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Pivô Central: Forma Prática De Calcular Seu Custo De Operação
                                 
Muitos produtores entrevistados em pesquisa recente do IEA sobre milho irrigado 
manifestaram carência de informações econômicas, nas regiões de Guaíra e Casa 
Branca, sobre preço, renda, custo das culturas e também sobre a metodologia de 
cálculo de custo de operação de máquinas agrícolas, sendo nesse caso especifico 
sobre o pivô central. Isto porque há cerca de 350 aparelhos de pivô central 
cobrindo uma área irrigável de 19,0 mil hectares, o que configura um mercado de 
compra, venda e arrendamento de terras com o equipamento e até mesmo de fazendas 
com pivô central. Nestas situações, informações econômicas de custo e renda das 
culturas, assim como de arrendamento de terra, são parâmetros importantes na 
tomada de decisão para ambas as partes, ou seja, da pessoa que está alugando e 
da pessoa ou empresário que está tomando alugado. 
            
O presente artigo tenta simplificar os estafantes cálculos técnicos, sem contudo 
perder a abrangência de itens importantes na estimativa do custo de operação do 
equipamento. 
            
Para o cálculo de custos de um bem de capital como o pivô central, costuma-se 
dividi-lo em custos fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles que não 
necessariamente variam com a quantidade de horas utilizadas de uma máquina, tais 
como depreciação, juros sobre capital e o seguro. Os custos variáveis são 
aqueles que variam de acordo com a intensidade do uso da máquina, tais como 
energia, reparos, peças, graxas e a manutenção, de modo geral. 
            
A expressão 'não variam com a quantidade utilizada' significa que, mesmo com a 
máquina parada, se incorre nestes custos enunciados, os quais passam 
despercebidos porque não há desembolso direto. 
            
A depreciação é a perda de valor que a máquina sofre, devido ao desgaste de uso, 
mas também devido à obsolescência tecnológica, e portanto o capital deverá ser 
reposto. Geralmente imputa-se no custo a parcela de depreciação para cobrir a 
perda de capital, devido somente ao uso da máquina ou equipamento. No presente 
exemplo, considera-se um pivô central no valor de R$ 138.000,00, com capacidade 
para cobrir uma área de 46 hectares, com potência de motor elétrico de 106 
cavalos-vapor (cv) e sete torres acionadoras com alcance de 383m. O cálculo será 
o seguinte: R$ 138.000,00 subtraídos do valor de sucata (20%), dividido por 20 
anos de vida útil e uso anual de 2000 horas. Assim teremos que imputar no custo 
o valor de R$ 2,76 a cada hora de funcionamento da máquina como depreciação. A 
utilização de menor número de horas por ano aumenta o valor a ser depreciado e o 
inverso também é verdadeiro. Este é o método mais usado e chamado de depreciação 
linear. 
            
Os juros representam a remuneração que deve ser atribuída ao bem de capital e 
que poderia ser utilizada em outros usos alternativos. É bom alertar que, 
isoladamente, este capital, por exemplo no mercado financeiro, poderia render 
mais. Porém, é mais correto avaliar o mesmo em termos de sua aplicação na 
fazenda e analisar em que alternativa seria mais produtivo. Porém, dada a 
dificuldade de adotar a taxa para o melhor uso alternativo do capital na 
propriedade, atribui-se uma taxa normal de 6% ao ano, como se aplicado na 
caderneta de poupança. Assim, tem-se como capital médio a soma do capital 
inicial mais o final dividido por dois e, novamente, dividido pela vida útil (20 
anos) e pelo número de horas de uso anual (2000 horas): (((R$ 138.000,00 + R$ 
27.600,00)/2)/ 20)/2000. Dessa forma, têm-se R$ 2,07 por hora no item de custo 
de produção relativo à remuneração do capital. Também é um custo invisível na 
medida em que não há desembolso efetivo de dinheiro. 
            
O seguro geralmente não é feito pelos empresários, mas os riscos de roubos de 
partes ou do conjunto estão crescendo, à medida que o tempo passa. Portanto, 
para redução de riscos recomenda-se a utilização do seguro, ou é aconselhável 
que se destine 0,5% do valor novo da máquina, por ano, para este fim . Portanto, 
o seu cálculo é (R$ 138.000,00 x 0,005 = R$ 690,00) ¸ 2000 = R$ 0,35 por hora. 
 
            
A soma dos custos fixos (CF), que é depreciação (R$ 2,76) + Juros (R$ 2,07) + 
Seguro (R$ 0,35), totaliza R$ 5,18 por hora de funcionamento, para os parâmetros 
estabelecidos. Ressalta-se que estes parâmetros podem ser, sempre que possível, 
adaptados às condições regionais. 
            
Os custos variáveis são aqueles que variam com a quantidade de horas utilizadas. 
No presente caso, são relativos a energia elétrica, graxa, bicos, etc.. Quando o 
pivô estiver parado, não há consumo de energia e, portanto, não há dispêndio 
financeiro. 
            
O consumo de energia para este tipo de equipamento, em pleno funcionamento, está 
em torno de 80 kwh x R$ 0,12/kwh = R$ 9,24 por hora. Nas regiões onde são 
cobradas cotas de consumo mensal, deve ser rateado por média mensal de hora de 
funcionamento: R$ 300,00 ¸ 166,67 = R$1,80 por hora. O funcionamento do 
equipamento no horário de pico , ou seja, das 18:00 às 21:00 horas, deve ser 
evitado devido às tarifas elevadas. 
            
O reparo é um item importante e o seu gasto pode ser obtido através dos 
registros de despesas com peças e trocas de borrachas, ou pode ser estimado em 
torno de 0,5% do valor novo do equipamento, por ano. Assim, pode-se ter: (R$ 
138.000,00 x 0,005 = R$ 690,00) ¸ 2000 = R$ 0,35. É evidente que o custo de 
reparo calculado de forma linear é polêmico, na medida em que pode estar 
superestimado nos primeiros anos e subestimado nos últimos anos de vida útil do 
pivô. Se houver registros de gastos com reparo ao longo do tempo, recomenda-se 
usá-lo para obter maior precisão nos cálculos. 
            
Os custos variáveis (CV) são: energia (R$ 9,24) + cota de consumo (R$ 1,80) + 
reparo (R$ 0,35), totalizando R$ 11,39 por hora. 
            
Neste ponto, falta acrescentar o custo do operador, que se estima despender em 
torno de duas horas de trabalho por uma volta completa de 21 horas do pivô, 
entre ligação, verificação do equipamento, pequeno reparo, checagem de nível da 
água e correção de dados do pivô central. Tem-se então o seguinte cálculo: 
Operador com salário mensal de ((R$ 450,00 + 33% de encargos sociais) ¸ 24 dias) 
¸ 8 horas por dia = R$ 3,12 por hora, que, multiplicado por 2 horas e divididos 
por 21 horas de volta completa do aparelho, resulta em R$ 0,30 por hora. 
            
Assim, tem-se: Custo fixo (R$ 5,18) + Custo variável (R$ 11,39) + Operador (R$ 
0,30), o que perfazem R$ 16,87 por hora de funcionamento do pivô central. Estes 
são os principais custos de utilização do pivô central. E no caso de quem está 
alugando, pode-se arbitrar uma porcentagem para obtenção dos lucros, de acordo 
com as condições de oferta e procura para o equipamento. 
            
O presente artigo está aberto para receber contribuições, críticas e sugestões, 
pelo e-mail:               okawa@iea.sp.gov.br, ou pelo fax 
(0xx11) 5073-4062. 
 
Data de Publicação: 13/12/2001
Autor(es): Hiroshige Okawa (okawa@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
                    
                        