A Viticultura No Estado De São Paulo

            O Brasil produziu em 1999 cerca de 900 mil toneladas de uvas, sendo 54,7% produzidos no Rio Grande do Sul. O Estado de São Paulo contribuiu com 176 mil toneladas, ou seja, cerca de 20%. Nesse Estado a viticultura concentra-se nos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de Itapetininga e Jales, com destaque para São Miguel Arcanjo e Jales, que produzem uvas finas de mesa, e no EDR de Campinas que produz uva comum. Em São Miguel Arcanjo, a colheita de uvas finas é realizada entre os meses de janeiro e abril, enquanto que na região de Jales, entre agosto e dezembro. A região de São Miguel Arcanjo apresenta a desvantagem de inverno mais úmido e frio neste período, com risco de problemas fitossanitários e, portanto, elevando o custo de produção. A região de Jundiaí produz principalmente uva comum. Quase que a totalidade da área plantada no Estado (cerca de 11.000 hectares) destina-se à produção de uva de mesa (comum e fina), enquanto apenas 222 hectares são ocupados com uva para indústria, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).
            A amplitute térmica diária e a temperatura do ar interferem na qualidade dos frutos da videira, influenciando na cor e no acúmulo de açúcares. Quanto maior a amplitude, melhor a coloração, e quanto maior a temperatura do ar mais doces são as uvas. Entre as regiões produtoras do Brasil, a amplitude térmica varia de 10,1oC no Nordeste a 13,7oC no Sudeste, favorecendo uma melhor coloração nas uvas produzidas em Jales e São Miguel Arcanjo. Por outro lado, as altas temperaturas nos Estados de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco favorecem um acúmulo maior de açúcares nas bagas.
            Os EDRs de Itapetininga, Jales e Sorocaba respondem por 80,72% da produção de uvas finas no Estado, estimada em 83.580 toneladas. No período de 1996 a 1999, a produção cresceu 51% e o número de pés em produção, 54% (Tabela 1). Para a safra 1999/2000, espera-se aumento de 8 a 10% na produção de uva de mesa favorecido pelo clima.
            Algumas novas regiões vêm explorando a cultura de uvas finas como o EDR de Piracicaba e o de Campinas. Em 1996, o EDR de Piracicaba participava com 0,3% de pés em produção e, em 1999, foi responsável por 7,2%. O de Campinas cresceu de 1,2% para 4,0% no mesmo período.

TABELA 1 - Produção de Uvas no Estado de São Paulo, 1996-99
(em t)


 

Uva
1996
1997
1998
1999
Fina
67.410
71.302
95.508
101.899
Comum
77.150
151.500
80.740
83.580
Indústria
5.831
4.343
5.494
4.515

                   Fonte: IEA/CATI.

            Destaca-se também o EDR de Dracena, que produziu em 1999 cerca de 6.700 toneladas de uva fina de mesa, praticamente o dobro da verificada em 1996 (3,5 mil toneladas). A produção cresceu a uma taxa de 17,6% ao ano, acima da média do Estado, o que garantiu, no período 1996-99, uma participação da região na produção total estável em torno de 6,0%.
            A maior parte da produção de uva da região, 86%, concentra-se nos municípios de Tupi Paulista, Irapuru, Pacaembu, Ouro Verde e Junqueirópolis, com destaque para o primeiro, pioneiro no cultivo da uva na região. As principais variedades produzidas são a rubi, itália e benitaka, normalmente em pequenas propriedades familiares, sob sistema irrigado e com sombrite, com a utilização de sistema de sustentação na forma de latada. O período de produção ocorre entre agosto e novembro, com pico nos meses de setembro e outubro.
            Com relação à uva comum para mesa, o EDR de Campinas foi responsável por mais de 65,5% da produção do Estado em 1999, ou seja, 54.774 toneladas de um total de 83.580 toneladas.
            O Estado de São Paulo tem pouca participação na uva para indústria, tendo produzido 4.515 toneladas em 1999, o que corresponde a decréscimo de 18% em relação ao ano anterior. O EDR de Itapetininga participa com 79,7% do total do Estado.
            O Estado de São Paulo desenvolveu aptidão para a vinicultura de mesa. O abastecimento do mercado com uvas finas, de janeiro a abril, é proveniente da região de São Miguel Arcanjo (EDR de Itapetininga), e de agosto a dezembro, as uvas são da região de Jales. No período de entressafra destas regiões, abril a julho, ocorre a entrada das uvas do Paraná.
            A região de Jundiaí (EDR de Campinas) produz quase que 100% de uvas comum do tipo Niagara, durante os meses de dezembro-janeiro-fevereiro. Nesta região a uva tipo niágara adaptou-se melhor ao clima úmido prejudicial para o cultivo de uvas finas, Itália e Rubi. De forma geral, a exploração desta atividade no Estado de São Paulo é realizada por pequenos produtores em propriedades de 4 a 5 hectares, chegando até 30 hectares, em alguns casos.
            O setor de distribuição varejista atualmente está cada vez menos concentrado nos grandes terminais atacadista como a CEAGESP, e a tendência tem sido a venda direta aos supermercados ou através de intermediários que levam a uva para outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espiríto Santo e Paraná (Tabela 2).

TABELA 2 - Volume Anual de Uva Comercializado na CEAGESP, 1996 a 1999
(em t)


 

Item 1996 1997 1998 1999
Uva1 73.286 75.981 69.096 60.303

                   1Nacional e importada.
                    Fonte: CEAGESP.
 

Data de Publicação: 28/09/2000

Autor(es): Geni Satiko Sato (sato@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Terezinha Joyce Fernandes Franca (terezinha.franca@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor