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Preços Agropecuários encerram o mês de fevereiro em alta de 2,19%
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 fechou o mês de fevereiro em alta de 2,19%. O IqPR-V
(produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) registraram
altas respectivas de 2,97% e 0,25% (Tabela 1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Fevereiro de 2011 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Índice Acumulado |
São Paulo |
São Paulo - sem cana | ||
Variação Fevereiro/11 |
Acumulada 12 meses |
Variação Fevereiro/11 |
Acumulada 12 meses | |
IqPR |
2,19 % |
26,92 % |
2,31 % |
36,63 % |
IqPR-V |
|
27,25 % |
4,27 % |
47,33 % |
IqPR-A |
0,25 % |
24,61 % |
? |
? |
Quando a cana-de-açúcar é excluída
do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o
IqPR sobe 2,31% e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) eleva-se para
4,27%( (Tabela 1).
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Fevereiro de 2011.
Origem |
Produto |
Unidade |
Cotações (R$) |
Variação mensal (%) |
Variação Fev.11/Fev.10 (%) | |
Janeiro /11 |
Fevereiro /11 | |||||
Amendoim |
Sc.25 kg |
30,88 |
30,84 |
-0,13 |
26,69 | |
Arroz |
sc.60 kg |
31,62 |
28,80 |
-8,90 |
-24,94 | |
Banana nanica |
cx.21 kg |
10,57 |
6,30 |
-40,40 |
-11,43 | |
Café |
sc.60 kg |
405,15 |
461,16 |
13,82 |
76,21 | |
Cana-de-açúcar |
t de ATR |
376,60 |
384,20 |
2,02 |
13,67 | |
Feijão |
sc.60 kg |
68,46 |
60,20 |
-12,07 |
2,46 | |
Laranja p/ Indústria |
cx.40,8 kg |
14,60 |
15,01 |
2,82 |
51,92 | |
Laranja p/ Mesa |
cx.40,8 kg |
22,10 |
25,39 |
14,86 |
32,72 | |
Milho |
sc.60 kg |
24,49 |
25,88 |
5,65 |
74,28 | |
Soja |
sc.60 kg |
45,93 |
46,35 |
0,92 |
35,92 | |
Tomate p/ Mesa |
cx.22 kg |
23,20 |
30,70 |
32,33 |
31,38 | |
Trigo |
sc.60 kg |
26,90 |
26,64 |
-0,96 |
7,58 | |
ANIMAL |
Carne Bovina |
15 kg |
100,41 |
99,58 |
-0,83 |
34,46 |
Carne de Frango |
Kg |
1,98 |
2,00 |
1,07 |
22,59 | |
Carne Suína |
15 kg |
56,26 |
44,19 |
-21,45 |
-5,68 | |
Leite B |
Litro |
0,81 |
0,77 |
-4,33 |
3,89 | |
Leite C |
Litro |
0,70 |
0,68 |
-2,71 |
-2,35 | |
Ovos |
30 dz |
37,00 |
43,13 |
16,57 |
16,22 | |
Fonte: Instituto de Economia
Agrícola (IEA). |
Os
produtos do IqPR que registraram maiores altas no mês de fevereiro em comparação
com janeiro foram: tomate (32,33%), ovos (16,57%), laranja para mesa (14,86%),
café (13,82 %) e milho (5,65%) (Tabela 2).
No
caso do tomate, numa situação de demanda aquecida e safra menor, as chuvas
continuadas geraram perdas de colheita, com impacto conjuntural no abastecimento
do produto, elevando expressivamente os preços.
Na
produção de ovos verifica-se a menor oferta num ajuste desproporcional em
decorrência da conjuntura anterior de preços baixos associada à pressão de
demanda, em especial pela agroindústria de massas alimentícias e de panificação
e confeitaria com a proximidade da páscoa e incremento do consumo.
Os
preços da laranja de mesa refletem o impacto da demanda típica do verão sobre o
consumo de sucos naturais, numa conjuntura em que a oferta está dada e
dimensionada como safra de menor oferta. Além disso, há a pressão da entressafra
'fisiológica da planta' ofertando menor quantidade de frutas.
No
caso do café, os preços desta commodity se elevam devido às pressões da demanda
internacional e aos menores estoques mundiais. No mercado interno cresceu de
forma importante o consumo de café, inclusive de cafés de melhor qualidade, com
impacto nos preços.
O
milho reflete as condições do mercado internacional do produto em que a oferta
projetada situa-se abaixo das expectativas da demanda e do mercado interno onde
a entrada de produto do plantio de verão ainda não ocorreu no volume necessário
para suprir a demanda do abastecimento interno.
Os
produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no mês de fevereiro foram:
banana (40,40%), carne suína (21,45%), feijão (12,07%), arroz (8,90%), e leite B
(4,33%) (Tabela 2).
No
caso da banana o clima quente e chuvoso acelera a oferta ao mesmo tempo em que
os consumidores passam a preferir as frutas de geladeira, também com oferta
abundante e diversificada no verão, provocando a redução do preço do
produto.
A
queda de preços da carne suína é influenciada pela retração do consumo, em
relação ao período de festa do final do ano, comportamento típico nesta época do
ano, associada ao incremento da oferta das demais carnes e à queda dos preços
das proteínas animais em geral.
No
caso do feijão, cujos preços estão abaixo dos custos de produção, continua a
vigorar a pressão da significativa concentração da oferta em função da colheita
da safra das águas, cujo plantio havia atrasado em razão da seca no segundo
semestre de 2010. O atraso teve como corolário a concentração da oferta num
mesmo período.
No
arroz, a colheita da safra brasileira com entrada de maior volume de produto
indica o começo de ciclo de queda dos preços dos produtos cuja importação vem
sendo barateada pela valorização cambial e oferta significativa do mercado
internacional.
No
caso do Leite B a queda dos preços reflete o expressivo aumento da oferta típico
de final do ano que afetou não apenas esse lácteo natural de melhor qualidade
como também o Leite C, conquanto este com redução percentualmente
inferior.
No
mês de fevereiro de 2011, 9 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem
vegetal e 2 de origem animal) e 9 apresentaram queda (5 de origem vegetal e 4 de
origem animal).
Figura 1. Evolução do Índice
Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista,
Fevereiro de 2010 a Fevereiro de 2011.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
A
verificação do comportamento dos preços agropecuários nos últimos doze meses
mostra uma tendência crescente, com os produtos animais revertendo no início de
2011. Os índices de preços agropecuários mostram-se 26,92 % acima do patamar
verificado há doze meses, fruto da elevação tanto dos produtos vegetais (+27,25
%) como animais (+ 24,61 %). Quando se exclui do cálculo a cana-de-açúcar –
cujos preços elevaram-se abaixo da média (+13,67%)- , os preços agropecuários
apresentam alta ainda maior (36,63 %) dado o incremento superior verificado nos
demais produtos vegetais exclusive a cana (+47,33 %).
Os
preços agropecuários evoluíram, portanto, em percentuais muito superiores aos
dos indicadores da inflação brasileira, como resultado da pressão de demanda,
derivado do crescimento da massa salarial e da conjuntura altista de importantes
preços internacionais. Os maiores preços agropecuários internos, ao derivarem
diretamente da demanda, não serão revertidos como políticas de juros, mas como
políticas de produção, uma vez que a taxa de juros afeta mais diretamente o
crédito, enquanto a aquisição de alimentos constitui-se num dispêndio
tradicionalmente pago a vista.
As maiores altas de preços verificadas são praticamente todas derivadas da conjuntura internacional de preços mais altos, associada à pressão de demanda interna pelo crescimento da massa salarial, com destaque para:
a) o café (+76,21%) cujas cotações
internacionais elevaram-se no último ano após longo período de preços
baixos,
b) o milho (+74,28%) onde também os
preços internacionais vem sendo mais favoráveis que no ano anterior de preços
muito baixos, com efeito também dos maiores preços do petróleo que viabiliza o
metanol,
c) a laranja para indústria
(+51,92%) que reflete a valorização dos sucos cítricos nos principais mercados
importadores mundiais, onde o consumo aumenta com a recuperação
econômica,
d) a soja (+35,92%) que se constitui
num produto de multi-destinação indo desde a ração animal até ampla gama de
alimentos a base de soja, com os preços mais altos pelas pressões de demanda
maior, dada a melhoria da economia mundial e a manutenção
das aquisições chinesas de soja em
grão,
e) a carne de frango (+22,59%) em
que a retomada das exportações vem sendo realizada em volume expressivo a preços
que compensam a valorização cambial e pela maior demanda interna,
f) a cana-de-açúcar (+13,67%) cujas
cotações internacionais ainda refletem o desajuste da oferta de produtores
relevantes como a Índia, além da elevação da demanda de outros
mercados,
g) o trigo (+7,58%), produto em que
o Brasil constitui-se num relevante importador fazendo com que os preços
internos na entressafra nacional, ainda que cadentes, situem-se acima do
verificado no mesmo período do ano passado.
Outros produtos refletem a pressão da demanda interna, dado o expressivo aumento da massa salarial, ainda que alguns guardem relação com os preços internacionais mais elevados de substitutos ou correspondem a mercados complementares:
a) para a carne bovina (+34,46%), as
altas expressivas decorrem da redução da oferta de boi gordo para o abate, em
virtude do elevado abate de fêmeas entre 2005 e 2007 e assim da menor
disponibilidade e consequente encarecimento dos bezerros, garrotes
e
bois magros para
reposição; redução nos confinamentos, além da seca intensa na última
entressafra. Por outro lado, o consumo se manteve aquecido, tanto o interno como
o externo, o que foi determinante para o comportamento dos preços em
2010;
b) a laranja para mesa (+32,72%)
cuja alta decorre da pressão de demanda interna com valores muito mais altos que
os da laranja para indústria, mas também deriva de que as agroindústrias ao
fazerem valer seus contratos para honrarem compromissos de
exportação de suco, reduzem a
oferta interna numa realidade de safra menor, impactando os preços
internos;
c) o tomate para mesa (+31,38%) cujo patamar conjuntural mais elevado que os do mesmo período do ano passado, refletem os preços baixos dessa conjuntura passada e os problemas de oferta pela menor produção, por conta do efeito das chuvas de verão,
d) o amendoim (+26,69%) cuja cotação
mais alta deriva da pressão de demanda, em especial da agroindústria de balas e
confeitos, na qual o amendoim vem sendo crescentemente insumo cada vez mais
relevante;
e) os ovos (+16,22%) em que as
maiores compras desse insumo pelas agroindústrias de massas alimentícias e de
panificação e confeitaria cuja demanda se elevou com reflexo nos preços
internos.
Finalmente, há um conjunto de produtos em que a oferta conjuntural interna foi
elevada, fazendo os preços praticamente se manterem ou verificarem pequenas
altas ou quedas como o leite B (+3,89%), o feijão (+2,46%), o leite C (-2,35%) e
mesmo a carne suína (-5,68%). Em vários desses produtos repete-se como
'tragédia', para a renda agropecuária, os preços muito baixos de doze meses
atrás como do Leite C e do feijão. Há ainda produtos em que a expressiva oferta
sazonal derrubou os preços atuais em percentuais elevados fazendo-os muito
inferiores aos do mesmo período do ano passado, sendo esse os casos do arroz
(-24,94%) e da banana nanica (-11,43%). Enfim, a conjuntura mostra uma pressão
altista dos preços agropecuários numa condicionante em que, para a maioria, a
alta dos preços internacionais vem suplantando a valorização cambial, com
reflexos internos que não serão contidos com políticas de majoração dos juros,
mas sim de oferta.
___________________________________________________________________________________________________________
¹A fórmula de cálculo do índice
(IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção
agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e
divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os
preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das
quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/02/2011 a 28/02/2011 e
base = 01/01/2011 a 31/01/2011.
²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 04/03/2011
Autor(es):
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor