O Agronegócio Florestal Paulista em Agosto de 2015

1 – INTRODUÇÃO

Em 2012, o Brasil tinha 6,6 milhões de hectares de florestas plantadas, com destaque para Minas Gerais e São Paulo, com respectivamente 1,49 e 1,18 milhão de hectares. Enquanto nesses estados predominam os cultivos de eucalipto, no Sul do Brasil prevalece o plantio de pínus (Figura 1).

 

A área cultivada nas Unidades de Produção Agropecuárias (UPAs) do Estado de São Paulo é de cerca de 21,5 milhões de hectares, sendo 1,0 milhão de hectares com eucalipto, 144 mil hectares com pínus e 90 mil hectares com seringueira. Mas há, também, cerca de 4 milhões de hectares de florestas nativas, o que complementa a real dimensão do universo florestal paulista.

Além dos serviços sistêmicos e dos subprodutos fornecidos pelas florestas, a madeira “em pé” pode ser adquirida para fins energéticos (lenha, cavacos e carvão) ou para produção dos chamados “produtos madeireiros”, em que se distinguem três canais:

a)  Madeira industrial (processo), em que são produzidas pastas celulósicas e chapas;

b)  Tratamento, que são preparadas para uso na construção rural, civil e infraestrutura; e

c)  Processamento mecânico ou serraria e laminadoras.

No Estado de São Paulo, 60% da madeira de eucalipto destina-se ao processamento industrial para produção de pastas celulósicas ou de chapas/painéis (processo), de 30% a 35% tem fins energéticos e apenas cerca de 5% a 7% vai para processamento mecânico. Os grandes consumidores de madeira para fins energéticos são os setores industriais ligados ao agronegócio ou à construção civil, com destaque para os segmentos de cerâmica e de alimentos (óleo vegetal, suco de laranja, alimentos processados, torrefadoras e secagem de grãos, frigoríficos, granjas, rações, curtumes, indústria de fertilizantes). Em menor escala, há também o consumo urbano, representado por panificadoras, docerias, restaurantes (churrascarias e pizzarias), entre outros.

 

2 – PREÇOS PRATICADOS EM AGOSTO DE 2015 NO MERCADO MADEIREIRO DE SÃO PAULO

 Em agosto, os preços recebidos pelos produtores de eucalipto no Estado de São Paulo apresentaram reduções expressivas na maior parte dos segmentos de mercado, o que reflete a crise econômica do Brasil que se aprofunda.

O preço da madeira destinada ao segmento de energia, em agosto, apresentou uma redução de 4,9% passando de R$44,6/m3 para R$42,44/m3 (Figura 2). Esse valor encontrava-se 8,2% aquém do praticado em agosto de 2014.

O preço de madeira de eucalipto destinada ao processamento passou de R$42,00/m3, em julho, para R$40,42/m3, em agosto, registrando um decréscimo de 3,8%, apesar das empresas verticalizadas estarem abastecidas (Figura 3). Os preços atuais praticados nesse segmento estão 17,41% abaixo dos verificados em agosto de 2014.

 

O segmento de tratamento, bastante atrelado à construção civil, era o único que vinha se mantendo com preços em patamares superiores aos de 2014 (Figura 4).

Em agosto, com um declínio de 11,5% em relação a julho, os preços retroagiram à R$60,68/m3, quase equiparando-se ao de agosto de 2014 (R$60,18).

 

Os preços de madeira destinada à serraria diminuíram em pesados 10,7%, em relação a julho, e chegaram à cifra de R$101,00/m3, em agosto (Figura 5). Nesse segmento, que fornece produtos mais acabados e vinculados à indústria moveleira, o preço de agosto foi 14,23% abaixo do praticado no mesmo período do no passado

 

 

Em uma visão mais ampla, o mercado de florestas entrou no segundo semestre de 2015 com as cotações bastante inferiores às do ano anterior, refletindo setorialmente o quadro de desaquecimento em que se encontra e economia brasileira

Em nível regional, as cotações do eucalipto continuaram mais deprimidas no sul/sudoeste, Pontal do Paranapanema e Vale do Paraíba. No norte e centro-oeste do estado, devido às condições climáticas desfavoráveis, a procura por mudas também se retraiu, fato que, provavelmente se refletirá nas cotações futuras.

 

 3 - PERSPECTIVAS

A importância das florestas tem sido o palco dos debates sobre as mudanças climáticas e, nesse sentido, o governo do Estado de São Paulo tem lançado diversos instrumentos que visam à ampliação/preservação das árvores.

Já em 2013, considerou-se que a área agricultável do estado era de 21,5 milhões de hectares, sendo que a pastagem ocupava 7,8 milhões de hectares (40% do total). No entanto, estimaram que, destes, 6,1 milhões de hectares estejam com algum grau de degradação. Para solucionar esse problema foi lançado o Programa Integra São Paulo. Coordenado pela CATI, ele visa à implementação da integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF) no estado, ou seja, vislumbra-se o plantio de outras culturas e/ou de florestas em uma mesma área por sistemas integrados de rotatividade, consorciação ou sucessão. A concretização dessas paisagens tem contado com duas linhas disponibilizadas pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), órgão da SAA-SP.

Mais recentemente, no mês passado, o governo estadual paulista e a BM&F-BOVESPA lançaram as bases de um novo mercado de títulos ambientais, no qual produtores do Estado de São Paulo poderão compensar suas reservas legais por meio de uma Cota de Reserva Ambiental. Esclarecimentos e comentários sobre esses títulos podem ser vistos em Castanho Filho e Campos (2015)1.

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1CASTANHO FILHO, E. P.; CAMPOS, A. D. C. Ativos Ambientais. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 10, n, 9, set. 2015. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13773>. Acesso em: set. 2015. 

Palavras-chave: florestas, mercados florestais, cotações florestais.

Data de Publicação: 14/09/2015

Autor(es): Eduardo Pires Castanho Filho (castanho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Adriana Damiani Correia Campos (adccampos@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Silene Maria de Freitas (silene.freitas@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor