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Evolução do desempenho do comércio exterior paulista e brasileiro no período 1997-2011
Nas
importações paulistas houve oscilações entre os anos de 1997 e 2002, com leve
tendência de queda, saindo de US$ 28,53 bilhões para US$ 19,84 bilhões. Porém,
após esse período ocorre acréscimo, avançando em ritmo acelerado para atingir
US$ 66,35 bilhões em 2008. Com a crise internacional da metade de 2008 em
diante, a desvalorização da moeda brasileira ocorrida num primeiro momento cujos
efeitos perduraram em grande parte de 2009, provocou a redução das aquisições
externas que somaram US$ 50,48 bilhões. A volta da valorização cambial elevou as
aquisições externas para US$ 67,77 bilhões em 2010 e atingino US$ 82,16 bilhões
em 2011 (Figura 2).
Os
saldos da balança comercial paulista mostraram notável reversão de resultados no
período 1997-2007. De uma realidade de déficit no período 1997-2001 - embora
recuando de US$ 10,43 bilhões negativos em 1997 para US$ 4,15 bilhões negativos
em 2001 - em 2002 a balança comercial paulista mostrou saldos positivos
atingindo US$ 0,27 bilhão. Esse superávit ampliou-se nos anos seguintes para
alcançar a expressiva soma de US$ 8,66 bilhões em 2006. Entretanto, em 2007
reverte-se a tendência, com queda do saldo comercial para US$ 3,33 bilhões. Essa
reversão levou a déficits a partir de 2008, atingindo US$ 8,02 bilhões em 2009 e
saltando para US$ 15,48 bilhões em 2010 e US$ 22,25 bilhões em 2011 (Figura 3
e Tabela 1).
As
exportações das outras Unidades da Federação apresentaram queda entre 1997-1999,
saindo de US$ 34,90 bilhões para US$ 30,47 bilhões. Após esse período
mostraram-se crescentes, tendo acelerado esse ritmo a partir de 2002, alcançando
o valor de US$ 140,61 bilhões em 2008. Em 2009 a realidade de crise mundial
produziu a queda das vendas externas desse conjunto de unidades da federação,
cujo valor atingiu US$ 110,53 bilhões. Em 2010, reverte-se a realidade comercial
com novo avanço para R$ 149,52 bilhões de vendas externas que continua em 2011
com US$ 196,13 bilhões (Figura 4).
O
valor das importações das outras Unidades da Federação entre os anos de 1997 e
2002 mostra variações com leve tendência de queda, iniciando o período com US$
31,22 bilhões e fechando com US$ 27,41 bilhões. Após este momento seu valor
elevou-se de forma significativa chegando a quantia de US$ 106,6 bilhões em
2008, recuando na conjuntura da crise mundial para US$ 77,16 bilhões em 2009,
mas com câmbio valorizado alcançou nova alta para US$ 113,88 bilhões em 2010,
até que em 2011 atingiu US$ 144,08 bilhões (Figura 5).
O
saldo da balança comercial das outras Unidades da Federação foi positivo em
todos os anos, iniciando o período com US$ 3,68 bilhões em 1997 e fechando com
US$ 36,70 bilhões em 2007. A partir de 2001 os valores começaram movimento mais
consistente de aceleração, embora a partir de 2005 note-se uma perda de
dinamismo refreando a expansão do período 2000-2005, ao mostrar persistente
recuo para atingir US$ 33,37 bilhões em 2009. Em 2010 há reversão da queda do
saldo comercial com crescimento para US$ 35,75 bilhões, que salta para US$ 52,05
bilhões em 2011(Figura 6).
As
exportações brasileiras iniciaram 1997 com US$ 52,99 bilhões e caíram nos dois
anos seguintes, atingindo US$ 48,01 bilhões em 1999. Porém, a partir de 2000, as
vendas externas cresceram, com notória aceleração a partir de 2002, atingindo o
pico em 2008 com US$ 197,94 bilhões. Em 2009 com o cenário da crise
internacional as exportações revertem a tendência diminuindo para US$ 152,99
bilhões, mas em 2010 verifica-se forte incremento das vendas externas alcançando
US$ 201,92 bilhões, que avança para 2011 quando atinge US$ 256,04 bilhões, o
maior patamar histórico (Figura 7).
Entre
os anos de 1997 e 2002 as importações brasileiras exibiram comportamento
instável; a partir do ano de 2002 é que se iniciou uma fase de crescimento. O
valor em 1997 era de US$ 59,75 bilhões e o de 2008 alcançou o pico de US$ 172,9
bilhões. Em 2009, a desvalorização da moeda brasileira no segundo semestre e a
crise internacional levaram a queda das aquisições externas para US$ 127,65. Em
2010, verifica-se nova reversão com aumento para US$ 181,65, na esteira de nova
intensificação da apreciação cambial, que tem continuidade em 2011 quando atinge
US$ 226,24 bilhões (Figura 8).
O
saldo da balança comercial brasileira apresentou déficits entre 1997 e 2000,
iniciando esse período com US$ 6,75 bilhões negativos e conseguindo reverter
essa situação somente no ano de 2001, quando o saldo atingiu patamar de US$ 2,65
bilhões positivos. A partir de então se realiza intensa aceleração dos
superávits, com seu valor fechando o período 1997-2006 em US$ 46,07 bilhões. Em
2007 essa tendência reverte-se com obtenção de saldo comercial menor - ainda que
positivo - e atingindo US$ 40,03 bilhões, processo aprofundado no biênio
seguinte com os US$ 24,95 bilhões obtidos em 2008 e US$ 25,95 bilhões de 2009.
Em 2010, nova queda reduziu o saldo comercial para R$ 20,27 bilhões, que reverte
novamente para US$ 29,80 bilhões em 2011 (Tabela9).
O
comportamento da balança comercial, tanto no caso paulista como no brasileiro,
revela a resposta às medidas de mudança no regime cambial, com a adição do
câmbio flutuante ao invés do câmbio fixo, com o que, num primeiro momento,
ocorreu significativa desvalorização da moeda brasileira na mesma época em que
as compras internacionais elevaram-se. Com isso, a estrutura produtiva
brasileira aproveitou as condições favoráveis ampliando mercados. Com a crise
internacional de 2009, ocorre desempenho inferior aos dos anos anteriores,
revertido em 2010 com novo aumento das exportações, mas nessa retomada numa
realidade de apreciação cambial, as compras externas avançam, tendência que
continua em 2011 (Tabela 1). O
desempenho da fase de saldos positivos tem relação direta com as mudanças na
política cambial brasileira, executadas em janeiro de 1999, passando do regime
de câmbio fixo para o regime de câmbio flutuante. Num primeiro momento houve
desvalorização da moeda nacional até maio de 2004 produzindo saldos crescentes.
No segundo momento a apreciação recente frente ao dólar produziu o recuo do
saldo comercial que persiste até 2010, revertendo em 2011, sendo que, no caso
paulista, passou a ser novamente a ser negativo nos últimos anos (Tabela
1). A valorização da moeda brasileira representa um elemento fundamental
para a economia brasileira, que não apenas perde competitividade externa de
relevantes segmentos produtivos como verfica-se queda livre dos saldos
comerciais com a elevação das importações em ritmo mais acelarado que as
exportações.
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Palavras-chave: balança
comercial brasileira, balança comercial paulista, exportações,
importações.
Data de Publicação: 04/04/2012
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor