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Panorama Do Mercado Mundial De Têxteis E De Vestuário
                                 Os 
produtos têxteis, juntamente com vestuário, representaram 7,7% do valor do 
comércio mundial de manufaturados em 2001. O vestuário respondeu pela maior 
parcela, equivalente a 4,4%. No período de 1990 a 2001, o comércio de têxteis 
evoluiu à taxa de 3% ao ano, enquanto o de vestuário evoluiu 6% a.a., indicando 
a tendência para as transações de produtos com maior valor agregado, conforme 
dados da OMC – Organização Mundial do Comércio (                                                                        http://www.wto.org).  O Comércio Internacional               Embora 
muitos países participem do mercado, o comércio é concentrado em alguns blocos 
geográficos ou econômicos. Em 2001, a Ásia respondeu por mais de 40% do valor 
das exportações mundiais de têxteis e de vestuário. Isoladamente, a China foi a 
principal exportadora, responsável por 11,4% das exportações globais de têxteis 
e por 18,8% das de vestuário. Também integraram o rol de exportadores de têxteis 
Hong Kong, Taiwan, Japão, Tailândia e Coréia do Sul, sendo que esse último 
também é importante fornecedor de vestuário, assim como a Indonésia. As 
exportações da Europa Ocidental corresponderam a 38,7% e a 28,9%, 
respectivamente, em têxteis e vestuário, das quais quase a totalidade 
referiram-se à UE – União Européia. Do total exportado por esse bloco econômico, 
as maiores parcelas destinaram-se ao comércio intra-UE. A representação da 
América do Norte nessas exportações foi de 13,2%, dos quais a maior parte (8,6%) 
referiram-se a têxteis, tendo como principal origem os Estados Unidos. A América 
Latina destacou-se pela participação em 10,3% nas exportações mundiais de 
vestuário, superando um forte concorrente, a UE, cuja parcela extra-bloco foi de 
8,1%. Para tanto contribuiu, em especial, o México, cuja atuação nesse mercado 
tem sido crescente, sobretudo após o ingresso no NAFTA – Acordo de Livre 
Comércio da América do Norte. Do lado da demanda, a UE concentrou em mais de 70% 
as importações dessas manufaturas. Apesar do intenso comércio intra-bloco, a 
maior fração das importações de vestuário (24,6%) foi proveniente de outras 
regiões do mundo. A América do Norte foi responsável por 45,7% das importações 
desses manufaturados e, a exemplo da UE, teve o vestuário como o item mais 
importante da pauta de importações, 33,1% (Tabela 1).   Tabela 1 – Participação Percentual no Comércio Mundial de 
Têxteis e Vestuário, 2001   O Brasil no Mercado Internacional               A participação brasileira nesse mercado é relativamente reduzida, haja vista que as exportações representaram apenas 0,6% do valor total de têxteis comercializados em 20013. No entanto, é de suma 
importância a identificação dos principais mercados atuais e potenciais para os 
produtos brasileiros.  Tabela 2 – Exportações Brasileiras de Têxteis e de 
Vestuário por Bloco Econômico, 2001 e 2002 (US$1.000 FOB)               Os Estados Unidos, isoladamente, são os principais compradores de têxteis e de vestuário do Brasil, 31,7% das exportações em 2002, segundo SECEX e ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil. O ingresso das manufaturas têxteis brasileiras nesse mercado é regido pelo estabelecimento de cotas que variam de acordo com a categoria dos produtos e com o grau de aproveitamento por parte do exportador. O melhor aproveitamento das cotas pelo Brasil, no decorrer de 2002, em especial dos produtos de algodão, geram a expectativa de flexibilização, ou seja, de aumento das quantidades a serem importadas, por parte dos Estados Unidos, em 2003. Somente em 2005 tais restrições deverão ser retiradas, conforme previsto no ATV. Além disso, os têxteis brasileiros têm a competitividade prejudicada com as 'concessões especiais dos Estados Unidos no âmbito do NAFTA'. Trata-se de um sistema no qual fios e tecidos estadunidenses são exportados para o México e outros países da América Central para a confecção de tecidos e roupas, os quais são exportados de volta aos Estados Unidos, sob acordos mais flexíveis e com tarifas preferenciais 5.    1 TRELA e WHALLEY (1989), citado por BARBOSA, M.Z.; BORTOLETO, E.E.; DONADELLI, A. Comércio internacional, das restrições quantitativas às exigências ambientais: o caso dos têxteis. Informações Econômicas, SP, v. 26, n.8, p.31-39, ago. 
1996. 
            Esse mercado foi regido pelo Acordo Multifibras, vigente de 1974 a 1994, que consistia na determinação de cotas de importações, firmadas em acordos bilaterais entre importadores e exportadores, entre esses últimos o Brasil, com o intuito de proteger as indústrias domésticas das nações industrializadas. Em virtude das sucessivas renegociações envolvendo número cada vez maior de produtos e países, acirrando as restrições ao comércio, em 1995, foi criado o ATV – Acordo de Têxteis e Vestuário, no âmbito da OMC, com o objetivo de regulamentar o processo de finalização do Multifibras, o qual deverá se estender até 2005 1. 
            Os setores têxtil e de confecções apresentam baixa relação capital/trabalho nos países em desenvolvimento, os quais são também os principais exportadores. Desse modo, o trabalho intensivo relativamente mais barato os tornam mais eficientes que os países desenvolvidos, particularmente na produção de vestuário. Por sua vez, os investimentos em novas tecnologias, com vistas à redução de custos e ao aperfeiçoamento qualitativo dos produtos, constituem as principais estratégias das nações mais desenvolvidas 2.      
1Inclui a Comunidade 
dos Estados Independentes.                                                                                           Ásia                                                    Europa Ocidental                                                    União Européia                                                    Intra-EU                                                    Extra-EU                                                    América do Norte                                                    América Latina                                                    Centro-Leste Europeu1                                                    África                                                  Oriente Médio                                             
Fonte: Elaborada a partir de 
dados da OMC.  
            O NAFTA, a UE e o MERCOSUL constituíram-se no destino de 70% do valor das exportações brasileiras de têxteis e vestuário, entre 2001 e 2002, que sofreram queda de 9% no período, com expressivas mudanças nas respectivas participações das vendas, especialmente para os parceiros comerciais da América do Sul e do Norte. Com a queda de 55% das exportações para o cone sul, em virtude da influência da crise na Argentina, principal demandante, a participação desse bloco foi reduzida de 29,1% para 14,3% das vendas no período. O inverso ocorreu em relação ao NAFTA, cuja representatividade passou de 24,5% para 36,6%, e para o qual o Brasil aumentou em 35,6% suas exportações. Para a UE verificou-se pequena queda de 1,1%, obtendo-se, contudo, ligeiro aumento da participação relativa do bloco, de 16,4% para 17,9% (Tabela 2). Particularmente em relação a UE, a finalização antecipada das cotas geram a expectativa de maiores vendas a esse bloco econômico4.      
Fonte: ABIT (  www.abit.org.br).         Bloco econômico                                                                             MERCOSUL                                                    NAFTA                                                    EU                                                    Outros                                                  Total                                             
            
A conclusão do ATV, os resultados das discussões em torno da implementação da 
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas, assim como sobre a intensificação do 
comércio junto à UE deverão exercer forte influência sobre o comércio exterior 
brasileiro de têxteis e vestuário.  
 
2 HEIJBROEK, A.M.A.; HUSKEN, H.P. The international cotton complex – Changing competitiveness between seed and consumer. Amsterdam: Rabobank 
International, 104p. 1996. 
3 Não são disponíveis dados da OMC relativos às 
exportações brasileiras de vestuário. 
4 GOLDBERG, S. A virada do setor têxtil. Conjuntura Econômica, Rio de Janeiro, FGV, v.56, n.11, 
p.54-57, nov., 2002. 
5 BARBOSA, R.A. Barreiras aos produtos e serviços brasileiros. Embaixada do Brasil, Washington, D.C. Outubro de 2002. 
         http://mdic.gov.br/publica/SECEX/doc/barreiras.PDF.  
Data de Publicação: 12/03/2003
                Autor(es): 
                Marisa Zeferino  (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Alfredo de Almeida Bessa Junior Consulte outros textos deste autor              

                    
                        