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Preços Agropecuários: alta de 2,66% no fechamento do mês de agosto de 2012
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1, 2 encerrou o mês de agosto de 2012 em alta de 2,66%.
Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A
(produtos de origem animal) subiram 1,19% e 6,68%, respectivamente (Tabela 1).
Os índices estão positivos desde a primeira quadrissemana de junho, perfazendo
12 quadrissemanas consecutivas de reajustes. Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços
Recebidos pela Agropecuária Paulista, Agosto de 2012 e Acumulado nos Últimos 12
Meses
Quando a cana-de-açúcar (que em agosto fechou em queda) é excluída do cálculo do
índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), o IqPR sobe para
6,81% e o IqPR-V registra alta de 6,97% (Tabela 1). Os
produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de agosto foram: carne
suína (46,92%), batata (42,56%), tomate para mesa (31,84%), carne de frango
(22,83%), milho (20,30%) e soja (14,32%) (Tabela 2).
Para a carne suína, reajustes nos preços da ração animal (principalmente milho e
farelo de soja) foram repassados pelos produtores. Especulações relacionadas a
uma reduzida oferta de animais e à (re)abertura do mercado russo e argentino
também explicam a elevação das cotações no mercado de cevados. Tabela 2 - Variações das Cotações dos
Produtos, Estado de São Paulo, Agosto de 2012
O
final da safra de inverno e a melhor qualidade da batata provocaram a elevação
de seus preços em relação ao período anterior, quando se verificou coincidência
de safras paulista e mineira e prejuízo na qualidade devido às chuvas
extemporâneas. No
tomate para mesa, variações no clima que reduziram a oferta nas regiões
produtoras e, aliadas à colheita de variedades mais valorizadas, continuam
provocando a acentuada elevação de preços. Já
o aumento na carne de frango ocorre devido às pressões dos custos da ração
animal à base de milho e soja, produtos que com a seca que ocorre nos Estados
Unidos apresentam previsão de queda na produção e, em consequência disso,
tiveram elevação de suas cotações nos mercados internacionais. Isso vem
permitindo o aumento dos preços internos com expectativa de incremento nas
exportações dos grãos. Os
produtos que apresentaram quedas de preços neste mês foram: feijão (8,86%),
banana nanica (8,63%), laranja para indústria (4,44%) e cana-de-açúcar (1,95%)
(Tabela 2). A
entrada plena da safra de inverno (irrigada) provocou a redução dos preços do
feijão, que mesmo assim continuam elevados aos consumidores, inibindo a demanda
que se acomoda a uma oferta global menor. A
gradativa elevação da temperatura volta a estimular o consumo da banana,
elevando seus preços no varejo e no atacado. A queda de preços recebidos pelos
bananicultores resulta em uma ampliação da margem de comercialização dos
atacadistas.
Demonstrando um aprofundamento da situação crítica já vivida pelos citricultores
paulistas, os preços oferecidos pelas agroindústrias desestimulam muitos a
investir na execução das colheitas e recoloca na ordem do dia as políticas
negociadas de preços mínimos e de estocagem do suco de laranja. No
caso da cana-de-açúcar, a estiagem do último período favoreceu a aceleração da
colheita no mês de agosto. Com a perspectiva de elevação dos estoques mundiais
de açúcar, reduziu-se o valor do kg do ATR (açúcar total recuperável), que é um
dos itens que determinam os preços recebidos pelos fornecedores de cana.
Em
resumo, em agosto, 13 produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal
e 4 de origem animal) e 7 apresentaram queda (5 vegetais e 2 animal).
Nos últimos 12 meses todos os índices acumularam altas. O IqPR fechou em 5,56%
puxado pelo IqPR-V (produtos de origem vegetal) que apresentou alta de 6,45%. Já
o IqPR-A (origem animal), valorizando menos, fechou o período com variação
positiva de 2,46% (Tabela 1). IqPR e o IqPR-V apresentaram a mesma linha de
tendência de variações em quase todo o período. Nos meses de setembro e outubro
de 2011, puxados pela desvalorização da laranja (mesa e indústria), os índices
ficaram um pouco abaixo da base 100. A partir desse ponto começa novo ciclo de
altas (ancoradas nos preços do feijão e da cana-de-açúcar), com posterior recuo
no mês de fevereiro de 2012, fruto principalmente das desvalorizações do café e
da cana. De março em diante, ambos os índices retomam a tendência de alta, em
virtude de reajustes como os da soja e do milho (Figura 1). No
caso dos produtos animais (IqPR-A), o que se vê nos últimos 12 meses é um
desempenho com idas e vindas, com o índice abaixo da base 100 em quase todo o
período. Após variações negativas entre agosto e outubro de 2011 (com as quedas
nas carnes e ovos), retomam-se os indicadores iniciais de preços em novembro e
dezembro do mesmo ano, fruto da maior demanda com as festas de fim de ano
impulsionada pela maior circulação monetária gerada com o 13º salário. Já em
janeiro de 2012, apresenta-se forte queda do índice puxada pelo recuo dos preços
das carnes. Abaixo da base 100 até julho do presente ano, houve recuperação no
mês de março deste indicador com as valorizações dos leites, ovos e carne de
frango, e nova queda em maio, ancorada pela desvalorização dos ovos
pós-quaresma. Com o descarte excessivo de galinhas poedeiras e a baixa reposição
de pintinhos nas avícolas, ovos e carne de frango movimentaram para o alto o
IqPR-A em junho e julho. Com a elevação dos custos da ração animal, as carnes
suína e de frango incentivaram em grande intensidade a significativa elevação do
índice no mês de agosto, primeiro e único mês de 2012 em que ele se apresenta
acima da base 100 (Figuras 1 e 2).
Desconsiderando a cana-de-açúcar (que no período teve variação negativa de
0,75%), o IqPR e o IqPR-V apresentaram aumentos significativos e fecharam o
acumulado dos últimos 12 meses em 11,32% e 20,54%, na ordem (Tabela 1), puxados
pelas valorizações dos grãos (soja, arroz, feijão, trigo, milho e amendoim), do
tomate para mesa e da batata. Por outro lado, o algodão, as laranjas (mesa e
indústria) e o café foram os produtos que tiveram as maiores perdas no período.
Na figura 2, vê-se que os índices sem cana (IqPR e IqPR-V) tiveram oscilações
até o mês de fevereiro de 2012. A partir de março inicia-se um processo de
subida constante, enfatizada em maior intensidade no mês de agosto. Em
síntese, na comparação de agosto/2012 com agosto/2011, um conjunto de 12 entre
20 produtos apresentou variações positivas, enquanto o outro conjunto de 8
produtos teve variações negativas. Os produtos que tiveram incrementos são:
tomate para mesa (140,93%), batata (83,25%), soja (76,09%), arroz (36,20%),
feijão (23,88%), carne suína (21,32%), trigo (19,01%), ovos (12,15%), carne de
frango (9,85%), leite C (6,67%), milho (5,92%) e amendoim (5,25%), todos em
patamares mais elevados que a inflação acumulada medida pelo IPCA-IBGE (Tabela
2).
Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos: laranja para mesa
(40,26%), laranja para indústria (28,85%), café (14,58%), algodão (13,17%),
carne bovina (8,70%), banana nanica (6,44%), leite B (0,99%) e cana-de-açúcar
(0,75%) (Tabela 2). ______________ 2Artigo completo com a metodologia:
PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária
paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São
Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: set.
2012. Palavras-chave: preços agrícolas, índice
de preços, produtos agrícolas, mercado.
(%)
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
acumulado
agosto/12
agosto/12
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Algodão
Amendoim
Arroz
Banana
nanica
Batata
Café
Cana-de-açúcar
Feijão
Laranja
para indústria
Laranja
para mesa
Milho
Soja
Tomate
para mesa
Trigo
Carne
bovina
Carne de
frango
Carne
suína
Leite
B
Leite
C
Ovos
Figura 1 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços
Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-açúcar, Agosto de 2011 a Agosto
de 2012.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Figura 2 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços
Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-açúcar, Agosto de 2011 a Agosto
de 2012.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
1A fórmula de cálculo
do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção
agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e
divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os
preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das
quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/08/2012 a 31/08/2012 e
base = 01/07/2012 a 30/07/2012.
Data de Publicação: 12/09/2012
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor