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FERTILIZANTES: diminuição de 18,1% na entrega
No Brasil, no período de janeiro a agosto de 1999, as entregas de fertilizantes
no País totalizaram 6,1 milhões de toneladas de produto, com diminuição de 18,1%
em relação à igual período de 1998. O decréscimo das entregas foi observado em
quase todos os estados brasileiros. No caso específico de São Paulo, as entregas
foram 21,4% inferiores nesse período. TABELA 1 - Unidades de Produtos
Agrícolas Necessárias para Adquirir Uma Tonelada de Adubo,
As entregas de fertilizantes ao consumidor final por região não foram de maneira
uniforme, no referido período, tendo a Região Centro respondido por 74,8%; a Sul
por 13,5%; a Nordeste por 11,1% e a Norte por 0,6%. O Estado de São Paulo foi o
que absorveu maior quantidade das entregas de fertilizantes com 1,2 milhão de
toneladas de produto, representando 20,4% do total, seguido do Paraná (18,8%),
Minas Gerais (13,4%), Rio Grande do Sul (10,2%) e Mato Grosso (9,6%), segundo o
Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas, no Estado de São Paulo
(SIACESP).
Tendo em vista que no primeiro semestre de 1999 praticamente não ocorreu a
antecipação de compras pelos produtores, principalmente os de soja, que deixaram
para adquirir os fertilizantes bem próximo ao plantio, e que as principais
culturas no Brasil são plantadas no segundo semestre, a tradicional sazonalidade
do setor deverá aumentar ainda mais, com grandes quantidades de fertilizantes
sendo entregues de agosto a novembro, acarretando problemas de transporte, com
elevação do preço dos fretes. Nesse cenário torna-se de extrema relevância que
os recursos de crédito rural para a próxima safra de verão 1999/2000 possam
chegar o mais rápido possível até os agricultores.
Verificando-se estimativas de preços médios de fertilizantes pagos pelos
agricultores na Região Centro-Sul, no período de julho de 1998 a julho de 1999,
constata-se que a média de preço teve incremento de R$63,72/t (de R$225,76/t
para R$289,48/t), ou seja, aumento médio de 28,2%. Entretanto, considerando a
inflação do período, em termos reais, o acréscimo foi de 17,2%.
Analisando-se a relação de troca produto/fertilizante, observou-se que no
período de janeiro a julho de 1999, para a maioria dos produtos agrícolas, houve
piora na relação de troca aos agricultores em comparação com o mesmo período do
ano anterior, principalmente no caso da cana-de-açúcar (responsável por 16,3% do
consumo nacional de fertilizantes), decorrência dos baixos preços pagos pelos
derivados da cana-de-açúcar (Tabela 1).
Região Centro - Sul, Brasil, Janeiro a Julho de 1998 e Janeiro a Julho de
1999
Ano/mês | Algodão (15kg) | Arroz (60kg) | Café (60kg) | Cana (t) | Feijão (60kg) | Laranja1 (40,8kg) | Milho (60kg) | Soja (60kg) |
1998 | ||||||||
Jan. | 25,5 | 15,7 | 1,0 | 14,4 | 4,9 | 43,6 | 28,1 | 13,6 |
Fev. | 24,8 | 15,9 | 1,0 | 14,2 | 4,3 | 41,6 | 27,2 | 15,0 |
Mar. | 25,5 | 15,5 | 1,1 | 13,6 | 3,9 | 35,1 | 26,4 | 15,2 |
Abr. | 27,8 | 16,0 | 1,2 | 13,7 | 3,5 | 38,4 | 26,7 | 16,9 |
Maio | 29,0 | 15,0 | 1,4 | 13,8 | 2,1 | 41,4 | 24,9 | 17,1 |
Jun. | 30,0 | 14,5 | 1,7 | 13,8 | 1,9 | 38,4 | 27,5 | 17,7 |
Jul. | 29,7 | 14,3 | 1,8 | 14,4 | 2,1 | 39,1 | 25,7 | 18,0 |
1999 | ||||||||
Jan. | 31,5 | 14,3 | 1,5 | 16,3 | 2,9 | 31,7 | 25,4 | 19,2 |
Fev. | 38,8 | 16,7 | 1,7 | 20,1 | 3,5 | 39,4 | 30,5 | 22,1 |
Mar. | 37,9 | 18,3 | 1,8 | 22,9 | 4,7 | 36,9 | 34,9 | 22,5 |
Abr. | 36,9 | 19,8 | 2,0 | 22,9 | 5,0 | 40,9 | 35,1 | 23,5 |
Maio | 35,1 | 19,8 | 1,8 | 22,9 | 5,9 | 46,0 | 34,7 | 21,8 |
Jun. | 34,2 | 20,9 | 1,8 | 23,0 | 6,4 | 51,0 | 34,1 | 21,8 |
Jul. | 33,7 | 21,0 | 2,0 | 23,3 | 6,8 | 58,4 | 31,5 | 21,5 |
1Refere-se à laranja de
mesa.
Fonte: Associação Nacional para Difusão de Adubos
(ANDA).
Em 1999, em face da desvalorização do real, muitas empresas de fertilizantes
estariam se descapitalizando, aumentando suas dívidas com o pagamento das
importações realizadas em 1998. Esse fator, somado à restrição de crédito para
importação desse insumo pelas empresas, contribuiu para o decréscimo de 31,8%
das importações brasileiras de fertilizantes no período de janeiro a agosto de
1999, em relação ao ano anterior, fixando-se em 2,9 milhões de toneladas de
produto. Também decresceu (20,7%) a quantidade total de matérias-primas para
fertilizantes importadas no citado período.
Diante dessa situação, existe o risco de saída de grandes fornecedores de
fertilizantes, mudança de capital acionário e de que muitas empresas reduzam sua
participação no mercado, diminuindo a concorrência, o que poderá contribuir para
aumento dos preços pagos pelos agricultores.
Até agosto de 1999, no mercado internacional, os preços do cloreto de potássio,
principal fertilizante importado, permaneceram estáveis, sendo cotado, no
Canadá, em torno de US$129-139/t FOB-Vancouver (granulado).
A produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes,
no período de janeiro a julho de 1999, decresceu 4,7% em relação ao mesmo
período do ano anterior, totalizando 3,6 milhões de toneladas.
Devido à queda dos preços das principais commodities (como soja e açúcar), ao
aumento dos preços dos insumos importados, dadas as dificuldades de recebimento
enfrentada pelas indústrias e do endividamento do setor agrícola junto aos
bancos, prevê-se elevação dos custos de produção, em contexto mais restrito e
seletivo de concessão de crédito agrícola. A previsão do setor de fertilizantes
para 1999 é de retração de 10%, em relação ao ano anterior, nas entregas ao
consumidor final, situando-se em torno de 13,2 milhões de toneladas de produto,
com redução no consumo nas culturas de soja, cana-de-açúcar e de laranja, e
aumento no café e no algodão, em função da rentabilidade do primeiro e do
acréscimo de área no segundo, aliada à maior utilização por hectare na safra
1999/2000.
Data de Publicação: 26/10/1999
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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