Defensivos Agrícolas: comercialização recorde em 2013 e expectativas de acréscimo nas vendas em 2014

Em 2013, as quantidades totais vendidas de defensivos agrícolas no Brasil aumentaram quando comparadas com aquelas contabilizadas no ano anterior. Observou-se que, em termos de produto comercial, foi transacionada quantidade recorde de 902.408 toneladas (acréscimo de 9,6% em relação a 2012), correspondendo a 367.778 toneladas de princípio ativo (incremento de 6,1%), de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG) (Figura 1). Esse bom desempenho comercial pode ser explicado, principalmente, pelo aumento da área cultivada no País e pela necessidade de combate às pragas e doenças incidentes nas lavouras, com destaque a lagarta Helicoverpa armigera.

Na safra 2013/14, no Brasil, de acordo com o décimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), prevê-se que a área cultivada com as principais culturas seja 6,1% maior que a cultivada na safra 2012/13, passando de 53,563 para 56,814 milhões de hectares. Destaque-se que para a soja na safra 2013/14, estima-se produção de 86.273 mil toneladas, representando incremento de 5,9% em relação à safra 2012/13, com aumento da área colhida de 8,6%, no referido período1.

Comparativamente com o ano anterior, o aumento na comercialização em 2013 resultou de melhores vendas, em quantidade de produto comercial, para importantes culturas, como: soja (15,3%), algodão (27,6%) e milho safrinha (19,0%). Outros produtos que também tiveram crescimento da demanda de defensivos agrícolas foram: feijão (2,9%), arroz irrigado (5,5%), amendoim (35,0%), pastagem (61,7%), batata-inglesa (20,6%), fumo (30,0%) e culturas de inverno (31,5%). Em contrapartida, outras importantes culturas registraram retração, em quantidade vendida, por exemplo: citros (23,6%) e tomate envarado (18,4%). 

A classe de defensivos que apresentou maior acréscimo nas vendas em quantidade de produto comercial foi a dos inseticidas que, em 2013, aumentou 29,9% (em relação a 2012). “O recente aparecimento de novas pragas, caso da lagarta Helicoverpa armigera, e o ressurgimento de velhas conhecidas, como a mosca branca e a lagarta falsa medideira, foram fatores determinantes para que as vendas de inseticidas voltassem a crescer”2. Também, aumentaram as vendas de acaricidas (15,0%), fungicidas (6,2%) e herbicidas (3,8%), no referido período.

 O mercado brasileiro de defensivos agrícolas totalizou US$11,45 bilhões em 2013 contra US$9,71 bilhões em 2012, representando aumento de 18% em doze meses. 

No Brasil, em 2013, a classe de inseticidas foi a que respondeu pelo maior valor das vendas, sendo responsável por 39,8% do faturamento total, ou seja, US$4,55 bilhões. Para a cultura da soja destinou-se a maior parte das vendas (mais de 50%), seguida por: algodão, cana-de-açúcar, milho, café, feijão, citros e batata-inglesa. Em quantidade de produto comercial, os inseticidas representaram 26,1% do total. Destaque-se que, do total de inseticidas comercializados (235.133 t), 93,8% foram de inseticidas de aplicação foliar (220.569 t) e 6,2% (14.564 t) para tratamento de sementes.

 Em 2013, os herbicidas movimentaram US$3,74 bilhões, ou seja, 32,6% do faturamento total do setor, respondendo por 54% da quantidade total vendida em produto comercial (Figura 2), totalizando 487.743 toneladas, assim distribuídas: 335.179 toneladas e 152.564 toneladas de herbicidas não seletivos e seletivos, respectivamente. As vendas de herbicidas, em quantidade, destinaram-se, principalmente, para soja (49,4%), cana-de-açúcar (12,9%), milho safra (8,0%) e safrinha (10,0%), pastagem (5,1%) e algodão (4,2%).

A comercialização de fungicidas, em 2013, movimentou US$2,59 bilhões no Brasil, o que correspondeu a 102.973 toneladas de produto comercial e 44.825 toneladas de ingrediente ativo. Observou-se que 95,5% dos fungicidas vendidos, em produto comer­cial, foram para aplicação foliar e 4,5% para tratamento de sementes. As vendas de fungicidas, em valor, destinaram-se principalmente para: soja (58,4%), algodão, feijão, café, milho, culturas de inverno, batata-inglesa, milho safra e safrinha. 

Os acaricidas, em 2013, foram responsáveis por 1,0% (US$118,75 milhões) do faturamento total do setor. O consumo de acaricidas no Brasil está concentrado mais da metade da totalidade em São Paulo. Em 2013, o mercado paulista representou 52% (5.974 t) das vendas brasileiras em quantidade de produto comercial e 63,8% (US$75,80 milhões) do faturamento dessa classe. Isso pode ser explicado pelo fato de a citricultura ser responsável por 50,4% do valor comercializado de acaricidas e o estado deter a maior área colhida com laranja no Brasil.

Em 2013, a soja foi a principal consumidora de defensivos no Brasil, sendo responsável por 51,2% (US$5,866 bilhões) do valor total das vendas. A cana-de-açúcar ocupou a segunda posição, com vendas de US$1,159 bilhões (participação de 10,1%), com queda de 6,8% em relação a 20123 (refletindo o problema de rentabilidade do segmento com o congelamento dos preços do etanol). Em seguida, aparece o milho (soma safra mais safrinha) com 9,6% e o algodão, 9,1%. Somadas, as vendas para essas culturas concentram cerca de 80% do valor total comercializado no País. Outras importantes culturas, como café, feijão e pastagem, demandaram 2,6%, 2,5% e 2,3%, respectivamente.

No ranking das vendas, em termos de valor, por unidade da Federação, Mato Grosso se destacou como o maior estado consumidor em 2013, representando 21,9%, ou seja, US$2,51 bilhões (correspondendo a 202.107 toneladas de produto comercial). Em seguida, aparecem: São Paulo (14,1%), Paraná (11,8%), Rio Grande do Sul (10,3%), Goiás (10,1%), Minas Gerais (8,5%), Bahia (7,4%) e Mato Grosso do Sul (5,0%). As demais unidades da Federação, juntas, responderam por 10,9% do valor total. 

No mercado brasileiro, os defensivos agrícolas genéricos vêm ocupando maior espaço em relação às especialidades. Em 2013, do valor total de defensivos comercializados (US$11,45 bilhões), 55,2% foram dos genéricos (US$6,32 bilhões) e 44,8% (US$5,13 bilhões) das especialidades. O destaque foi a predominância de genéricos na classe de acaricidas, em termos de valor, 84,2%, seguido de “outras” (82,1%), herbicidas (73,1%), inseticidas e fungicidas (ambos com 43,6%), de acordo com o SINDIVEG.

Ressalte-se que também, em 2013, em quantidade comercial de defensivos vendidos, os genéricos representaram a maior parcela (81,4%), ou seja, 734.601 toneladas de produto comercial, enquanto as especialidades ficaram com apenas 18,6% (167.807 t).

O Brasil continua bastante dependente das importações. Em 2013, foram importadas 408 mil toneladas de produtos técnicos e formulados, com acréscimo de 37,5% em relação ao ano anterior. A China se destacou como principal fornecedor para o Brasil, respondendo por 26,3%, seguida dos USA, Índia, Argentina, Inglaterra e Suíça.

De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)4, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), nas principais regiões produtoras da agricultura paulista, quando se comparam os preços dos defensivos agrícolas comercializados no estado em abril de 2014 com os do mesmo mês de 2013, a média dos índices de preços, em valores corrigidos pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV)5, aumentou  2,3% para o conjunto dos 84 defensivos monitorados.

Na análise das relações de troca constatou-se que, em abril de 2014, as lavouras de café beneficiado, cana-de-açúcar, laranja para indústria, milho e soja apresentaram relações de troca mais favoráveis para os agricultores, quando comparadas com abril de 2013, ou seja, ganho do poder de compra dos produtores paulistas na aquisição da cesta de defensivos agrícolas, enquanto as culturas de feijão das águas e algodão em pluma, ao contrário, apresentaram relações de troca mais desfavoráveis. 

 A previsão de vendas da indústria de defensivos agrícolas no Brasil para 2014 é de que haja crescimento de 6% em relação ao ano anterior6, tendo em vista, principalmente, a estimativa de expansão de área cultivada e preços remuneradores para diversos produtos agrícolas. A taxa poderia ser mais exuberante caso não houvesse previsão de grande safra de soja dos Estados Unidos que, certamente, pressionará as cotações do produto, prejudicando a aplicação de tecnologia nessa lavoura. Há expectativa de bom desempenho comercial do mercado de defensivos voltados para algodão, soja, milho e café.

 

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1COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos safra 2013/2014 décimo levantamento. São Paulo: CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/>. Acesso em: jul. 2014.

2CAETANO, M. Recorde, venda de defensivo no país em 2013 atingiu US$11,5 bi. Valor Econômico, São Paulo, 26 jun. 2014. Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/noticias/2014/06/26/recorde-venda-de-defensivo-no-pa%C3%ADs-em-2013-atingiu-us-115-bi>Acesso em: 14 jul. 2013.

 3Entretanto, a lavoura de cana-de-açúcar apresentou no mesmo período expansão na quantidade de produto comercial demandada, da ordem de 4,5%.

4INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA.  Defensivos agrícolas. São Paulo: IEA, 2014. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/defensivos.aspx>. Acesso em: 7 jun. 2014.

5FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV. Índices gerais de preços. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, 2013. Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B6B6420E96>. Acesso em: 7 jul. 2014.

6Op. cit. nota 4.

 

Palavras-chave: mercado de defensivos, indústria de defensivos, fitossanidade, pragas, doenças.


Data de Publicação: 08/08/2014

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria de Lourdes Barros Camargo (mlcamargo@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor