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Preços Agropecuários: alta de 0,73% no fechamento do mês de Outubro de 2013
O Índice
Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 (que mede a variação de preços recebidos
pelos produtores paulistas), encerrou o mês de Outubro de 2013 em alta de 0,73%.
Separados em grupo de produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) subiu
0,76% e o IqPR-A (grupo de produtos de origem animal) registrou variação
positiva de 0,63% (Tabela 1). Quando a cana-de-açúcar (que em Outubro teve pequena
variação de -0,02%) é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na
ponderação dos produtos, os índices seguem a mesma tendência altista, com o
IqPR e o IqPR-V registrando variação positiva de 1,54% de 2,51%, respectivamente (Tabela 1).
Os produtos
do IqPR que registraram as maiores altas no mês de Outubro foram: tomate para mesa (70,07%), laranja para mesa
(16,20%), carne suína (14,99%) e banana nanica (14,75%). Seguem com alta, mas
em menor escala: amendoim (5,50%), leite C (4,20%), leite B (3,61%), carne
bovina (2,86%) e algodão (0,29%) (Tabela 2). O fim das
colheitas da safra do tomate, de meio de ano paulista, reduziu a oferta e, em
resposta, acentuou os reajustes dos preços do produto. No caso da
laranja de mesa, a presença de uma oferta reduzida e a limitação no momento
atual de uma colheita focada prioritariamente nas variedades tardias (mantém-se
boa produtividade na entressafra somente os laranjais irrigados que, em
contrapartida, tem custos elevados antes das chuvas de verão) e o aumento da
demanda ocasionado pelos picos de calor já na primavera ascendem os preços
recebidos pelos citricultores. Para a carne
suína, a redução da oferta global do produto desde o primeiro semestre
(ocasionado principalmente pelo reajuste dos custos de produção fruto dos casos
de morbidade gerados pelo vírus da diarreia epidêmica suína) elevou também os
preços da arroba do produto nas granjas paulistas. Os produtos
que apresentaram quedas mais expressivas de preços neste mês foram: ovos (9,44%),
feijão (8,89%), café (8,34%), batata (5,14%), laranja para indústria (4,21%),
milho (2,24%), carne de frango (1,89%), trigo (1,74%), soja (1,11%). Com menores
variações aparecem arroz (0,68%) e cana de açúcar (0,02%) (Tabela 2). O aumento da oferta de ovos, quando as
galinhas passam a produzir mais ovos nos
dias quentes da primavera em setembro, reduziu os preços aos granjeiros. No caso do feijão, o recuo das cotações
acontece com a boa colheita da safra de inverno. O mesmo acontece para a
batata, a queda nos preços é decorrente da boa oferta do produto neste final de
safra em outubro, com a produção normalizada depois da quebra verificada no
período de maio a julho, devido a problemas climáticos. As cotações da saca de café no estado de
São Paulo acompanharam as quedas observadas no mercado internacional. Em um
ano, na Bolsa de Nova York, por exemplo, o contrato de café arábico exibiu
queda de 32%, enquanto para o contrato de café robusta, negociado na Bolsa de
Londres, a baixa alcançou em torno de 25%. Os operadores (especuladores e
hedgers) internacionais consideram que as condições de suprimento de café para
2014 e parte de 2015 bastante favoráveis, tendo em vista o ciclo de alta da
produção brasileira, a recuperação da oferta colombiana e o recorde de colheita
no Vietnã. Contudo, entre os cinturões de café do
país, prevalece o sentimento de desânimo com a lavoura, pois com as atuais
cotações, sequer cobrem os custos operacionais efetivos. Pode-se imaginar
cenário de menor oferta nas próximas safras, tendo em vista a redução esperada
nos tratos culturais necessários ao bom desenvolvimento da lavoura 3. Em
resumo, em Outubro, 9 produtos apresentaram alta de preços (5 de origem vegetal
e 4 de origem animal) e 11 apresentaram queda (9 vegetais e 2 de origem animal). Acumulado nos últimos 12 meses No acumulado dos últimos 12 meses (Outubro/12 a Outubro/13),
o IqPR registrou variação positiva de 2,16%, influenciado pela alta do IqPR-A
(animal) que no acumulado valorizou 16,35%. Já o IqPR-V (produtos vegetais) registra
queda nos últimos 12 meses de 2,30%. Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor
do ATR teve variação negativa de 7,64%), os índices tiveram valorização: o IqPR
sobe para 12,41% e o IqPR-V (vegetais) fecha positivamente em 7,49% (Tabela 1).
Na figura 1 é possível visualizar a evolução das variações
dos índices. O IqPR (linha azul contínua) e IqPR sem a
cana (linha azul tracejada) apresentam a mesma linha de tendência, porém o
índice sem a cana teve valorização de 12,41% ante a valorização de 2,16% do índice
geral, resultando em diferença de 10,25 pontos percentuais. Esse resultado demonstra
como os preços agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos
preços da cana-de-açúcar. O mesmo efeito ocorre nos índices de produtos vegetais:
IqPR-V (linha verde continua) com recuo de 2,30% enquanto que o IqPR-V sem cana
(linha verde tracejada) tem variação
positiva de 7,49%. O índice apresenta pico de alta nos meses de abril e
maio com a escassez dos produtos perecíveis (tomate, batata e feijão), em
seguida quedas expressivas com a normalização da produção desses mesmos
produtos (perecíveis) e da cultura do milho. A partir de setembro o índice dos vegetais
dá sinais de recuperação (Figura 1). No caso dos produtos animais (IqPR-A), o acumulado nos
últimos 12 meses registrou alta de 16,35%. O indicador mostra comportamento
ascendente de novembro/12 até fevereiro/13, com a elevação dos custos da ração
animal e os repasses de preços para carne suína, frango e dos ovos. De março
até junho/13 apresentam-se forte queda com as desvalorizações das carnes (suína
e frango), e a partir de julho até outubro/13 (período de entressafra) com a
oferta menor, os produtos desse grupo têm forte valorização puxada pelas altas
dos preços das carnes e dos leites (C e B) (Figura 1). Esse comportamento vem
encarecendo as vendas no varejo e consequentemente aumentando o custo de vida
da população no item alimentação. Apresentaram aumentos em patamares mais elevados que a
inflação acumulada para os últimos 12 meses, medida pelo IPCA-IBGE (5,84%, outubro/13):
banana nanica (146,44%), laranja para mesa (56,10%), trigo (43,59%), algodão (35,52%),
leite B (28,28%), leite C (24,28%), carne suína (23,99%), tomate para mesa (21,39%),
carne de frango (14,27%), ovos (11,80%), e carne bovina (11,30%). Em menor
expressão variou também positivamente a batata (0,57%). (Tabela 2). Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos: café
(33,99%), milho (24,41%), feijão (24,08%), soja (17,15%), o arroz (10,17%),
amendoim (10,05%), cana-de-açúcar (7,64 %) e a laranja para indústria (2,17%)
(Tabela 2). Na tabela 3, com as variações acumuladas nos períodos
mensais de 2013, nota-se que o IqPR no acumulado deste período (outubro/12-13) voltou
a ser positivo, depois de permanecer com índices negativos nos três últimos
acumulados (julho/12- ¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres
modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações
diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de
Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro
últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas
(base), sendo a referência = 01/10/2013 a 31/10/2013 e base = 01/09/2013 a 30/09/2013. ²Artigo
completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.;
Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária
Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008.
Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
. ³Os autores
agradecem a participação do Pesquisador Cientifico do IEA Celso Luis Rodrigues
Vegro, no comentário sobre a situação do café.
Data de Publicação: 13/11/2013
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor