Novos Títulos Financeiros do Agronegócio e Novo Padrão do Financiamento Setorial

Resumo:

           O trabalho analisa a questão da mudança do padrão de financiamento da agricultura
brasileira, partindo da configuração da crise do crédito rural subsidiado gestado na metade da década de 1960 e que sustentou todo o processo de modernização agropecuária e de agroindustrialização dos anos 70s. Em continuidade mostra o esgotamento desse padrão de financiamento na virada dos anos 80s, na mesma medida em que procura caracterizar o conteúdo das transformações resultantes que configuram na agricultura a dinâmica de economia industrial integrada, fator explicativo essencial do avanço setorial posterior aos anos 80s nos segmentos da agricultura de commodities que pode ser verificado no substantivo aumento das colheitas de grãos a produtividade crescente. Nesse contexto, analisa o surgimento e evolução dos títulos financeiros como constituidores de um novo padrão de financiamento em desenvolvimento e consolidação, a partir dos contratos mercantis de soja verde, que ganham impulso na metade dos anos 90s, com a renegociação das dívidas dos agropecuaristas e a definição do BNDES como fonte dos investimentos setoriais. Concomitantemente, ao se definir o mercado financeiro como locus do financiamento de custeio das safras via venda antecipada, lança-se em 1995 a Cédula de Produto Rural (CPR), na sua modalidade física, para ser transformada criando a CPR Financeira em 2000, inaugurando uma nova conformação do padrão de financiamento setorial. Recentemente, no final
de 2004, amplia-se o arcabouço instrumental com novos títulos contemplando como instrumentos de comercialização os títulos gêmeos Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) e Warant Agropecuário (WA) e de alavancagem de recursos o Certificado de Direitos Creditórios dos Agronegócios (CDCA), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Finalizando, são discutidos os entraves macroeconômicos que condicionando o patamar das taxas de juros impedem a redução consistente do custo do dinheiro obtido com venda antecipada lastreadas em títulos financeiros e discutidos outros obstáculos a serem superados na construção e consolidação dos derivativos agropecuários, enquanto instrumentos da moderna economia de contratos completada com a negociação desses títulos na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) como forma de administração de risco.

Data de Publicação: 27/07/2005

Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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