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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2011/12, 3o Levantamento, Fevereiro de 2012
(1) A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou, de 01 a 24 de fevereiro de 2012, a terceira previsão e estimativa da safra agrícola para as principais culturas do Estado de São Paulo (Tabelas 1 e 4). Os dados foram obtidos pelo método subjetivo2, que consiste nas informações fornecidas pelos técnicos das Casas de Agricultura em cada um dos 645 municípios paulistas. As informações finais para batata das águas, no ano agrícola 2011/12, indicam acréscimos de área cultivada (19,5%) e na produção (15,0%), porém a produtividade obtida teve redução (3,7%). Para o feijão das águas, foi registrada redução na área (6,2%) e quedas de produtividade (5,8%) e produção (11,6%), em relação a 2010/11. Os resultados desfavoráveis, em certa medida, são decorrentes dos efeitos climáticos provocados pelo fenômeno 'La Niña', que durante o desenvolvimento e a colheita incidiram sobre a cultura. Outra condicionante está na cotação do produto na época de plantio, meses de julho e agosto, que influencia no tamanho da lavoura a ser estabelecida. Para o algodão, os resultados obtidos mostram a manutenção da área cultivada (0,3%) e estimam aumentos de produção (10,0%) e de produtividade (10,3%), que poderão ser confirmados no levantamento de abril. As incertezas da economia internacional, principalmente europeia, sinalizam o recuo da demanda, fato, então, considerado na decisão dos produtores em restringir suas áreas com a cultura. Assim, na região sudoeste do Estado (EDRs de Avaré, Itapeva e Itapetininga), a área plantada mantém o patamar de 2011; já a regional de Presidente Venceslau registra aumento da área plantada. Por outro lado, o EDR de Votuporanga reduziu novamente o plantio, perdendo área, principalmente, para a cana-de-açúcar. O aumento na produção encontra explicação nos ganhos em produtividade por conta das condições climáticas que permitem o desenvolvimento da cultura, com suporte de chuvas esparsas e boa luminosidade, propícias para a lavoura. As condições favoráveis do mercado de amendoim e o estímulo à renovação de canaviais motivaram os investimentos na produção das águas que, comparada à safra anterior, mostra-se 34,7% maior, resultado do aumento de 23,0% na área plantada e de ganhos em produtividade na ordem de 9,5%. As principais regiões produtoras são os EDRs de Jaboticabal, Presidente Prudente, Assis, Marília, Tupã, Barretos, Lins e Catanduva que juntas correspondem a 74% da plantação do Estado. TABELA 1 - Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Comparativo de Área, Produção e Rendimento, Ano Agrícola 2011/12, 3º Levantamento, Fevereiro 20121 TABELA 1 - Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Comparativo de Área, Produção e Rendimento, Ano Agrícola 2011/12, 3º Levantamento, Fevereiro 20121 A mesma situação estende-se para a segunda safra, o amendoim da seca, que apresenta na primeira previsão crescimento na área plantada (8,8%) e com estimativas de elevação da produtividade e de produção. Os EDRs de Presidente Prudente e Dracena são as regiões que mais aumentaram o cultivo. Quanto ao arroz, são esperados acentuados decréscimos de área (25,0%) e produção (23,5%) e tal comportamento é explicado principalmente pelas condições de mercado, cujo indicador mais evidente é a baixa cotação do produto. Para a batata da seca, a expectativa é de aumento da área plantada (17,7%) e na produção esperada (14,7%), porém os resultados indicam produtividade negativa (-2,6%). Nas lavouras de feijão da seca, a tendência é de queda acentuada na área (17,0%) e na produção (24,6%), com a produtividade também negativa em 9,1%, em relação à safra 2010/11. A entrada de feijão de outros Estados como Paraná e Minas Gerais aumentam a oferta do produto diminuindo suas cotações. Este fato tem levado os produtores paulistas a substituir suas áreas de feijão por outras culturas. Neste terceiro levantamento, as estimativas para o milho sequeiro e irrigado são de aumento de área (3,2%) e de produção (2,3%). Já em relação à produtividade há indicativos de pequena queda (0,9%). As boas cotações alcançadas pelo grão na safra passada e expectativas de maior demanda do produto para a produção de rações animais incentivaram o aumento de área. Para a safra de inverno do milho (conhecida como safrinha), espera-se crescimento de 2,5% na área plantada e um salto na produção de 50,5%, acompanhado por igual crescimento na produtividade (46,8%), pois no ano agrícola anterior, registraram-se perdas consideráveis na produção devido ao clima com período de estiagem e ocorrências de geadas. A cultura da soja aponta um pequeno acréscimo de área plantada (2,4%), porém reduções na produção (1,1%) e produtividade (3,5%), ainda por conta dos efeitos climáticos que atingiram a lavoura no período de semeadura, no desenvolvimento vegetativo e de maturação do grão, enquanto para a soja safrinha, essa primeira avaliação indica queda na área (10,8%), na produção (13,3%) e na produtividade (2,9%). A área e a produção de cebola de bulbinho têm aumento esperado de 5,3% e de 6,3%, respectivamente, e na produtividade de 0,6%, em relação à safra passada. A região de Monte Alto, grande produtora da hortaliça, espera colher uma safra maior pois o clima, com temperaturas mais baixas e pouca chuva, é ideal para o desenvolvimento da cebola. Os dados da previsão de fevereiro, para mandioca destinada à indústria, indicam diminuição de área (8,5%), de produção (2,0%) e rendimento (2,7%), frente à safra anterior. Para a mandioca de mesa, são esperados crescimentos de área plantada (6,6%), de produção (11,1%) e também aumento na produtividade de 6,7%. Esse comportamento distinto das mandiocas (mesa e indústria), de certo modo, reflete as diferenças nas cotações de preços pagos aos produtores desde janeiro de 2011, enquanto os preços do produto de mesa estão mais remuneradores, o da indústria vem registrando baixas. Presente na maior parte das mesas do brasileiro, o tomate envarado, destinado ao consumo in natura, deve apresentar para esta safra redução da área plantada (2,9 %), da produção (6,5%) e do rendimento (3,8%). As principais regiões produtoras concentram-se no sudoeste do Estado, principalmente no EDR de Itapeva. Igualmente importante, porém, para o segmento industrial, o tomate rasteiro, destinado ao processamento, tem a indicação de retração da área plantada (3,4%), mas aponta crescimento na produção (1,9%) e no rendimento de 5,6%. Na cultura da banana foi observado um discreto aumento de área (2,6%) mas estima-se uma produção menor (1,3%) em relação ao ano anterior, com reflexo mais acentuado na produtividade (4,3%). Os primeiros números para a safra agrícola 2011/12 da cana-de-açúcar estimam expansão na área plantada em 3,1%, aumentos na produção de 4,0% e na produtividade de 3,6%, em relação a 2010/11. A ocorrência de chuvas em algumas regiões ficou abaixo da média histórica para o período, o que pode comprometer o desenvolvimento do plantio e da soca. Portanto, os resultados ora apresentados poderão ser alterados no decorrer da safra. Na cafeicultura paulista, apesar da prolongada estiagem e incidência de ondas de frio nos principais cinturões cafeeiros do Estado observados em 2011, deve ocorrer um crescimento na produção. O estado vegetativo das lavouras na corrente safra surpreendeu, apresentando incremento na estimativa de produção de 1,12 milhão de sacas frente à safra passada (expectativa de colheita de 5,04 milhões de sacas ou mais 28,7%), enquanto a área em produção permaneceu praticamente estável com 208 mil hectares cultivados (0,7%). A produtividade média estimada será de 24,16 sc./ha, reforçando a ideia de um ciclo de alta. Os resultados deste levantamento, disponibilizados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) encontram-se na tabela 2, e por Região Administrativa (RA), na tabela 3. O 4o levantamento das safras agrícolas do Estado de São Paulo, de abril, deverá trazer informações mais precisas sobre produções e produtividades, para o ano agrícola 2011/12. _____________________ 1Os autores agradecem os comentários dos colegas pesquisadores do IEA. Também agradecem aos técnicos das Casas de Agricultura o desempenho no levantamento. 2Entende-se por método subjetivo a informação dada pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta do dado da forma declaratória, fornecida pelo responsável da unidade de produção.
(continua)
(conclusão)
Data de Publicação: 09/04/2012
Autor(es):
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ana Maria Montragio Pires de Camargo Consulte outros textos deste autor
Carlos Roberto Ferreira Bueno Consulte outros textos deste autor
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Mario Pires De Almeida Olivette (olivette@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor