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Os 50 municípios brasileiros maiores produtores de milho e soja
Os municípios de Jataí (GO) e Sorriso (MT) são os maiores produtores brasileiros, respectivamente, de milho e soja. É o que mostram as listas dos cinqüenta municípios brasileiros que mais produziram milho e soja publicadas neste artigo, que destaca ainda a participação relativa desses municípios na produção das Unidades da Federação (UFs) e do país. Os dados mais recentes são de 2002 e estão disponíveis na pesquisa anual Produção Agrícola Municipal (versão virtual), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1. Unidades da Federação A lista das Unidades da Federação, por ordem decrescente de produção de milho e soja, em 2002, pode ser encontrada nas tabelas 1 e 2. Nota-se que se produziu milho em todas as UFs, enquanto a soja não
foi produzida em 10 das 27 unidades. Estas são as duas culturas de maior área
plantada no país, com a soja e o milho representando, respectivamente, 41,5% e
30,1% da área de grãos (cereais, leguminosas e oleaginosas), estimada em 39,3
milhões de hectares, em 2002. Os maiores produtores de milho Os 50 municípios brasileiros maiores produtores de milho (14 municípios do Paraná, oito de Goiás, seis de Mato Grosso do Sul, seis de Mato Grosso, seis de Minas Gerais, três de São Paulo, três da Bahia, dois de Santa Catarina, um do Rio Grande do Sul e um do Distrito Federal) responderam por 21,7% da produção total do Brasil. Os cinco municípios maiores produtores corresponderam a 4,3% da produção total brasileira e os 10 maiores, a 7,2% (tabela 3). Os maiores produtores de soja A distribuição dos 50 municípios maiores produtores de soja nas UFs foi a seguinte: 22 municípios de Mato Grosso, nove de Mato Grosso do Sul, seis do Paraná, seis de Goiás, quatro da Bahia, dois do Rio Grande do Sul e um do Maranhão, que participaram em 2002 com 40,8% da produção total de soja do Brasil. Os cinco municípios brasileiros maiores produtores responderam por 10,9% do total nacional e os 10 maiores, por 17,8% em 2002 (tabela 4). Considerações finais A distribuição geográfica dos municípios brasileiros maiores produtores de milho e soja vem se alterando sistematicamente nos últimos anos, refletindo o dinamismo da agropecuária, com expansão da área plantada e com o aumento da produtividade da terra, devido à incorporação
de novas tecnologias de produção. 1IBGE: www.sidra.ibge.gov.br.
As informações podem ser acessadas no acervo do Banco de Dados Agregados (bda),
do Sistema IBGE de Recuperação Automática (sidra), com 5.543 municípios listados
em ordem alfabética.
No decorrer da década de 1990, o processo de substituição da cultura do milho da
safra normal (primeira safra) pela soja se intensificou, passando parte do
cereal a ser cultivada em sucessão à oleaginosa, como cultura de segunda safra
(milho safrinha). Essa mudança se acentuou nos últimos anos, de modo que as
áreas das culturas do milho safrinha nos Estados de Mato Grosso (desde 1997) e
Mato Grosso do Sul (desde 1998) têm sido maior que as da safra normal. As
estatísticas municipais do IBGE, entretanto, não discriminam a produção de milho
em duas safras.
Destaca-se também uma alta correlação entre as áreas plantadas das duas culturas nas UFs. Até 1999, o Paraná foi o Estado líder na produção de soja. Em 2000, de acordo com o IBGE, o Estado de Mato Grosso superou o Paraná, tornando-se,
desde então, o líder nacional na produção da oleaginosa.
A produção conjunta dos 14 municípios do Paraná correspondeu a apenas 19,7% do total estadual, o que revela uma ampla dispersão da cultura neste Estado. A cultura foi mais concentrada em Mato Grosso, onde seis municípios participaram com 52,9% do total
estadual, e em Mato Grosso do Sul, também com seis municípios contribuindo com
52,9% da produção estadual. Os maiores produtores paulistas e mineiros
participaram, respectivamente, com apenas 11,0% e 18,6% do total de cada Estado.
O município brasileiro maior produtor de milho em 2002 foi Jataí, de Goiás, com participação de 11,5% do total estadual e
1,1% do total brasileiro. A área plantada da cultura do milho em Jataí
correspondeu a 13,2% da área territorial do município e cresceu 23% ao ano, em
média, desde 1991, quando o município maior produtor do país era Rio Verde,
também de Goiás, com 85.000 hectares.
O segundo lugar deste ranking foi ocupado por Lucas
do Rio Verde, de Mato Grosso, cuja produção correspondeu a 15,9% do total
estadual e 1,0% do total nacional. A área de milho em Lucas, a maior entre os
municípios brasileiros, cobriu 33,5% do território municipal. O terceiro
município maior produtor foi Cristalina, de Goiás, com 8,6% da produção estadual
e 0,8% da produção brasileira.
O quarto colocado foi Sorriso, de Mato Grosso, com 12,3% da produção estadual e 0,7% do total nacional. Uberaba foi o município de Minas Gerais que mais produziu milho em 2002, ocupando a quinta colocação no ranking nacional e contribuindo com 4,9% da produção estadual e 0,7% da produção brasileira. A área de milho correspondeu a 8,0% do território municipal. Os outros municípios mineiros da lista foram Unaí (na oitava posição), Perdizes (26a), Nova Ponte (34a), Buritis (40a) e Presidente Olegário (50a).
Em sexto e sétimo lugares aparecem Chapadão do Céu e Rio Verde, ambos de Goiás, com participações no total estadual de, respectivamente, 23,4% e 19,5%, e de 0,6% cada, no total nacional. O nono colocado é o município de São Desidério, maior produtor da Bahia, com participação de 23,9% da produção estadual e de 0,6% da produção nacional. O milho ocupou apenas 2,3% da área territorial do município. Os outros dois municípios baianos da lista são Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, respectivamente, o 32o e o 47o colocados no ranking
brasileiro.
O município maior produtor do Estado de São Paulo foi Itapeva (na 13a posição), que contribuiu com 4,9% da produção estadual e 0,5% da brasileira. A área plantada de milho cobriu 19,7% do território municipal. Os outros dois municípios paulistas do ranking foram Itaberá (21a posição) e Casa Branca (48a posição), com participações de 0,4% e 0,3%,
respectivamente, na produção brasileira.
Castro foi o município paranaense maior produtor (10a posição), com participação de 2,0% do total estadual e 0,6% do total nacional. O milho cobriu 9,5% do território do município. Guarapuava e Irati, também do Paraná, aparecem logo em seguida, na 11a e 12a
posições, com 0,6% e 0,5% de participação na produção nacional.
O município de Campos Novos foi o maior produtor de Santa Catarina, figurando na 16a posição da lista, com participação de 5,0%
da produção estadual e 0,4% do total nacional. A área de milho ocupou 15,3% do
território municipal.
O único representante do Rio Grande do Sul no ranking foi o município de Canguçu (42o colocado), que participou com 2,6% da produção gaúcha e 0,3% da brasileira. O milho ocupou 14,2% do território do município. Brasília se colocou na 22a posição da lista,
participando com 0,4% da produção brasileira.
A produção conjunta dos 22 municípios de Mato Grosso correspondeu a 85,6% do total estadual. Os nove municípios de Mato Grosso do Sul produziram 65,7% do total estadual, enquanto os seis municípios do Paraná produziram 12,2% do total estadual. Os seis municípios maiores produtores de Goiás totalizaram 40,6% do total estadual, enquanto os quatro municípios baianos da lista responderam por 77,8% do total da Bahia. Os dois maiores produtores do Rio Grande do Sul participaram com apenas 5,9% do total gaúcho, ao passo que Balsas, representante do Maranhão, respondeu por 33,2% do
total estadual.
O município brasileiro maior produtor de soja em 2002 foi Sorriso, do Estado de Mato Grosso, que contribuiu com 12,7% da produção estadual e 3,5% da produção nacional. A área plantada de soja cobriu 51,1% da área territorial do município em 2002. Segundo dados preliminares, a área em Sorriso na safra 2003/04 deve situar-se em torno de 545.800 hectares.
O segundo, terceiro e quarto municípios maiores produtores são também de Mato
Grosso: Campo Novo do Parecis, com 7,7% da produção estadual e 2,1% da produção
nacional, Sapezal (7,8% e 2,1%) e Primavera do Leste (7,8% e 1,6%). A soma das
áreas desses quatro municípios mato-grossenses correspondeu a 33,7% da área
total de Mato Grosso e superou em 7,7% a área total plantada no Estado de Mato
Grosso do Sul.
O quinto maior produtor nacional foi Rio Verde, de Goiás, com participação de 12,2% da produção estadual e de 1,6% da produção brasileira. A área plantada de soja em Rio Verde correspondeu a 26,2% da área territorial do município. Jataí, município goiano maior produtor de milho do Brasil, foi o 10o maior produtor brasileiro de soja, contribuindo com
9,6% da produção estadual e 1,2% da produção nacional.
A cultura da soja na Bahia está altamente concentrada, com apenas quatro municípios respondendo por 77,8% da produção estadual: São Desidério, 12o maior produtor nacional, com participação de 28,8% do total estadual e 1% do total brasileiro; Luís Eduardo Magalhães, 19o no ranking nacional, com 21,7% da produção baiana e 0,8% da produção brasileira; Barreiras2, 27o maior produtor, com 16,0% do estado e 0,6% do país; e Formosa do Rio Preto, 43o maior produtor nacional, com 11,3% da produção
estadual e 0,4% do total nacional. A área de soja em São Desidério cobriu 15,5%
da área territorial do município.
Maracaju, de Mato Grosso do Sul, foi o 16o município maior produtor, com participação de 10,0% da produção estadual e 0,8% da produção brasileira. A área de soja correspondeu a 24,5% de seu território municipal. Dourados (17o colocado), também de
Mato Grosso do Sul, contribuiu com 9,9% e 0,8%, respectivamente, da produção
estadual e brasileira.
O Estado do Paraná, segundo maior produtor brasileiro de soja, apresenta uma produção bastante desconcentrada geograficamente, com os seis municípios maiores produtores presentes no ranking nacional, respondendo por apenas 12,2% da produção estadual. O município maior produtor foi Assis Chateaubriand, na 28a colocação, com participação de 2,3% da produção paranaense e 0,5% da produção brasileira. A área de soja representou 71,3% do território do município. Cascavel foi o segundo município paranaense melhor colocado (30a posição), com contribuição de 2,3% na produção estadual e 0,5% na produção nacional. É seguido pelo município de Toledo, na 31a colocação, com 2,2% do estado e 0,5% do
país.
No Rio Grande do Sul, terceiro Estado maior produtor, a cultura apresenta também uma relativa dispersão espacial, com os dois municípios maiores produtores respondendo por 5,9% da produção total gaúcha. O município maior produtor do Estado foi Cruz Alta (41a posição), com 3,0% da produção estadual e 0,4% da produção brasileira. A área de soja cobriu 30% do território desse município em 2002. O segundo foi Tupanciretã, na 47a posição no ranking brasileiro, com 0,4% da produção nacional.
O Estado do Maranhão apresentou o município de Balsas (37o colocado), que respondeu por 33,2% da produção
estadual e 0,4% da brasileiro. A área plantada de soja correspondeu a apenas
6,2% do território de Balsas.
Os Estados de Minas Gerais e São Paulo, que participaram em 1999 com um município cada na lista dos 50 maiores produtores de soja (Uberaba na 45a posição e Guaíra na 48a colocação), não figuraram neste ranking de 2002.
Os avanços mais significativos ocorrem com a cultura da soja, notadamente nos
municípios da região do cerrado, do Centro-Oeste brasileiro, onde pequenos
agricultores do Sul e outros investidores brasileiros e estrangeiros têm
adquirido terras para o plantio da oleaginosa e, dessa forma, contribuído para a
expansão acentuada da produção.
Uma conjunção de fatores tem favorecido o desenvolvimento dessa atividade nos
estados centrais do país: 1) preços externos de soja favoráveis; 2) expansão do
mercado externo, mormente da China; 3) câmbio favorável às exportações, desde
1999; 4) preços de terra relativamente baixos; e 5) oferta de tecnologia para a
cultura da soja em regiões de cerrado.
2Deve-se destacar o fato de que, a partir de 2001
(safra 2000/01), o município de Barreiras perde parte do seu território, que se
emancipou politicamente, passando a se constituir no município de Luís Eduardo
Magalhães.
Data de Publicação: 28/05/2004
Autor(es): Alfredo Tsunechiro (tsunechiro@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor