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Salários Rurais nas Regiões Administrativas do Estado de São Paulo
Os
salários rurais pagos à população trabalhadora na agropecuária, bem como a
ocupação de mão de obra, são informações relevantes para analisar o mercado de
trabalho e interessam tanto ao empregador quanto ao trabalhador. Estes dados
fornecem importante subsídio para as negociações salariais entre sindicatos e
empresas rurais e também para avaliações efetuadas por instituições
governamentais ou não sobre a situação econômica dos trabalhadores. Nesse
contexto, avaliaram-se, neste artigo, as taxas de crescimento dos salários
rurais no período de 2000 a 2009, para as Regiões Administrativas do Estado de
São Paulo (RA)1. As informações sobre salários foram obtidas por meio
de levantamento subjetivo, realizado entre os técnicos das Casas de Agricultura
de todos os municípios paulistas, nos meses de abril e novembro. O levantamento
abrange seis categorias de trabalho: administrador, tratorista, mensalista,
capataz, diarista e volante. Os dados foram deflacionados pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE, e foram calculadas taxas de
crescimento com base nas médias anuais, de acordo com procedimento descrito em
Hoffmann (1980)2.
Para
o Estado, de modo geral, constatou-se, ao longo do período 2000-2009, evolução
positiva dos salários rurais dos trabalhadores com recebimento mensal. As
maiores taxas de crescimento foram observadas para mensalista (3,75% a.a.) e
tratorista (3,40% a.a.). Valores um pouco menores foram obtidos para capataz
(2,81% a.a.) e administrador (2,53% a.a.). Com relação às regiões
administrativas, as maiores taxas de crescimento nos salários de mensalistas
foram observadas nas regionais de Baixada Santista (6,21% a.a.), Presidente
Prudente (4,33% a.a.), Araçatuba (4,31% a.a.), Marília (4,27% a.a.) e São José
do Rio Preto e São José dos Campos, ambos com 4,18% a.a. Até 3,5% de crescimento
ao ano, apresentaram as RAs de Bauru (3,96% a.a.), Franca (3,81% a.a.) e
Barretos (3,50% a.a.). As demais RAs obtiveram taxas de crescimento inferiores a
3,50% a.a. (Tabela 1).
Para
a categoria tratorista, taxas superiores a 4% a.a. ocorreram em Araçatuba (5,13%
a.a.), Presidente Prudente (4,55% a.a.), São José do Rio Preto (4,42% a.a.) e
Franca (4,18% a.a.). A seguir, destacaram-se Ribeirão Preto, Barretos e Marília,
com taxas de 3,63%, 3,52% e 3,44% a.a., respectivamente. Valor negativo foi
constatado em Registro (-0,62% a.a.).
Tabela 1 - Taxa de Crescimento dos
Salários Rurais, por Categoria de Trabalhador e por Região Administrativa (RA),
Estado de São Paulo, 2000-2009
Quanto ao capataz, empregado que tem sob sua responsabilidade os demais
trabalhadores da unidade produtiva rural, controlando as jornadas e a qualidade
do trabalho3, as maiores taxas de crescimento salarial foram
observadas nas RAs Central (5,42% a.a.), Araçatuba (4,24% a.a.), Presidente
Prudente (3,83% a.a.) e Franca (3,73% a.a.). Taxa negativa ocorreu em Registro
(-1,52% a.a.).
Na
categoria de administrador, que é o responsável pela execução de serviços gerais
e gerenciamento da propriedade como um todo, houve maior crescimento de salários
nas RA da Baixada Santista (10,06% a.a.), sendo que nas demais o aumento foi
menor que 4%, ou seja, com variação de 3,96% a.a. em São José do Rio Preto a
0,75% a.a. em Barretos.
A
observação gráfica das médias salariais (abril e novembro) das diferentes
categorias de trabalho em 2009 evidenciou situações distintas nas Regiões
Administrativas. No caso do administrador, os maiores salários foram pagos em
Campinas, Baixada Santista, Ribeirão Preto e Franca. Do lado oposto ficaram São
Paulo, Registro e Presidente Pudente. Para capataz, salários superiores foram
pagos nas RAs de Araçatuba, Barretos, Franca, São José do Rio Preto e Campinas,
enquanto que os menores foram observados em São Paulo, Bauru e Registro (Figuras
1 e 2).
Figura 1 - Salários Pagos ao
Administrador, por Região Administrativa, Estado de São Paulo,
2009.
(em %)
1Taxa de crescimento.
RA
RA
Baixada Santista
Araçatuba
Presidente Prudente
Presidente Prudente
Araçatuba
S. J. do Rio Preto
Marília
Franca
S. J. do Rio Preto
Ribeirão Preto
S. J. dos Campos
Barretos
Bauru
Marília
Franca
Central
Barretos
Bauru
Central
Campinas
Campinas
São Paulo
Registro
Baixada Santista
São Paulo
S. J. dos Campos
Ribeirão Preto
Sorocaba
Sorocaba
Registro
Estado de São Paulo
Estado de São Paulo
RA
RA
Central
Registro
Araçatuba
Baixada Santista
Presidente Prudente
S. J. do Rio Preto
Franca
Franca
São Paulo
Araçatuba
S. J. do Rio Preto
Presidente Prudente
Bauru
S. J. dos Campos
S. J. dos Campos
Marília
Marília
Bauru
Ribeirão Preto
São Paulo
Sorocaba
Central
Baixada Santista
Campinas
Campinas
Sorocaba
Barretos
Ribeirão Preto
Registro
Barretos
Estado de São Paulo
Estado de São Paulo
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA -
IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.
br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Para
tratoristas, salários maiores que a média estadual foram encontrados em Franca,
Araçatuba, Ribeirão Preto, Barretos, São José do Rio Preto e Campinas. E para os
mensalistas em Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos, Ribeirão Preto,
Franca e Central. Para tratorista, o menor valor foi observado em Registro e
para mensalista na
Baixada
Santista (Figuras 3 e 4).
Figura 2 - Salários Pagos ao Capataz, por Região Administrativa, Estado de São Paulo, 2009.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Para as categorias de trabalhadores com recebimento diário, volantes e diaristas, as taxas de crescimento para o Estado foram de 4,78% a.a. e 4,65% a.a., respectivamente. Tanto para o volante quanto para o diarista, a maior taxa de crescimento ocorreu em Araçatuba. Para o primeiro citado, valores acima da taxa estadual foram obtidos em São José do Rio Preto (6,73% a.a.), Presidente Prudente (6,67% a.a.), Ribeirão Preto (6,29% a.a.), Bauru (5,06% a.a.) e Marília (4,80% a.a.), e taxas menores que 2% foram observadas em São Paulo (0,86% a.a.), São José dos Campos (1,53% a.a.) e Registro (1,55% a.a.). Com relação aos valores pagos ao trabalhador, eles foram superiores à média estadual (R$29,30) em São José do Rio Preto, Central, Araçatuba, Campinas, Barretos e Ribeirão Preto (Tabela 2 e Figura 5).
Para os diaristas, valores acima da taxa estadual foram observados, além de Araçatuba, em Presidente Prudente (6,67% a.a.), São José do Rio Preto (6,58% a.a.), Central (5,58% a.a.), Franca (5,28% a.a.), Ribeirão Preto (5,07% a.a.), Marília (4,91% a.a.) e Bauru (4,76% a.a.). Quanto às diárias pagas ao trabalhador, estas foram superiores à média estadual (R$19,13) em São José do Rio Preto, Araçatuba, Campinas, Central e Barretos, (Tabela 2 e Figura 6).
Vale aqui acrescentar que, no período 2000-2006, ocorreu decréscimo no total de pessoas ocupadas na agricultura paulista, quando a taxa de crescimento da ocupação da mão de obra foi de –3,02% a.a.4 As taxas foram negativas em Franca, São Paulo, Bauru, Ribeirão Preto, Sorocaba, Central, Marília, Campinas e São José do Rio Preto, não só em decorrência da redução do plantio de culturas importantes na ocupação de mão de obra como também da mecanização da colheita, principal operação geradora de emprego.
Figura 3 - Salários Pagos ao Tratorista, por Região Administrativa, Estado de São Paulo, 2009.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Figura 4 - Salários Pagos ao Mensalista, por Região Administrativa, Estado de São Paulo, 2009.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Tabela 2 - Taxa de Crescimento das
Diárias Pagas aos Volante e Diaristas, por Região Administrativa (RA), Estado de
São Paulo, 2000-2006
(em %)
RA |
|
|
RA |
| ||
Tx1 |
Nível
sign. |
Tx1 |
Nível
sign. | |||
Baixada Santista |
_ |
_ |
|
Araçatuba |
6,91 |
0,001 |
Araçatuba |
6,99 |
0,001 |
|
P Prudente |
6,67 |
0,001 |
S. J. do Rio Preto |
6,73 |
0,001 |
|
S. J. do Rio Preto |
6,58 |
0,001 |
Presidente Prudente |
6,67 |
0,001 |
|
Central |
5,58 |
0,001 |
Ribeirão Preto |
6,29 |
0,001 |
|
Franca |
5,28 |
0,001 |
Bauru |
5,06 |
0,047 |
|
Ribeirão Preto |
5,07 |
0,001 |
Marília |
4,8 |
0,092 |
|
Marília |
4,91 |
0,025 |
Franca |
4,57 |
0,001 |
|
Bauru |
4,76 |
0,023 |
Central |
4,2 |
0,049 |
|
Barretos |
4,54 |
0,094 |
Barretos |
3,92 |
0,341 |
|
S. J. dos Campos |
3,18 |
4,621 |
Sorocaba |
2,8 |
2,086 |
|
Registro |
3,16 |
4,767 |
Campinas |
2,47 |
2,803 |
|
Campinas |
2,81 |
0,66 |
Registro |
1,55 |
29,225 |
|
Baixada Santista |
2,36 |
9,385 |
S. J. dos Campos |
1,53 |
14,013 |
|
Sorocaba |
2,05 |
10,726 |
São Paulo |
0,86 |
0,011 |
|
São Paulo |
1,26 |
11,231 |
Estado de São Paulo |
4,78 |
0,023 |
|
Estado de São Paulo |
4,65 |
0,022 |
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Figura 5 - Diárias Pagas ao Volante, por Região Administrativa, Estado de São Paulo, 2009.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Figura 6: Diária Paga aos Trabalhadores Diaristas, por Região Administrativa, Estado de São Paulo, 2009.
Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 mar. 2010.
Ainda segundo o estudo acima mencionado, a RA de Campinas apresentou a maior proporção de trabalhadores na agropecuária em 2006, com 237,9 mil pessoas ocupadas, valor que correspondeu a 21,86% do total estadual. Em seguida vieram São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Sorocaba, com totais de pessoas ocupadas de 149,3 mil, 106,2 mil e 101,7 mil trabalhadores, respectivamente. Foram contabilizadas 90,6 mil pessoas em Marília (8,33%), 73,5 mil em Bauru (6,76%), 68,2 mil em Araçatuba (6,2%), 59,8 mil em Ribeirão Preto (5,49%) e 58,5 mil na RA Central (5,38%). As demais RAs, São José dos Campos (3,5%), Barretos (3,1%), Registro (3,0%), Franca (1,8%), São Paulo (1,1%) e Baixada Santista (0,7%) apresentaram participações inferiores a 5%.
As informações avaliadas revelaram evolução favorável dos salários rurais diante da queda na ocupação. Para as categorias com recebimento mensal, melhores salários foram pagos nas RAs de Franca, Araçatuba, Campinas, Barretos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, que se destacam nas produções de cana, carne bovina, laranja para indústria e mesa, leite, soja, ovos, café e milho. No caso de diaristas e volantes, maiores diárias também foram pagas nas RAs acima mencionadas, devido aos cultivos que utilizam mão de obra na operação de colheita.
O fato de RAs como Baixada Santista e Central apresentarem taxas maiores de crescimento nos salários de algumas categorias pode ser reflexo da concorrência dos salários pagos a serviços de outros setores da economia, devido à proximidade com a metrópole e outras grandes cidades.
Ao se considerar o Estado de São Paulo, diaristas e volantes apresentaram taxas superiores de crescimento das diárias em relação às categorias com recebimento mensal.
__________________
1Os
municípios que compõem as respectivas RAs podem ser consultados em:
<http://www.iea.sp.gov.br/ out/banco/distrib.php>.
2HOFFMANN, R. Estatística para economistas. São Paulo, Pioneira, 1980. 379p.
3CARMO, M. S. et al. Mercado de trabalho agrícola. Informações Econômicas, São Paulo, v. 22, n. 5, p. 125-132, maio 1992.
4VICENTE, M. C. M. et al. Evolução do mercado de trabalho na agropecuária das regiões administrativas do Estado de São Paulo, 2000-2006. Informações Econômicas, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 27-35, fev. 2010.
Palavras-chave: salários rurais, emprego rural, mercado de trabalho rural.
Data de Publicação: 23/06/2010
Autor(es):
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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