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Preços Agropecuários: queda de 3,62% no fechamento do mês de maio de 2013
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de maio de 2013 em queda de 3,62%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) fecharam o mês negativamente em 3,51% e 3,90%, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Maio de 2013 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Quando a cana-de-açúcar (que em maio fechou em queda de 5,46%) é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na ponderação dos produtos, a variação dos índices tem comportamentos distintos, o IqPR (sem cana) permanece negativo, embora apresente recuperação, terminando maio com desvalorização de 1,94%, enquanto que o IqPR-V encerra positivamente em 0,22% (Tabela 1). Esses resultados decorrem de um maior número de produtos vegetais apresentarem altas no mês de maio ante ao mês anterior (Tabela 2).
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Maio de 2013.
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de maio foram: batata (28,09%), arroz (11,20%), laranja para indústria (9,24%), feijão (7,58%) e leites tipo C (6,98%) e B (6,43%) (Tabela 2). Ainda em alta, porém com menor variação no mês, têm-se os produtos: soja (1,93%), café (0,93%), trigo (0,70%) e amendoim (0,38%).
Para a batata, a redução em 15,5% da área cultivada e de 12,7% na produção da safra das águas no estado de São Paulo3, e menor oferta na safra atual devido ao clima desfavorável, apresentam-se como principais motivos do reajuste dos preços recebidos pelos produtores. Mesma situação ocorre para o feijão, aliada às ocorrências de pragas (mosca branca) em muitas plantações elevou os preços desde ao produtor até as gôndolas dos supermercados.
No leite B e C, a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na menor oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: laranja para mesa (16,98%), carne de frango (16,46%), tomate para mesa (16,01%), banana nanica (15,65%), carne suína (9,66%), milho (7,71%) e cana-de-açúcar (5,46%). Em menor escala, aparecem os produtos: ovos (4,14%), algodão (3,73%) e carne bovina (0,49%) (Tabela 2).
Enquanto manifestação da tradicional sazonalidade da cultura do tomate, a redução das chuvas e a não ocorrência de geadas no outono levam abaixo as perdas e suas interferências nos custos de produção, aumentando a oferta com conseqüente redução nos preços. Mesmo com queda em maio/13, os preços médios recebidos pelos produtores (valores nominais) estão bem maiores em relação aos meses iniciais dos anos de 2011 e principalmente de 2012 quando os preços ficaram abaixo de R$ 30,00 (Figura 1), tal movimento podem estar ajudando os tomateiros a se capitalizar, uma vez que
sofreram perdas consideráveis no período anterior.
Figura 1. Preços Médios Recebidos pelos Produtores Paulistas: Tomate para Mesa (cx.22kg).
No caso das carnes de frango e suína, a demanda interna fraca e a redução no nível de exportação puxou os preços para baixo. Mesmo que o repasse da redução dos custos do milho tenha interferido na redução dos preços recebidos pelos produtores, foi a redução no nível de exportação que aumentou em muito o volume oferecido de seus subprodutos no mercado interno o que tornou os valores repassados aos granjeiros não remuneradores (abaixo dos custos de produção).
Em resumo, em maio, 10 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 2 de origem animal) e 10 apresentaram queda (6 vegetais e 4 de origem animal).
Acumulado últimos 12 meses
No acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registrou alta de 2,77%, o IqPR-V (vegetal) teve queda de 0,54% e o IqPR-A (produtos de origem animal) valorizaram 11,94% no período. Sem o produto cana-de-açúcar cana (que no período o valor do ATR teve variação -10,17%), os cálculos dos índices acumulados tiveram altas maiores, o IqPR sobe para 15,46% e o IqPR-V (vegetais) vai para 18,75% (Tabela 1).
O comportamento dos índices acumulados com a cana e sem a cana apresentaram comportamentos diferentes (Figura 2). O IqPR (linha azul contínua) e o IqPR sem a cana (linha azul tracejada), apresentam a mesma linha de tendência, porém o índice sem a cana tem maior oscilações, tanto para alta quanto para baixa. O mesmo efeito ocorre para os índices de produtos vegetais, o IqPR-V (linha verde continua) e o IqPR-V sem cana (linha verde tracejada). Isso mostra como o comportamento dos preços agropecuários paulistas é fortemente influenciado pelo preço da cana-de-açúcar.
Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com e Sem Cana-de-Açúcar, Maio de 2012 a Maio de 2013
Na figura 2 é possível visualizar a evolução dos produtos vegetais com elevação do índice de junho a setembro de 2012, em virtude de reajustes como os do arroz, feijão, batata e soja. Já nos meses de outubro e novembro, ancorados pelas desvalorizações das laranjas e da inversão nos preços da soja, o IqPR-V cai quase 6 pontos percentuais neste bimestre. Em dezembro, estes índices voltam a ter ascensões devido ao reajuste da demanda ocasionada pela maior circulação monetária com o 13º salário. Após estabilização em janeiro, elevam-se novamente em fevereiro até abril/13 com as altas dos produtos perecíveis e recua em maio/13 puxadas pelas quedas dos preços do milho, tomate e laranja para mesa.
No caso dos produtos animais (IqPR-A) , o acumulado nos últimos 12 meses registrou alta de 11,94%, o comportamento deste indicador permaneceu praticamente estável de junho a julho de 2012. A partir de agosto o índice sobe com maior intensidade provocado pela elevação dos custos da ração animal. De outubro a dezembro a elevação do índice continua puxada principalmente pela carne suína, seguida dos ovos e da carne de frango. Recua em janeiro/13 com o barateamento dos leites e da carne suína e volta subir em fevereiro com a reduzida oferta de ovos no mercado, mas perde força e registra leve declínio no mês de março, e quedas acentuadas em abril e maio com as desvalorizações das carnes suína e de frango (Figura 2).
Apresentaram aumentos em patamares mais elevados que a inflação acumulada para os últimos 12 meses, medida pelo IPCA-IBGE (6,49% referência abril/13): batata (216,24%), tomate para mesa (159,34%), trigo (52,43%), ovos (42,10%), algodão (30,35%), arroz (27,25%), carne suína (11,91%), leite C (7,82%) e leite B (7,30%). Em menor expressão variaram também positivamente: carne de frango (5,88%), carne bovina (4,26%), laranja para mesa (4,08%) e o milho (2,36%) (Tabela 2).
Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos: café (-21,98%), banana nanica (-15,60%), cana-de-açúcar (-10,17%), amendoim (2,69%) e soja (-1,80%) (Tabela 2).
Os produtos laranja para indústria e feijão estavam sem cotação de preços em maio de 2012.
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/05/2013 a 31/05/2013 e base = 01/04/2013 a 30/04/2013.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em:http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573 .
3 Dados apresentados nas Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado De São Paulo, Ano Agrícola 2012/13, 3º Levantamento, Fevereiro de 2013. Vide em /ftpiea/AIA/AIA-13-2013.pdf .
Data de Publicação: 10/06/2013
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor