Goiaba industrial e seu custo de produção na safra 2003-2004

Resumo:

            No estado de São Paulo, a área plantada com goiaba destinada à industrialização vem sofrendo contínuos decréscimos, caindo de 3.521 ha cultivados em 2000 para 2.657 ha em 2003 de acordo com o levantamentos de previsão e estimativas de safras realizados em parceria pelo Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (IEA/CATI).
            A cultura da goiaba está concentrada no Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR) de Jaboticabal com 61% da área total plantada no estado, dispersando-se nos demais EDRs de Catanduva (18%), Araraquara (5%), Avaré (3%) e outros de menor importância (Tabela 3).
            Face à importância da cultura no contexto regional, é importante que os produtores de goiaba comercializem bem a produção, sendo que para isso devem ter claro a quanto montam seus custos de produção, valores que devem ser superados pelo preço de mercado para que alcancem uma remuneração justa.
            A fim de contribuir para o estabelecimento de um parâmetro nas futuras negociações de preços da safra 2003/2004, o IEA elaborou estimativas de custo para a cultura, tanto de goiaba comum como de Paluma, desde a formação até a manutenção do pomar.
            O custo operacional de manutenção da goiaba comum está sendo estimado em R$3440,81 por hectare, que dividido pela produtividade média de 44460kg/ha totaliza um custo operacional total de R$77,40/ t da fruta comum. Já o da Paluma está sendo estimado em R$ 3694,72/ha, sendo que a tonelada da fruta situa-se em R$73,20, menor que o da comum face o melhor rendimento da cultura ( Tabela 13).
            Na manutenção da cultura adulta de goiaba comum, em percentuais, os gastos com mão-de-obra totalizam 13,46%do custo operacional , os com maquinaria 28,04%, os com materiais 24,07% e os com empreita para a operação de colheita, 17,23%. Se for considerado ainda o gasto com a mão-de-obra comum, verifica-se que a mão-de-obra é o item que mais onera o custo operacional, totalizando cerca de 30%.
            Deduzindo-se do custo operacional total/ha da goiaba comum ( R$3.440,81), a renda bruta de R$7.113,60, tem-se um resíduo excepcional neste ano, devido ao bom preço alcançado na safra 2002/2003, de R$3.672,79, que se destina a ajudar a pagar as demais despesas indiretas da propriedade, bem como remunerar os fatores fixos de produção, como terra, capital aplicado em máquinas e benfeitorias e o empresário, como tomador de decisões. Para a Paluma, esse resíduo é ainda maior, de R$437,47/há, garantindo uma melhor cobertura dos fatores de produção.
            Nas negociações particulares de preço com a indústria, o produtor precisa estar atento à evolução do seu custo individual, devendo deixar aberta a possibilidade de reajustes no preço da fruta no decorrer da safra. Um fato observado nos últimos anos é que a substituição da goiaba comum pelo cultivar Paluma, tem propiciado ao produtor, através da poda dirigida, produção fora do pico de safra que ocorre de janeiro a março, o que tem lhe garantido uma melhor remuneração. Em setembro de 2003, o preço para a Paluma estava em torno de R$ 200,00/t.

Trabalho apresentado no Simpósio Brasileiro sobre a Cultura da Goiaba", de 19 a 22 de novembro de 2003, Viçosa (MG).

Data de Publicação: 02/12/2003

Autor(es): Paul Frans Bemelmans Consulte outros textos deste autor
Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor