Evolução da Produção de Grãos no Estado de São Paulo entre 2010 e 2019

 

A produção de grãos, a saber, algodão, amendoim, arroz, feijão, girassol, milho, soja, sorgo, trigo e triticale, no Estado de São Paulo, passou de 6.645.848 toneladas em 2010 para 9.620.262 toneladas em 2019, o que representa acréscimo de 44,8%. No mesmo período a área plantada passou de 1.663.770 hectares para 2.366.266 hectares, com expansão de 42,2% entre os anos extremos, conforme o Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) (Tabela 1 e Figura 1).

 


 

A evolução dos cultivos de grãos em taxas anuais mostra que a área cresceu 4,19% ao ano enquanto o crescimento na produção foi similar, de 4,71% ao ano no transcorrer do período analisado (Tabela 2).

 

Dentre os cultivos selecionados, o da soja é o que ocupa a maior extensão, de 1.072.564 hectares, respondendo por 45,3% da área total de grãos no estado em 2019. A produção da oleaginosa, de 3.244.398 toneladas, também é a maior entre os grãos ao representar 33,7% do total.

         No período de 2010 a 2019 o cultivo da soja cresceu 120,4% em área e 135,2% em produção entre os anos extremos. Em termos de taxas anuais, a sojicultora foi a que apresentou a maior taxa de crescimento em produção, de 11,68% ao ano.

         O milho segunda safra ou safrinha, depois da soja, é o mais cultivado entre os grãos, com 474.296 hectares e representação de 20,0% entre esses produtos. Sua produção em 2019 foi de 2.515.141 toneladas, o que equivaleu a 26,1% da produção total de grãos.

         A área de milho primeira safra foi de 401.215 hectares, a terceira maior e representa 16,9% do total. Em produção, a de milho primeira safra se equipara a de segunda safra ao responder por 26,4% da produção total de grãos em 2019.

         Entre os anos de 2010 e 2019 a área com milho segunda safra cresceu 87,1% e a produção 141,3%, demonstrando avanço tecnológico que permitiu crescimento na produtividade das lavouras. Em termos de taxas anuais, os crescimentos foram de 7,85% e de 11,19% ao ano, respectivamente.

Enquanto isso, decresce o cultivo de milho primeira safra haja vista a retração de 31,9% na área e a diminuição de 24,5% na quantidade produzida. Em termos de taxas anuais, os decréscimos nas lavouras de milho primeira safra são de -4,30% e de -3,11% ao ano, em área e produção, respectivamente.

  Esse comportamento pode ser justificado pela concorrência em área exercida pelo plantio de soja sobre o milho primeira safra. Se considerarmos o milho total (1ª safra e 2ª safra) no período, a área em São Paulo cresceu 0,71% ao ano, enquanto a produção aumentou em 1,50%, comportamento que pode ser considerado estável.

A respeito de outras culturas observa-se que o amendoim das águas foi a que apresentou a expansão mais acentuada em área, da ordem de 153,5%, enquanto o aumento na produção também foi expressivo, de 161,8% entre os extremos do período. Em termos de taxas anuais, a cultura do amendoim (águas e seca) foi a que apresentou expansão mais acentuada em área, da ordem de 9,69% ao ano, enquanto o crescimento na produção foi também um dos maiores, de 11,47% ao ano. 

O Estado de São Paulo responde por entre 80% e 90% da produção brasileira de amendoim, com importante participação no mercado, principalmente nas exportações do grão e também nas de óleo2.            

O milho para pipoca foi o que apresentou o crescimento mais intenso na produção, 173,5%, entre 2010 e 2019. Mas, em virtude da instabilidade que marcou o cultivo do cereal nos transcorrer do período, a taxa anual da área é negativa de -5,90% ao ano e a da produção positiva, de 0,25% ao ano. Trata-se de cultura em franca evolução nos últimos três anos depois de acentuadas reduções no cultivo. Condições de mercado favoráveis e desenvolvimento tecnológico possivelmente interferiram nesse resultado.

O aperfeiçoamento tecnológico também se destaca na cultura do algodão que teve crescimento de 49,3% na área e de 82,4% na produção entre os anos extremos do período. Em termos de taxas anuais, a área decresceu 6,60% ao ano e a produção diminuiu 5,38% ao ano. Nas últimas três safras a cotonicultura se restabelece no estado impulsionada pelas condições de mercado propícias a maiores exportações da fibra.

A expansão do trigo foi de 61,1% em área e de 71,9% em produção entre 2010 e 2019, sendo que o último ano da série foi quando se registrou a maior área com a cultura no período analisado. Em taxas anuais, a cultura do trigo apresentou crescimento de 7,88% ao ano em área e de 9,56% ao ano na produção o que evidencia os ganhos em produtividade na triticultura paulista.

Entre as culturas que apresentaram decréscimo no cultivo destaca-se o arroz que teve retração de 52,0% na área e diminuição de 36,5% na produção. A rizicultura sofreu retração de 9,10% ao ano em área e de 6,00% ao ano em produção. As reduções mais acentuadas ocorreram no cultivo de triticale.

As três safras de feijão apresentaram comportamentos diferenciados que resultaram para o feijão total redução de 15,3% em área e compensação na produção haja vista o crescimento nas mesmas proporções no volume produzido entre os anos de 2010 e 2019. Em taxas anuais a área diminuiu 2,06% ao ano e a produção cresceu 1,52% ao ano no transcorrer do período.

 O feijão da seca teve a área reduzida em 35,8% e queda na produção de 9,9%. Entre as safras, a da leguminosa foi a que apresentou a redução mais acentuada de -6,73% ao ano em área e de -4,06% ao ano na produção. 

Para o feijão das águas verifica-se retração de 24,3% em área e acréscimo de 7,8% na produção. As taxas anuais demonstram também os ganhos em produtividade diante da retração de 1,95% na área e o aumento de 2,44% na quantidade produzida.

Destaca-se que entre as safras de feijão, a de inverno irrigado foi a que apresentou crescimento mais acentuado, de 49,3% na área e de 63,8% na produção, entre os anos extremos do período. Em taxas anuais a safra de feijão de inverno irrigado cresceu 1,93% ao ano em área e 3,14% ao ano em produção.

Em 2019, dentre os grãos, a sojicultura é a que apresenta a maior área, seguida pelo cultivo do milho segunda safra. Em termos de produção, isoladamente, a soja é o principal grão produzido no estado. Por sua vez, o milho se torna o principal grão quando somadas a primeira e segunda safras.  

Destaca-se que 86,2% da produção de grãos no Estado de São Paulo é constituído por soja e milho primeira e segunda safras em 2019.

A demanda internacional pautada nas exportações principalmente do grão de soja bem como o consumo brasileiro de seus derivados – farelo para ração animal e óleo para fins comestíveis e energéticos para a produção de biodiesel – sustentam a rentabilidade da sojicultura o que define a expansão da atividade no Estado de São Paulo.

A dinâmica do avanço da sojicultura influencia a safra de milho em virtude da concorrência por área em detrimento do milho primeira safra, enquanto o milho segunda safra ou safrinha se expande em terras paulistas.

As perspectivas de crescimento na demanda por carnes no âmbito internacional e também no doméstico devem ser refletidas no consumo de rações, cujas principais matérias-primas são o milho e a soja. Além do atendimento ao mercado interno a produção brasileira de carnes participa como principal ofertante no mercado mundial desses produtos. O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de carne de frango, sendo também importante player no mercado de carne suína.  

Em face das especificidades das cadeias produtivas e dos respectivos mercados é possível considerar que a perspectiva é de continuidade desse panorama para a produção de grãos no Estado de São Paulo na temporada 2019/20.

 

1Os autores agradecem a colaboração do Núcleo de Inteligência em Dados, formado pelos técnicos Tereza Satiko Nishida Pinto, Talita Tavares Ferreira, Patrícia da Silva Augusto, Rodrigo Novaes dos Santos e Daniel Komesu.

 

2MARTINS, R. Amendoim: exportações em alta e a importante participação dos municípios paulistas. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 14, n. 4, p. 1-5, abr. 2019. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-23-2019.pdf. Acesso em: jan. 2020.

Palavras-chave: grãos, produção, Estado de São Paulo.

Data de Publicação: 06/03/2020

Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor