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Máquinas Agrícolas: sentimento de missão cumprida
Tabela 1 - Produção, vendas e exportação de máquinas
agrícolas automotrizes, Brasil, 2003 e 2004, e Janeiro a Abril de 2005
Também, houve recuo das vendas no mercado interno, com a comercialização de apenas 10.122 máquinas. Nesse mesmo período de 2004, o volume alcançou 15.296 unidades vendidas, representando portanto queda de 33,8%. Somente os embarques apresentaram crescimento nas transações efetuadas, tendo sido enviadas ao exterior 13.722 máquinas frente as 12.426 embarcadas entre janeiro e maio de 20041.
Ao analisar em detalhes as estatísticas do setor (dados até abril), verifica-se
que a queda nos equipamentos de uso típico na agricultura já era bastante
patente (-7,4% na produção de tratores de rodas e -3,9% nas vendas). A
valorização do real, entre outros fatores (queda nas cotações da commodities no
mercado internacional, por exemplo), também começa a afetar as exportações, que
passam esboçar taxas menos robustas de crescimento (15,3% apenas).
O maior mercado para as exportações continua sendo os países da América do Sul,
que respondem por mais de 54% das transações (figura 1). Os mercados da
Argentina e dos EUA são os maiores importadores, representando 24,9% e 14,1%,
respectivamente, do total dos negócios efetivados.
Entretanto, o segmento especializado em obras de infra-estrutura - as
retroescavadeiras e os tratores de esteira - apresentou forte incremento das
vendas, com aumento de 56,3% e de 13,7%, respectivamente. Nas retroescavadeiras,
por exemplo, a produção entre janeiro e abril de 2005 foi de 1.082 máquinas, com
incremento de 399 equipamentos frente a igual período do ano anterior.
O bom desempenho das vendas de máquinas típicas de utilização em obras de infra-estrutura foi favorecido pela criação e implementação de linhas de crédito no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)2. Além disso, as intenções do Governo Federal em recuperar amplos
trechos da malha rodoviária, ferroviária e portuária criaram ambiente favorável
para que os investimentos em modernização desse tipo particular de frota fossem
destravados.
As informações também indicam que a chamada agricultura de tipo familiar
permanece demandante dos produtos do setor. Os cultivadores mecanizados, por
exemplo, tiveram expansão de 22,1% na produção e de 28,7% nas vendas. Em parte,
o aporte de recursos para as linhas de financiamento destinadas aos agricultores
familiares contribui na manutenção do desempenho positivo para produção e vendas
desse segmento da indústria.
Os efeitos da queda da produção e das vendas começam a se transmitir para o
número de postos de trabalho dedicados ao setor. Entre janeiro e abril de 2005,
a indústria de máquinas agrícolas apresentou expansão de 9,1% no emprego. O
atual número de postos de trabalho, porém, já é menor do que aquele observado em
dezembro de 2004 quando eram contabilizados 13.292 empregos. Em abril de 2005, o
setor contava com demissões de 121 operários.
Item Trator de roda Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Colheitadeiras Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Cultivadores Motorizados Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Tratores de esteiras Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Retroescavadeiras Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Máquinas agrícolas (total) Produção Vendas no mercado interno Nacionais Importados Exportação Total das vendas Emprego Receita Cambial
1 Emprego refere-se ao mês de abril.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (ANFAVEA) e ANUÁRIO (2005).
Figura 1: Exportações de máquinas agrícolas por Continente de destino, Brasil, 20043
Quando
se observa uma longa série de mercado de máquinas agrícolas, existe marcada
sazonalidade nas vendas. O primeiro semestre caracteriza-se como período de
desaceleração das vendas, com forte retomada a partir do segundo semestre. Essa
constatação permite ter-se relativo otimismo com a evolução das vendas no
mercado interno para o semestre vindouro, mesmo considerando o momento atual de
declínio na produção e nas vendas. Portanto, é prematura qualquer presunção
quanto ao grau de intensidade de arrefecimento dos negócios, mesmo porque se
espera do Governo Federal o lançamento do próximo plano de safra contendo
estímulos adicionais para a aquisição de máquinas agrícolas (figura 2).
Em realidade, a indústria de máquinas agrícolas automotrizes e o agronegócio
brasileiro devem manter presente o significado e a profundidade que a renovação
da frota de máquinas agrícolas, iniciada no segundo semestre de 1999, significou
para a economia brasileira. Tecnologicamente, os equipamentos nacionais nada
devem para aqueles produzidos nas mais adiantadas economias.
Estima-se que a frota de tratores em julho de 2004 estava em torno de 500 mil unidades, apontando um índice de mecanização de 98 hectares por trator. Investimentos estrangeiros foram atraídos para o Brasil, configurando o País como plataforma internacional para o setor. A inserção do segmento entre os que demais contribui para a formação de receitas cambiais (US$ 1,73 bilhão em 2004, com estimativa de que se ultrapassem os US$ 2 bilhões em 2005). Políticas públicas bem focalizadas, como o caso do MODERFROTA, podem resultar na geração de profícuo desenvolvimento econômico. Enfim, tem-se de fato a sensação de que a missão foi cumprida e há um porvir repleto de esforços da indústria para manter sua pujança e prestígio.4
Figura 2 – Vendas de Máquinas Agrícolas Automotrizes no Mercado Interno, Brasil, Janeiro de 2000 a Abril de 20052
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1 BOUÇAS, C. Exportação de máquinas agrícolas perde fôlego e preocupa indústria. Jornal Valor Econômico, 07/06/2005. B13.
2 BNDES: www.bndes.gov.br
3 Anuário da Indústria
Automobilística Brasileira, Anfavea, SP, 2005. 176p.
4 Artigo registrado no CCTC
sob número HP-47/2005.
Data de Publicação: 09/06/2005
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor