Tomate: O Problema Da Mosca Branca

            A mosca branca apareceu no Brasil em 1989 . Ela transmite um vírus que pode exterminar o tomateiro, dependendo do período em que o vetor contaminado venha a sugar a planta, posto que fica um período incubado. Os prejuízos causados nessa atividade podem ser muito grandes, embora possam ser reduzidos desde que haja um plano de combate.
            Em vista dessa questão, o objetivo é apresentar o perfil da produção de tomate industrial e de mesa no Brasil e sugerir medidas com o intuito de subsidiar a Câmara Setorial de Hortaliças.

Produção de tomate

            A produção brasileira no biênio 2000-2001 foi de cerca de 3 milhões de toneladas, com produtividade acima de 54 de toneladas por hectare. Estima-se que a produção de tomate industrial tenha sido de aproximadamente 1 milhão de toneladas (33% do total).
            O Estado de Goiás é o maior produtor do País (23,6% do total), com o predomínio do cultivo de tomate rasteiro para indústria produzido sobre a palha de milho ou soja. São Paulo ocupa a segunda posição (21,3%) e Minas Gerais a terceira colocação, ambos com produção basicamente de tomate de mesa. O Nordeste (Bahia, Pernambuco e Ceará), principal região produtora na década de 1980 e início dos 90s, perdeu a primazia devido ao severo ataque de mosca branca.

Calendário de Cultivo

            O Estado de São Paulo, cuja maior parte da produção (68%) é para consumo in natura, é o principal produtor brasileiro de tomate envarado e o terceiro maior de tomate rasteiro. As regiões de cultivo de tomate industrial situam-se ao norte e nordeste do Estado, enquanto o tomate de mesa concentra-se nas regiões das Serras do Mar e Mantiqueira e no planalto.
            Assim, propõem-se dois programas para o combate à mosca branca. Para o tomate industrial, o programa deverá intensificar ações a partir de fevereiro (inicio do plantio) e no trimestre novembro-janeiro (época de eliminação de restos culturais e plantas hospedeiras). No caso do tomate de mesa, o programa deve considerar a necessidade de determinar o calendário de cultivo (programação de plantio), visto que já existe concentração de plantio em regiões de altitude e no planalto, conforme a época do ano.
            As regiões serranas têm produção ascendente de outubro a janeiro e descendente até junho. No trimestre julho-setembro, a colheita é insignificante, o que se constitui em período ideal para a suspensão da operação, com a eliminação de restos culturais e de plantas hospedeiras. A região do planalto produz no período de abril a dezembro, com pico no trimestre maio-julho. A entressafra ocorre no trimestre janeiro-março (figura 1).

FIGURA 1 - Quantidade (*) Mensal Afluida de Tomate Salada no ETSP-CEAGESP, 1997
Região Serrana
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Planalto
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Total do Estado
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(*) - Em 1997 foram comercializadas 208.092 toneladas de tomate salada, sendo 73,4% procedentes de municípios paulistas.
Fonte: Comercialização de Tomate no ETSP - CEAGESP. PEETZ, Marcia da S.- Programa de Oferta de Produtos Diferenciados

            As condições climáticas de sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil contribuem para a expansão da mosca branca. As atividades de combate à praga precisam ocorrer em todos os estados das regiões. É importante que se combata a praga intensamente na cultura do tomate e em outras culturas hospedeiras.
            Assim, há necessidade de se constituir grupo de trabalho para organizar as diretrizes a serem seguidas no Estado de São Paulo, considerando as áreas de Agricultura, Meio Ambiente e Saúde. As ações devem ser dirigidas às regiões de produção de tomate industrial e de mesa. Esse grupo de trabalho deve considerar nas diretrizes dois níveis de ações: o primeiro e imediato é o combate da mosca branca comopraga do tomate e de todas as culturas e plantas hospedeiras. O segundo é o controle do inseto como vetor.
            Outras medidas importantes seriam a criação do calendário de cultivo e a divulgação do período (1 ou 2 meses) para a suspensão de colheita e eliminação de restos culturais e de plantas hospedeiras que abrigam a mosca branca. Como subsídio adicional deveria elaborar-se lista de culturas e plantas hospedeiras para a eliminação destas.
            Há necessidade de atualizar e homogeneizar lista de defensivos permitidos à cultura do tomate, assim como promover o treinamento dos tomaticultores para o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), envolvendo a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) e a Associação Nacional dos Distribuidores de Equipamentos Agrícolas (ANDEA).
            A organização das safras visando ao combate da mosca branca é uma oportunidade para realizar previsão de safras e evitar excesso de produção e preços baixos.
 

Data de Publicação: 20/05/2002

Autor(es): Waldemar Pires de Camargo Filho (camargofilho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Antonio Roger Mazzei (mazzei@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor