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Os Maiores Exportadores E Importadores Lácteos No Mundo
Esse
texto refere-se à produção de leite fluido e à produção e comércio dos derivados
lácteos que predominam no mercado mundial, mais especificamente leite em pó
desnatado, leite em pó integral, queijos e manteiga.
As maiores regiões produtoras mundiais de leite de vaca, em ordem decrescente,
são a União Européia (UE), a América do Norte, a Ex-União Soviética, a América
do Sul e a Oceania. Os dois primeiros blocos respondem por mais da metade do
total produzido pelos países selecionados pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (a sigla em inglês é USDA).
Estima-se que em 2000 esses países produziram 375,7 milhões de toneladas de leite. Considerando-se o ranking por país, os
Estados Unidos vêm na dianteira, como o maior produtor individual, e o Brasil
posiciona-se em sexto lugar (tabela 1).
Tabela 1. Produção Mundial de Leite de Vaca, Países Selecionados – 2000*
(mil toneladas)
| |
Estados Unidos | 76.370 |
Índia | 36.250 |
Rússia | 31.900 |
Alemanha | 28.400 |
França | 24.890 |
Brasil | 22.000 |
Reino Unido | 14.200 |
Nova Zelândia | 12.835 |
Ucrânia | 12.200 |
Polônia | 11.800 |
Austrália | 11.216 |
Países Baixos | 10.800 |
Itália | 10.350 |
Argentina | 9.800 |
México | 9.200 |
Japão | 8.500 |
Canadá | 8.090 |
China | 7.800 |
Outros (8) | 9.075 |
Total (26) | 375.676 |
* Estimativa
Fonte: www.fas.usda.gov/dlp/circular/2000/00-12Dairy/toc.htm
Quanto à produção de derivados lácteos, a União Européia (com destaque para Alemanha e França) mantém a liderança, exceto na produção de manteiga, onde a Índia aparece na frente. Os Estados Unidos vêm, em seguida, como o próximo país mais importante, não se encontrando entre os cinco primeiros somente no caso do leite em pó integral. É nesse item que Brasil e Argentina têm uma participação relativa mais significativa (tabela 2).
Tabela 2. Principais Produtores de Derivados Lácteos, por Países Selecionados – 2000*
| | ||||
Países | | | Países | | |
União Européia | 920 | 30 | União Européia | 1.005 | 35 |
Estados Unidos | 670 | 22 | China | 450 | 16 |
Austrália | 265 | 9 | Nova Zelândia | 420 | 15 |
Nova Zelândia | 210 | 7 | Brasil | 256 | 9 |
Japão | 197 | 6 | Argentina | 204 | 7 |
Total (33) | 3.077 | 100 | Total (29) | 2.882 | 100 |
| | ||||
Países | | | Países | | |
União Européia | 5.482 | 45 | Índia | 1.950 | 36 |
Estados Unidos | 3.775 | 31 | União Européia | 1.479 | 27 |
Egito | 370 | 3 | Estados Unidos | 595 | 11 |
Austrália | 367 | 3 | Nova Zelândia | 347 | 6 |
Nova Zelândia | 270 | 2 | Rússia | 275 | 5 |
Total (24) | 12.232 | 100 | Total (23) | 5.455 | 100 |
* Estimativa
Fonte: www.fas.usda.gov/dlp/circular/2000/00-12Dairy/toc.htm
O
comércio internacional de lácteos é realizado basicamente com produtos
concentrados, desidratados ou queijos duros e semi-duros, cujos custos de
transporte e riscos de perdas são menores do que os dos derivados frescos,
comercializados basicamente entre países vizinhos ou relativamente próximos.
Estima-se que atualmente são comercializados cerca de 7% da produção mundial de
lácteos.
Em 2000, os países da União Européia (particularmente Países Baixos, França,
Alemanha e Dinamarca), juntamente com os países da Oceania, responderam por
cerca de 69%, 88%, 89% e 93% do total exportado de leite em pó desnatado, leite
em pó integral, queijos e manteiga, respectivamente (tabela 3).
Os Estados Unidos têm participação inferior nesse comércio, porque consomem a
maior parte do que produzem, ao contrário da Nova Zelândia, que exporta cerca de
90% de sua produção de leite e, também, da Austrália, que exporta mais de 50%.
Tabela 3. Principais Exportadores de Derivados Lácteos - Países Selecionados – 2000*
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Países | | | Países | | |
União Européia | 253 | 25 | União Européia | 533 | 43 |
Austrália | 240 | 24 | Nova Zelândia | 382 | 31 |
Nova Zelândia | 204 | 20 | Austrália | 169 | 14 |
Estados Unidos | 110 | 11 | Argentina | 118 | 9 |
Polônia | 70 | 7 | Estados Unidos | 15 | 1 |
Total (33) | 1.010 | 100 | Total (29) | 1.244 | 100 |
| | ||||
Países | | | Países | | |
União Européia | 403 | 41 | Nova Zelândia | 338 | 54 |
Nova Zelândia | 241 | 25 | Austrália | 139 | 22 |
Austrália | 222 | 23 | União Européia | 105 | 17 |
Estados Unidos | 40 | 4 | Ucrânia | 12 | 2 |
Canadá | 25 | 3 | Canadá | 9 | 1 |
Total (24) | 975 | 100 | Total (23) | 622 | 100 |
* Estimativa
Fonte: www.fas.usda.gov/dlp/circular/2000/00-12Dairy/toc.htm
A importação de produtos lácteos está menos concentrada e é realizada em sua maior parte por países da Ásia, América Latina e África (tabela 4).
Tabela 4. Principais Importadores de Derivados Lácteos - Países Selecionados – 2000*
| | ||||
Países | | | Países | | |
Malásia | 150 | 30 | Brasil | 125 | 18 |
México | 105 | 21 | Argélia | 110 | 16 |
Filipinas | 96 | 19 | China | 70 | 10 |
Indonésia | 80 | 16 | Venezuela | 67 | 10 |
Argélia | 70 | 14 | Filipinas | 58 | 8 |
Total (33) | 493 | 100 | Total (29) | 685 | 100 |
| | ||||
Países | | | Países | | |
Japão | 197 | 26 | União Européia | 69 | 28 |
Estados Unidos | 180 | 24 | Egito | 45 | 19 |
União Européia | 127 | 17 | Rússia | 40 | 16 |
Rússia | 65 | 9 | México | 25 | 10 |
México | 45 | 6 | Estados Unidos | 14 | 6 |
Total (24) | 757 | 100 | Total (23) | 622 | 100 |
* Estimativa
Fonte: www.fas.usda.gov/dlp/circular/2000/00-12Dairy/toc.htm
Algumas considerações podem ser feitas.
Ao contrário dos maiores países exportadores que pertencem, em geral, a regiões
desenvolvidas, os principais países importadores do mundo fazem parte de regiões
consideradas como em desenvolvimento.
Entre os maiores exportadores mundiais, observam-se algumas mudanças no sentido
de ampliação na participação da Nova Zelândia e da Austrália e de perda de
espaço por parte da União Européia e da América do Norte.
De acordo com projeções da Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO,
em inglês), a maior parte do crescimento da produção, bem como do consumo de
leite, deverá acontecer nos países em desenvolvimento. No agregado, a
participação desses países na produção mundial de leite deverá passar de 35,0%
para 40,0%.
Ainda conforme a mesma fonte, a expectativa é de grande crescimento em sistemas
de produção de leite a pasto na América Latina, além da Nova Zelândia e da
Austrália.
Vale destacar que essa tendência é reforçada com o problema da vaca louca.
Embora não haja nenhuma evidência científica que indique que o leite possa
transmitir a enfermidade, existem especialistas na área que estão questionando
um estudo desenvolvido em 1995 com ratos, onde nenhum deles apresentou qualquer
sinal da Encefalopatia Espongiforme em Bovinos (EEB). Argumenta-se que o
experimento foi defeituoso em função das barreiras específicas que evitam a
transmissão da enfermidade aos ratos. Para esses cientistas, enquanto não se tem
algum resultado mais concreto, investigação que pode levar no mínimo três anos,
período que os animais levam para incubar a EEB, haveria a necessidade de a
comunidade científica assumir que o leite, em potencial, pode transmitir a
enfermidade (Revista Infortambo, extraído de www.terra
viva.com.br/selectus/1217/clipping.shtml).
Em síntese, ao contrário do padrão vigente até o passado recente, esperam-se
índices maiores de crescimento da produção leiteira em áreas cujo consumo é
crescente e em países com baixos custos de produção e que não utilizam subsídios
à exportação. Por outro lado, como ocorre atualmente, o comércio mundial de
produtos lácteos continuará a se caracterizar por uma separação entre países em
desenvolvimento e importadores e países desenvolvidos e
exportadores.
Data de Publicação: 16/02/2001
Autor(es): Eloisa Elena Bortoleto Consulte outros textos deste autor