Artigos
Curva Futura das Cotações: baixa safra de café em ano de ciclo de alta
Em janeiro de 2014, as expectativas
para a trajetória do mercado de juros futuros na BM&F-Bovespa foram de
elevação das taxas negociadas. Nas três primeiras semanas do mês, o mercado
exibiu ligeira tendência de alta que se intensificou após as quarta e quinta
semanas, ultrapassando o patamar de 10,92% a.a. na média da última semana do mês
na posição de julho de 2014 (Figura 1). A última reunião do COPOM, ocorrida em meados do
mês, na qual se estabeleceu SELIC em 10,5%, representando incremento de 0,5% à
taxa até então vigente, também afetou a taxa futura de juros. Dificuldades da
autoridade monetária em conter o processo inflacionário produzem, entre os
investidores, expectativa de alta para o indicador, como demonstram as posições
futuras para o próximo ano. A trajetória percorrida pela variação cambial, em
janeiro de 2014, foi igualmente de alta, acentuando-se com maior vigor para a
média das posições a partir de abril de 2014. O mercado percebe que a paridade
do real com o dólar tende a se deteriorar com mais intensidade ainda no segundo
semestre do ano. A partir da média da terceira semana do mês houve mudança no
patamar da conversão cambial, marcando R$2,57/US$ na posição de outubro na
média da última semana do mês (Figura 2). Aparentemente, com o início das exportações das commodities agrícolas, a balança
comercial brasileira tende a reverter o déficit registrado no mês, voltando a
exibi-lo no segundo semestre, quando arrefecem os embarques da pauta do
agronegócio e se criam condições adequadas para retorno da especulação com a
moeda estadunidense. O Banco Central do Brasil, por seu turno, continua ativo
na política de venda de dólares nos diferentes mercados em que a moeda é
demandada. Em janeiro de 2014, os contratos de café arábica
negociados na Bolsa de Nova York mantiveram trajetória de alta que já vinha
ocorrendo desde último trimestre de 2013. As médias semanais contabilizadas
para a posição de setembro oscilaram entre os US$¢119,71/lbp a US$¢121,62/lbp,
para a primeira e quinta semana, respectivamente, ou seja, 1,59% de incremento
na cotação. Todavia, na segunda semana da mesma posição, a cotação alcançou
US$¢126,10/lbp, representando 5,34% de majoração no período (Figura 3). As condições climáticas desfavoráveis para o
enchimento dos frutos, nos principais cinturões brasileiros de cultivo da
rubiácea, passaram a ser precificados pelos agentes de mercado. Ademais,
análises de importantes players do
mercado internacional, atestando que a safra brasileira poderia ficar aquém das
piores expectativas, contribuíram para a formação de contexto altista para a commodity. Na posição de setembro de 2014, por exemplo, a
média da segunda semana do mês de US$¢126,10lbp representa US$166,79/sc. de 60 kg
que, a câmbio futuro de R$2,51/US$ (posição de jul./2014 do dólar na média da
quinta semana), atingiria cotação de R$418,64/sc. No último dia do mês o preço
recebido pelos cafeicultores na região de Franca, para café bebida dura tipo 6
levantado pelo IEA/CATI, alcançava R$286,58/sc2. Mesmo
adicionando-se juros ao preço recebido, permanece-se bastante distante da
cotação travada no futuro de café e de dólar, capturando-se, portanto,
significativa margem. Na Bolsa de Londres, em
janeiro de 2014, os contratos futuros de café robusta exibiram
tendência baixista (Figura 4). Os analistas do mercado creem que há oferta
exuberante no Vietnã, e as transações na parte vendedora são lançadas de modo
agressivo, causando quedas expressivas nas cotações do produto. Havendo escassez de compradores para o robusta
negociado em Londres e, concomitantemente, excedente deles no mercado de
arábica (tendo em vista a continuada trajetória altista em suas cotações), sugere-se,
por hipótese, que o mercado global de café volte a se reconfigurar
estruturalmente em favor de mais arábica no blend
das grandes torrefadores, permitindo assim melhor inserção do agronegócio Cafés
do Brasil no mercado internacional. A média semanal do movimento de compra e venda de
contratos de café arábica na Bolsa de Nova York, em janeiro de 2014, mostrou
firmeza no movimento dos compradores. Na terceira semana os fundos e grandes
investidores operaram com menos de 10 mil contratos vendidos no líquido
(balanço de compra e venda, sendo uma das possíveis causas para o repique nas
cotações verificada na média da segunda semana do mês de janeiro (Tabela 1). Ao final do mês, distúrbio climático (altas
temperaturas e veranico prolongado) continuava a assolar os principais
cinturões produtores de arábica. O fenômeno poderá fortalecer posições de traders que previam números magros para
a safra 2014/15, impulsionando o mercado para novas altas. Aparentemente,
haverá um primeiro trimestre bastante volátil para o mercado de café. 2INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em:
<http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>.
Acesso em: jan. 2014. Palavras-chave: mercado de café, contratos de
futuro, Bolsa de Valores.
Data de Publicação: 13/02/2014
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Félix Schouchana (felixsh@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor