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Preços Agropecuários em baixa de 1,82% no encerramento de setembro
O Índice
Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2
encerrou o mês de setembro de 2011 em baixa de 1,82%. O IqPR-V (produtos
de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) registraram variações
negativas, respectivas de 1,14% e 3,64% (Tabela 1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Setembro de 2011 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Índice Acumulado |
São Paulo |
São Paulo - sem cana | ||
Variação mensal Setembro/11 |
Acumulada 12 meses |
Variação mensal Setembro/11 |
Acumulada 12 meses | |
IqPR |
-1,82 % |
19,28 % |
-3,16 % |
1,97 % |
IqPR-V |
|
23,39 % |
-2,65 % |
-4,88 % |
IqPR-A |
-3,64 % |
7,04 % |
? |
? |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Quando a
cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na
ponderação dos produtos), os índices fecham o mês de setembro com quedas
maiores: o IqPR registra 3,16% e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos
vegetais) vai para 2,65% (Tabela 1), visto que o recuo dos preços da cana se
mostrou persistente, mas com percentuais muito menores que os dos demais
produtos.
Os
produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de setembro foram: café
(13,13%), soja (5,63%) e milho (3,36%) (Tabela 2).
Para o
café, os preços em alta decorrem da pressão da demanda interna e da reação do
câmbio, em função da desvalorização da moeda brasileira nas últimas semanas que
reajustaram os preços recebidos pelos cafeicultores.
Na soja,
os preços refletem diretamente a nova realidade cambial, dada pela abrupta
desvalorização da moeda brasileira, levando a incrementos nos preços internos
ainda que os preços internacionais estejam em queda.
No curto
prazo, os preços do milho têm movimento similar ao da soja, respondendo ao
câmbio com aumento das vendas externas, numa conjuntura em que cresce
percentualmente a venda antecipada de safras futuras precificadas, em patamares
mais elevados.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: laranja para indústria (15,65%), batata (9,40%), ovos (5,98%), carne suína (5,31%) e carne de frango (5,06%) (Tabela 2).
A
queda dos preços da laranja para indústria decorre da magnitude da safra
colhida, com as agroindústrias operando em plena colheita no limite da sua
capacidade de moagem e numa realidade de demanda interna plenamente abastecida,
conduzindo a queda expressiva dos preços, atingindo patamares críticos para os
produtores.
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Setembro de 2011.
Origem |
Produto |
Unidade |
Cotações (R$) |
Variação mensal (%) |
Variação Set/11-Set/10 (%) | |
Agosto/11 |
Setembro/11 | |||||
VEGETAL |
Algodão |
15 kg |
59,67 |
59,58 |
-
0,16 |
-18,23 |
Amendoim |
sc.25 kg |
32,99 |
32,09 |
-
2,71 |
10,81 | |
Arroz |
sc.60 kg |
28,68 |
28,70 |
0,07 |
-19,74 | |
Banana nanica |
cx.21 kg |
14,19 |
14,44 |
1,77 |
14,43 | |
Batata |
sc.60 kg |
20,47 |
18,55 |
-
9,40 |
-30,96 | |
Café |
sc.60 kg |
439,01 |
496,65 |
13,13 |
62,35 | |
Cana-de-açúcar |
Kg de ATR |
0,4959 |
0,4942 |
-
0,34 |
42,22 | |
Feijão |
sc.60 kg |
102,99 |
102,99 |
0,00 |
-28,90 | |
Laranja p/ Indústria |
cx.40,8 kg |
10,44 |
8,80 |
-
15,65 |
-42,76 | |
Laranja p/ Mesa |
cx.40,8 kg |
11,60 |
11,13 |
-
4,09 |
-38,88 | |
Milho |
sc.60 kg |
25,45 |
26,30 |
3,36 |
33,72 | |
Soja |
sc.60 kg |
41,67 |
44,01 |
5,63 |
10,92 | |
Tomate p/ Mesa |
cx.22 kg |
30,48 |
29,61 |
-
2,84 |
118,19 | |
Trigo |
sc.60 kg |
28,66 |
27,55 |
-
3,87 |
-3,95 | |
ANIMAL |
Carne Bovina |
15 kg |
99,40 |
95,89 |
-
3,53 |
4,39 |
Carne de Frango |
Kg |
2,07 |
1,97 |
-
5,06 |
2,73 | |
Carne Suína |
15 kg |
50,13 |
47,47 |
-
5,31 |
-17,19 | |
Leite B |
Litro |
0,94 |
0,94 |
0,50 |
13,08 | |
Leite C |
Litro |
0,83 |
0,84 |
1,47 |
9,58 | |
Ovos |
30 dz |
46,90 |
44,10 |
-
5,98 |
18,84 | |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
(IEA). |
Na batata
verifica-se a tradicional gangorra de preços desta olerícola perecível,
importante na alimentação humana. Uma vez que sucedendo conjuntura de alta pela
reduzida oferta, entra uma fase de preços cadentes pela regularização da
colheita. Similar comportamento tem o tomate, também solanácea muito perecível,
agora com preços em queda ainda que em menor percentual.
Nos ovos,
o incremento substancial da oferta nas últimas semanas que finalizou o ciclo de
alta dos preços, abriu espaço para o reposicionamento das cotações internas,
levando a recuo dos preços recebidos pelos granjeiros.
Para a
carne suína, os preços quadrissemanais ainda não refletem o aumento de suas
exportações, além de que esse produto sofreu o impacto da redução dos preços das
carnes em geral, condições que reduziram as cotações no período.
Na carne
de frango, após período de patamares elevados os preços internacionais recuam de
maneira expressiva. Quando convertidos em moeda nacional, chegam muito próximos
dos praticados no mercado interno, num processo que acabou levando a recuos dos
preços recebidos.
Em resumo,
em setembro, 7 produtos apresentaram alta de preços (5 vegetal e 2 de origem
animal – especificamente os leites -) e 12 apresentaram queda (8 vegetal
e 4 animal). A cotação do feijão encerrou o mês de setembro nos mesmos patamares
do mês anterior.
No
acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 19,28%. Desconsiderando
a cana, o índice fecha em 1,97%. Por grupo de origem dos produtos, no IqPR-V
(vegetais), o acumulado tem forte alta e encerra com 23,39%, e sem a cana, o
índice fica com variação negativa de 4,88%; para o IqPR-A (animais), nos últimos
12 meses o índice fecha em alta de 7,04% (Tabela 1).
Na análise
da variação mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses
verificam-se comportamentos distintos. Os produtos vegetais crescem até maio de
2011, quando apresentam recuo persistente. Os produtos animais mostram
desempenho errático com idas e vindas, de novembro de 2010 a abril de 2011. De
abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda expressiva, seguida de alta
puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne de frango com os altos
preços internacionais. Na última quadrissemana todos os índices convergem para
baixo. (Figura 1).
Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos
pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Setembro de 2010 a Setembro de
2011.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Mas esse
comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado
pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram
os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária
paulista verifica-se que a reversão de tendência dá-se em maio, desde quando os
preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente definindo o
comportamento dos preços em geral na mesma direção (Figura 2).
Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Setembro de 2010 a Setembro de 2011.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Na
variação de preços de setembro/11 em relação a setembro/10 (Tabela 2), têm-se os
maiores incrementos para: tomate para mesa (+118,19%), café (+62,35%),
cana-de-açúcar (+42,22%), milho (+33,72%), ovos (+18,84%), banana nanica
(+14,43%), leite B (+13,08%), soja (+10,92%), amendoim (+10,81%), leite C
(+9,58%), que tiveram elevações de preços maiores que a inflação do período.
Tiveram preços maiores, mas inferiores ao patamar inflacionário a carne bovina
(+4,39%) e a carne de frango (+2,73%). O trigo (-3,95%) teve preços menores, mas
com quedas menos expressivas. Apresentou redução elevada os preços da laranja
para indústria (-42,76%), laranja para mesa (-38,88%), batata (-30,96%), feijão
(-28,90%), arroz (-19,74%), algodão (-18,23%) e a carne suína (-17,19%). Em
síntese, nos últimos 12 meses, o conjunto de 12 dos 20 produtos componentes do
índice apresenta preços atuais maiores e 8 têm preços inferiores. Logo, os
preços agropecuários, conquanto tenham queda convergente no curto prazo, ainda
mostram viés de alta, comparativamente às cotações do ano anterior.
_______________________________________________________________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de
Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As
cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim
Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das
quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras
semanas (base), sendo a referência = 01/09/2011 a 30/09/2011 e base = 01/08/2011
a 31/08/2011.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 05/10/2011
Autor(es):
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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