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Floricultura: Comportamento do comércio exterior brasileiro no primeiro semestre de 2004
O perfil do comércio exterior brasileiro de produtos da floricultura está se alterando de maneira dinâmica, não só em termos de balança comercial como também na composição de produtos e no ranking dos parceiros
comerciais. Muitos fatores que determinam o volume de negócios realizados no
mercado internacional estão fora do controle dos exportadores, tais como a
situação macroeconômica dos parceiros comerciais, preços relativos dos insumos e
produtos e vantagem competitiva entre os concorrentes. Entretanto, outros como marketing e credibilidade nos produtos e nos serviços podem ser trabalhados pelos agentes envolvidos para não só dar início como também dar continuidade às novas parcerias. A divulgação e a promoção dos produtos da floricultura brasileira estão sendo intensificadas desde 2001 em feiras internacionais, com o patrocínio da Agência de Promoção das Exportações (APEX) sob a marca FloraBrasilis1 , e tudo indica que a floricultura
brasileira está colhendo os frutos deste marketing ano a ano. As exportações brasileiras de produtos da floricultura registraram aumento de 30,8% no primeiro semestre de 2004, para US$ 11,76 milhões, em relação aos US$ 8,99 milhões de igual período do ano anterior.2 Já para as importações dos mesmos produtos, houve crescimento de 7,5%, de US$ 2,78 milhões (2003) para US$ 3,0 milhões (2004). O saldo da balança comercial apresentou crescimento expressivo de 41,3%, evoluindo de US$ 6,21 milhões para US$ 8,78 milhões no mesmo período. A análise da balança comercial no primeiro semestre de 1997-2004 revela crescimento contínuo no valor tanto das exportações quanto do saldo comercial a partir de 2002 (tabela 1 e figura 1). Tabela 1 – Balança comercial dos produtos da
floricultura, primeiro semestre, 2003 e 2004 (US$FOB)
Em 2003, o valor da exportação dos produtos da floricultura brasileira cresceu 30% em relação ao de 2002. No primeiro trimestre de 2004, o desempenho do setor foi melhor com crescimento de 35,3% no valor exportado em relação ao mesmo período de 2003. A análise conjuntural do comportamento do setor permite detectar os produtos e parceiros comerciais promissores para a floricultura brasileira, auxiliando no planejamento e na tomada de decisões por parte dos agentes de mercado.
| | | |
Exportação | 8.988.981 | 11.761.482 | 30,8 |
Importação | 2.777.801 | 2.984.991 | 7,5 |
Saldo | 6.211.180 | 8.776.491 | 41,3 |
Fonte: SECEX (2004)
Figura 1. – Exportação, importação e saldo da balança comercial dos produtos da floricultura, janeiro a junho de 1997 a 2004
Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004)
A análise do valor das exportações por países de destino, no primeiro semestre de 2004, indica que 90,2% do total se concentram em seis parceiros comerciais. A Holanda aparece em primeiro lugar no ranking com US$ 5,4 milhões (45,9% do total), apresentando crescimento de 14,6% em relação ao primeiro semestre de 2003, seguida dos Estados Unidos da América com US$ 2,71 milhões (23,0%), um crescimento expressivo de 106,4%, e finalmente de Itália (9,3%), Japão (5,8%), Bélgica (3,2%) e Alemanha (2,9%) (tabela 2).
A Bélgica destaca-se pelo crescimento recorde de 4.098,4% no
período analisado, de US$ 9 mil em 2003 para US$ 381 mil em 2004, tendo como
carro-chefe as mudas de plantas ornamentais (exceto orquídeas) no valor de US$
371 mil (cerca de 97,3% do total exportado para este país). Portugal, Espanha e
Hong Kong também compraram mais, cerca de 300%. No primeiro semestre de 2004,
houve queda no valor exportado para Suíça (-96,0%), México (-96,4) e Colômbia
(-31,5%). Não ocorreu exportação de produtos da floricultura brasileira para a
África do Sul, Hungria e Rússia no período.
O Brasil importou produtos de floricultura de 17 países, no montante de US$ 3,0 milhões, 91,3% dos quais provenientes de Holanda, com US$ 1,73 milhão (57,8% do valor da importação brasileira); Chile (13,4%); Colômbia (12,6%) e Costa Rica (7,4%). A Costa Rica destacou-se com uma variação de 251,1%, para US$ 222,4 mil, em relação a US$ 63,3 mil no primeiro semestre de 2003. Já os Estados Unidos exportaram menos para o Brasil (-85,2%) no período analisado (tabela 3).
O saldo da balança brasileira de produtos da floricultura por parceiro comercial, no primeiro semestre de 2004, apresenta em primeiro lugar no ranking a Holanda (participação de 41,9% do total da balança comercial) com superávit de US$ 3,67 milhões (aumento de 23% em relação ao mesmo período de 2003). Em segundo lugar, aparecem os Estados Unidos (30,8% de participação) com superávit de US$ 2,7 milhões (aumento de 109,9%), seguidos de Itália com superávit de US$ 1,03 milhão (queda de 2,3% em relação ao mesmo período de 2003). O destaque é a Bélgica, que pulou da 18ª para a 5ª posição, com superávit de US$ 381,3 mil (crescimento de 4.098,4% no período). A queda no saldo da balança comercial ocorreu com França, Costa Rica, Israel, México, Suíça e Angola (tabela 4).
Tabela 2 - Exportação dos produtos da
floricultura brasileira, primeiro semestre de 2003 e 2004
| | | |||||||
| | | | | | | | ||
Holanda | 4.701.134 | | 52,3 | 5.403.202 | | 45,9 | 45,9 | 14,9 | |
Estados Unidos | 1.311.408 | | 14,6 | 2.707.060 |
|
23,0 |
69,0 |
106,4 | |
Itália |
1.082.733 |
|
12,0 |
1.092.708 |
|
9,3 |
78,2 |
0,9 | |
Japão |
445.196 |
|
5,0 |
686.506 |
|
5,8 |
84,1 |
54,2 | |
Bélgica |
9.083 |
|
0,1 |
381.342 |
|
3,2 |
87,3 |
4.098,4 | |
Alemanha |
267.625 |
|
3,0 |
337.879 |
|
2,9 |
90,2 |
26,3 | |
Reino Unido |
262.392 |
|
2,9 |
307.647 |
|
2,6 |
92,8 |
17,2 | |
Dinamarca |
228.733 |
|
2,5 |
223.949 |
|
1,9 |
94,7 |
-2,1 | |
Portugal |
45.625 |
|
0,5 |
180.939 |
|
1,5 |
96,3 |
296,6 | |
Espanha |
34.043 |
|
0,4 |
133.968 |
|
1,1 |
97,4 |
293,5 | |
Uruguai |
77.280 |
|
0,9 |
76.679 |
|
0,7 |
98,0 |
-0,8 | |
Canadá |
20.522 |
|
0,2 |
46.617 |
|
0,4 |
98,4 |
127,2 | |
Argentina |
47.879 |
|
0,5 |
37.000 |
|
0,3 |
98,8 |
-22,7 | |
Emirados Árabes |
0 |
|
0,0 |
- |
31.217 |
|
0,3 |
99,0 |
- |
Chile |
23.105 |
|
0,3 |
26.571 |
|
0,2 |
99,3 |
15,0 | |
França |
25.410 |
|
0,3 |
19.576 |
|
0,2 |
99,4 |
-23,0 | |
Israel |
15.019 |
|
0,2 |
11.910 |
|
0,1 |
99,5 |
-20,7 | |
Paquistão |
0 |
|
0,0 |
11.771 |
|
0,1 |
99,6 |
- | |
Angola |
172.655 |
|
1,9 |
11.058 |
|
0,1 |
99,7 |
-93,6 | |
China |
17.084 |
|
0,2 |
7.384 |
|
0,1 |
99,8 |
-56,8 | |
Hong Kong |
1.600 |
|
0,0 |
6.340 |
|
0,1 |
99,8 |
296,3 | |
Coréia Do Sul |
0 |
|
0,0 |
5.689 |
|
0,0 |
99,9 |
- | |
Suíça |
127.120 |
|
1,4 |
5.127 |
|
0,0 |
99,9 |
-96,0 | |
México |
53.464 |
|
0,6 |
1.903 |
|
0,0 |
99,9 |
-96,4 | |
Colômbia |
2.520 |
|
0,0 |
1.725 |
|
0,0 |
100,0 |
-31,5 | |
Venezuela |
0 |
|
0,0 |
1.700 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
Taiwan (Formosa) |
0 |
|
0,0 |
1.175 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
Guiana |
0 |
|
0,0 |
836 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
Tailândia |
0 |
|
0,0 |
641 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
Estônia |
0 |
|
0,0 |
483 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
Bolívia |
507 |
|
0,0 |
475 |
|
0,0 |
100,0 |
-6,3 | |
Peru |
0 |
|
0,0 |
405 |
|
0,0 |
100,0 |
- | |
África do Sul |
500 |
|
0,0 |
0 |
|
0,0 |
100,0 |
-100,0 | |
Hungria |
15.901 |
|
0,2 |
0 |
|
0,0 |
100,0 |
-100,0 | |
Rússia |
443 |
|
0,0 |
0 |
|
0,0 |
100,0 |
-100,0 | |
TOTAL |
8.988.981 |
100,0 |
11.761.482 |
100,0 |
30,8 |
Fonte: Elaborado pelos autores com base em SECEX (2004)
O valor das
exportações de mudas, no período, representa 56,1% do total das exportações de
produtos da floricultura brasileira, por grupo, seguido pelo grupo de flores de
corte (20,8%), de folhagens (16,3%) e de bulbos (6,8%). O grupo de mudas é o
principal item dos produtos da floricultura em termos de valor importado pelo
País (47,6%), seguido pelo de bulbos (38,8%) e de flores (12,9%). O Brasil
praticamente não importou produtos do grupo de folhagens nos primeiros semestres
de 2003 e 2004 (figura 2).
A análise da balança comercial, por grupo de produtos, indica que o grupo de mudas obteve no período o maior superávit, de US$ 5,2 milhões (59% do saldo comercial), seguido pelo de flores (23,5%), de folhagens (8,8%) e de bulbos (8,7%). Por outro lado, o grupo de flores destacou-se com crescimento de 422,3%, enquanto o de folhagens apresentou variação negativa de 15,1% (figura 2).
Figura 2 - Exportação, Importação e Saldo da Balança Comercial por Grupo dos Produtos da Floricultura, Janeiro a Junho de 2003 a 2004.
Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2004).
Os produtos mais importantes, em termos de valor da exportação no período, foram mudas de plantas ornamentais (exceto orquídeas), no valor de US$ 6,5 milhões (ocupando a fatia de 55,6%), seguido de flores frescas para buquês (20,8%), bulbos (16,3%) e folhagens secas (6,4%), perfazendo 99,1% do total exportado. Os itens de exportação da floricultura brasileira que se destacaram em termos de crescimento foram flores frescas para buquês, com variação positiva de 204,9% em relação ao mesmo período de 2003 (na maior parte destinadas para o mercado norte americano), mudas de orquídeas (47,2%), folhagens secas (33,7%), mudas de plantas ornamentais (exceto orquídeas) (25,7%) e bulbos (4,4%) (tabela 5).
Tabela 5 – Valor da exportação dos itens da
floricultura brasileira, primeiro semestre de 2003 e 2004
|
|
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| ||
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|
| |
Mudas de outras plantas ornamentais |
5.195.744 |
57,8 |
6.533.353 |
55,6 |
25,7 | |
Flores e seus botões, frescos, cortados p/buques, etc. |
801.954 |
8,9 |
2.444.771 |
20,8 |
204,9 | |
Bulbos, tubérculos, rizomas, etc.em repouso vegetativo |
1.838.671 |
20,5 |
1.920.399 |
16,3 |
4,4 | |
Folhagem,folhas,ramos de plantas,secos,etc.p/buques,etc |
558.632 |
6,2 |
747.120 |
6,4 |
33,7 | |
Folhagem,folhas,ramos de plantas,frescos,p/buques,etc. |
205.921 |
2,3 |
46.925 |
0,4 |
-77,2 | |
Mudas de orquídeas |
25.482 |
0,3 |
37.520 |
0,3 |
47,2 | |
Mudas de outras plantas |
172.655 |
1,9 |
11.939 |
0,1 |
-93,1 | |
Mudas de cana-de-açúcar |
0 |
0,0 |
11.771 |
0,1 |
- | |
Estacas não enraizadas e enxertos |
0 |
0,0 |
7.279 |
0,1 |
- | |
Micélios de cogumelos |
0 |
0,0 |
405 |
0,0 |
- | |
Árvores,arbustos e silvados,de frutos comestíveis |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
- | |
Bulbos,tubérculos,etc.em veget.em flor,muda de chicória |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
- | |
Flores e seus botões,secos,etc.cortados p/buques,etc. |
1.200 |
0,0 |
0 |
0,0 |
-100,0 | |
Mudas de videira |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
- | |
Musgos e liquens,p/buques ou ornamentação |
188.722 |
2,1 |
0 |
0,0 |
-100,0 | |
Out |
Data de Publicação: 28/07/2004
Autor(es):
Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor