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Fertilizantes: previsão de novo recorde de vendas em 2014
No Brasil, as
entregas de fertilizantes ao consumidor final, no primeiro semestre de 2014,
totalizaram 12.987 mil toneladas de produtos, superando em 6,9% o recorde
apresentado para o mesmo período em 2013, que foi de 12.150 mil toneladas,
segundo fontes do setor (Tabela 1). Em termos de nutrientes (N, P2O5 e K2O), foram
entregues 5.585 mil toneladas, superior em 6,8% em relação ao mesmo período de
2013 (quando totalizaram 5.229 mil toneladas). Essa maior demanda reflete: a)
antecipação de compras para a safra 2014/15; b) retração dos preços dos
fertilizantes pagos pelos agricultores1; e c) aumento nas vendas
para o milho safrinha e trigo. As entregas
de nitrogenados (N), no período de janeiro a junho de 2014, foram de 1.645 mil
toneladas, com crescimento de 7,8%, em relação ao mesmo período de 2013 (quando
perfizeram 1.526 mil toneladas). Fato explicado, principalmente, pelo aumento
de demanda para as culturas de milho safrinha, algodão, café e trigo. Os
fosfatados (P2O5), no referido período, registraram
incremento de 2,4%, passando de 1.774 mil toneladas no primeiro semestre de
2013, para 1.816 mil toneladas no mesmo período de 2014, segundo informações do
setor, com destaque nas entregas para as culturas de milho safrinha, trigo,
soja e milho para safra de verão 2014/15. No caso dos
potássicos (K2O), observou-se maior incremento (10,1%), passando de
1.929 mil toneladas, de janeiro a junho de 2013, para 2.124 mil toneladas no
mesmo período de 2014, observando-se acréscimos tanto nas entregas dos produtos
formulados como nas coberturas com elementos simples, sobretudo para milho safrinha,
algodão, soja e milho safra de verão. Entre janeiro
e junho de 2014, o Estado do Mato Grosso, maior produtor nacional de soja e
algodão, liderou o ranking nas entregas (2.735 milhões de toneladas de
produtos), sendo responsável por 21,1% do total nacional. As vendas nesse
estado, no primeiro semestre de 2014, contabilizaram
aumento de 5,6%, quando comparadas com igual período do ano anterior. Também,
de acordo com o critério de regionalização para o Brasil do Sindicato das Indústrias
de Adubo do Estado de São Paulo (SIACESP), observou-se acréscimo nas entregas em
outros Estados da região Centro-Oeste (por exemplo, Mato Grosso do Sul com
15,7% e Goiás, 15,2%), e da região Sul, ou seja, Rio Grande do Sul (4,3%) e
Paraná (4,5%). Por sua vez, na região Sudeste, aumentaram as vendas em Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; porém, São Paulo, importante Estado
consumidor, registrou queda nas entregas de 7,3%, influenciado pela redução da
demanda da cana-de--açúcar em razão da severa estiagem ocorrida no primeiro
trimestre do ano (época de plantio de novos talhões) e, ainda, em razão tanto
da política federal de contenção dos preços dos combustíveis, quanto da queda
nas cotações internacionais do açúcar que, conjuntamente, tem prejudicado a
rentabilidade do segmento sucroenergético. Entretanto, dada a sazonalidade
típica nas vendas de fertilizantes, pode ocorrer recuperação parcial ou até
total nas vendas em São Paulo (Tabela 1). Em julho de
2014, as entregas aumentaram 8,6% em relação ao mesmo período de 2013,
perfazendo, no período de janeiro a julho de 2014, o total de 16.240 milhões de
toneladas de produtos, com acréscimo de 7,2%, quando comparado com o mesmo
período de 20132. No primeiro
semestre de 2014, a produção da
indústria nacional de produtos intermediários totalizou 4.157 mil toneladas de
produtos, com queda de 10,2% em relação ao registrado no mesmo período do ano
anterior. Já as importações brasileiras no referido período apresentaram um
acréscimo de 11,9%, somando 10.842 mil toneladas de produtos3, tendo
em vista o aumento nas importações de 15,2% nos nitrogenados e 25,7% nos
potássicos; porém, os fosfatados apresentaram decréscimo de 1,3%. O principal
porto de desembarque de fertilizantes foi Paranaguá (PR), representando 40,5%
do total, seguido de Rio Grande (RS) (16,4%), Santos (SP) (12,2%) e Vitória (ES)
(6,3%). Em 2013, as
vendas de fertilizantes no Brasil cresceram 5,2% em relação ao ano anterior,
perfazendo o total de 31.082 milhões de toneladas de produtos, quantidade que
se constituiu A soja,
principal cultura que emprega fertilizantes no Brasil, segundo estimativas da Associação
Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), em 2013, apresentou incremento nas entregas
de 10,8% em relação ao ano anterior, totalizando 11.930 milhões de toneladas de
produtos (38,4% do total nacional). Ademais, constatou-se, no referido período,
incremento nas entregas para diversas culturas, com destaque para as entregas
destinadas para trigo (31,3%), arroz (9,8%) e tomate (8,9%). Houve aumento
também para importantes culturas, como cana-de-açúcar (8,4%), fumo (3,4%),
milho (2,7%) e pastagens (1,7%). Em contrapartida, registrou-se queda nas
entregas para várias culturas, como laranja (-18,8%), café (-15,3%), feijão
(-9,3%), batata (-3,8%), banana (-2,2%) e algodão herbáceo (-2,0%)5. Houve aumento
na comercialização de fertilizantes em 2013 para a maioria dos estados da região
Centro-Sul, com exceção de Minas Gerais e Espírito Santo, que mostraram
retração nas entregas de 3,8% e 0,8%, respectivamente. O Estado do Mato Grosso
liderou as entregas de fertilizantes em 2013, com 5.484 milhões de toneladas de
produtos (aumento de 4,4% em relação ao ano anterior); ele representou 17,6%
das entregas totais, seguido de São Paulo (13,6%), Rio Grande do Sul (12,7%),
Paraná (12,2%), Minas Gerais (11,3%), Goiás (8,9%) e Bahia (6,1%) (Tabela 1). A
comercialização de fertilizantes em 2013 seguiu o padrão sazonal convencional
de concentração das vendas no segundo semestre, simultaneamente ao plantio das
culturas de verão. Constatou-se que 60,9% das entregas (18.932 milhões de
toneladas de produtos) ocorreram no segundo semestre, com pico das vendas em
outubro (12,4% do total das entregas) (Figura 1). Na análise das
relações de troca entre fertilizantes e os principais produtos agrícolas na região
Centro-Sul, constatou-se que em 2013 as culturas de soja, feijão, batata,
algodão com caroço, laranja para mesa, trigo e arroz apresentaram relações de
troca mais favoráveis, quando comparadas com as de 2012, ou seja, ganho do
poder aquisitivo dos produtores para compra de fertilizantes agrícolas. Em
contrapartida, algumas culturas como café, milho e cana-de-açúcar apresentaram
relações de troca desfavoráveis para os agricultores, no referido período6. A indústria
nacional de fertilizantes iniciou 2013 com estoque de 4.897 mil toneladas de
produtos e finalizou com quantidade de 5.006 mil toneladas, com aumento de 2,2%
(Tabela 2). A produção da
indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes em 2013 foi de
9.305 milhões de toneladas de produtos, quantidade 4,3% inferior ao registrado
no ano anterior (Tabela 2). Verificou-se, assim, decréscimo nas quantidades produzidas,
em termos de nutrientes, dos nitrogenados (5,1%), dos fosfatados (3,7%) e dos
potássicos (10,3%). No caso das matérias-primas, utilizadas em sua fabricação,
constatou-se menor produção de rocha fosfática, ácido fosfórico e ácido
sulfúrico, enquanto houve aumento na produção de amônia7. Em 2013,
aumentaram as importações brasileiras de fertilizantes (10,5%), as quais totalizaram
21.619 milhões de toneladas de produtos. O cloreto de potássio continuou sendo o principal
produto importado, respondendo por 35,3% do total. No caso das matérias-primas
para produção de fertilizantes, houve incremento nas importações de
apenas 1,8% no referido período8. O dispêndio de
divisas com importações de matérias-primas e produtos intermediários para
fertilizantes, em 2013, foi estimado em US$9.640 bilhões (FOB), com aumento de
apenas 0,9% em relação ao ano anterior, em função do aumento na quantidade
importada9. Os preços
médios FOB dos fertilizantes importados, que se situaram em US$441,27/t em 2011
e US$454,63/t em 2012, impulsionados em grande parte pela forte demanda
mundial, decresceram para US$391,68/t em 201310. No primeiro
semestre de 2014, o preço médio dos fertilizantes importados pelo Brasil situou-se
em US$328,16/t (FOB), ou seja, 22,0% abaixo do observado no mesmo período do
ano anterior (em US$420,55/t-FOB), tendo em vista a queda da maioria dos
produtos no mercado internacional, como os preços do cloreto de potássio,
superfosfato simples, fosfato monoamônico (MAP) e sulfato de amônio importados.
Por exemplo, o preço médio do cloreto de potássio importado, que se situou em
US$435,19/t (FOB) no período de janeiro a junho de 2013, decresceu para
US$304,88/t (FOB) em janeiro a junho de 2014 (retração de 30,1%). A demanda por
fertilizantes para a safra 2014/15 permanece aquecida. Segundo fontes do setor,
mesmo diante de um cenário de baixa nos preços internacionais de grãos, sobretudo
milho e soja, estima-se novo recorde nas entregas de fertilizantes ao
consumidor final no Brasil em 201411. A previsão é de que a
comercialização de fertilizantes atinja cerca de 32 milhões de toneladas de
produto, acima da quantidade observada em 2013, que foi de 31.082 milhões de
toneladas. ___________________________________________ 1Dois fatores
têm contribuído para a queda nas cotações internacionais dos fertilizantes: a)
houve forte aumento da produção doméstica na China (maior consumidor e
importador mundial do insumo) e b) ruptura do cartel bielorrusso que controlava
os preços do minério potássico e, consequentemente, desse tipo de fertilizante. 2ASSOCIAÇÃO
NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS - ANDA. Principais indicadores do
setor de fertilizantes. São Paulo: ANDA, 2014.
Disponível em: <http://www.anda.org.br/estatisticas.aspx>. Acesso em:
ago. 2013. 3______. Anuário estatístico do setor de
fertilizantes 2009-2013. São Paulo: ANDA, 2010-2014. 4Op. cit. nota 3. 5Op. cit. nota 3. 6Op. cit. nota 3. 7Op. cit. nota 3. 8Op. cit. nota 3. 9Op. cit. nota 3. 10FREITAS, T.
Racha em cartel de potássio dificulta investimentos. Jornal Folha de S. Paulo, São
Paulo, p. 10, 03 ago. 2013. 11Op. cit. nota
10. Palavras-chave: mercado
de defensivos, indústria de fertilizantes.
Data de Publicação: 28/08/2014
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor