Preços Agropecuários encerram o mês de Junho com queda de 5,23%


 

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de junho de 2011 com queda de 5,23%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) registraram variações negativas de 6,90% e 1,07%, respectivamente (Tabela 1). (Tabela 1).
 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), os índices fecham o mês de junho negativamente, porém com menor intensidade, o IqPR registra 1,72% e IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fica em 2,34% (Tabela 1).
 
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Junho de 2011 e Acumulado nos Últimos 12 Meses

Índice Acumulado

São Paulo

São Paulo - sem cana

Variação mensal Junho/11

Acumulada 

12 meses

Variação mensal Junho/11

Acumulada 

12 meses

IqPR

-5,23 % 

29,01 %

- 1,72 %

17,91 %

IqPR-V

-6,90 %

33,27 %

- 2,34 %

19,48 %

IqPR-A

-1,07 %

15,52 %

-

-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.




            Para a variação acumulada nos últimos 12 meses, os resultados registraram expressivas variações positivas: 29,01% para o IqPR; 33,27% para o IqPR-V (vegetais) e 15,52% para o IqPR-A (animais). O valor do quilo de ATR da cana (valor referência de cálculo) subiu no período 39,29% (Tabela 2), o que explica os mais altos índices para o IqPR e IqPR-V.
 

                Desconsiderando a cana-de-açúcar no cálculo acumulado dos índices, o IqPR sem cana, embora positivo, tem diferença negativa de 11,1% em relação ao IqPR com cana e encerra com variações ascendentes de 17,91%; o IqPR-V sem cana, 13,8% menor que o IqPR-V com cana, fecha anualizado com uma ascensão de 19,48% (Tabela 1), puxados principalmente pelos preços do tomate para mesa (88,96%), café (72,90%), milho (69,51%), algodão (45,22%) e trigo (33,29%) (Tabela 2).
 
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Junho de 2011

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação mensal (%)

Variação Jun/11-Jun/10 (%)

Maio/11

Junho/11

VEGETAL

Algodão

15 kg

82,50
76,41
- 7,38 
45,22

Amendoim

sc.25 kg

31,69
30,21
- 4,67 
-5,96

Arroz

sc.60 kg

27,60
27,71
0,38 
-23,11

Banana nanica

cx.21 kg

9,84
10,27
4,44 
-10,27

Batata

sc.60 kg

38,94
35,54
- 8,75 
-36,14

Café

sc.60 kg

499,40
477,28
- 4,43 
72,90

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,5736
0,5148
- 10,25 
39,29

Feijão

sc.60 kg

110,83
109,80
- 0,93 
-18,30

Laranja p/ Indústria

cx.40,8 kg

13,59
13,59
- 0,04 
-2,85

Laranja p/ Mesa 

cx.40,8 kg

16,60
14,21
- 14,41 
-15,27

Milho

sc.60 kg

24,79
25,86
4,32 
69,51

Soja

sc.60 kg

40,97
42,10
2,75 
23,36

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

41,04
43,82
6,77 
88,96

Trigo

sc.60 kg

30,08
30,66
1,91 
33,29

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

97,78
95,37
- 2,47 
18,55

Carne de Frango

Kg

1,61
1,61
- 0,08 
18,84

Carne Suína

15 kg

46,50
39,23
- 15,64 
-21,04

Leite B

Litro

0,85
0,89
5,81 
6,13

Leite C

Litro

0,75
0,78
4,22 
-1,12

Ovos

30 dz

45,38
47,06
3,71 
15,67
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).




            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas neste mês foram: tomate para mesa (6,77%), leite B (5,81%), banana nanica (4,44%), milho (4,32%) e leite C (4,22%) (Tabela 2).
 

            Para o tomate de mesa, a menor oferta fruto de problemas climáticos na primeira metade de junho geraram perdas expressivas do produto, elevando os seus preços.
 

            Nos leites (B e C), a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na menor oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima. O aumento maior para o leite B em relação ao C, o que não é comum para este período do ano, deve-se ao fato do aumento do custo das rações. Os produtores de leite B são mais dependentes de insumos como o milho e a soja, que tiveram altas acentuadas nos últimos 12 meses.
 

            No caso da banana nanica, não é comum o preço subir de maio para junho como aconteceu. Tal fato pode ser atribuído ao frio mais rigoroso ocorrido em junho deste ano, que retarda em muito o desenvolvimento dos cachos de banana. Relatos de alguns informantes retratam também a boa qualidade do produto como indicativo desta agregação de valor.
 

            Para o milho, e mesmo na soja, estão refletidas movimentações decorrentes da elevada volatilidade do mercado internacional de commodities agropecuárias com a crise grega e as expectativas sobre o clima na safra norte-americana.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços em Junho foram: carne suína (15,64%), laranja para mesa (14,41%), cana-de-açúcar (10,25%), batata (8,75%) e algodão (7,38%) (Tabela 2).
 

            Para a carne suína, a boa oferta do produto decorrente da redução das exportações tem levado ao afluxo da produção competitiva dos outros estados brasileiros em conjunto com a concorrência das demais carnes, o que balizou negativamente os preços recebidos pelos suinocultores.
 

            Na laranja de mesa a redução expressiva dos preços revela uma realidade distinta do ano passado. Uma safra dentro da normalidade não tem sido capaz de absorver a oferta estacional mais intensa, reduzindo os preços recebidos pelos produtores. Em função disso, os preços da laranja de mesa se aproximaram dos preços da laranja para indústria que têm se mantido com variações reduzidas.
 

            O pico da safra das secas de batata, neste mês de junho, colocou no mercado uma enorme quantidade deste produto bastante perecível, que exacerbando os efeitos da sazonalidade diminuiu os preços recebidos pelos seus produtores.
 

            O algodão apresentou queda conjuntural em função do movimento de redução dos preços internacionais, numa conjuntura em que a tendência dos preços estará associada tanto ao ritmo da recuperação da economia européia e norte-americana quanto ao reflexo da demanda. No Brasil os preços da pluma sofrem o efeito das importações de têxteis chineses feitos pela agroindústria nacional de vestuário e confecções.
 

            No período analisado, 9 produtos apresentaram alta de preços (6 origem vegetal e 3 de origem animal) e 11 apresentaram queda (8 vegetal e 3 animal).
 

            Na análise do comportamento dos índices de preços agropecuários paulista há que ser considerada de forma isolada os impactos da cana-de-açúcar. Isso porque esse produto tem participação expressiva na ponderação na composição do índice, além de uma estrutura de mercado e de formação de preços peculiar. A cana –de –açúcar consiste na matéria prima para a produção de açúcar e energia (notadamente álcool) cuja remuneração da unidade comercializada (tonelada de cana) se dá pelo preço associado ao rendimento agroindustrial (expresso em açúcar total recuperável). Daí o expressivo salto dos índices de preços agropecuários paulistas desde o final do último mês de abril. Ainda que apresentando recuo em junho, as expectativas são de elevação no decorrer da safra (Figura 1).
 

            Explicitada essa peculiaridade dos índices de preços agropecuários paulistas mostra-se relevante a análise do comportamento dos mesmos sem a cana-de-açúcar, ou seja, ponderando-os sem contabilizar essa matéria prima agroindustrial. Os impactos inflacionários imediatos dos preços agropecuários vislumbram no curto prazo contribuição para o recuo do índice geral de preços da economia, ou seja, para a redução dos patamares da inflação (Figura 2). De qualquer maneira, a junção de movimentos mais largos (últimos doze meses) com mais curtos (último mês) mostram que ainda se está demasiado cedo para previsões mais consistentes, pois tudo dependerá da pós-safra de muitos produtos (laranjas, leites e carnes) e da resposta da oferta nas próximas colheitas (feijão e olerícolas).
 
 

Figura 1 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-açúcar, Junho de 2010 a Junho de 2011.

  

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
 
 

Figura 2 - Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-açúcar, Junho de 2010 a Junho de 2011. 

 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).




            Na comparação dos últimos 12 meses verifica-se, entretanto, que já está consolidada uma realidade de preços agropecuários mais elevados entre junho de 2011 e junho de 2010 para tomate para mesa (+88,96), café (+72,90%), milho (+69,51%), algodão (+45,22%), cana-de-açúcar (+39,29%), trigo (+33,29%), soja (+23,36%), carne de frango (+18,84%), carne bovina(+18,55%), ovos (+15,67%) e leite B (6,13%). Encontram-se abaixo de 2010, os preços da batata (-36,14%), arroz (-23,11%), carne suína (-21,04%), feijão (-18,30%), laranja para mesa (-15,27%), banana nanica (-10,27%), amendoim (-5,96%), laranja para indústria (-2,85%) e leite C (-1,12%).
 

______________________
1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/06/2011 a 30/06/2011 e base = 01/05/2011 a 31/05/2011.

2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573.

 

 

Data de Publicação: 06/07/2011

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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