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Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado 2021 por região
O valor da produção agropecuária (VPA) do estado de
São Paulo em 2021 resultou em R$125,8 bilhões, 28,6% superior ao resultado
obtido em 2020, e 15,7% acima, em termos reais quando deflacionado pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), este impactado em função de
altas expressivas nos preços médios recebidos1, e nos de commodities. Internamente, estes foram
também afetados em decorrência de perdas de produção face a períodos de
estiagens e geadas (Tabela 1). Esse
resultado pode ser visto considerando as quarenta regiões agrícolas (CATI
Regionais) em que é dividido o estado. Assim, a regional de São João da Boa
Vista, que vinha ocupando alternadamente a primeira e segunda posição no ranking há algum tempo, e primeira
posição em 2019, manteve-se na em 2021 terceira colocação, superada pelos VPAs
das regionais de Itapeva e Barretos (Figura 1). As
CATI Regionais de São João da Boa Vista, Barretos, Itapeva, Presidente Prudente
e Itapetininga vêm se posicionando sistematicamente entre os cinco de maiores
VPAs do estado desde 2015. Os VPAs dessas cinco regiões variam de R$4,1 bilhões
da regional de Presidente Prudente, na quinta colocação, até R$5,1 bilhões, na
de Itapeva. Entre a sexta colocada (São José do Rio Preto) e a décima (Jaboticabal),
o VPA varia de R$3,6 bilhões a R$3,3 bilhões (Tabela 2). A
elevação apresentada no VPA de Itapeva em 2021, de 38,9% relativamente ao ano
anterior, fez com que ele se mantivesse na primeira colocação no ranking estadual, terceira maior
variação positiva, antecedida pela variação do VPA de Piracicaba (48,7%) e do de
Pindamonhangaba (54,5%), CATI Regionais respectivamente situados na 22ª e na
37ª posições. Nessas duas regionais, destacaram-se as proteínas animais,
participando com três produtos entre os cinco principais. Essa performance da
regional de Itapeva vem sendo muito influenciada pelos elevados preços dos
cereais, notadamente soja e milho, cujos preços médios recebidos pelos
agricultores acusaram aumentos de 44,3% e 66,8%, respectivamente, frente ao ano
anterior. O VPA da soja, maior da regional, representou 35,5%, e o do milho
14,9%, na terceira colocação. Além deles, na quinta posição, o trigo é outro
cereal que se encontra entre os cinco de maior VPA regional, com 5,1% de
participação, com seu preço médio em 2021 apresentando uma elevação de 84,6%. A
regional de Itapeva é a maior produtora de trigo no estado e a única em que o
VPA do cereal figura entre os cinco de maior VPA regional. O tomate para mesa
apresentou o segundo maior VPA na regional de Itapeva, e esse item também está
entre os cinco de maior VPA nas CATI Regionais de Campinas e de Lins. A
produção de tomate para mesa da regional de Itapeva representa mais de 50% do
total do estado. Entre
as dez regionais de maior VPA (com exceção de Itapeva e Itapetininga), a cana
figura entre os cinco produtos de maior valor. A CATI
Regional de Itapetininga figura entre as dez de maior valor a partir de 2015.
Esteve na 2ª colocação (2019 e 2020) e, em 2021, em 4ª lugar. Nessa regional,
os cereais também vêm se posicionando entre os cinco produtos de maior valor: o
VPA da soja ranqueou em 2º lugar, precedido pelo da carne de frango, enquanto o
VPA do milho apareceu na 4ª colocação, precedido pelo VPA da carne bovina. Essa
região é, portanto, talhada para estruturar competitiva cadeia de produção de
proteína animal. Desde
a regional de Sorocaba, passando pelas de Itapetininga e Itapeva (que fazem
divisa com o Paraná), têm o milho e/ou a soja entre os cinco principais
produtos em seus VPAs (Figura 2). O VPA
da cana-de-açúcar e o da carne bovina encontram-se entre os cinco de maior
valor regional, respectivamente, em 32 e 35 das 40 CATI Regionais do estado. O
VPA da cana-de-açúcar é responsável por mais de 60% do VPA regional em dez regionais,
respondendo por mais de 70% em dois deles. No
arco formado pelas CATI Regionais de Itapeva, Itapetininga, Registro, São
Paulo, Bragança Paulista, Mogi das Cruzes, Pindamonhangaba e Guaratinguetá, a
cana-de-açúcar não consta entre as principais culturas compondo o VPA (Figura
3). No entanto, o VPA da carne bovina destaca-se em cinco dessas regionais e, em
Guaratinguetá e Presidente Venceslau, responde por mais de 50%. As CATI
Regionais em que a carne bovina não consta entre os cinco principais produtos
do VPA são: São João da Boa Vista, Mogi Mirim, Mogi das Cruzes, Avaré e
Jaboticabal, sendo que nas duas últimas não se destacam nenhuma outra produção
de proteína animal. Além
de Pindamonhangaba e Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, as CATI Regionais onde
o VPA de carne bovina ultrapassa a participação de 20% estão localizadas junto à
divisa do estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul, avançando nas regionais
de General Salgado, Presidente Prudente e, mais ao centro paulista, até a de
Bauru (Figura 4). Na
regional com maior elevação do VPA (54,5%),
Pindamonhangaba, os maiores VPAs são os de produtos animais (carne bovina,
leite e carne suína) e de cereais, produtos cujos preços apresentaram elevações
expressivas, notadamente os de milho. Nessa regional, assim como na de
Guaratinguetá, os VPAs da carne bovina e do leite respondem, respectivamente,
por 74,4% e 87,9% do VPA total regional. A importância regional do leite ainda
aparece em mais cinco regionais, onde seu VPA se encontra entre os cinco de
maior valor. O VPA
da carne de frango figura entre os cinco de maior valor em 16 CATI Regionais,
destacando-se como o maior entre os cinco primeiros nas regionais de
Itapetininga, Bragança Paulista e Campinas, mas também atinge alto percentual
de participação no VPA de Piracicaba (30%) e de Botucatu (20%), regionais onde o VPA da carne de frango é o
maior ou tem participação que ultrapassa os 20% do VPA da região. O VPA do ovo
de galinha representa 62,6% do VPA da regional de Tupã e encontra-se entre os
cinco de maior valor em mais seis regionais, chegando a representar 19% do VPA
de Mogi das Cruzes. O VPA da carne suína encontra-se entre os cinco de maior
valor nas CATI Regionais de Piracicaba e de Pindamonhangaba. A
regional de Franca, entre todas, foi a que apresentou o menor crescimento do
VPA, 4%, refletindo as perdas na produção do café decorrentes das geadas. O VPA
do café é o de maior valor e representa 35% do VPA regional. Nas
outras nove CATI Regionais onde o VPA do café se encontra entre os cinco de
maior valor, sua participação é inferior a 10%, exceto na de Marilia e na de
São João da Boa Vista, cuja participação do VPA do café é de 17,1% e de 15,3%,
respectivamente. O
amendoim em casca se destaca em seis regionais, onde seu VPA se situa entre os
cinco de maior valor da regional. O de maior valor é a da CATI Regional de
Marilia, seguida pela de Jaboticabal e pela de Tupã. Destacam-se ainda as
regionais de Presidente Prudente de Catanduva. O VPA
de mandioca para indústria situa-se entre os cinco de maior valor nas CATI
Regionais de Presidente Venceslau e de Tupã. Além
do tomate para mesa, produto olerícola que figura como de maior VPA na CATI
Regional de Itapeva, a alface é outro produto desse grupo cujo VPA se encontra
entre os cinco produtos de maior VPA, estando na primeira posição nas regionais
de São Paulo, Mogi das Cruzes e Sorocaba. É relevante também na composição do
VPA da CATI Regional de Guaratinguetá, ocupando a 5ª posição. As regionais de
São Paulo e de Mogi das Cruzes são as que apresentam maior ocorrência de VPAs
de produtos olerícolas entre os cinco de maior valor, destacando-se os VPAs de
repolho, pimentão e cenoura. O VPA
da laranja para indústria situa-se entre os cinco de maior valor em 19 das 40
regionais, enquanto o VPA da laranja para mesa em 4 regionais. A banana se destaca
regionalmente nas CATI Regionais de Registro e de São Paulo. Na de Registro, o
VPA da banana situa-se na primeira posição e representou 81,2% do VPA regional.
Na regional de São Paulo, o VPA da banana ocupou a 2ª posição, precedido pelo
da alface. O VPA de uva para mesa destaca-se entre os cinco de maior valor nas
CATI Regionais de Itapetininga, Campinas e Jales. A
presença de produção de frutas contribui com os maiores valores no VPA; além
das três regiões que ficam a noroeste do estado de São Paulo (Jales,
Fernandópolis e Andradina) e das três regionais a sudeste (Registro, São Paulo
e Mogi das Cruzes) ainda se destacam nas regionais de Barretos, Ribeirão Preto,
Ourinhos e Avaré (Figura 5). Os
cinco produtos cujos VPAs apresentaram a maior participação percentual do VPA
total do estado em 2021 foram: cana-de-açúcar (33,68%), carne bovina (13,87%), soja
(8,63%), carne de frango (6,10%) e laranja para a indústria (5,31%). Isso se
reflete em muitas regionais. Em 28 das 40 CATI Regionais, os cinco principais
produtos são responsáveis por mais de 80% do VPA, chegando a 97,3%. Nas demais
regiões, por outro lado, ocorre menor concentração de produtos na composição do
VPA, elevando a participação da categoria “demais produtos” no valor da produção
- variação de 20,1% a 40,3%1. Importante
observar a territorialização de regiões no estado onde a participação dos
“demais produtos” está acima de 20%. Destacam-se em cinco regionais contíguas das regionais de São João da Boa
Vista (37,4%) e Mogi Mirim (40,3%), na porção norte do estado até Ourinhos
(24,7%), e Itapeva (22,9%), na divisa com o Paraná (Figura 6). Nesse cinturão,
a única regional onde a diversidade de produtos (afora os de maior valor) fica
abaixo de 10% do VPA é Piracicaba. As regionais de Jales (20,8%), Mogi das
Cruzes (25,1%) e Jaboticabal (21,1%) ficam fora dessa faixa. Buscando
complementar a análise regional do VPA, apresentamos o número de municípios por
grupo, segundo os dados do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS),
desenvolvido pela Fundação SEADE (2019), que utiliza uma tipologia constituída
de cinco grupos, que resume a situação dos municípios segundo três eixos,
formados por três indicadores sintéticos setoriais, que mensuram as condições
do município em termos de riqueza, escolaridade e longevidade. Na tabela 3 , identificamos a presença de
cada uma das tipologias nas 40 CATI Regionais, com dados de 2018. Os municípios
são agrupados pelas características: dinâmicos, desiguais, equitativos, em transição
e vulneráveis. A indicação de frequência por região, quando relacionada ao VPA,
permite uma leitura de possibilidades de atuação em âmbito local e regional,
visando o desenvolvimento. O
estabelecimento da tipologia, conforme Fundação SEADE2, está
relacionado ao resultado de cada eixo e da forma como a situação dos
componentes se apresentam nos municípios; a forma de classificação dos
municípios está apresentada na figura 7. Diante
ainda da importância da organização de arranjos produtivos locais (APL) para o
desenvolvimento regional, o estudo do VPA se alia a outros instrumentos de análise
para prospectar e identificar diversas possibilidades de atuação, visando à
construção de políticas que possam trazer inovações nos diversos arranjos
produtivos e aumentando o alcance de políticas públicas que possam promover o
desenvolvimento de novos APLs. 1SILVA,
J. R. da; COELHO, P. J.; BUENO, C. R. F.; BINI, D. L. de C.; PINATTI, E.;
MONTEIRO, A. V. V. M.; FRANCA, T. J. F. Valor da Produção Agropecuária
Paulista: estimativa final 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio,
São Paulo, v. 17, n. 8, p. 1-8, ago. 2022. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16063. Acesso
em: 25 out. 2022.
2FUNDAÇÃO SEADE. Índice Paulista de Responsabilidade Social –
IPRS: 2014-2018. São
Paulo: Fundação SEADE, 2019. Disponível em:
http://www.iprs.seade.gov.br/downloads/pdf/iprs_release_site.pdf. Acesso em 15
dez. 2022. Palavras-chave: renda, produção agropecuária,
preços, valor da produção agropecuária regional. COMO
CITAR ESTE ARTIGO SILVA, J. R da et al. Valor da Produção Agropecuária
do Estado de São Paulo: resultado 2021 por região. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 1, jan. 2023, p. 1-14. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.
Data de Publicação: 03/01/2023
Autor(es):
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Terezinha Joyce Fernandes Franca (terezinha.franca@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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