Artigos
Destinos das Exportações dos Agronegócios Brasileiros no Biênio 2010-2011
Os
agronegócios representam parcela expressiva das exportações brasileiras,
atingindo US$79,96 bilhões de US$201,92 bilhões em 2010 (39,6%) e US$98,94
bilhões de US$ 256,04 bilhões em 2011 (38,6%). Verifica-se que as vendas
externas setoriais cresceram em ritmo menor (+23,7%) que as exportações totais
nacionais (+26,8%) (Tabela 1). Esses indicadores mostram a importância setorial
na geração das divisas estruturadoras do processo de desenvolvimento nacional.
Tabela 1 – Exportações totais e dos agronegócios, Brasil, 2010 e 2011
A
análise dos destinos das exportações dos agronegócios revela: 1) a enorme
concentração na medida em que os cinco mais relevantes mercados dos agronegócios
representam mais da metade das exportações (56,03%); e 2) com a importância
setorial nas exportações, mostra-se que, em 27 dos 50 principais mercados, a
participação dos agronegócios representa mais da metade das exportações para
esses destinos. Os indicadores revelam também que as vendas externas setoriais
realizadas acontecem predominantemente com mercados fora do continente
sul-americano, sendo os cinco destinos mais expressivos a União Europeia
(24,4%), a China (16,8%), os Estados Unidos (7,2%), a Rússia (4,1%) e o Japão
(3,6%). Nesses países, os que tiveram maior incremento na comparação de 2011 com
o ano anterior foram a China (+ 50,4%) e o Japão (48,1%). Já a Rússia (+0,3%)
apresentou, entre 2010 e 2011, estagnação nas aquisições de produtos dos
agronegócios brasileiros (Tabela 2).
Tabela 2 – Destino das Exportações Totais e dos Agronegócios Segundo o Destino e Perfil da Agregação de Valor, Brasil, 2010-2011
Tabela 2 – Destino das Exportações Totais e dos Agronegócios Segundo o Destino e Perfil da Agregação de Valor, Brasil, 2010-2011
No
continente sul-americano, as vendas dos agronegócios mais importantes são para a
Venezuela (2,70%) - com um crescimento de 13,60%, ocupa a sexta colocação dentre
os principais destinos -, seguida da Argentina (2,27%), que aumentou 11,48% suas
compras do Brasil e está na oitava colocação. O Paraguai (1,34%), com incremento
de 29,71% nas comercializações, está na 15.a colocação (Tabela 2). O comércio
interno sul--americano, assim, se configura como de representatividade reduzida
nas transações externas dos agronegócios, ocorrendo o contrário na medida em que
esses países – à exceção da Venezuela - são concorrentes diretos dos produtos
dos agronegócios brasileiros nos principais mercados.
Analisando os perfis de agregação de valor, os produtos básicos, que consistem
nas mais importantes mercadorias exportadas pelos agronegócios brasileiros, têm
como seus principais destinos a União Europeia com US$14,87 bilhões (61,58% das
compras europeias), a China com US$12,44 bilhões (75,04% das compras chinesas),
o Japão com US$2,66 bilhões (74,88% das compras japonesas), os Estados Unidos
com US$2,49 bilhões (35,10% das compras norte-americanas) e a Rússia com US$2,97
bilhões (50,75% das compras russas) (Tabela 2). Fica nítido que, para três dos
principais mercados dos agronegócios brasileiros – União Europeia, China e Japão
-, o foco das transações foram os produtos básicos, e que nos Estados Unidos –
exceção nesses mercados mais relevantes - verifica-se menor proporção de
produtos não processados exatamente porque os agronegócios norte-americanos são
concorrentes diretos dos brasileiros em importantes destinos das exportações
setoriais.
Quando se verificam os semimanufaturados, destaca-se também a União Europeia com
US$4,33 bilhões (17,92% das compras europeias), a China com US$3,71 bilhões
(22,36% das compras chinesas), a Rússia com US$1,85 bilhão (45,42% das compras
russas), os Estados Unidos com US$1,73 bilhão (24,37% das compras
norte-americanas) e o Egito com US$1,73 bilhão (54,75% das compras egípcias)
(Tabela 2). Nesses produtos intermediários, apenas o mercado egípcio apresenta
proporção preponderante das compras setoriais, sendo que nas importações russas
o percentual também se mostra importante, o que está associado fundamentalmente
às exportações brasileiras de açúcar para esses mercados.
Os
produtos finais manufaturados dos agronegócios brasileiros concentram suas
exportações na União Europeia, com US$4,94 bilhões (20,50% das compras
europeias), nos Estados Unidos, com US$2,88 bilhões (40,53% das compras
norte-americanas), na Argentina, com US$1,75 bilhão (77,84% das compras
argentinas), no Paraguai, com US$1,14 bilhão (85,56% das compras paraguaias) e
na Venezuela, com US$703 milhões (26,30%) (Tabela 2). Nota-se de forma nítida
que mercados de nações que concorrem com os produtos básicos brasileiros acabam
sendo acessados apenas por produtos processados brasileiros, como acontece com
os mercados norte-americano, argentino e paraguaio. Os produtos básicos
prevalecem em exportações para países que são menos competitivos e demandam
elevadas quantidades desses produtos, como o mercado europeu. De qualquer forma,
a União Europeia consiste no principal mercado dos produtos dos agronegócios
brasileiros independentemente do perfil de agregação de valor.
Em
síntese, as exportações dos agronegócios brasileiros, ainda que estejam
presentes em diversos mercados, têm mais da metade do valor das mercadorias
destinadas concentrada em cinco mercados, sendo a União Europeia (ainda que nos
últimos anos venha crescendo as compras chinesas) o mais relevante tanto para os
produtos básicos como para os processados (semimanufaturados e manufaturados).
Em mais da metade dos mercados listados entre os 50 mais relevantes, os
agronegócios respondem pela maior proporção dos valores das exportações
brasileiras. E, finalizando, compram processados dos agronegócios brasileiros em
maior proporção das compras setoriais totais, como era de se esperar, nações que
concorrem com os produtos básicos brasileiros.
Palavras-chave: destinos, exportações, agronegócios brasileiros, 2010-2011.
Data de Publicação: 02/03/2012
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor