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Aquecidas as vendas e as entregas de fertilizantes em 2012
No
Brasil, as entregas de fertilizantes ao consumidor final, no período de janeiro
a junho de 2012, apresentaram acréscimo de 5,6% quando comparadas com as do
mesmo período de 2011, totalizando 11.727 mil toneladas de produtos, superando o
pico de 2008, quando foram entregues 11.500 mil toneladas de produtos. Em termos
de nutrientes (NPK), foram entregues 4.792 mil toneladas, superior em 4,4% em
relação ao mesmo período de 2011 (quando somaram 4.592 mil toneladas). Essa
demanda reflete os preços favoráveis de várias commodities agrícolas no
mercado internacional, antecipação de compras para a safra 2012/13 e relações de
troca favoráveis para importantes culturas consumidoras de fertilizantes, como
soja e cana-de-açúcar. As
entregas de fertilizantes nitrogenados (N) no primeiro semestre de 2012, segundo
fontes do setor, foram de 1.340 mil toneladas, com incremento de 3,6%, em
relação ao mesmo período de 2011 (quando perfizeram 1.293 mil de toneladas), em
função do aumento de demanda para as culturas de cana-de-açúcar, de algodão, de
café, de milho safrinha e de arroz. Os fertilizantes fosfatados
(P2O5) registraram aumento de 8,6%, indo de 1.522 mil
toneladas no primeiro semestre de 2011 para 1.653 mil toneladas no mesmo período
de 2012, com destaque para as entregas para as culturas do milho safrinha, do
algodão, bem como para o plantio de cana-de-açúcar e uma aceleração nas entregas
para safra de verão de soja/milho. No caso dos fertilizantes potássicos
(K2O), foi registrada alta de 1,2%, passando de 1.777 mil toneladas
para 1.799 mil toneladas no referido período.
Ocorreu melhor desempenho nas vendas em todas as regiões brasileiras, com
destaque para o Sudeste, cujas entregas de fertilizantes, no período de janeiro
a junho de 2012, em relação ao mesmo período de 2011, cresceram 9,2%, seguida da
Norte/Nordeste (8,8%), Centro-Oeste (5,5%) e Sul (0,6%), de acordo com o
critério de regionalização para o Brasil do Sindicato das Indústrias de Adubo do
Estado de São Paulo (SIACESP) (Tabela 1).
Tabela 1 - Entregas de Fertilizantes ao Consumidor Final por Região e Estado, Brasil, 2010-2011, e Janeiro a Junho de 2011 e de 2012
(t)
Fonte: Associação dos Misturadores
de Adubos do Brasil (AMA-BRASIL), Associação Nacional para Difusão de Adubos
(ANDA), Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas, no Estado de
São Paulo (SIACESP), Sindicato da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul
(SIARGS) e Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos do Nordeste
(SIACAN).
O
Estado do Mato Grosso, maior produtor nacional de soja e algodão, no período de
janeiro a junho de 2012, liderou o ranking nas entregas (2,343 milhões de
toneladas de produtos), sendo responsável por 20,0% do total nacional. As vendas
no Estado contabilizaram acréscimo de 2,3%, quando comparadas com igual período
do ano precedente. Observou-se que a maioria dos principais estados consumidores
de fertilizantes, com exceção do Paraná, apresentou incremento nas entregas no
mencionado período, como Goiás (9,5%), onde o grande avanço do cultivo da
cana-de-açúcar tem sido um dos responsáveis pelo aumento na demanda de
fertilizantes. Destacam-se, também, os Estados de São Paulo (11,9%), Mato Grosso
do Sul (8,1%), Rio Grande do Sul (6,5%), Minas Gerais (4,9%) e Bahia
(11,2%).
No
período de janeiro a junho de 2012, a produção da indústria nacional de produtos
intermediários para fertilizantes totalizou 4.489 mil toneladas de produtos,
praticamente igual ao registrado no mesmo período do ano anterior (decréscimo de
0,2%). Por sua vez, as importações brasileiras de fertilizantes, no referido
período, apresentaram um decréscimo de 13,6%, perfazendo 7.833 mil toneladas de
produtos1, tendo em vista a queda nas importações de 14,1% nos
fertilizantes nitrogenados, 7,3% nos fosfatados e 14,9% nos potássicos.
Aparentemente, o menor ritmo das importações pode ser creditado à mobilização
dos estoques das empresas e à elevação do dólar, que encareceu os
produtos2. O principal porto de
desembarque de fertilizantes foi Paranaguá (PR), seguido de Santos (SP), Rio
Grande (RS) e Vitória (ES).
Em
2011, as vendas de fertilizantes no Brasil cresceram 15,5% em relação ao ano
anterior, perfazendo o total de 28,326 milhões de toneladas de produtos,
quantidade que se constituiu em recorde histórico3.
A
soja, principal cultura que emprega fertilizantes no Brasil, segundo estimativas
da Associação Nacional Para Difusão de Adubos (ANDA) em 2011, apresentou aumento
nas entregas de 12,9% em relação ao ano anterior, perfazendo 9,602 milhões de
toneladas de produtos (33,9% do total nacional). Constatou-se, no referido
período, incremento nas entregas para maioria das culturas, com destaque maior
para as entregas destinadas para o algodão herbáceo (25,1%). Houve aumento
também para importantes culturas, como milho (31,3%), café (21,8%),
reflorestamento (20,0%), sorgo (17,6%), cana-de--açúcar (15,5%), pastagens
(13,4%), tomate (11,7%), feijão (1,9%) e laranja (1,3%). Poucas culturas
registraram retração nas entregas, como batata (-9,4%) e arroz (-6,9%) e banana
(-3,2%)4.
Houve
incremento na comercialização de fertilizantes para a maioria dos estados, com
algumas exceções relevantes: Pernambuco e Alagoas, que mostraram retração nas
entregas de 20,1% e 16,7%, respectivamente. O Estado do Mato Grosso liderou as
entregas de fertilizantes em 2011, com 4,673 milhões de toneladas de produtos
(aumento de 15,9% em relação ao ano anterior); ele representou 16,5% das
entregas totais, seguido de São Paulo (14,6%), Minas Gerais (12,8%), Paraná
(12,7%), Rio Grande do Sul (11,6%), Goiás (9,4%) e Bahia
(6,6%)5.
A comercialização de fertilizantes em 2011 seguiu o padrão sazonal convencional de concentração das vendas no segundo semestre, simultaneamente ao plantio das culturas de verão. Constatou-se que 60,8% das entregas (17,218 milhões de toneladas de produtos) ocorreram no segundo semestre, com pico das vendas em setembro e outubro (respectivamente, 12,1% e 12,0% do total das entregas) (Figura 1).
Figura 1 – Fertilizantes Entregues ao Consumidor Final, Brasil, Janeiro de 2009 a Junho de 2012.
Fonte: AMA-BRASIL, ANDA, SIACESP, SIAGRS e SIACAN.
Na
análise das relações de troca entre fertilizantes e os principais produtos
agrícolas na região centro-sul, constatou-se que em 2011 as culturas do algodão,
café, cana--de-açúcar, milho e soja apresentaram relações de troca mais
favoráveis, quando comparadas com as de 2010, ou seja, ganho do poder aquisitivo
dos produtores para compra de fertilizantes agrícolas. Em contrapartida, algumas
culturas como o arroz, batata inglesa, feijão, laranja e trigo apresentaram
relações de troca algo desfavoráveis para os agricultores no referido
período6.
A
produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes em
2011 foi de 9,861 milhões de toneladas de produtos, quantidade 5,6% superior ao
registrado no ano anterior (Tabela 2). Verificou-se, assim, acréscimo nas
quantidades produzidas, em termos de nutrientes, tanto dos fertilizantes
nitrogenados (16,6%) como dos fosfatados (0,3%), enquanto se registrou queda na
produção dos potássicos (6,8%) na jazida de Taquari, município de Vassouras,
Estado de Sergipe. No caso das matérias--primas utilizadas para a fabricação de
fertilizantes, constatou-se maior produção de amônia, rocha fosfática industrial
e ácido sulfúrico, enquanto houve queda na produção de ácido
fosfórico7.
Tabela 2 - Balanço de Fertilizantes, Brasil, 2007-2011
Fonte: Anuário (2010-2012).
Em
2011, também aumentaram as importações brasileiras de fertilizantes (29,9%), as
quais totalizaram 19,851 milhões de toneladas de produtos. O cloreto de potássio
continuou sendo o principal produto importado, respondendo por 37,6% do total,
seguido de ureia (15,0%) e sulfato de amônio (9,5%). No caso das matérias-primas
para produção de fertilizantes, o incremento nas importações foi de apenas 0,3%
no referido período.
O
relatório de resultados da VALE informa que a empresa pretende ampliar sua
produção de fertilizantes potássicos e fosfatados, investindo em vários projetos
para a concretização dessa meta. Houve a renovação de contrato de arrendamento
das minas de Taquari-Vassouras (SE) com a Petrobras e o desenvolvimento do
projeto Carnalita no mesmo estado. Também avança o projeto de investimento em
território argentino para a extração de potássio. Reflexos dessas iniciativas
ocorrerão somente no médio prazo (dois a três anos)8.
O
dispêndio de divisas com importações de matérias-primas e produtos
intermediários para fertilizantes, em 2011, foi estimado em US$10,190 bilhões
(FOB), com aumento de 82,9% em relação ao ano anterior, em função do aumento dos
preços e da quantidade importada9.
As
cotações dos produtos intermediários para fertilizantes no mercado
internacional, que haviam aumentado consideravelmente em 2008, apresentaram
retração em 2009 e em 2010, voltando a crescer, porém, em 2011. Os preços médios
FOB dos fertilizantes importados, que atingiram US$589,14/t em 2008 e passaram
para US$320,42/t em 2010 (queda de 45,6%), foram para US$441,27/t em
201110, impulsionados em grande parte pela forte demanda
mundial.
No
primeiro semestre de 2012, o preço médio dos fertilizantes importados pelo
Brasil situou-se em US$470,78/t (FOB), ou seja, 17,3% acima do observado no
mesmo período do ano anterior, tendo em vista principalmente o aumento dos
preços do cloreto de potássio, ureia e sulfato de amônio importados. Por
exemplo, o preço médio da ureia importada, que se situou em US$365,82/t (FOB) no
período de janeiro a junho de 2011, subiu para US$453,20/t (FOB) em janeiro a
junho de 2012 (acréscimo de 23,9%).
A
indústria nacional de fertilizantes iniciou 2011 com estoque de 3.453 mil
toneladas de produtos e finalizou com quantidade de 5.127 mil toneladas de
produtos (Tabela 2). Em 30 de junho de 2012, os estoques de produtos
intermediários para fertilizantes e formulações NPK ficaram em 5.611 mil
toneladas de produtos, quantidade 1,0% inferior ao observado no mesmo período do
precedente11.
Segundo fontes do setor, estima-se que as entregas de fertilizantes ao
consumidor final no Brasil devem fechar 2012 com a comercialização de 29,0
milhões de toneladas, em torno de 2,4% acima da quantidade atingida em 2011, que
foi de 28,326 milhões de toneladas. A demanda por fertilizantes para a safra
2012/13 permanece aquecida, tendo em vista a alta nos preços das
commodities agrícolas, especialmente de grãos e oleaginosas, em níveis
remuneradores para os agricultores, em parte, pela seca que atingiu o meio-oeste
dos Estados Unidos. Estima-se aumento no consumo de fertilizantes para várias
culturas especialmente para as culturas da soja e cana-de-açúcar.
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1ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO
DE ADUBOS - ANDA. Principais indicadores do setor de fertilizantes. São
Paulo: ANDA, 2012. Disponível em:
<http://www.anda.org.br/estatisticas.aspx>. Acesso em: ago.
2012.
2FERREIRA, C. Entrega de fertilizantes cresce 5,6% no primeiro semestre do ano. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/2754974/entrega-de-fertilizantes-cresce-56-no-primeiro-semestre-do-ano>. Acesso em: ago. 2012.
3ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS - ANDA. Anuário estatístico do setor de fertilizantes 2009-2011. São Paulo: ANDA, 2010-2012.
4Op. cit. nota 3.
5Op. cit. nota 3.
6Op. cit. nota 3.
7Op. cit. nota 3.
8FERREIRA, C. Receita da Vale com venda de fertilizantes cresce 11,3% no trimestre. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/2766600/receita-da-vale-com-venda-de-fertilizantes-cresce-113-no-trimestre>. Acesso em: ago. 2012.
9Op. cit. nota 3.
10Op. cit. nota 3.
11Op. cit. nota 1.
Palavras-chave: mercado de fertilizantes, indústria de fertilizantes.
Data de Publicação: 24/08/2012
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor