O futuro do negócio de frutas, legumes e verduras frescos no varejo dos Estados Unidos

            A Vance Publishing Corporation, responsável pela jornal The Packer e outras publicações envolvendo a comercialização de hortícolas frescos nos EUA, realizou consulta aos 150 principais líderes do setor sobre o futuro do negócio. Os resultados mostram riqueza de oportunidades e desafios, capazes de criar tanto grandes ganhadores como grandes perdedores. Os mais interessantes serão apresentados aqui, acompanhados de alguns comentários em itálico :

  • Os consumidores americanos gastam 44% do seu dinheiro em alimentação fora de casa. Em 2010 gastarão 53%.
  • Os consumidores comprarão a maioria dos produtos não perecíveis por Internet e frutas e vegetais frescos perto de casa.
  • Os 10 maiores varejistas controlarão 50% da venda de alimentos no país. Surgirão cadeias nacionais de varejo.
  • As vendas de vegetais e frutas frescas crescerão de 11% para 15% das vendas totais dos supermercados até 2005.
  • A compra direta será feita em ¾ de todas as compras do varejo e serviço de alimentação. A maioria dos varejista terá até 10 fornecedores de frutas e verduras frescas, comprando de um grupo pequeno 80% de todo o seu consumo. Nos Estados Unidos existem grandes estruturas de classificação e embalamento e remessa do produto nas regiões produtoras, que podem ou não ser do produtor – packer, shippers, grower-shippers. O Brasil não tem essas estruturas na maioria das culturas. Só alguns produtos como laranja e batata contam com uma estrutura de classificação e embalamento .
  • A exigência por qualidade será tão forte que o supermercado precisará trabalhar com poucos fornecedores chaves.
  • As vendas de vegetais e frutas frescas serão responsáveis por 25% do lucro do supermercado. Hoje são responsáveis por 17%.
  • O espaço destinado ao setor passará de 13% hoje para 18% da área total do supermercado.
  • A maioria dos departamentos de FLV ( frutas, legumes e verduras) terá 600 itens em seu estoque. Hoje a média é de 507 itens. No Brasil, um supermercado com um departamento de FLV maravilhoso tem no máximo 300 itens. Normalmente gira em torno de 100.
  • Frutas e vegetais frescos serão promovidos pelos supermercados como tratamento de saúde.
  • Vendas de produtos pré-processados passarão de 32% para 45% das vendas do setor de FLV.
  • Um terço das frutas e vegetais frescos terá marca, o dobro de hoje.
  • Haverá crescimento de marcas nacionais, em detrimento de marcas locais.
  • Uma parte dos produtos será vendida com a marca do varejista.
  • Haverá uso crescente de cartão do comprador. Suas informações ajudarão o gerenciamento por categoria.
  • Comidas prontas deverão crescer para 10% da venda total do supermercado.
  • O uso crescente do gerenciamento por categoria nesse setor possibilitará que as decisões de gerenciamento deixem de ser baseadas em opiniões e passem a ser baseadas em fatos e números. No Brasil, o varejo não consegue identificar em seu sistema de gerenciamento o produto. Pêssego pode ser brasileiro ou importado. Se graúdo, é caracterizado como importado. A produção nacional oferece ao mercado mais de 15 variedades de pêssego de diversos tamanhos e qualidades. O supermercado identifica tudo como um só. A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo obrigou o varejo a informatizar a saída do produto. A informatização da saída obriga à automatização da entrada. A falta de caracterização impede o setor já informatizado de usufruir das vantagens do gerenciamento por categoria.
  • A utilização do EDI (Eletronica Data Interchange) passará dos atuais 10% para mais de 50% dos pedidos do varejo para os seus fornecedores em 2005.
  • Metade da compra do varejo será feita por meio de contratos que especificam preço e volume do produto. Hoje isso acontece com 15%.do volume de compra de frutas e vegetais frescos.
  • O gerenciamento por categoria terá um dos papéis principais no sucesso do setor.
  • As lojas de conveniência serão pontos de venda de vegetais e frutas frescas. Hoje 30% das lojas de conveniência , em 2005 50%.
  • 72% dos consumidores colocaram frescor como a característica mais desejável no produto.
  • O produto orgânico passará de 2% para 5% da venda total do setor de FLV.
  • Haverá um grande aumento no produto originário de estufas de produção local..
  • A maioria dos itens estará disponível durante todo o ano, o que carretará aumento do produto importado.
  • A natureza fragmentada do setor impedirá o emprego de economia de escala por grandes empresas.
  • A consolidação do setor criará vácuos de serviço, trazendo oportunidades de negócios.
  • A irradiação como tratamento pós-colheita será adotada amplamente.
  • A consolidação e as pressões criadas por ela induzirão à diminuição de preço, que pode ser o grande perigo para a segurança do alimento.
  • A exportação crescerá de US$3 bilhões para US$4,5 bilhões.
  • O consumo per capita aumentará 15%. Cresceu 22% nos últimos 10 anos.
  • A maioria do setor empregará embalagens retornáveis.
  • O valor dos produtos importados chegará a 50% do valor do produto doméstico Hoje é de 32%.

 

Data de Publicação: 18/01/2000

Autor(es): Anita de Souza Dias Gutierrez Consulte outros textos deste autor