Arrefecem a Produção e as Vendas de Máquinas Agrícolas Automotrizes

O mercado de máquinas agrícolas automotrizes exibiu, no primeiro semestre de 2014, acentuada queda no total das vendas (-18%), frente a igual período do ano anterior. Nos primeiros seis meses do ano, foram produzidas 40.407 máquinas agrícolas, representando 7.970 máquinas a menos que a quantidade contabilizada no primeiro semestre de 2013. Tanto as vendas para o mercado interno quanto as exportações declinaram, empurrando para baixo o desempenho do segmento (Tabela 1).

Dentre os tipos de máquinas fabricados (tratores de rodas, colheitadeiras, cultivadores motorizados, tratores de esteiras e retroescavadeiras), a queda dos indicadores (produção, vendas para o mercado interno – nacionais/importadas - e exportações) foi generalizada, excetuando-se as exportações de tratores de esteiras e de retroescavadeiras, com elevação de 56,7% e 14,4%, respectivamente. Os cultivadores motorizados foram os itens com menores percentuais de queda nas vendas totais, com singelos -2,8% de declino no período.

Quanto ao trator de roda, item de maior procura pelos agricultores e de maior volume de produção pelas montadoras, houve encolhimento do mercado com decréscimo de -17,8% nas vendas totais. Com preços de seus produtos depreciados, segmentos como o sucroenergético, oleaginosas e milho não deverão alavancar a demanda por máquinas. Todavia, como existe sazonalidade na venda de tratores de rodas, é possível que essa tendência de encolhimento do mercado seja parcialmente mitigada pelas encomendas efetuadas para entregas no segundo semestre de 2014. Outros indicadores dos demais itens fabricados pelas montadoras seguiram alinhados com o desempenho dos tratores de rodas, ou seja, com queda nas vendas totais de 24,2% nas colheitadeiras e de 30% no segmento de retroescavadeiras.

O declínio do mercado de máquinas agrícolas, aparentemente, não afetou o número de postos ocupados nas montadoras, pois, no primeiro semestre de 2014, houve contratação de 113 novos funcionários, totalizando 20.869 empregados. Em contrapartida, dificilmente a receita cambial repetirá os US$3,55 bilhões contabilizados em 2013, pois,

 

entre janeiro e junho de 2014, ela foi de apenas US$1,53 bilhão. Tradicionalmente, o mercado externo para máquinas agrícolas automotrizes brasileiras é concentrado no bloco de países que compõem o MERCOSUL e alguns poucos países africanos. A crise econômica instalada na Argentina, principal destino das exportações brasileiras, puxou as vendas para baixo.

As quantidades comercializadas mais expressivas são esperadas para o segundo semestre do ano, coincidindo com o plantio da safra de verão no Centro-Sul (Figura 1). Porém, o arrefecimento do mercado no princípio de 2014, após recorde de produção e vendas em 2013, dificilmente recuperará as vendas mensais para patamares acima das 6 mil maquinas ao mês.

Considerando as vendas por unidade da federação, o Estado de São Paulo permanece líder na demanda por máquinas agrícolas automotrizes, representando 17,7% desse mercado, seguido pelo Paraná (15,4%), Rio Grande do Sul (15,3%) e Minas Gerais (10,7%) (Figura 2). Esses quatro estados concentram, aproximadamente, 60% das vendas para o mercado interno. Tão logo ocorra a recuperação econômico/financeira do segmento sucroenergético, as vendas em São Paulo deverão se distanciar ainda mais dos demais estados, uma vez que, no boom vivenciado no segmento entre 2006 e 2007, o mercado paulista representou 36% do total de vendas internas.

 

O revigoramento adotado para o MODERFROTA, no Plano Agrícola Pecuário 2014/15, prevê recursos para aquisição de máquinas agrícolas automotrizes da ordem de R$3,5 bilhões, majoração superior a 2.000 pontos percentuais frente à alocação do plano anterior. Essa condição permite construir cenário prospectivo de melhoria de vendas e, consequentemente, da produção de máquinas agrícolas automotrizes.

Ainda que o contexto do agronegócio brasileiro se diferencie do restante da economia, exibindo taxa de crescimento acima dos 3% para 2014, mesmo associado à recente injeção de recursos federais para o financiamento das compras do segmento, não se pode estar otimista com sua produção e vendas1. Dificilmente a produção ultrapassará as 90 mil máquinas, quantidade que sinaliza encolhimento de 10% desse mercado.

A permanente renovação da frota de máquinas agrícolas é elemento sine qua non na estratégia de incremento da competitividade dos cultivos e criações nacionais, pois vigora a tendência de substituição de máquinas de menor potência por equipamentos maiores, de menor custo operacional e melhor desempenho em campo, otimizando as tarefas com redução de custos.

 

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¹A queda da taxas de juros da economia em 2013 impulsionou as vendas totais que somaram mais de 83 mil máquinas, montante bastante razoável para o país.

 

Palavras-chave: mercado de máquinas agrícolas automotrizes.

Data de Publicação: 15/08/2014

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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