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Perspectivas da Carne de Frango no Estado de São Paulo em 2015
Em 2014, a
anomalia climática ocorrida na região Sudeste e, mais especificamente no Estado
de São Paulo, afetou o desenvolvimento das lavouras de soja e milho, usados
como base para a alimentação avícola. Pesquisadores do IEA destacaram a redução
na produção paulista de milho (16%) e de soja (27%),
o que culminou na elevação dos preços médios desses insumos em 3,10% e 2,34%,
respectivamente, em relação a 20132. Consequentemente, os preços médios
da ração de frango para corte durante 2014 variaram entre R$1,37 e R$1,59/kg,
ou seja, bastante superiores aos praticados em 2013. A elevação dos preços desse
insumo perdurou até fevereiro de 2015, e até o presente momento, não há
indícios de que retornem aos patamares de 2013, e sim que fiquem próximos aos
de 2014 (Figura 1)³. O preço da ração permaneceu próximo a R$1,60 no início de
2015, com leve queda a partir de março. Essa queda não deve continuar, e o
esperado é que o preço cresça, ficando próximo ao patamar de 2014. Ceteris
paribus, o aumento no preço dos insumos tem impacto direto
na receita líquida do avicultor. Os preços recebidos pelos produtores de frango
de corte, em 2014, estiveram mais altos que em 2013, somente entre abril e
julho e no mês de novembro (Figura 2)4. O Valor da Produção de Carne de
Frango no Estado de São Paulo em 2014 foi de R$3,68 bilhões, ficando atrás
apenas da cana-de-açúcar e da carne bovina, pois houve um incremento de 4,46%
no total da produção paulista em relação ao ano anterior (2013). A inflação registrada em 2013 foi
de 5,91% e, em 20145, de 6,40%. O aumento da inflação reduz o poder
de compra dos agentes econômicos, seja ele um avicultor (que compra a ração por
não poder produzi-la), seja um consumidor de carne de frango. No mercado
interno, o aumento da inflação impulsiona as vendas da carne de frango em
substituição à carne bovina, cujos preços são mais elevados, o que estimula o
avicultor a expandir a produção. Segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2014, foram
embarcados pelo Estado de São Paulo 590,0 mil toneladas de carne de frango, um
decréscimo de 0,65% em relação ao ano anterior, 2013, com embarques de 593,9
mil toneladas6. No entanto, no início de 2015, houve uma
desvalorização cambial do real frente ao dólar, o que, por si só, favorece as
exportações brasileiras. Nesse sentido, os técnicos do setor de carnes de
frango estão otimistas no crescimento das exportações frente à expectativa de
que a Rússia volte a importar produtos cárneos do Brasil. O Brasil desde 2011 é o maior
exportador mundial de carne de frango7, com volume de 3,8 bilhões de
toneladas e valor de US$7,36 bilhões. A contribuição paulista no período 2013-14
foi da ordem de US$400 milhões/ano (Tabela 1). Segundo dados do Fundo Monetário
Internacional (FMI), os preços dos insumos (milho e farelo de soja) não tendem a
grandes alterações em 2015, se mantida a situação internacional de baixa nas
cotações das commodities8. Além da tendência de baixa nos
preços de importantes insumos, o atual status
sanitário da avicultura brasileira, marcado pela ausência de foco de influenza
aviária, diferencia o país no comércio internacional e deve estimular o
incremento das exportações. Assim, frente à conjuntura
apresentada, a produção paulista de carne de frango, em 2015, tende a ser cerca
de 5% a 6% superior à registrada em 2014. _________________________________________________________ 1O autor agradece a
colaboração e as sugestões dadas pelo Agente de Apoio à Pesquisa
Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira
Franco. 3INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de Dados. São Paulo: IEA. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>.
Acesso em: 5 abr. 2015. 4Op. cit. nota 3. Palavras-chave: avicultura de
corte, carne de frango, mercado, economia internacional. 2MONTEIRO,
A. V. V. M. et al. A produção da agropecuária paulista: considerações frente à
anomalia climática. Análises e
Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 10, n. 4, abr. 2015. Disponível
em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=13660>.
Acesso em: 30 abr. 2015.
5INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Banco de dados. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201503_1.shtm>.
Acesso em: 30 abr. 2015.
6MINISTÉRIO
DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. Banco de Dados.
Brasília: MDIC. Disponível em: <http://www.http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>.
Acesso em: 10 abr. 2015.
7FOOD
AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS - FAOSTAT. Banco de dados.
Roma: FAOSTAT. Disponível em: <http://faostat3.fao.org/browse/rankings/commodities_by_regions_exports/E/>.
Acesso em: 30 abr. 2015.
8INTERNATIONAL MONETARY FUND - IMF. This monthly report presents a price
outlook and risk assessment for selected commodities as depicted from futures
and options markets. Washington: IMF. Disponível em: <http://www.imf.org/external/np/res/commod/pdf/cpor/2015/cpor0415.pdf#page=3&zoom=auto,-73,775>.
Acesso em: 30 abr. 2015.
Data de Publicação: 18/06/2015
Autor(es): Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor