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Ocupação Rural Não-Agrícola, Estado de São Paulo, 2000-2006
A partir da segunda metade da década de 1990 intensificou-se a demanda por informações do setor rural. Tais informações se mostravam escassas e eram de vital importância para que as esferas públicas pudessem tomar decisões e formulassem políticas para o desenvolvimento regional. Cresceram também análises sobre ocupação de pessoas em atividades não-agrícolas no meio rural e por estimativas sobre o emprego nas cidades, de pessoas residentes no campo. Os estudos passaram, então, a considerar o comportamento do emprego rural e dos movimentos da população residente nas zonas rurais não apenas como decorrentes do calendário agrícola e da expansão/retração das áreas e/ou produção agropecuárias, mas também do conjunto de atividades não-agrícolas, que englobavam a prestação de serviços - pessoais, de lazer e auxiliares das atividades econômicas -, mais o comércio e a indústria2. Para o Estado de São Paulo, um estudo detalhado e bastante abrangente sobre o tema analisou o engajamento das pessoas residentes no meio rural nas atividades não-agrícolas3. O autor concluiu que os principais ramos de atividade responsáveis pela ocupação da PEA rural não-agrícola foram os de prestação de serviços e indústria de transformação, que concentraram mais de 50% das pessoas ocupadas, seguidos pelo comércio de mercadorias, indústria da construção e serviços sociais. Dentre as ocupações (profissões) da PEA rural não-agrícola, as principais foram os serviços domésticos, motoristas, pedreiros, serviços por conta própria, diarista doméstica, servente-faxineiro, ajudantes diversos e ajudante de pedreiro. Devido ao contexto de crescente demanda por informações sobre ocupação de pessoas em atividades não-agrícolas desenvolvidas no meio rural e sobre emprego nas cidades de pessoas residentes no campo, elas foram incorporadas ao levantamento sistemático4, realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) junto ao produtor ou responsável pelo imóvel rural a partir de 2000. As atividades econômicas rurais não-agrícolas referem-se às atividades industriais, ou seja, usinas de açúcar, de álcool, de leite, olarias, pequenas indústrias rurais etc.; às atividades administrativas em usinas e empresas agrícolas em geral; às atividades em serviços, tais como, pesqueiros, hotelaria, turismo, complexos hípicos, parques temáticos, etc. Ao se considerarem as médias anuais (exceto para 2000), constatou-se um crescimento de 23,8% nas ocupações não-agrícolas de 2000 para 2006. Em novembro de 2000, do total de pessoas nas ocupações mencionadas, 74,7% (62.514 pessoas) encontravam-se nas atividades industriais, em função do porte das empresas, a maior parcela alocada nas grandes usinas/destilarias processadoras de cana-de-açúcar, usinas processadoras de leite, olarias, dentre outras. Com base nas médias anuais observou-se que a participação das atividades industriais variou de um máximo de 81,1% em 2002 a um mínimo de 71,4% em 2005 (Tabela 1 e Figura 1). Tabela 1 - Estimativa da População Trabalhadora em Atividades Econômicas Rurais Não Agrícolas, Estado de São Paulo, 2000 a 2006 1Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em usina de açúcar, de leite, olarias, etc. 2Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em empresas agroindustriais. 3Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em pesqueiros, hotelaria, turismo, etc. Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
Setor Atividades industriais1 Atividades administrativas2 Prestação de serviços3 Subtotal Atividades industriais e de serviços na cidade Total Setor Atividades industriais1 Atividades administrativas2 Prestação de serviços3 Subtotal Atividades industriais e de serviços na cidade Total Setor Atividades industriais1 Atividades administrativas2 Prestação de serviços3 Subtotal Atividades industriais e de serviços na cidade Total
Figura 1 - Participação Percentual das Ocupações Não-Agrícolas, por Atividade, Estado de São Paulo 2000-2006.
Fonte: IEA/CATI.
Outra pesquisa, também realizada por meio do levantamento por amostragem IEA/CATI sobre a indústria rural (IR) (exceto agroindústrias como usinas de açúcar, destilarias de álcool, extratoras de suco de laranja, fábricas de laticínios e outras grandes instalações)5 no Estado de São Paulo, concluiu que a ocupação de trabalhadores nesse segmento cresceu de 2001 a 2005, à exceção de 2005, passando de 10.161 pessoas em 2001 para 23.504 pessoas em 2004, com aumento de 131,3% (em média, 3 a 5 pessoas por UPA). No período analisado, o total de UPAs que desenvolviam atividades industriais de menor porte, variou desde o mínimo de 3.112 em 2001 até o máximo de 4.375 em 20046.
Ao se comparar as duas fontes de informações, conclui-se que a pequena indústria rural ocupava 11,7% do total da atividade industrial, passando a 27,9% em 2004. Acrescenta-se que a agregação de valor aos produtos agropecuários via industrialização em bases artesanais nas UPAs pode-se constituir em promissora fonte de geração de renda e emprego para os produtores rurais e, também, de valorização do espaço rural, bem como a fixação do produtor no meio rural, preservando a sua identidade com a terra.
As atividades administrativas desempenhadas nos escritórios das agroindústrias e das empresas rurais em geral empregaram maior número de pessoas no mês de junho, no decorrer das colheitas das culturas temporárias e perenes (notadamente cana-de-açúcar e café). Para esse mês, os totais variaram de 21.259 pessoas em 2001 a 17.474 pessoas em 2004. As exceções ocorreram em 2003 e 2004, quando a ocupação foi maior em novembro, totalizando 30.923 pessoas em novembro de 2004.
Com base na média anual dos levantamentos de junho e novembro, verificaram-se oscilações na participação percentual das ocupações em atividades administrativas no período 2000-2006, em relação aos outros dois setores (industrial e serviços), ou seja, 10,7% em 2002 e 20,7% em 2004 (Figura 1).
A prestação de serviços - pessoas empregadas em pesqueiros, hotéis, parques, turismo em geral, ou em serviços domésticos nas propriedades rurais - apresentou menor participação nas ocupações não-agrícolas, com valores entre 14,1% em 2000 e 7,3% em 2004. Em geral, não estão relacionadas ao desenvolvimento da safra agrícola, e apresentam tendência de decréscimo ao longo do período avaliado. Além de ser a atividade que menos emprega, ela é sazonal e muito sensível a mudanças econômicas. Com exceção dos pesqueiros, que se caracterizam como lazer acessível à população, as demais atividades são, em geral, caras.
Para a mão-de-obra residente nas UPAs ocupada em atividades de serviços e industriais na cidade, novembro foi o mês de maior ocupação no decorrer do período, exceto em 2006 (Tabela 1). Geralmente há maior demanda por trabalhadores na época de final de ano, em função das comemorações de Natal e de Ano Novo (Figura 2).
Figura 2 - Número de Pessoas Moradoras nas UPAs Ocupadas em Atividades Industriais e de Serviços na Cidade, Média de Junho e Novembro de 2000 a 2006.
Fonte: IEA/CATI.
Para 2006 foram elaboradas tabulações especiais a fim de se obter estimativas sobre o número de pessoas engajadas em atividades não-agrícolas no meio rural por Região Administrativa (RA)7 e, assim, indicar a distribuição espacial dessa ocupação no território paulista. Com base na média dos levantamentos de junho e novembro, constatou-se que a RA de Marília foi a principal empregadora, com 34,6% do total de pessoas ocupadas, destacando-se, também, as RAs de Campinas (19,6%), Presidente Prudente (19,2%) e Ribeirão Preto (17,4%). São regiões que apresentam agroindústrias de grande porte (notadamente agroindústrias de açúcar e etanol, processadoras de leite, processadoras de aves, dentre outras) (Figura 3).
Figura 3 - Participação Percentual das Regiões Administrativas em Ocupações Não-Agrícolas, Estado de São Paulo, 2006.
Fonte: IEA/CATI.
Com relação às pessoas residentes nas UPAs que se ocupam de atividades industriais e de serviços na cidade, as principais RAs foram: Campinas (70,6%), Presidente Prudente (11,4%), São José do Rio Preto (7,6%) e Marília (3,2%), ou seja, são regiões que possuem o setor secundário e terciário bem dinâmico.
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1Artigo integrante do projeto cadastrado no SIGA, NRP 1901: demografia e ocupação de mão-de-obra no rural paulista, 2000-2006.
2GRAZIANO DA SILVA, J.; BALSADI, O. V.; DEL GROSSI, M. E. O emprego rural e a mercantilização do espaço agrário. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 50-64, abr./jun. 1997.
3BALSADI, O. V. Características do emprego rural no estado de São Paulo nos anos 90. 2000. 128 p. Dissertação (Mestrado)-Instituto de Economia, Universidade de Campinas, Campinas, 2000.
4Para estimar a ocupação de pessoas em atividades econômicas rurais não-agrícolas do Estado de São Paulo utilizou-se uma amostra probabilística composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e sorteada com base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da CATI, conhecido por Projeto LUPA com levantamento em junho e novembro.
5A IR foi definida como o beneficiamento ou transformação, em bases artesanais, de matérias-primas vegetais ou animais, próprias ou adquiridas de outros produtores nas propriedades rurais para a venda externa, sendo desconsideradas, agroindústrias como usinas de açúcar, destilarias de álcool, extratoras de suco de laranja, fábricas de laticínios e outras grandes instalações.
6ROCHA, M. B.; VICENTE, M. C. M. Evolução da indústria rural paulista, 2001-2005. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 3, n. 7, jul. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br>. Acesso em: 2009.
7Exceto para Ribeirão Preto, que se refere a 2005.
Palavras-chave: ocupação não-agrícola, trabalho rural.
Data de Publicação: 02/04/2009
Autor(es):
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Eduardo Rodrigues Veiga (zeveiga@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor