Floricultura: balança comercial no período janeiro-setembro de 2004

            O valor das exportações de produtos da floricultura cresceu 24,2% entre janeiro e setembro de 2004, para o patamar de US$18,1 milhões, comparado ao mesmo período de 2003, quando atingiu US$14,6 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC)1. Por outro lado, o valor das importações está praticamente estável desde 1997 em torno de US$4,5 milhões. Em conseqüência, o saldo da balança comercial evoluiu 34,5% até setembro, com superávit de US$10,1 milhões e US$13,6 milhões, respectivamente em 2003 e 2004 (tabela 1 e figura 1).

Tabela 1 – Balança comercial dos produtos da floricultura, Janeiro a Setembro, 2003 e 2004 (Milhões US$FOB)

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Janeiro a Setembro de 2003
Janeiro a Setembro de 2004
Var.%
Exportação
14,6
18,1
24,2
Importação
4,5
4,5
1,0
Saldo
10,1
13,6
34,5

Fonte: SECEX (2004).

Figura 1 – Exportação, importação e saldo da balança comercial dos produtos da floricultura, janeiro a setembro de 1997 a 2004

                                Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).

            A análise do valor das exportações no período indica que 92,1% do total se concentram em sete países de destino dentro do universo de 36 parceiros comerciais. A Holanda aparece em primeiro lugar no ranking, com US$9,1 milhões (50,4% do total) e crescimento de 16,3%. Em seguida, figuram os Estados Unidos, com US$4,0 milhões (fatia de 22,1%) e crescimento expressivo de 56,9%, a Itália (participação de 7,3%), o Japão (5,5%), a Bélgica (fatia de 2,3% e crescimento de 212,9%), a Alemanha e o Reino Unido (2,3% cada) (tabela 2).

Tabela 2 - Exportação dos produtos da floricultura brasileira, Janeiro a Setembro de 2003 e 2004

                Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).

            O crescimento recorde no valor das exportações para a Bélgica (2.182,9%) deve-se ao salto ocorrido nas vendas para este destino entre os dois períodos, que passaram de US$18,3 mil para US$418,6 mil. O principal item dessas vendas foi o de mudas e plantas ornamentais, exceto orquídeas, que atingiu R$386,6 mil no período. Assim, a Bélgica pulou da 19ª para a 5ª posição no ranking.
            Do mesmo modo, Canadá, Portugal e Espanha destacaram-se como parceiros comerciais promissores para os produtos da floricultura brasileira, com aumento, respectivamente, de 305,9%, 265,3% e 241,7% em termos do valor comercializado. Por outro lado, houve queda no valor exportado em 2004 para Suíça (-96,0%), Angola (-90,9%), México (-56,9%) e China (-56,8%). Não houve registro das exportações para África do Sul, Grécia, Hungria, Nova Caledônia e Polônia no período, embora tenham sido parceiros menores do Brasil em 2003.
            No mesmo período, o Brasil importou produtos de floricultura de 21 países no valor de US$4,5 milhões. As compras provenientes de cinco principais países de origem atingiram 90,1% do valor total: Holanda (US$2,4 milhões, representando 52,2% do total), Colômbia (13,2%), Chile (11,4%), França (7,9%) e Itália (5,4%). Entre os países de origem, a Tailândia destacou-se com crescimento de 153% no valor comercializado em relação ao mesmo período de 2003. Em seguida, aparecem Alemanha (102,4%), Israel (80,4%) e França (74,0%) (tabela 3).

Tabela 3 - Importação dos produtos da floricultura, Janeiro a Setembro de 2003 e 2004

                        Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).

            O melhor superávit na balança de produtos da floricultura foi obtido pela Holanda (US$6,8 milhões - valor que representa 49,7% do saldo total), cujo crescimento foi de 31,0% comparado ao mesmo período de 2003. Em segundo lugar, estão os Estados Unidos, com US$4,0 milhões (aumento de 58,1%) o que representa a fatia de 29,3%. Na sequência, figura a Itália com US$1,1 milhão (fatia de 11% e pequena variação negativa). A Bélgica pulou da 17ª para a 5ª posição no ranking, com superávit brasileiro de US$418,6 mil em relação a US$18,3 mil em 2003 (crescimento de 2.182,9% no período). O saldo comercial com Tailândia, Israel, Suíça, Angola e França teve variação negativa (tabela 4).

Tabela 4 - Saldo da Balança Comercial dos produtos da floricultura, Janeiro a Setembro de 2003 e 2004

                    Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).
 

Grupos de produtos

            Na exportação brasileira por grupos2 de produtos – bulbos, mudas, flores de corte e folhagens –, o destaque foi o grupo de mudas com participação de 48,8% no valor total exportado e crescimento de 18,10% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em termos de valor exportado, o grupo de bulbos ocupa a maior fatia (26,4%) e apresenta variação também positiva (17,2%). Quanto à variação percentual, o grupo de flores de corte destacou-se no período analisado com crescimento significativo de 123,2%, de US$1,5 milhão para US$3,3 milhões. O grupo de folhagens teve a menor participação (6,8%) e variação negativa (-20,5%) (figura 2).

Figura 2 - Exportação, importação e saldo da balança comercial por grupo de produtos da floricultura, Janeiro a Setembro de 2003 a 2004

    Fonte: SECEX (2004).

            Considerando itens específicos da pauta de exportação, dois produtos se destacaram em termos de crescimento no valor exportado neste ano: o primeiro é o de flores e seus botões frescos cortados para buquês (variação de 123,4% em relação ao mesmo período de 2003) e o outro é o de mudas de orquídeas com crescimento de 118,4% (tabela 5).

Tabela 5 – Valor da exportação dos itens da floricultura brasileira, Janeiro a Setembro de 2003 e 2004

                    Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).

            O desempenho significativo na exportação brasileira de flores frescas para buquês teve como principais parceiros comerciais os Estados Unidos (US$2,2 milhões) e a Holanda (US$758 mil), respectivamente com crescimento de 103,3% e 355,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Portugal – terceiro no ranking da categoria – retomou o crescimento em 2004 (93,8%).
            O desempenho da exportação de flores frescas para Itália e Reino Unido, embora com menor magnitude no valor exportado em 2004, merece a atenção e o acompanhamento por parte dos agentes do setor, dada a expansão extraordinária do comércio em relação ao mesmo período do ano anterior, de respectivamente 9.177,6% e 3.005,8%. Outro país que entra este ano no rol dos clientes brasileiros de flores frescas são os Emirados Árabes Unidos (figura 3).

Figura 3 - Exportação Brasileira de Flores Frescas para Buquês, por País de Destino, Janeiro a Setembro de 1997-2004

                       Fonte: SECEX (2004).

            O preço unitário de flores de corte importadas no mercado norte-americano – um dos fatores de competitividade para os exportadores – em 2004 está 15% acima do de 2000 (figura 4), em que pese aumento na quantidade importada do produto desde 2003, após problemas macroeconômicos na economia americana em 2001 e 2002. Além disso, aumentou a participação de flores de corte importadas no mercado americano, de 61% do consumo em 2003 para 65% este 2004, segundo o relatório do Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA)3.

Figura 4 - Índice de preços de flor de corte no mercado norte americano, do importado e do atacado, 1990-2004

 
 Fonte: USDA (2004).

            Nos 12 meses de outubro de 2003 a setembro de 2004, o valor das exportações de produtos da floricultura totalizou US$23 milhões, com crescimento de 23,8%. O valor das importações aumentou apenas 4,2%, portanto com acréscimo significativo no saldo da balança de 34,5%. É difícil prever, pelo comportamento dos últimos meses, o valor de fechamento das exportações da floricultura brasileira em dezembro de 2004, uma vez que o desempenho do setor tem diminuído a cada trimestre adicional, embora tenha sido promissor no primeiro trimestre com 35,4% de crescimento em relação ao mesmo período de 2003.
            Dadas a variação estacional dos produtos exportados, a variação mensal no mix de produtos (por exemplo, flores de corte mais demandadas no inverno do Hemisfério Norte) e também a expansão assimétrica na demanda conforme o país de destino, o crescimento no valor das exportações ficará, provavelmente, entre 20% e 30% em relação a 2003, portanto entre US$23,4 milhões e US$25,4 milhões.

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1 SECEX/MDIC. Exportação, importação e saldo da balança comercial brasileira de plantas vivas e produtos da floricultura, janeiro a setembro de 2003 e 2004. Disponível em http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta_nova/resultadoConsulta.asp. Acesso em: 15 de out. 2004. Neste artigo, os dados analisados correspondem a Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
2 O Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é composto por 4 agrupamentos de produtos: de Bulbos (bulbos, tubérculos, rizomas, etc.), de Mudas (mudas de plantas ornamentais, de orquídeas, etc.), de Flores (flores cortadas para buquês, frescas ou secas) e Folhas (folhas, folhagens e musgos para floricultura).
3 JERARDO, A. USDA: Floriculture and Nursery Crops Outlook. Disponível em: http://www.ers.usda.gov. Acesso em: 23 set. 2004.

Data de Publicação: 04/11/2004

Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
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