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Estimativa Final da Safra de Laranja no Estado de São Paulo, Ano Safra 2011/12
1 - Introdução
O
resultado da estimativa de safra de laranja, no Estado de São Paulo, é produto
de parceria entre a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA) –
Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI) - e a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), pertencente
ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A
metodologia de levantamento das informações baseou-se em desenho de amostra
probabilística estratificada das unidades de produção agropecuária, tendo por
referência o Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária
2007/08, Projeto LUPA2, segundo Camargo e Francisco.3
Para o ano safra 2011/12, a distribuição do número de elementos nos estratos
aleatórios foi alterada, em comparação com a utilizada no ano safra anterior,
com a finalidade de diminuir o coeficiente de variação final das estimativas. O
sorteio foi realizado no sistema de referência constituído pelo Projeto LUPA,
atualizado sistematicamente de forma não probabilística, para o ano civil
2011.4
Dessa forma, a amostra resultou em 608 elementos distribuídos no Estado de São
Paulo. As informações colhidas têm por referência o período do ano safra
2011/12, e o período de coleta dos dados ocorreu em novembro de 2011, mediante
aplicação de questionário estruturado junto ao responsável pela unidade de
produção agrícola. 2 - Resultados do Levantamento
2.1 - Análise estatística O
percentual de não respondentes produziu na população estimativa de 10% de falta
de resposta. Todavia, para suprir essa falta de informação, foi utilizada a
técnica de tratamento de não resposta, mais especificamente, técnicas indiretas
de imputação de dados, nas quais os valores perdidos (ou não obtidos) são
estimados por algum tipo de modelo, a fim de completar o conjunto de dados para
que nele sejam aplicadas as análises desejadas. Se feita com cuidado, a
imputação leva a estimadores consistentes e testes válidos.5
Para o levantamento em análise, optou-se por compor a estimativa a partir de
dois processos de imputação de dados: um processo para os estratos aleatórios e
outro para o estrato censitário. A escolha desse procedimento foi devido ao tipo
de informação indireta para a variável produção, obtida junto aos elementos
amostrais, relativo ao estrato censitário com falta de resposta total.
Para as unidades amostrais dos estratos aleatórios, nomeadamente, foi utilizada
a técnica de substituição pela média do grupo similar (group mean
substitution), isto é, a média de um grupo de elementos que sejam
relativamente homogêneos, em relação à variável com valor perdido.6
Para aquelas do estrato censitário, utilizou-se a produtividade média declarada
para um determinado subgrupo de UPAs com destino exclusivo para processamento
industrial; repetição das informações do levantamento anterior para outro
subgrupo de UPAs com destino exclusivo para processamento industrial; para as
demais, utilizou-se modelo de média predita.7 A
precisão das estimativas foi avaliada pelo coeficiente de variação (CV),
percentual de diferença entre o valor estimado pela pesquisa e o verdadeiro
valor, para estimativas do Estado. As principais variáveis, para a finalidade do
levantamento, mostram--se com boa precisão, isto é, a amostragem atingiu o
objetivo, ficando próximo à esperada no processo de delineamento amostral.
2.2 – Análise dos Resultados e Discussão
O
ano safra 2011/12 apresentou condições climáticas favoráveis à cultura da
laranja no Estado de São Paulo. O longo período de estiagem no segundo semestre
de 2010 favoreceu a florada e reduziu a ocorrência de doenças. As possíveis
perdas no pegamento, ocasionadas pelas poucas chuvas de novembro de 2010, foram
compensadas com o retorno das precipitações em dezembro no centro-sul do Estado,
o que favoreceu o início da expansão dos frutos. Em
janeiro e fevereiro de 2011, as chuvas mal distribuídas provocaram novas
floradas nas regiões centro, norte e noroeste do Estado. Entretanto, o pegamento
foi menor que o anterior, devido ao excesso de chuvas em janeiro, que causou a
queda de flores em alguns pomares e a estiagem de fevereiro causou abortamentos.
Em
março, as chuvas ocorreram abaixo da média no centro-sul do Estado. No entanto,
devido à disponibilidade de água no solo, não houve prejuízos significativos ao
crescimento dos frutos, que foi favorecido pela maior luminosidade e controle
fitossanitário. Em
abril, choveu próximo da média em todas as regiões produtoras de São Paulo e o
desenvolvimento dos frutos foi normal.
Nos meses seguintes (maio, junho, julho, agosto e setembro), houve a diminuição
natural no índice pluviométrico, o que favoreceu a maturação e a colheita dos
pomares. No entanto, as chuvas podem ter sido insuficientes para o
desenvolvimento das frutas tardias, principalmente no noroeste do Estado.
Tais influências climáticas também favoreceram as condições para os tratos
fitossanitários dos pomares citrícolas e colheita homogênea.
Para o ano safra 2011/12, estimou-se produção comercial de 375,7 milhões de
caixas de 40,8 kg para o Estado de São Paulo, não incluídas as produções
domésticas e perdas na ordem de 9,1 milhões de caixas.8 As
estimativas quase não se alteraram ao longo de 2011, sendo estimados 359,2
milhões de caixas no primeiro levantamento, e 377,1 milhões de caixas no segundo
deste ano. Em relação à safra passada, a produção comercial obtida no atual
levantamento foi 26,3% superior (375,7 milhões de cx. 40,8 kg da safra 2011/12
ante 297,5 milhões de cx. 40,8 kg da safra 2010/11). Os resultados demonstraram
que as condições climáticas da safra 2011/12 foram favoráveis durante todo o
desenvolvimento da cultura, o que proporcionou significativos aumentos em
relação à safra passada (Tabela 1). Em
relação às perdas e pomares domésticos, no primeiro levantamento deste ano a
previsão era de 6,3 milhões de caixas. Já neste levantamento, o valor obtido foi
de 9,1 milhões. Da totalidade dos produtores, 22% informaram que obtiveram
perdas de até 5% de sua produção; 0,5% dos produtores informaram perdas entre 5%
e 20% de sua produção; 6,4% dos produtores informaram perdas superiores a 20% em
sua produção.
Segundo as previsões do início desta safra, estimava-se que 86% da produção
comercial teria como destino as indústrias processadoras. Porém, os resultados
finais apontaram que 89,1% tiveram este destino. O Índice Quadrissemanal
de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), no mês de novembro,
apresentou significativa alta para a cotação da laranja de mesa (in
natura), fechando o mês com ganhos de 14,86%, comparativamente a
outubro, em decorrência da menor oferta da fruta para esta finalidade (Tabela
1). Já para a laranja com destino à indústria, no mesmo período, houve
acréscimos de 5,82%. O citricultor pôde investir nos tratos culturais dos
pomares, favorecendo a sanidade do pomar, o que refletiu diretamente no volume
da produção. A
produtividade média nesta safra foi de 715 cx. 40,8 kg por hectare (375,5
milhões de caixas produzidas em 525,5 mil hectares), superior em 23,2% à obtida
na safra passada, que foi de 580 cx. 40,8kg por hectare (322,1 milhões de caixas
produzidas em 555,1 mil hectares) (Tabela 1). A
colheita da laranja, dependendo do comportamento varietal, abrange normalmente o
período de maio a fevereiro. Os
primeiros resultados apontavam que, do percentual do volume produzido, os picos
de colheita seriam entre agosto e outubro de 2011. Porém, em algumas regiões
houve certa morosidade na negociação dos contratos, fazendo com que alguns
citricultores retardassem as colheitas, alterando assim a sua distribuição ao
longo do ano, quando até o fim de novembro foram colhidas 85% da produção desta
safra, podendo se estender até fevereiro de 2012 (Tabela 1). O
levantamento realizado, também em novembro, pelo método subjetivo que se baseia
na informação dada pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de seu
conhecimento regional e/ou da coleta do dado de forma declaratória, fornecida
pelo responsável da unidade de produção, contabilizou números muito próximos
quanto aos totais estaduais do levantamento por amostragem. Nota-se, entretanto,
uma diferença maior na área sem produção. Entende-se que o resultado encontrado
no levantamento por amostragem esteja subestimado, visto que foi usada a técnica
da média dos respondentes quando houve falta de resposta. Os demais resultados
foram estimados, caso aquele levantamento mantenha a mesma distribuição
percentual do volume produzido no destino da produção (indústria e mesa), na
produção perdida e em pomares domésticos (Tabela 2). O IBGE assumiu os
resultados obtidos do levantamento por amostragem. Tabela 1 – Estimativas Finais
da Safra de Laranja, Ano Safra 2011/12, Estado de São Paulo, Novembro de
2011 Tabela 2 - Comparativo de Área e
Produção de Laranja, Ano Safra 2011/12, Estado de São Paulo, Novembro de
2011 3 - Mão de Obra na Cultura da Laranja
De
acordo com levantamento realizado em
novembro de 2011, a mão de obra ocupada nas atividades citrícolas no Estado de
São Paulo foi estimada em 237,9 mil pessoas, sendo 52,2 mil de caráter
permanente e 185,7 mil volantes ou temporários. As participações das categorias
no trabalho permanente foram: proprietário, arrendatário, parceiro e seus
familiares com 42,6%, mensalista com 34,3%, tratorista com 18,5% e administrador
com 4,6% (Tabela 3).
Tabela 3 - Número de Pessoas
Ocupadas na Cultura de Laranja, por Categoria de Trabalho, Estado de São Paulo,
Novembro de 2011 A
cultura mantém-se como importante fonte de ocupação de mão de obra nas regiões
em que está instalada, devido, principalmente, à dificuldade de mecanização na
colheita. No entanto, nesta safra, esta etapa sofreu pequeno atraso para ser
iniciada dada as negociações sobre o preço da caixa. O que, de certa forma, foi
favorável para o citricultor, pois ele não teve muitos problemas em arregimentar
mão de obra devido ao término antecipado da colheita de cana de açúcar no
Estado. Também foram favoráveis as condições climáticas que homogeneizaram a
colheita, sendo que até novembro foi colhido grande parte do volume produzido. O
restante desta etapa estende-se até fevereiro com as frutas tardias. _________________________ 2SÃO PAULO (Estado). Projeto LUPA
2007/2008: Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do
Estado de São Paulo. São Paulo: CATI/IEA/SAA, 2008. Acesso em: jan. 2011.
3CAMARGO, F. P. ; FRANCISCO, V. L.
F. dos S. Estimativa de safra de laranja no Estado de São Paulo. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 5, p. 33-46, mai. 2011.
4Op. cit. nota 2.
5NIELSEN, S. F. Nonparametric
conditional mean imputation. Journal of Statistical Planning and
Inference. Amsterdam, Vol. 99, Issue 2, pp. 129-150, 2001.
6OLINSKY, A.; CHEN, S.; HARLOW, L.
The comparative efficacy of imputation methods for missing data in structural
equation modeling. European Journal of Operational Research, Amsterdam,
Vol. 151, Issue 1, pp. 53-79, 2003.
7Op. cit. nota 6.
8Foram consideradas produção de
pomares não expressivos economicamente e perdas relativas ao processo produtivo
e colheita, ocorridas na unidade de produção. Palavras-chave: laranja, ano safra,
produção comercial.
1Inclui produção de pomares não expressivos
economicamente e perdas relativas ao processo produtivo e à colheita, ocorridas
na unidade de produção.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: CASER, D.V et al. Previsões e estimativas das
safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2011/12, 2º levantamento e
levantamento final, ano agrícola 2010/11, novembro de 2011.Informações
Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 12, dez. 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Produção agrícola municipal. Rio de Janeiro,
2008. Disponível em: <http:www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 jan.
2012.
Fonte: Dados da pesquisa.
1Os autores
manifestam agradecimento à Equipe de Campo, da CATI, pelo desempenho na coleta
dos dados.
Data de Publicação: 14/02/2012
Autor(es):
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor
Priscilla Rocha Silva Fagundes (prsfagundes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Antônio José Torres (torres@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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