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Cotações Futuras do Café em Abril/2014 – rumo à estabilidade
No maior mercado brasileiro de derivativos (juros
futuros), em abril de 2014, mantiveram-se as expectativas dos investidores
quanto à alta da taxa na BM&F-Bovespa, ainda que sem maiores oscilações
(volatilidade) entre as médias semanais das posições futuras (Figura 1). Comparando-se o resumo das operações na
BM&F-Bovespa em abril, com o mês anterior, constata-se que houve redução
tanto no número de negócios quanto dos contratos em aberto, de 6,87% e 3,04%,
respectivamente, embora o volume financeiro em real tenha crescido 2,46%,
sinalizando menos e maiores negócios realizados1. No segundo maior mercado futuro da
BM&F-Bovespa (dólar), houve recuo em abril da taxa média negociada entre a
primeira e as demais semanas do mês. O fortalecimento do real decorreu mais de
dificuldades intrínsecas da economia estadunidense (baixa geração de empregos,
por exemplo) e da transferência de investimentos efetuados no mercado russo
para outros países emergentes, do que por méritos intrínsecos da economia
brasileira, ainda que tenha havido ligeira recuperação da balança comercial do
país no mês (Figura 2). O mercado de dólar futuro atraiu mais investidores,
conforme demonstra o relatório de desempenho da BM&F-Bovespa de abril,
comparativamente ao mês anterior. O número de negócios aumentou 5,24%, assim
como os contratos negociados e o volume financeiro em real, 6,04% e 2,04%,
respectivamente. Esse maior interesse no mercado de dólar futuro
tem conexões diretas com os contratos futuros de commodities, pois são papeis siameses na mitigação de riscos de
preços (cotação e câmbio), enfrentado pelas empresas traders. Se existem expectativas mais favoráveis à realização de
lucro no mercado de commodities, isso
carreia consigo o de dólar. A manutenção do cenário de incertezas, com relação
à dimensão e à qualidade da safra brasileira de café, continua a provocar
volatilidade nas cotações dos contratos futuros da commodity (acima dos 50% anuais). Assim, as médias semanais para os
contratos futuros de café arábica negociados na Bolsa de Nova York, em abril de
2014, exibiram volátil elevação no transcurso das semanas do mês. Todas as
médias estiveram acima da praticada na primeira semana, porém, com elevação na
segunda e na quarta, e baixa na terceira e na quinta. Para a posição de
setembro de 2014, as cotações médias oscilaram de US$¢181,19/lbp a
US$¢208,29/lbp (após terem registrado pico de US$¢214,84/lbp na quarta semana),
entre a primeira e a última semana do mês, respectivamente, ou seja, 14,95% de
incremento na cotação internacional do produto (Figura 3). Efetuando-se a conversão de US$¢/lbp para R$/sc.,
na posição de setembro de 2014 para a média da quinta semana, obtêm-se
R$641,93/sc.2 Na última semana do mês, a média de preços recebidos
pelos cafeicultores no EDR de Franca, coletados pelo IEA/CATI, atingiu
R$469,78/sc., contabilizando diferencial de R$172,15/sc., montante bastante
expressivo que pode induzir maior travamento de preços por meio do mercado
futuro. O incremento das cotações pelos derivativos em
café arábica na Bolsa de Nova York transmitiu-se, também, para as transações
efetuadas na BM&F-Bovespa. Em abril, frente ao mês anterior, o número de
negócios realizados na praça paulista elevou-se em 31,66%, com 7,53% de aumento
no volume financeiro em dólar. Tal fato sinalizou que os operadores desse
mercado não aguardaram por cotações ainda maiores, aproveitando o momento para
vender o produto. Aproveitando-se das cotações remuneradoras
oferecidas pelo produto, entre abril e março de 2014, os embarques de café
arábica originados do Brasil aumentaram 6,38% e 17,83% em volume e valor,
respectivamente, no período. A aceleração do ritmo de escoamento de produto
auxiliará na recomposição dos estoques internacionais, com possível
desdobramento quanto menor pressão/volatilidade houver sobre as cotações
futuras. No mercado de futuros de robusta da bolsa londrina,
as cotações exibiram elevação (com exceção da primeira), embora menos acentuada
do que as observadas no mercado futuro de arábica. A média da primeira semana
alcançou US$¢92,50/lbp para a posição de setembro de 2014, aumentando 5,73% na
quinta semana, quando registrou US$¢97,80/lbp. Além do “arrasto” induzido pelo
mercado futuro de arábica, surgem preocupações dos investidores quanto às
possíveis repercussões de eventual ocorrência do El Niño nas lavouras do
Vietnã, principal origem da variedade (Figura 4). O balanço semanal de contratos futuros de café,
negociados na compra e venda da Bolsa de Nova York, indica que os fundos de
investimento atingiram sua máxima capacidade de compra, uma vez que a posição
líquida, desde março, mantém-se ao redor dos 30 mil líquidos em favor da
posição comprada (Tabela 1). Em fevereiro de 2008, foram contabilizados 56 mil
contratos líquidos, recorde para a série histórica recente, e a situação não
pode ser comparada com a atual, pois naquele momento o prenúncio da crise
econômica demandava uma diversificação de portfólio dos operadores. Essa
sinalização do mercado pode significar que se atingiu o máximo de interesse
comercial pelo produto por parte dos fundos e, que daqui em diante, somente
pode-se esperar pela continuação desse montante de comprados, já que a maior
parte se posicionou para vencimentos em 2015 (long), ou movimento de vendas pela mudança de cenário e, consequentemente,
reflexos negativos sobre as cotações praticadas. Certeza quanto à produção efetiva da produção
brasileira somente será possível após mensuração da renda pós-beneficiamento do
café colhido. Normalmente, uma saca de 40 kg de café em coco rende entre 20 kg e
22 kg de café verde. Entretanto, como consequência da anomalia climática que
incidiu no Centro-Sul ao longo do primeiro trimestre do ano, a renda não deverá
ultrapassar na média os 19 kg de café verde por saca de café coco. Essa perda,
ainda não precificada pelo mercado, poderá surtir alguma volatilidade na
formação das futuras cotações3. _______________________________________________ 1BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS - BM&F. Volume geral. São Paulo: BM&F. Disponível em:
<http://www.bmfbovespa.com.br/shared/iframeBoletim.aspx?altura=3200&idioma=pt-br&url=www.bmf.com.br/ 2INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados.
São Paulo: IEA. Disponível em:
<http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>.
Acesso em: maio 2014. 3Os autores
agradecem a colaboração na coleta e sistematização dos dados do Agente de Apoio
à Pesquisa Científica e Tecnlógica, Paulo Sérgio Caldeira Franco. Palavras-chave: mercado futuro, contratos
futuros de café, Bolsa de Mercadorias.
bmfbovespa/pages/boletim1/VolumeGeral/VolumeGeral.asp>. Acesso em: maio
2014.
Data de Publicação: 28/05/2014
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Félix Schouchana (felixsh@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor