SINOPSE: O trabalho infanto-juvenil é um fenômeno presente em escala mundial, que se

manifesta de forma mais brutal e violenta nos países pobres. No Brasil, o emprego desse tipo de força de trabalho é visível nos setores primário, secundário e terciário da economia. Dados apontam o setor primário como o que mais utiliza a força de trabalho de crianças e adolescentes. Com o presente trabalho objetivou-se relacionar o trabalho e a saúde de crianças e adolescentes ocupadas no corte da cana-de-açúcar. Com base na reconstrução do modo-de-ser do referido trabalho e em exames clínicos realizados no Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), os dados obtidos mostraram que crianças e adolescentes apresentam quadros de desnutrição, anemia e hipovitaminose; alterações no aparelho ósteo-muscular, infecções parasitárias, bacterianas e das vias respiratórias; perda precoce de dentes permanentes; distúrbios da pele e anexos; acidentes de trabalho e de trajeto. Estes agravos da saúde, decorrentes do trabalho do corte da cana e das condições sociais de vida de crianças e adolescentes, processam-se no contexto das transformações do mundo do trabalho, no qual, paradoxalmente ao lado do desemprego e de formas de precarização das relações de trabalho do adulto, presencia-se a intensificação do ingresso precoce de crianças no mercado de trabalho e a potencialização dos riscos de acidentes e de doenças do trabalho da força de trabalho infanto-juvenil.

Palavras-chave: trabalho rural, trabalho infantil, saúde do trabalhador, cultura da cana-de-açúcar,

processo de trabalho, Brasil.

tec1-0697.pdf