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Valor da Produção Agropecuária Paulista em 2022: resultado por região
O valor da produção
agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo em 2022 está estimado pelo Instituto
de Economia Agrícola em R$156,22 bilhões. Valor superior em 20,06% ao resultado
obtido em 2021 e 13,11% em termos reais1, quando deflacionado pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)2. Neste artigo enfoca-se
a distribuição geográfica da geração desse valor, considerando as 40 regionais
da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI Regionais) da Secretaria
da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, onde figuram os 645
municípios paulistas. Com isso, localizou-se geograficamente a renda gerada e
identificaram-se as cadeias de produção e valor. Em 2022 houve mudança
nas divisões regionais (Escritório de Desenvolvimento Rural-EDRs). Foi extinta
a CATI Regional São Paulo e criada a CATI Regional de Santos, agora composta
pelos municípios que compunham a extinta CATI Regional São Paulo, mais os municípios de Caraguatatuba, Ilha
Bela, São Sebastião e Ubatuba, migrados da CATI Regional de Pindamonhangaba. A
tabela 1 mostra o VPA da agora extinta CATI Regional São Paulo, obtido
em 2021, e o resultado da recém-criada CATI Regional de Santos, em 2022. A CATI Regional de
Barretos lidera o ranking das 40
regionais com o maior VPA, seguida pela de São João da Boa Vista e pela de
Itapeva na terceira colocação (Tabela 1). Na regional de Barretos
destacam-se pela ordem os VPAs de: cana-de-açúcar, carne bovina, laranja para
indústria, soja e laranja para mesa. O VPA desses produtos corresponde a 89,5%
do total da regional, sendo que os da cana-de-açúcar e o da carne bovina juntos
respondem por 71,3%. O VPA da cana-de-açúcar
se destaca na maior parte das regionais, ocupando a primeira posição entre os
cinco produtos de maior VPA em 21 das 40 regiões, e entre os cinco
primeiros em 32 delas. Em algumas, mais especificamente em 12 regionais, o VPA
da cana-de-açúcar é responsável por mais de 50% do VPA regional, variando de
51,2% na CATI regional de Piracicaba até 73,1% na de Ribeirão Preto (Tabela 2),
onde a concentração do VPA regional em um único produto tem a segunda maior participação
(perdendo apenas para a concentração encontrada pelo principal produto da
regional de Registro, a banana, com 92,3%). Na regional de Orlândia a
participação da cana-de-açúcar no VPA chega a 69,5%. Apenas 8 regionais não
apresentam a cana-de-açúcar entre os cinco produtos de maior VPA em suas áreas
(Figura 1). A concentração do VPA
em um único produto, a cana-de-açúcar, com os percentuais apresentados no eixo
centro norte do estado, com 12 regionais acima de 50%, aponta, além da
importância econômica, uma estrutura de desenvolvimento consolidada e bastante
dependente do posicionamento dos produtos derivados (álcool e açúcar, entre
outros), tanto no mercado nacional como internacional. A carne bovina é o
produto que apresenta o segundo maior VPA do estado, precedido pelo da
cana-de-açúcar. Entre as 40 regionais, em cinco delas o VPA da carne bovina
supera a casa do bilhão de reais. Em ordem decrescente de valor, cinco
regionais - Presidente Prudente, Barretos, General Salgado, Andradina e
Presidente Venceslau, respondem por 39,37% dos R$17,9 bilhões do VPA da carne
bovina do estado3. O VPA da carne bovina também se sobressai por sua participação entre os
cinco produtos de maior VPA em 27 regionais, ocupando a primeira posição em
duas: em Presidente Venceslau, onde representa 41,1% e na CATI Regional de
Jales (31,5%). Em General Salgado (31,3%) e Fernandópolis (30,2%), a carne
bovina ocupa a segunda posição, com participação acima de 30%, ao lado de
outras 11 regionais onde o VPA deste produto situa-se na segunda posição em 13
regionais. Na dobradinha cana-de-açúcar e carne bovina, a participação no VPA é de
88,2% na regional de Andradina, 79,6% na de Ribeirão Preto, 77,2 % na de
Dracena, 72,1% na de Presidente Venceslau e 71,1% na de Lins. Entre as dez regionais
de maior VPA do estado, só nas de Itapeva e na de Itapetininga, a
cana-de-açúcar não aparece entre os cinco produtos de maior VPA da regional.
Nessas regionais destacam-se os grãos soja, milho e trigo, bem como frutas e
avicultura na regional de Itapetininga e o tomate para mesa e batata em
Itapeva. O VPA da carne bovina, além das regionais de Itapeva e Itapetininga,
considerando as dez regionais de maior VPA do estado, não aparece entre os
cinco maiores VPA da regional, também na de São João da Boa Vista e na de
Avaré. O VPA do leite está entre os cinco produtos de maior VPA em 12
regionais, situando-se na 1ª colocação
nas regionais de Guaratinguetá (R$315 milhões) e de Pindamonhangaba (R$259
milhões). O VPA da laranja para
indústria encontra-se nas cinco primeiras posições em seis das dez regionais
mais bem posicionadas no ranking do
estado e é na de Barretos que adquire o maior valor. O VPA da laranja para
indústria figura entre os cinco primeiros em dezoito das quarenta regionais do
estado. O VPA da laranja para mesa situa-se entre os cinco de maior valor na
CATI Regional de Bauru (R$152 milhões) e na de Araraquara (R$134 milhões). Na regional de São João da Boa Vista, o VPA do café beneficiado é o de
maior valor (R$1,6 bilhões), correspondendo a 21,6% do VPA regional, seguido
pelo da cana-de-açúcar, que juntos representam 38,3% do VPA regional. Seguidos
pelos laranja para indústria, batata e carne de frango, compondo os cinco de
maior valor da regional. Mas o maior VPA do café beneficiado encontra-se na CATI Regional de Franca (R$2,0 bilhões), perfazendo 40,9% do VPA total regional. Na CATI
Regional de Marilia, o VPA do
café beneficiado também está na 1ª colocação (R$418 milhões), representando 21%
do VPA total da regional. O VPA da soja figura
entre os cinco de maior valor em 20 regionais, sendo a de Itapeva a que tem o
maior valor (R$2,8 bilhões), seguida por mais quatro regionais onde o VPA da
soja é superior a R$1,0 bilhão, em ordem decrescente: Avaré, Assis, Ourinhos e
Itapetininga. Na regional de Itapeva merece destaque o VPA do tomate para mesa,
na segunda posição, somando R$1,3 bilhão. O VPA do tomate para mesa destaca-se
também nas regionais de Campinas e Mogi Mirim, onde ocupa a 2ª e a 5ª posição,
respectivamente. O VPA da batata se destaca na regional de São João da Boa
Vista, em 4º lugar, e na de Itapeva, ocupando a 5ª posição. O VPA do milho
encontra-se entre os cinco de maior valor em dez regionais e é na regional de
Assis que atinge o maior valor (R$883 milhões), seguida pela de Itapeva, que
também é única em que o VPA do trigo situa-se entre os cinco de maior valor
(R$450 milhões). A regional de Avaré é a
única em que o VPA do feijão aparece entre os cinco de maior valor (R$497
milhões), representando cerca de 45% do VPA de feijão do estado4. O VPA do arroz aparece
entre os cinco maiores somente na regional de Guaratinguetá (R$32 milhões). O
VPA do arroz em São Paulo, entre os 50 produtos considerados nesse trabalho,
faz parte de um grupo de 8 produtos que apresentam VPA com valores inferiores a
R$100 milhões, e no ranking estadual encontra-se na 47ª
posição. O amendoim ocupa posição de destaque em cinco regionais, onde seu VPA
encontra-se entre os cinco de maior valor, na seguinte ordem decrescente: CATI Regional de Marilia (R$294 milhões), de Jaboticabal (R$278 milhões), de Tupã
(R$245 milhões), de Lins (R$105 milhões) e de Dracena (R$80 milhões). A participação dos
cereais na composição do VPA das regiões sofreu alterações devido a dinâmicas
próprias de produção destes. Algumas regiões que tinham soja ou milho, entre os
cinco principais produtos, foram
suplantados por outros produtos neste levantamento, como ocorreu em Bauru e São
João da Boa Vista. Em outras regionais os cereais passaram a compor o grupo dos
cinco maiores VPA, como por exemplo, em Dracena e Franca. O VPA da mandioca para indústria
figura entre os cinco de maior valor nas regionais de Assis (R$256 milhões) e
na de Presidente Venceslau (R$155 milhões). O VPA da carne de
frango figura entre os cinco produtos de maior VPA em vinte regionais, sendo os
maiores valores encontrados nas regionais de Itapetininga (R$1,6 bilhão), São
José do Rio Preto (R$1,0 bilhão), Botucatu (R$986,0 milhões), Bragança Paulista
(R$919,0 milhões), Piracicaba (R$859,0 milhões) e Araraquara (R$525 milhões).
Nas 14 regionais restantes o VPA da carne de frango é inferior a R$500 milhões. O VPA de ovo de galinha
encontra-se entre os cinco de maior valor em sete regionais, sendo que ocupa a
primeira posição nas regionais de Tupã (R$3,0 bilhões, correspondente a cerca
de 60% do valor total desse produto no estado5 e na de Mogi das
Cruzes (R$196 milhões). É o único produto, com exceção da cana-de-açúcar e da
banana, que chega a atingir este patamar em uma região. O segundo maior VPA de
ovo de galinha encontra-se na regional de Presidente Prudente, na terceira
posição do ranking, com R$648 milhões. A CATI Regional de São
José do Rio Preto e a de Votuporanga são as únicas em que o VPA da borracha se
encontra entre os cinco produtos de maior VPA da regional (R$411 milhões e R$162 milhões respectivamente,
representando 6,4% e 5,0% do VPA total dessas regionais). O VPA das frutas,
excetuando os das laranjas, aparece entre os cinco maiores valores de VPA em
nove regionais. A CATI Regional de Registro se destaca por apresentar três VPAs
de frutas entre os cinco primeiros: o VPA da banana ocupa a primeira colocação
e é o único que supera a casa do bilhão, com R$1,7 bilhão, em segundo o da
tangerina, com R$50 milhões, e o maracujá na 5ª posição, com R$11 milhões. O VPA da banana aparece também
entre os cinco maiores na CATI Regional de Santos, com R$149 milhões. Depois do VPA da
banana, os maiores valores de VPA de frutas são do limão (R$641 milhões) na
segunda posição na regional de Catanduva, da uva para mesa (R$496 milhões) na
4ª colocação na regional de Itapetininga, e o do limão (R$356 milhões) na 2ª
posição na regional de Jaboticabal. O VPA de frutas aparece também entre os cinco de maior valor na CATI Regional
de Andradina, onde o de abacaxi situa-se na 3ª colocação com R$123 milhões; na Regional
de Mogi das Cruzes, onde o VPA de caqui ocupa a 4ª posição com R$79 milhões; na
de Campinas onde a uva para mesa aparece em 3º lugar com R$202 milhões e o do
figo para mesa com R$79 milhões; e na de Jales com a uva para mesa que ocupa a
3ª posição com R$120 milhões. Na CATI Regional de
Santos, à exceção da banana que é o segundo maior, o destaque é para as
olerícolas, que ocupam quatro dos cinco maiores VPAs da regional. A primeira
colocação é do VPA da alface (R$233milhões), seguida pelo do repolho na 3ª
posição (R$22 milhões), do pimentão na 4ª com R$7 milhões e o da beterraba na
5ª colocação (R$6 milhões). Contudo, o maior VPA de alface se encontra na CATI
Regional de Sorocaba, na 2ª posição com R$355 milhões. Da mesma forma, o maior
VPA de repolho encontra-se também nessa mesma regional, na 5ª posição com R$205
milhões. O VPA da alface e o de repolho aparecem também entre os cinco de maior
valor na regional de Mogi das Cruzes, respectivamente na 2ª (R$140 milhões) e
3ª posição (R$91 milhões). Entre as 40 regionais
consideradas, apenas quatro apresentaram VPA inferior a R$1 bilhão em 2022,
todas com participação inferior a 1% do VPA total do estado, em ordem
decrescente: CATI Regional de Guaratinguetá, de Mogi das Cruzes, de
Pindamonhangaba e de Santos (Tabela 1). Na abordagem regional,
para análise dos eixos de desenvolvimento, apresenta-se a figura 2, onde se
identificam o posicionamento dos eixos de destaque do VPA. Na faixa norte/noroeste
do estado, entre São José do Rio Preto e São João da Boa Vista, destacam-se as
regionais de Barretos e São João da Boa Vista, que apresentam VPA acima de R$7
bilhões. Na faixa
oeste/sudoeste, entre Presidente Prudente e Itapetininga, formado
fundamentalmente pelas regionais que fazem divisa com o estado do Paraná, se
destacam Presidente Prudente e Itapeva, com VPA acima de R$6,9 bilhões. Adicionalmente,
identifica-se nas regiões que fazem divisa com o Mato Grosso do Sul, com
exceção da de Andradina, o eixo das regionais que apresentam VPA abaixo de R$2,8
bilhões. Junto às regionais que compõem e ligam os vales do Paraíba e do
Ribeira, políticas de desenvolvimento socioeconômico, com foco na
diversificação da produção e/ou de aprimoramento tecnológico e social, podem
ser efetivadas. Observam-se também, nas regionais com menores VPAs, estes eixos que
apontam a necessidade de pautar, no
Estado, a estruturação de políticas que considerem o desenvolvimento local e
regional com as especificidades e complexidade que se apresentam. Há grande especialização de algumas regiões, com
produtos não classificados como commodities,
mas importantes para o consumo alimentar das famílias, como ocorre nas
regionais de Santos (alface e banana), Guaratinguetá (ovos de galinha e leite)
e Registro (banana). Em 13 regiões, a
composição do VPA tem maior participação da categoria “demais produtos” no
valor da produção, com variação de 20,0% a 45,4%. Estão estruturadas com maior
diversidade de produtos agrícolas, como Campinas, Mogi das Cruzes,
Pindamonhangaba e Marília, que alcançam percentuais de participação da
categoria “demais produtos” na composição do VPA de 34,5%, 24,3%, 21,8% e 23,8%
respectivamente, além dos 5 principais. A territorialização das
regiões no estado, onde a participação dos “demais produtos” está acima de 20%,
forma o eixo de regionais contíguas, de São João da Boa Vista (32,7%) e Mogi
Mirim (39,3%) até Itapeva (21,7%), Avaré (37,0%) e Ourinhos (24,7%) na divisa
com o Paraná, chegando até Marília (23,8%), conforme apresentado na Figura 3.
As regionais de Jales (21,1%), Jaboticabal (20,0%), Mogi das Cruzes (24,3%) e
Pindamonhangaba (21,8%) ficam fora dessa faixa (Figura 3). Em 27 das 40 regionais,
os cinco principais produtos são responsáveis por mais de 80% do VPA, chegando
a 97,6%. Se um traço comum entre essas regionais é a elevada concentração do
VPA em poucos produtos, não implica necessariamente em elevado valor da
produção, mas numa relação muito direta com o comportamento do mercado destes
poucos produtos. Tal situação pode elevar os riscos socioeconômicos destes
territórios. 1SILVA, J. R. da et
al. Valor da Produção Agropecuária Paulista: resultado final 2022. Análises
e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 5, p. 1-10, maio 2023.
Disponível em:
http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16142. Acesso
em: 3 jul. 2023. 2IBGE. Painel de Indicadores: indicadores
econômicos: IPCA, 2022. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/indicadores#ipca. Acesso em: jul. 2023. 3Op.
cit. nota 1. 4Op.
cit. nota 1. 5Op. cit. nota 1. Palavras-chave: produção agropecuária, regiões
do estado de São Paulo, valor da produção agropecuária regional. COMO
CITAR ESTE ARTIGO SILVA,
J. R da et al. V Valor
da Produção Agropecuária Paulista em 2022: resultado por região. Análises e
Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 9, set. 2023, p. 1-13.
Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.
Data de Publicação: 11/09/2023
Autor(es):
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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