Preços no Mercado Varejista de Alimentos no Município de São Paulo, Junho de 2016

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) coleta, analisa e divulga os preços médios dos principais alimentos da cesta de mercado de uma família de tamanho médio (3,7 pessoas) no município de São Paulo, bem como os índices de variação por grupos de produtos. O cálculo dos preços médios e índices são ponderados com base nas características de consumo e socioeconômicas da população paulistana.

Em um cálculo de acompanhamento de preços, as grandes variações individuais obtidas a cada levantamento (Tabela 1) podem não significar muito no cálculo de um índice, pois, nestes cálculos, são considerados os preços em dois períodos (atual e anterior) e a quantidade média familiar consumida do produto, ou seja, o “peso” de cada item na composição da cesta de produtos. 

Na tabela 1, observa-se que o produto pera foi o item de maior queda, e o feijão foi o que apresentou a maior variação positiva. Com base nestes dois itens, a tabela 2 apresenta o dispêndio familiar de cada produto bem como a participação no cálculo do índice. O preço médio da unidade de pera em junho foi R$1,95, e a quantidade média consumida por uma família na capital paulista é de 0,26 unidade, segundo Pesquisa de Orçamento Familiar da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (POF/FIPE)1. Com isso, o dispêndio médio familiar com este produto foi de R$0,51 no mês de junho e sua participação no cálculo do índice é de 0,001%. O produto feijão teve preço médio em junho de R$10,33 e sua quantidade média consumida é de 1,98 kg por mês, conforme a POF/FIPE2. Portanto, o dispêndio familiar no mês foi de R$20,45 e sua participação no cálculo do índice é de 0,049%, bem superior à da pera. Esta comparação exemplifica que, isoladamente, as variações de preços podem não significar muito no cálculo de um índice de preços e é imprescindível conhecer o dispêndio de cada item na formação da cesta de produtos. 

 

Os produtos que obtiveram maior queda são pertencentes ao grupo “Frutas” (pera, mamão, uva e limão) e “Hortaliças” (cenoura e cebola). A tabela 3 mostra a variação por agregado de produtos. No grupo “Frutas”, a variação mensal foi negativa (-2,28%) e no grupo “Hortaliças”, apesar da queda dos itens cenoura e cebola, a variação de preços foi positiva (1,20%). O mamão foi uma das frutas que mais aumentaram este ano, contudo, neste momento, está com os preços em queda. Enfatiza-se, dessa forma, que junho é um mês com boa oferta de uvas importadas, pera e limão. Cenoura e cebola são produtos que estão em época devido ao período de safra. 

Em relação aos produtos que tiveram acréscimo de preços, destaca-se o feijão, que alcançou uma variação de 61,48%. No mês de maio, o preço médio foi R$6,40, enquanto em junho alcançou R$10,33, devido principalmente à quebra de safra no Paraná e a menor área plantada do produto. O leite longa vida apresentou variação mensal de 15,03% com o preço médio calculado em R$3,75, 30,71% superior ao comparado com o mês de junho/2015, quando o litro custava em média R$2,87. O CONSELEITE3 justifica o aumento pelos problemas climáticos - seca no Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul do país; em relação à produção paulista, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) aponta também o custo da alimentação animal como um dos fatores desse aumento. A manga é um produto que está com pouca oferta no mercado, bem como o pimentão. A variação da manteiga está diretamente relacionada à variação do preço do leite, e o aumento do achocolatado pode também estar correlacionado com o aumento do leite.

Na tabela 3, dois grupos se destacam por apresentar uma variação positiva significativa: “Leites e derivados”, com 9,14%, e “Produtos básicos”, com 8,94%. O produto leite é o principal motivo da variação do grupo “Leite e derivados”, como destacado acima. A alta variação registrada no grupo “Produtos Básicos” tem como destaque o feijão, mas é importante salientar que os demais produtos que compõem este grupo também apresentaram variação positiva (Tabela 4). Com exceção do feijão, os demais produtos deste grupo não tiveram variações percentuais tão significativas; por outro lado, todos os itens deste grupo possuem grande importância na cesta de mercado do paulistano. 

 

Em relação aos índices, o IEA disponibiliza mensalmente três indicadores: Índice de Preços da Cesta de Mercado dos Produtos de Origem Animal (IPCMA), Índice de Preços da Cesta de Mercado dos Produtos de Origem Vegetal (IPCMV) e Índice de Preços da Cesta de Mercado Total (IPCMT). O valor de variação da cesta de mercado total (IPCMT) no mês de junho/2016 é a maior variação mensal observada neste ano, 4,73% em relação ao mês de maio/2016 (Tabela 5). 

 

 

 

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1FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS - FIPE. Índice e indicadores. São Paulo: FIPE. Disponível em: <http://www.fipe.org.br/pt-br/indices/ipc#indice->. Acesso em: jun. 2016.

 

2Op. cit. nota 1.

 

3MILKPOINT. Banco de dados. São Paulo: Milkpoint. Disponível em: <http://milkpoint.com.br>. Acesso em: jun. 2016.

 

 

  

Palavras-chave: varejo, município de São Paulo, preços.


Data de Publicação: 12/07/2016

Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor