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Comércio Exterior da Cadeia de Produção do Algodão em 2017/18
No ano comercial 2017/181
a oferta mundial de algodão em pluma deve totalizar 43,7 milhões de toneladas,
pouco superior 0,9% em comparação à verificada na safra passada. Esse
comportamento se deve à retração nos estoques de passagem, uma vez que a
produção deve crescer 8,9% e alcançar 25,1 milhões de toneladas. Dentre os
maiores produtores, o destaque fica para os Estados Unidos onde deve ocorrer
aumento mais expressivo de 20% na safra. Na Índia, maior produtora, é esperado
crescimento de 4,3% e na China, de 7,1%, conforme aponta o International Cotton
Advisory Committee (ICAC)2. O consumo global de
algodão deve alcançar 25,1 milhões de toneladas e apresentar crescimento de 2,3%
em relação à quantidade demandada anteriormente. Na China o consumo deve
permanecer praticamente inalterado no patamar de 8,1 milhões de toneladas. Em
outras nações importantes consumidoras da fibra como Índia e Paquistão esse
volume deve crescer em torno de 3%, segundo o ICAC. As exportações em 2017/18
devem ser refreadas em vista da expectativa de redução de 3,5% no volume
transacionado, que deve ser 7,9 milhões de toneladas. As menores quantidades
destinadas ao exterior por parte dos Estados Unidos e da Índia, principais
exportadores, justificam essa perspectiva. Por sua vez, o estoque final deve
permanecer praticamente no mesmo patamar que o da safra precedente, ao
totalizar 18,6 milhões de toneladas, conforme o ICAC. No âmbito da produção de
manufaturados têxteis, a fibra de algodão responde por cerca de 30% do consumo
total em face da supremacia das fibras sintéticas, em especial do poliéster3.
O maior emprego das fibras sintéticas tem como principais fatores a expansão do
mercado de produtos de uso doméstico e a maior utilização nos setores de
confecções e automobilístico. Os avanços
tecnológicos em suas aplicações justificam a expansão das fibras sintéticas no
mercado mundial. O mercado mundial de
manufaturados têxteis é liderado pela China, responsável por 37,2% e por 36,4%,
respectivamente, do valor das exportações de têxteis e vestuário, seguida pela
União Europeia, com 23% e 26,4% dos respectivos grupos de produtos em 20164.
Entre os países
principais produtores de algodão que também se destacam no mercado de
manufaturados estão a Índia que participa com 5,7% do valor das exportações de têxteis
e com 4% das de vestuários e o Paquistão com 3,2% em produtos têxteis. A União
Europeia é o principal destino de manufaturas têxteis e vestuário, o que
demonstra o intenso comércio intrabloco econômico5. O Brasil tem atuação
relativamente pequena no mercado mundial de manufaturas têxteis, o que pode
estar relacionada a não disponibilidade de dados mais recentes sobre o comércio
exterior do país nas estatísticas divulgadas pela Organização Mundial do
Comércio. Em estudo que analisou esse mercado no início da década de 2000
verificou-se que o Brasil respondia por apenas 0,6% das exportações de
manufaturados têxteis6. Não obstante esse quadro, é destacada a
importante contribuição da fibra de algodão para as exportações brasileiras da
cadeia de produção têxtil. A produção brasileira de
algodão em pluma em 2017/18 é prevista pelo ICAC em 1,6 milhão de toneladas,
pouco maior que a verificada na temporada passada, de 1,5 milhão de toneladas.
Aproximadamente metade da produção é destinada ao comércio exterior com a
China, Indonésia e Tailândia como principais importadores. A previsão é de que
o Brasil exporte 700 mil toneladas de algodão, volume 14,8% superior em relação
às vendas externas registradas na temporada passada. A demanda por fibras têxteis no Brasil se insere na
dinâmica internacional de intensificação do uso de fibras não-naturais desde a
década de 1970. Ainda assim, a participação do algodão no mercado doméstico é
de 47% do total7, patamar superior, portanto, ao verificado no
âmbito mundial. O ICAC prevê que o consumo de algodão no país deva ser de 740
mil toneladas em 2017/18, pouco maior que as 720 mil toneladas registradas no
ano anterior. A fibra de algodão é o item mais importante da
pauta exportadora têxtil e confecções do Brasil e a principal matéria-prima das
manufaturas destinadas ao mercado internacional visto que esses produtos
responderam por 67,5% do valor total das exportações do setor durante 2016
(Tabela 1). Argentina, Estados Unidos e Paraguai são os principais destinos do
comércio exterior brasileiro de têxteis e confeccionados8. Em 2017 a metade, 52,4% das exportações de toda
cadeia de produção, no período de janeiro a agosto de 2017, compreendeu a fibra
de algodão e seus manufaturados. Na categoria fibras, o equivalente a 84,1% foi
a de algodão. Os tecidos de algodão corresponderam a 54,6% das vendas externas
desses produtos. Nas exportações de confecções, 46,6% foram as de algodão,
enquanto que nas de fios a participação foi de 15,3% e em outros, de 3,9%
(Tabela 1). Desse modo, no Brasil, o algodão é o carro chefe
das exportações da cadeia de produção de têxteis e vestuário, seja na forma de
fibra como matéria-prima, seja em manufaturados com maior valor agregado como
os tecidos e confecções. Mesmo em menor quantidade consumida em relação às
fibras não naturais, o algodão não perde sua importância em virtude de suas
qualidades intrínsecas propícias à utilização como matéria-prima inclusive em
nichos de mercado, além da relevância social e econômica da cotonicultura em
diversas partes do mundo. _______________________________________________ 1Refere-se ao ano comercial do mercado internacional de algodão, de
agosto a setembro. 2INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE - ICAC. Cotton this month.
Washington: ICAC, Sep. 2017. Disponível em: <http://www.icac.org>. Acesso
em: set. 2017. 3CARMICHAEL, A. Man-made fibers continue to grow.
Geórgia: Textile World. Disponível em:
<http://www.textileworld.com/textile-world/fiber-world/2015/02/man-made-fibers-continue-to-grow/>.
Acesso em: set. 2017. 4WORLD TRADE ORGANIZATION - WTO. World trade statistical review. Genebra:
WTO. 2017. Disponível em: <http://www.wto.org>. Acesso em: set. 2017. 5Op. cit. nota 4. 6BARBOSA, M. Z.; MARGARIDO, M. A.; NOGUEIRA JUNIOR, S. Análise da
elasticidade de transmissão de preços no mercado brasileiro de algodão. Nova
Economia, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 79-108, jul./dez. 2002. Disponível
em:
<http://revistas.face.ufmg.br/index.php/novaeconomia/article/view/402>.
Acesso em: out. 2017. 7ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL - ABIT. Consumo industrial de
fibras e filamentos, 1970-2016. São Paulo: ABIT. Disponível em:
<http://www.abit.org.br/>. Acesso em: set. 2017. 8MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria
de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise das informações de
comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC/SECEX, 2017.; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA TÊXTIL - ABIT. Exportações brasileiras de produtos têxteis e
confeccionados. São Paulo: ABIT. Disponível em:
<http://www.abit.org.br/>. Acesso em: set. 2017. Palavras-chave:
algodão,
têxteis, mercado internacional.
Data de Publicação: 17/10/2017
Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor