RESUMO: Sendo constituída sob um forte aparato regulatório, a cadeia brasileira do trigo passou por profundas mudanças no início dos anos 90s. A partir desse momento, o governo para de intervir nesse setor. Simultaneamente, ocorre o processo de abertura econômica que permitiu a entrada de novos concorrentes nesse mercado. Essas duas mudanças trouxeram grandes alterações no ambiente institucional e competitivo da cadeia. Esse processo se amplia a partir de 1994, quando começa a vigorar o MERCOSUL. Este artigo aborda inicialmente a forma como se conformou o aparato regulatório sobre esse segmento. Posteriormente, são tratadas as mudanças nos ambientes institucional, organizacional e tecnológico trazidas pelos processos de abertura econômica, desregulamentação e assinatura do MERCOSUL. Partindo de um enfoque institucionalista, este estudo buscará demonstrar como o ambiente institucional oriundo do período regulatório e a forma como este foi transformado pela desregulamentação impactaram sobre o desempenho da cadeia brasileira durante os anos 90s. Nesse contexto, apesar do fraco desempenho observado no inicio da década, nota-se uma melhoria substancial na coordenação dessa cadeia a partir de 1999. Este artigo conclui que os agentes parecem estar se adaptando ao novo ambiente por meio de novas formas de representação e coordenação de forma a preencher o vazio deixado pelo reduzido papel que o Estado passou a desempenhar nesse mercado. Ainda assim, essa cadeia e o setor agrícola, mais especificamente, se mostram muito vulneráveis às oscilações cambiais.