Valor da Produção Agropecuária e Florestal do Estado de São Paulo em 2011

 

            Apresenta-se o cálculo final do valor da produção agropecuária e florestal do Estado de São Paulo em 2011 (ano agrícola ou safra 2010/11)1. Neste artigo, são analisados os valores totais dos 54 produtos agropecuários e florestais, com destaque para os produtos de maior participação na renda bruta total da agropecuária paulista. A análise do valor da produção das regiões do Estado será apresentada em artigo separado.
 

            As informações finais da safra agrícola 2010/11 sobre produção vegetal e animal foram obtidas dos Levantamentos por Município de Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2010/11, realizados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.2, 3, 4, 5, 6, 7
 

            No mesmo sentido, as informações sobre preços dos produtos agropecuários foram obtidas de duas fontes: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo8, para produtos olerícolas (exceto batata, cebola, mandioca e tomate) e frutas (exceto banana, laranja, limão e tangerina), ponderando-se por variedade para cada espécie e por decomposição dos preços de venda no atacado; e Banco de Dados do IEA9 para os demais produtos. Os dados de preço de produtos florestais foram obtidos no Banco de Dados do IEA10 e os de produção tiveram como fontes primárias as entidades de classe do setor11.
 

            Os preços médios recebidos pelos produtores representam valores médios correntes de janeiro a dezembro de 2010 (para o cálculo do valor do ano de 2010) e de 2011 (para a estimativa de 2011). Para a atualização monetária dos valores obtidos para 2010, considerou-se inflação média, dos últimos 12 meses, de 6,6% em 2011, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)12.
 

            No caso específico da cana-de-açúcar, o preço médio recebido pelos produtores foi calculado com base no preço médio do período de abril a dezembro de 2011, pago pelas usinas produtoras de açúcar e de álcool do Estado de São Paulo, de acordo com o Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (CONSECANA-SP), que tem como fonte de dados os preços coletados pela Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (ORPLANA).
 

            Foram elaborados índices de preços e de quantidade (produção) pela fórmula de Fisher (base: 2010 = 100), conforme Hoffmann13, visando captar as fontes de variação do valor da produção em 2011, em relação a 2010, conforme os grupos de produtos considerados.
 

            As safras dos produtos agropecuários no Estado de São Paulo em 2010/11 foram, em geral, parcialmente beneficiadas por condições climáticas irregulares nas principais regiões produtoras, com o segmento de grãos apresentando estabilidade de área e aumentos de produção e de produtividade agrícola14. Os mercados dos grãos prosseguiram em condições muito favoráveis para os produtores, com elevação acentuada de preços da maioria dos produtos. A produção de cana-de-açúcar decresceu em razão da ocorrência de estiagem. No caso do café, há um decréscimo, com a safra na fase de bienalidade negativa, revertendo a situação da safra anterior15.
 

            O valor da produção agropecuária e florestal (VPAF) do Estado de São Paulo em 2011 foi estimado em R$59,6 bilhões, o que corresponde a um aumento, em moeda corrente, de 13,6% quando comparado ao anterior. O valor da produção agropecuária (VPA), excluídos os produtos florestais, somou R$54,9 bilhões em 2011, correspondendo a um incremento de 15,1% em comparação com 2010 (Tabela 1). Deflacionando-se pelo IPCA, do IBGE, o VPAF de 2011 corresponde a uma elevação real de 6,5%, em relação a 2010, e o VPA a um crescimento de 8,0%.
 

            Dos 54 produtos componentes do quadro do VPAF, 40 apresentaram aumento do preço médio e 14 sofreram queda em 2011, em relação ao ano precedente. No tocante à produção, ocorreu aumento de 23 produtos e queda de 31. Verificou-se crescimento do valor da produção de 38 produtos e diminuição de 16.
 

            As principais fontes de variação do VPAF em 2011 foram os aumentos dos preços dos produtos, cujo índice geral cresce 15,6%, enquanto a produção agropecuária e florestal decresce 1,7%. Os maiores aumentos foram dos grãos e fibras, com acréscimo de 25,4%, graças à elevação dos preços (23,9%), enquanto a produção aumenta apenas 1,2%. O segundo grupo em desempenho foi o das olerícolas, que apresenta crescimento de 16,1% do valor, com contribuição dos aumentos de preços (7,4%) e de produção (8,2%). O único grupo com queda de valor da produção é o dos florestais, que decresceu 2,3% em 2011 em relação ao ano anterior (Tabela 1).
 

            Dentre os produtos líderes no ranking do VPAF de 2011, os seis primeiros (cana--de-açúcar, carne bovina, madeira de eucalipto, laranja para indústria, carne de frango e café), que perfazem 75,3% do valor total, mantiveram suas posições se comparado ao anterior. O milho supera o ovo no ranking, passando à sétima posição, graças ao aumento expressivo dos preços (47,7%).
 

            Os produtos que mais subiram no ranking 2011 são: algodão (17 posições), mandioca para mesa (8 posições), tomate para mesa (7 posições), borracha (6 posições) e manga (5 posições). Por outro lado, alguns desceram na lista de posições, como limão (6 posições), batata (6 posições) e tomate para indústria (8 posições).
 

            Os produtos que apresentaram as maiores altas de valor, em termos relativos, foram: algodão em caroço (227,9%), tomate para mesa (78,7%), manga (96,6%), goiaba para mesa (59,6%), beterraba (48,5%), mandioca para mesa (48,1%) e borracha (43,0%). Em contraponto, as maiores baixas foram: batata (32,1%), limão (30,0%), tomate para indústria (29,9%), cebola (25,4%), repolho (21,4%) e madeira de pínus (20,7%).
 

            O valor da produção da cana-de-açúcar, principal produto da agropecuária paulista, cresceu 15,3% em 2011 e, como em 2009 e 2010, foi resultado do aumento do preço (21,9%), porquanto a produção decresceu 5,5% devido à estiagem, que afetou a produtividade da cultura no Estado de São Paulo. A participação da cana-de-açúcar no valor da produção agropecuária e florestal total do Estado se manteve praticamente no mesmo nível de 2010 (44%).
 

            Dada a expressiva participação da cana-de-açúcar no VPAF estadual, para calcular a renda bruta setorial torna-se interessante analisar o desempenho geral da agropecuária do Estado de São Paulo, sem esse produto. Nesse sentido, estima-se o valor da produção da agropecuária e da silvicultura paulista em 2011 em R$33,2 bilhões, o que corresponde a aumento de 12,2% em relação ao valor de 2010. Descontada a inflação, o crescimento é de 5,3%.
 

            O valor da produção florestal diminui 2,3%, perdendo da inflação, em função da relativa estagnação da demanda da maioria dos setores industriais que consomem madeira, como celulose, chapas, cerâmica, couros, carnes, alimentos e construção civil, que haviam se retraído em função da crise de 2008/09 e retomado as produções em 2010. No entanto, o setor de resina de pínus contribuiu decisivamente para que a queda do valor da produção florestal não fosse maior do que o apresentado, visto que os preços aumentaram 39,4% com produção estabilizada nos níveis de 2010. Mesmo com esse desempenho discreto, o valor da produção florestal do Estado de São Paulo permanece em terceiro lugar no ranking dos grupos de produtos da agropecuária paulista. 


 Tabela 1 - Preço Médio, Produção e Valor Total da Produção Agropecuária e Florestal, Estado de São Paulo, 2010 e 2011

 1Preço médio corrente, de janeiro a dezembro para 2010 e 2011.

Fonte: Dados da pesquisa.
 
 

Tabela 1 - Preço Médio, Produção e Valor Total da Produção Agropecuária e Florestal, Estado de São Paulo, 2010 e 2011

1Calculado com preços médios correntes dos produtos, de janeiro a dezembro para 2010 e 2011.
Fonte: Dados da pesquisa.

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1Uma estimativa preliminar do valor da produção de 2011 foi publicada em TSUNECHIRO, A. et al. Valor da produção agropecuária e florestal do Estado de São Paulo em 2011: estimativa preliminar. Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 9, p. 59-70, set. 2011.

2CASER, D. V. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, ano agrícola 2010/11, 3° levantamento, fevereiro de 2011. ______, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 73-88, abr 2011.

3______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, ano agrícola 2010/11, 4° levantamento, abril de 2011. ______, São Paulo, v. 41, n. 6, p. 84-107, jun. 2011.

4______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, ano agrícola 2010/11, 5° levantamento, junho de 2011. ______, São Paulo, v. 41, n. 8, p. 59-78, ago. 2011.

5______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, ano agrícola 2011/12, intenção de plantio, e levantamento final, ano agrícola 2010/11, setembro de 2011. ______, São Paulo, v. 41, n. 10, p. 52-70, out. 2011.

6______. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, ano agrícola 2011/12, 2º levantamento, e levantamento final, ano agrícola 2010/11, novembro de 2011. ______, São Paulo, v. 41, n. 12, p. 50-71, dez. 2011.

7INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Área e produção dos principais produtos da agropecuária. São Paulo: IEA, 2012. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/bancoiea/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma
=1>. Acesso em: 23 mar. 2012.

8COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO - CEAGESP. Cotações. São Paulo: CEAGESP, 2012. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/cotacoes/>. Acesso em: 30 mar. 2012.

9INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA- IEA. Preços médios mensais recebidos pelos agricultores. São Paulo: IEA, 2012. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/Precos_Medios.aspx?cod_sis=2>. Acesso em: 23 mar. 2012.

10______. Mercados florestais. São Paulo: IEA, 2012. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out
/floresta/mercadoflorestais.php>. Acesso em: 30 mar. 2012.

11Associação Brasileira dos Produtores de Celulose e Papel (BRACELPA), Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA), Associação dos Resinadores do Brasil (ARESB) e Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira (ABPM).

12INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Indicadores IBGE: Sistema Nacional de Preços ao Consumidor. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201203caderno.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2012.

13HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Pioneira, 1991. 426p. (Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais: Economia).

14Op. cit. notas 2, 3, 4, 5, 6.

15Id. nota 14.

Palavras-chave: produção, preços, produtos florestais, renda bruta.

 

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Data de Publicação: 27/04/2012

Autor(es): Alfredo Tsunechiro (tsunechiro@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
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