das plantas. No aspecto reprodutivo (safra 2014/15),
houve: a) diminuição no tamanho dos frutos, acarretando menor tamanho de
peneira para as sementes e consequente diminuição na renda; b) chochamento das
sementes, decorrente da má formação (concha, moca e escolha); e c) perdas por
abortamento dos frutos (coração negro). No ciclo vegetativo (safra 2015/16), foram
observados: a) menor desenvolvimento dos ramos, com encurtamento dos
internódios (5 a 7 internódios quando o esperado seria de 12 a 15); b) prejuízo
na formação de radicelas (consequente atraso na reestruturação da parte aérea);
e c) menor indução floral por carências nutricionais. Levantamento subjetivo, conduzido em agosto de
2014 pelo IEA/CATI, para estimativa de safra de café no Estado de São Paulo12,
concluiu que a safra alcançaria os 4,47 milhões
de sacas (Tabela 1), exibindo ligeiro
incremento (5,7%) frente ao levantamento de abril do mesmo ano. A
melhoria do resultado decorreu da melhor performance da produção da Alta
Mogiana de Franca, região do estado onde a anomalia climática não foi tão
pronunciada. Nos demais cinturões, houve perdas cumulativas e real prejuízo econômico. O ano cafeeiro iniciado em agosto de 2014 deverá
ainda repercutir os danos provocados pela anomalia climática, acrescidos por:
a) acentuado deficit hídrico ao longo
dos nove primeiros meses do ano – dados
compilados pelo Instituto Agronômico de Campinas (até 30 de setembro) indicavam
deficit hídrico13 em Marília
de 260 mm; Ourinhos - 227 mm; Bragança - 254 mm; São João da Boa Vista -
148 mm; Ribeirão Preto - 303 mm; e Araçatuba 453 mm, condição totalmente
desfavorável ao processo vegetativo e à produção do cafeeiro; b) desfolhamento
das plantas pós-colheita; c) deficiências no manejo agronômico dos talhões –
redução na aplicação de fertilizantes e nos tratamentos fitossanitários por
falta de umidade no solo e de dias nublados, propícios à aplicação de defensivos
(ocasionando aumento de incidência da ferrugem nos talhões); d) grande volume
de podas efetuadas no último trimestre de 2013; e e) necessidade de replantio
de lavouras com menos de dois anos que alcançaram ponto de murcha permanente.
Esse conjunto de fatores amplificou o estresse suportado pelas plantas –
inclusive aquelas submetidas à irrigação -, não sendo plausível a elaboração de
expectativas de elevada produção e produtividade para as lavouras paulista e
brasileira. Consultorias internacionais que monitoram a
produção cafeeira no país começaram a apresentar seus cenários para a safra
2015/16. A F.O. Litch14 divulgou que o Brasil deverá produzir entre
40 milhões e 43 milhões de sacas (arábica e robusta), enquanto a consultora J.
Ganes crê que a produção não alcance sequer 40 milhões de sacas. Ambas as
consultorias se alinham na perspectiva de que a colheita brasileira terá um
terceiro ciclo de baixa, exigindo consumo de estoques acumulados. 2.2.2 – Cana-de-açúcar A
anomalia climática observada entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 prejudicou o desenvolvimento vegetativo da
cana-de-açúcar. Segundo Angelo et al.
201415, os dados do terceiro levantamento subjetivo de previsão de
safra 2013/14, realizado pelo IEA/CATI, registraram queda de 9,0% de áreas novas sem alteração da
área em produção (5,5 milhões de hectares), frente aos dados
contabilizados ao final da safra 2012/13. Ainda de acordo com a estimativa mais recente, a produção
prevista é de 408,0 milhões de toneladas, com redução da produtividade em 7,6%
no estado. Ademais, segundo técnicos atuantes no segmento, a produtividade média
do estado reduziu-se para 71 t/ha e as perdas na produção global estão sendo
estimadas em 20%. Uma forte evidência desse quadro é o inédito fato de que, até
o final do mês de outubro, a maioria das usinas encerrará suas moagens. Outro fator preocupante,
principalmente na produção canavieira, foi o número de focos de incêndio
registrados. De
acordo com dados de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)16, o número de focos ativos de fogo de janeiro a agosto de
2014 foi 2,1 vezes maior que o mesmo período de 2013 no estado. Associadas as
altas temperaturas
médias à baixa umidade relativa, forma-se ambiente propício para propagação de
focos de incêndio, especialmente nas situações em que a palha é deixada no campo. A crise econômica que o setor atravessa combinada ao menor
desenvolvimento das plantas na safra e, ainda, à dificuldade para a realização
dos tratos culturais, contribuiu para a antecipação do fim da moagem em algumas
regiões do estado. Os fornecedores mantêm-se
cautelosos com a situação que o segmento atravessa, aguardando o reinício das
chuvas para planejar o plantio/renovação dos canaviais para a próxima safra. Enfim, a escassez de precipitações
pluviométricas prevista para a primeira quinzena de outubro poderá afetar o
planejamento do plantio na próxima safra17, tanto de área nova como
de renovação. Ademais, em razão do elevado deficit
hídrico nos principais cinturões de cultivo da gramínea (conforme já
apresentado no produto café), haverá menor desenvolvimento das plantas,
trazendo reflexos na produção da próxima safra, caso se confirme no
levantamento subjetivo a ser divulgado pela instituição em novembro de 2014. 2.2.3 - Citricultura Para a atual safra, os prejuízos já foram
estabelecidos em decorrência da mencionada anomalia climática. Esta safra (2013/14) não deve ser analisada
exclusivamente pelas questões climáticas, pois a crise na citricultura se
arrasta há alguns ciclos. A seca e as elevadas temperaturas vieram piorar um
quadro de existência de pomares doentes, infestados pelo HLB (greening) e cancro cítrico, por vezes
mal conduzidos e carentes de tratos culturais, resultado de decisões dos
citricultores em vias de descapitalização, após anos consecutivos de baixa
remuneração pela caixa da laranja comercializada. A deficiência hídrica tem grande influência na
produtividade das culturas e, no caso dos citros, resulta em queda nas taxas de
fotossíntese, consequência da abscisão (fratura do pedúnculo que sustenta o
fruto ao ramo), tanto foliar quanto dos frutos. Noticiou-se amplamente que a
queda de frutos nos pomares paulistas assumia volumes substanciais18. A falta de chuva na época da formação dos frutos (primeiro
trimestre de 2014) influenciou seu desenvolvimento, acarretando produto final
de tamanho pequeno em pomares não irrigados. Segundo técnicos consultados, a produtividade
dessa safra em pomares não irrigados se mostrou baixa relativamente a anos
anteriores. Em razão do menor tamanho das laranjas, a caixa usual de aferimento
da produtividade (40,8 kg) absorveu maior número de frutos. Em algumas regiões
sem irrigação, onde se esperavam 2,5 cx./pé, foi colhida 1,5 cx./pé. Por outro lado, a alta temperatura afetou
positivamente o mercado da fruta in
natura, elevando a demanda pelo produto assim como seu preço pago, diminuindo,
porém, a oferta de fruta de qualidade em virtude da anomalia climática. Aquelas
de melhor qualidade visual foram destinadas ao mercado de mesa e as demais para
a indústria extratora. O balanço final é que a maioria das frutas se
apresentou “murcha” durante a safra, perdendo valor de mercado, ainda que se ofereçam
teores de sólidos solúveis mais altos, atraindo, portanto, maior interesse
industrial, uma vez que, durante períodos de deficiência hídrica, as frutas
cítricas têm como característica aumentar seus teores de açúcares solúveis. 2.2.4 - Pastagens A anomalia climática
incidente na entressafra acarretou problemas à produção de carne bovina e de
leite, com a necessidade de suplementação alimentar aos animais, o que elevou
os custos de produção. Espera-se, portanto,
diminuição tanto na oferta de bois para abate quanto na produção leiteira, em
razão da problemática do clima. Ademais, os
desempenhos zootécnicos e sanitários dos animais devem ter sido comprometidos,
pois o consumo de água é essencial para o bom desempenho produtivo dos rebanhos e, consequentemente, afeta os resultados econômicos das
propriedades. A água é fundamental para a produção
de leite. Segundo instrução técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA)19, em clima temperado, para produzir carne são necessários
de 20.000 a 50.000 litros de água/kg e, para leite, 10.000 litros de água/kg.
Este volume pode dobrar em clima tropical. Isso tem relação direta com a
produção de pastagens, alimentos concentrados e a água ingerida pelos animais. Apesar do momento crítico e
comprometimento da produção, os preços estão ligeiramente abaixo dos praticados
em 2013. Isso não era esperado, mas a retração do consumo por conta da renda
tem levado a essa situação. 1INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Anomalia
climática e seus efeitos sobre as lavouras paulistas. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=12880>.
Acesso em: out. 2014. 2WAINER, I. et al. Reconstruction of the
south atlantic subtropical dipole index for the past 12,000 years from surface
temperature. Nature
Publishing Group, 13 June 2014. Disponível em: <http://www.nature.com/srep/2014/140613/srep05291/full/srep05291.html>. Acesso em:
25 set. 2014. 3INSTITUTO
NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. Banco
de dados. São José dos Campos: INPE. Disponível em:
<http://clima1.cptec.inpe.br/>. Acesso em: 25 set. 2014. 4COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB, Acompanhamento da safra
brasileira de grãos. Brasília: CONAB, 2013. v. 1, n. 1. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acesso em: out. 2014. 6ANGELO, J. A. et al. Previsões
e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola
2013/14, fevereiro de 2014. Análises
e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 5, maio 2014. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=13408>. Acesso em: 30
set. 2014. 7INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola. Rio de Janeiro, v.
27, n. 8, p. 45-53. ago. 2014. Disponível
em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_[mensal]/Fasciculo/lspa_201408.pdf>. Acesso em: 30 set. 2014. 8Op. cit. nota 4. 9Op. cit. nota 4. 10ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ÓLEOS VEGETAIS - ABIOVE. Estatística mensal do complexo soja.
São Paulo: ABIOVE. Disponível em:
<http://www.abiove.org.br/site/index.php?page=estatistica&area=NC0yLTE=>. Acesso em: 3 out. 2014. 11UNITED STATES
DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. World
markets and trade. Washington: USDA, set. 2014. Disponível em:
<http://www.fas.usda.gov/data/oilseeds-world-markets-and-trade>.
Acesso em: 3 out. 2014 12Levantamento
subjetivo conduzido em agosto de 2014 pelo IEA/CATI para estimativa de safra de
café no Estado de São Paulo. 13CENTRO
INTEGRADO DE INFORMAÇÕES AGROMETEOROLÓGICAS - CIIAGRO. Balanço hídrico semanal do estado de São Paulo por escritório de
desenvolvimento regional (EDR). São Paulo: CIIAGRO. Disponível em:
<http://www.ciiagro.sp.gov.br/ciiagroonline/Listagens/BH/LBalancoHidricoEDR.asp>.
Acesso em: 7 out. 2014. 14PEABIRUS
construa o seu caminho. Disponível em:
<http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=53934>.; FIRST estimate of world coffee production 2014/15. International
Coffee Report, London, Vol. 29, Issue
8, 16 Sept. 2014. 15ANGELO, J. A. et al. Previsões
e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola
2013/14, junho de 2014. Análises
e Indicadores do Agronegócio, v. 9, n. 8, ago. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=13468>.
Acesso em: 24 set. 2014. 16INSTITUTO
NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. Monitoramento dos focos ativos por
estado: São Paulo - Brasil. São José dos Campos: INPE. Disponível em: <http://www.inpe.br/queimadas/estatisticas_estado.php?estado=SP&nomeEstado=SAO%20PAULO>. Acesso em: 30 set. 2014. 17A cana de açúcar tem seu desenvolvimento vegetativo
prejudicado quando o déficit hídrico supera os 200mm. AGUIAR, A. T. da E. et al. (Ed).
Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. Campinas: Instituto Agronômico, 2014. p. 106-113. (IAC.
Boletim Técnico, 200). 18JUNIOR,
D. M. et al. Citros. Campinas:
Instituto Agronômico/FUNDEPAG, 2005. 926 p. 19CAMPOS,
A. T. de. Importância da água para bovinos de leite. Brasília: Embrapa gado
de leite. (Instrução Técnica para o produtor de leite). Disponível em:
<http://www.cnpgl.embrapa.br/totem/conteudo/Alimentacao_e_manejo_animal/Pasta_do_Produtor/31_Importancia_da_agua_para_bovinos_de_leite.pdf>.
Acesso em: 2 out. 2014. Palavras-chave: estimativa de
safra, quebra de safra, anomalia climática.5INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE - ICAC. Cotton this month. Washington: ICAC. Disponível em:
<https://www.icac.org/>. Acesso em: 3 out. 2014.
Data de Publicação: 15/10/2014
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Katia Nachiluk (katia.nachiluk@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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