Preços Agropecuários no Estado de São Paulo: alta de 1,44% em setembro de 2012

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 encerrou o mês de setembro de 2012 em alta de 1,44%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) subiram 0,81% e 3,17% respectivamente (Tabela 1). Os índices estão positivos desde a primeira quadrissemana de junho, perfazendo 16 quadrissemanas consecutivas de reajustes.
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Setembro de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses
(%)

Índice
acumulado

Indice com cana-de-açúcar

Índice sem cana-de-açúcar

Variação mensal
setembro/2012

Acumulado 

12 meses

Variação mensal 
setembro/2012

Acumulado 

12 meses

IqPR

1,44%

9,06%

3,89%

19,42%

IqPR-V

0,81%

8,55%

4,68%

29,61%

IqPR-A

3,17%

9,70%

-

-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola


            Quando a cana-de-açúcar (que em setembro fechou em queda de 1,30%) é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR sobe para 3,89% e o IqPR-V registra alta de 4,68% (Tabela 1).
 

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de setembro foram: batata (44,91%), feijão (30,03%), soja (8,05%), carne de frango (8,00%) e carne bovina (5,83%) (Tabela 2).
 

            O clima quente e seco ocasionou queda da produtividade da cultura da batata, reduzindo a produção e, em consequência, elevaram-se os preços do produto no mercado.
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Setembro de 2012

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Var.(%)
Mensal

Var.(%)
set./2012-set./2011

ago./2012

set./2012

Vegetal

Algodão

15 kg 

51,81

54,48

5,15

-8,56

Amendoim

sc. 25 kg

34,72

35,38

1,9

11ª

10,24

Arroz

sc. 60 kg

39,07

41,33

5,8

44,01

Banana nanica

kg

0,6322

0,5611

-11,25

-18,41

Batata

sc. 50 kg

37,52

54,36

44,91

193,1

Café

sc. 60 kg

375

371,25

-1

-25,25

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,4922

0,4858

-1,3

-1,7

Feijão

sc. 60 kg

127,59

165,91

30,03

61,09

Laranja p/ indústria

cx. 40,8 kg

7,43

7,28

-1,95

-17,3

Laranja p/ mesa 

cx. 40,8 kg

6,93

6,71

-3,14

-39,67

Milho

sc. 60 kg

26,96

28,11

4,29

10ª

6,87

Soja

sc. 60 kg

73,37

79,28

8,05

80,13

Tomate p/ mesa

cx. 22 kg

73,43

77,69

5,81

162,38

Trigo

sc. 60 kg

34,11

36,02

5,6

30,73

Animal

Carne bovina

15 kg

90,76

96,05

5,83

0,16

Carne de frango

kg

2,28

2,46

8

24,96

Carne suína

15 kg 

60,82

54,88

-9,76

15,62

Leite B

l

0,9283

0,93

0,18

12ª

-1,31

Leite C

l

0,8814

0,875

-0,73

4,35

Ovos

30 dz.

52,62

48,6

-7,65

10,21

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).



            O fim da safra de inverno e o atraso no plantio da safra das águas na região sudeste de São Paulo (devido à total falta de chuvas nas primeiras semanas de setembro) estimularam a alta dos preços do feijão.
 

            Os preços da soja em São Paulo neste mês fecharam em alta, apesar das fortes quedas das cotações nos mercados internacionais. Os preços praticados em São Paulo evoluíram positivamente, influenciados pela demanda local e pelo pequeno volume ainda disponível para comercialização. Contudo, no final de setembro se verificou queda nas suas cotações, o que indica inversão para as próximas variações quadrissemanais.
 

            Para a carne de frango, os aumentos nos custos de produção (reajustes nos preços da ração animal, principalmente do milho e do farelo de soja) levaram os produtores a majorar as cotações do produto.
 

            Na carne bovina, a baixa qualidade das pastagens reduziu a oferta de animais prontos para o abate acarretando a valorização da arroba do boi gordo.
 

            Os produtos que apresentaram quedas de preços neste mês foram: banana nanica (11,25%), carne suína (9,76%), ovos (7,65%), laranja para mesa (3,14%) e laranja para indústria (1,95%) (Tabela 2).
 

            Excesso de chuvas em junho/julho e a estiagem rigorosa em agosto/setembro prejudicaram a formação dos cachos e levaram à colheita de fruta de baixa qualidade, com consequente queda nas cotações num período em que o padrão sazonal indica pico de preços.
 

            Para a carne suína, a queda na demanda em virtude do consumidor entender que os preços estavam altos forçou a uma redução da cotação do produto.
 

            No caso dos preços dos ovos, o aumento na oferta recente reduziu os preços recebidos pelos granjeiros. Numa realidade de custos reajustados com o elevado preço da ração animal, o descarte adiantado de poedeiras tem sido a alternativa encontrada pelos empresários do setor com o objetivo de ajustar a produção ao consumo.
 

            A boa safra e a má comercialização da laranja para a indústria fez os produtores direcionarem parte de sua produção para o consumo in natura, aumentando a oferta e influenciando a queda dos preços da laranja para mesa.
 

            Em resumo, em setembro, 12 produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 8 apresentaram queda (5 vegetais e 3 de origem animal).
 

            Nos últimos 12 meses todos os índices acumularam altas. O IqPR anual variou 9,06%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) subiram 8,55% e 9,70% respectivamente (Tabela 1). O IqPR e o IqPR-V apresentaram a mesma linha de tendência de variações em quase todo o período; exceto nas bruscas variações entre dezembro e fevereiro, estes indicadores apresentaram ascensões quase ininterruptas entre março e setembro de 2012, em virtude de reajustes como os da soja e do milho (Figura 1).
 

            No caso dos produtos animais (IqPR-A), o que se vê nos últimos 12 meses é um desempenho com idas e vindas, com o índice em quase todo o período abaixo da base 100. Após variações de preços positivas em novembro e dezembro de 2011, fruto da maior demanda com as festas de fim de ano, impulsionada pela maior circulação monetária gerada com o 13º salário, em janeiro de 2012 se apresenta forte queda do índice puxada pelo recuo dos preços das carnes. Abaixo da base 100 até julho do presente ano, no mês de março houve recuperação deste indicador com as valorizações dos leites, ovos e carne de frango e nova queda em maio, ancorada pela desvalorização dos ovos pós--quaresma. Com o descarte excessivo de galinhas poedeiras e a baixa reposição de pintinhos nas avícolas, ovos e carne de frango movimentaram para o alto o IqPR-A em junho e julho. Com a elevação dos custos da ração animal, as carnes suína e de frango incentivaram em grande intensidade a significativa elevação do índice em agosto de 2012. Em setembro, a elevação continua, puxados agora, porém, pelas carnes de frango e bovina, inclusive superando os demais índices (Figuras 1 e 2).
 

Figura 1 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de--Açúcar, Setembro de 2011 a Setembro de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
 

Figura 2 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de--Açúcar, Setembro de 2011 a Setembro de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).



            Desconsiderando a cana-de-açúcar (que no período teve variação negativa de 1,70%), o IqPR e o IqPR-V apresentaram aumentos significativos e fecharam o acumulado dos últimos 12 meses em 19,42% e 29,61%, na ordem (Tabela 1), puxados pelas valorizações dos grãos (arroz, feijão, soja, milho e trigo) e mais o tomate para mesa e batata. Por outro lado, as laranjas (mesa e indústria) e o café foram os produtos que tiveram as maiores perdas no período. Na figura 2, os índices sem cana (IqPR e IqPR-V) se mostram com oscilações variadas até o mês de fevereiro. A partir de março inicia-se um processo de subida de maneira quase constante,com maior intensidade em agosto e setembro.
 

            Em síntese, na comparação de setembro/2012 com setembro/2011, um conjunto de 13 entre 20 produtos apresentou variações positivas, enquanto outro conjunto de 7 produtos teve variações negativas. Os produtos que tiveram incrementos são: batata (193,10%), tomate para mesa (162,38%), soja (80,13%), feijão (61,09%), arroz (44,01%), trigo (30,73%), carne de frango (24,96%), carne suína (15,62%), amendoim (10,24%), ovos (10,21%), milho (6,87%) - todos em patamares mais elevados que a inflação acumulada medida pelo IPCA-IBGE -, leite C (4,35%) e carne bovina (0,16%) (Tabela 2).
 

            Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos: laranja para mesa (39,67%), café (25,25%), banana nanica (18,41%), laranja para indústria (17,30%), algodão (8,56%), cana de açúcar (1,70%) e leite B (1,31%) (Tabela 2).

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/09/2012 a 30/09/2012 e base = 01/08/2012 a 31/08/2012.

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: out. 2012.
 

Palavras-chave: preços agrícolas, índice de preços, produtos agrícolas, mercado.


 

Data de Publicação: 17/10/2012

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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